terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Feliz 2009!

Uma meditação para o ano que se inicia daqui a pouco:




O MELHOR ANO DA SUA VIDA

Leitura bíblica:

"Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês", diz o Senhor, "planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro. Então vocês clamarão a mim, virão orar a mim, e eu os ouvirei. Vocês me procurarão e me acharão quando me procurarem de todo o coração."

(Jeremias 29:11-13)


Meditação:


O sinal seguro de que temos um relacionamento autêntico com Deus é crermos mais no futuro que no passado. O passado não pode ser fonte de confiança nem de condenação. Na sua graça, Deus dividiu nossa vida em dias e anos para que pudéssemos abrir mão de nossos ontens e antegozar os nossos amanhãs. Para os erros passados, ele oferece-nos o perdão e a habilidade de esquecer. Para nossos amanhãs, ele nos dá a dádiva da expectação e da emoção.

O que o Senhor disse ao povo de Israel que se definhava no exílio babilônico aplica-se a qualquer de nós que nos encontramos exilados dele, sem esperança para o futuro. Ele tem planos para cada um de nós - bons planos para nosso crescimento em sua graça - a fim de que tenhamos um futuro com esperança. Emil Brunner disse: "O que o oxigênio é para os pulmões, a esperança é para a alma." A esperança possibilita uma qualidade de vida imprescindível; liberta-nos para ousar, dá-nos a confiança para as frustrações diárias e a coragem para viver a vida venturosamente. A dádiva da esperança para o futuro é a chave que abre as comportas do poder do Senhor e destranca o fluxo de suas possibilidades surpreendentes e ilimitadas.Muitos dizem: "Precisamos ter esperança!" como se a esperança fosse algo que pudéssemos conseguir por nós mesmos. A esperança vem de algo ou de alguém. A esperança autêntica vem de Cristo, por causa do que ele é e do que ele pode fazer. Sua ressurreição é a fonte suprema de esperança. Nada pode derrotar a Cristo". O pior que o homem fez no Calvário foi seguido da melhor esperança para todas as eras. Ele se encontra conosco hoje a fim de dar-nos ânimo para o futuro.

Ele está no controle deste novo ano. Ele tem um plano! Entregue-lhe o ano que você tem pela frente, agradeça ao Senhor, pois tudo o que lhe vai acontecer está de acordo com o que ele planejou a fim de ajudar-nos a nos tornarmos mais à sua semelhança. Tenha um ano cheio de alegria!


Pensamento do dia:


O melhor que Deus tem para a minha vida começa com uma esperança vibrante para o futuro.


(Lloyd John Ogilvie, em "O QUE DEUS TEM DE MELHOR PARA A MINHA VIDA", Ed. Vida, meditação de 1º de janeiro)

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Crescimento evangélico no Brasil




O crescimento das igrejas evangélicas no Brasil é um fenômeno relativamente novo, e, ao que parece, pode ser mensurado muito mais quantitativa do que qualitativamente. 

Atribui-se o sucesso recente à massificação da pregação de algumas igrejas, nem sempre comprometidas com o evangelho, diga-se de passagem. 

Este não deixa de ser um fator importante na atual conjuntura, mas gostaria de ir mais fundo na busca das raízes deste crescimento, sem preocupações metodológicas, mas apenas pelo prazer de investigar. 

Para tanto, vou desconsiderar também, como ferramenta de análise(por óbvio) o fator espiritual. 

É claro que, como cristão, creio firmemente que o Senhor incentiva e fortalece a pregação da Sua palavra. 

Entretanto, a abordagem que proponho é mais histórica.

A partir desse pressuposto, creio que o fenômeno do crescimento da população evangélica brasileira tem suas raízes na década de 70. 

A ditadura militar deu o golpe de 1964 com muito apoio de todas as igrejas, mas principalmente a Católica, que era majoritária. 

Com o passar dos anos, e as torturas e tudo mais, a Teologia da Libertação ganhou força e muitos padres e bispos passaram a combater a ditadura abertamente, enquanto as poucas igrejas evangélicas que havia no país continuavam ao lado dos militares, com raras exceções.

Curiosamente, o papa João Paulo II, depois de assumir o Vaticano em 1978, passou a combater a Teologia da Libertação, e enquanto os católicos brigavam entre si, sem o apoio da ditadura, houve um desencanto de muitos católicos que saíram da Igreja, e com a abertura democrática em 1985, o terreno estava aberto para novas igrejas, com muitas se aproveitando da abertura e desenvolvimento dos meios de comunicação.

Houve também um movimento mundial de teologia da prosperidade, que já era forte na década de 70, mas fazia parte da ideologia americana de promover o capitalismo, promover também a teologia da prosperidade contra a teologia da libertação socialista. 

Afinal, vivíamos em plena Guerra Fria, que só acabou no começo dos anos 90. 

O final do século XX presencia também o fortalecimento de uma corrente filosófica majoritária hoje em dia, o utilitarismo, ou seja, a ideia de que "os fins justificam os meios" e é sempre importante "maximizar os lucros e minimizar as perdas", que hoje você pode reparar como é predominante na mensagem de algumas igrejas em que eles apelam para os "resultados" que apresentam, ou seja, a fé verdadeira é, para eles, a fé que apresenta resultados. 

Qualquer semelhança com o utilitarismo não é mera coincidência. 

Suponho, portanto, que a proliferação das igrejas evangélicas no Brasil tenha se dado num contexto em que múltiplos fatores concorreram para promovê-la.

Tudo isto, é claro, apenas a título de contribuições iniciais e despretensiosas para um debate que precisa ser aprofundado.

Urgentemente!



segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Epicuro e a existência de Deus

Atribui-se a Epicuro a frase 'Se Deus pode acabar com o mal mas não quer, é monstruoso; se quer, mas não pode, é incapaz; se não pode nem quer, é impotente e cruel; se pode e quer, por que não o faz?', que é comumente usada para se questionar a existência de Deus, muitas vezes sem a referência correta, até para que se evitem as seguintes observações:

Primeiro, Epicuro, filósofo grego pai do epicurismo (muitas vezes confundido com o hedonismo), acreditava na existência de Deus, conforme se pode ver no começo da "Carta a Meneceu", que pode ser lida - baixando o arquivo em PDF - clicando aqui.

Segundo, a frase é propositalmente contraditória, pois, argumentativamente falando, duvidar da existência de Deus é - pelo menos para Ele - intrinsecamente mau, logo, se Deus acabasse com o mal, acabaria também com a possibilidade de se discutir a Sua existência.

Terceiro, acabar com o mal, na visão cristã, significa acabar com a humanidade, já que a maldade é inerente ao homem pelo pecado original. A proposta cristã é a da redenção final futura pela fé em Jesus.

Quarto, segundo C. S. Lewis, a maldade é, no fundo, uma bondade corrompida (leia o texto clicando aqui), já que a pessoa má busca através - da maldade que perpetra - uma bondade pervertida, ou seja, algo que lhe dá um determinado prazer mórbido. Logo, uma interpretação possível da frase de Epicuro, é que Deus é tão bom que permite (ou tolera) que o homem livre faça uma maldade imaginando que ela seja perversamente boa para si mesmo.

Bondade x Maldade - por C. S. Lewis



"Qual é então o problema? O de um universo que contém muitas coisas evidentemente más e aparentemente desprovidas de sentido, mas que contém igualmente criaturas como nós, que sabem que existem coisas más e absurdas. Ora, há apenas dois pontos de vista que levam em consideração todos os dados desse problema. Um deles é o cristão, segundo o qual este mundo é um mundo bom que se corrompeu em boa parte, mas que continua a manter viva a memória do que deveria ter sido. O outro é o do chamado dualismo, segundo o qual há dois poderes iguais e independentes por trás de todas as coisas, um bom e outro mau, e este universo é o campo de batalha em que travam um contra o outro uma guerra sem fim. Pessoalmente, penso que, depois do cristianismo, o dualismo é a ideologia mais nobre e sensata que se encontra à disposição no mercado. Mas padece de um defeito de fabricação.

Os dois poderes, ou espíritos, ou deuses – o bom e o mau -, são vistos como completamente independentes. Ambos existem desde toda a eternidade. Nenhum deles fez o outro, nenhum deles tem mais direito que o outro de chamar-se Deus. Cada um, presumivelmente, pensa que ele é que é bom e outro é mau. Um deles aprecia o ódio e a crueldade, o outro prefere o amor e a misericórdia, e cada um está disposto a defender o seu ponto de vista. Ora bem, que queremos nós dizer quando chamamos a um deles o Poder Bom e ao outro o Poder Mau? Há apenas duas opções: ou estamos dizendo simplesmente que preferimos um ao outro – como quem prefere cerveja a vinho -, ou estamos dizendo que um deles realmente está errado ao considerar-se bom, pouco importando o que eles próprios pensem a respeito um do outro e qual deles nós, os homens, prefiramos no momento.

Ora, se o que queremos dizer é apenas que, pessoalmente, preferimos o Poder Bom, então temos que deixar de lado de uma vez por todas as expressões “bem” e “mal”. Porque a palavra Bem significa justamente aquilo que se deve preferir sempre, sejam quais forem os nossos gostos ou disposições num determinado momento. Se “ser bom” não significasse mais do que alistar-se na facção que nos “caiu bem” sem termos qualquer motivo real para fazê-lo, então o Bem não mereceria ser chamado Bem. Portanto, afirmar que há um “Poder Bom” e outro “Mau” só faz sentido se pretendemos significar que um deles está objetivamente errado e o outro objetivamente certo.

No momento em que reconhecemos esta verdade, porém, estamos aceitando implicitamente que existe no universo uma terceira coisa além desses dois poderes: algum tipo de lei, de padrão ou regra do bem, com o qual um desses poderes – o bom – está de acordo, e o outro não. Mas, se ambos devem ser julgados por esse padrão, então esse mesmo padrão – ou o Ser que o fez – é anterior e superior aos dois: ele é que é o verdadeiro Deus. Na verdade, o que queríamos dizer ao falar num Poder Bom e num Poder Mau era apenas que um deles está na relação correta com o verdadeiro e definitivo Deus, e o outro numa relação errada.

Podemos chegar à mesma conclusão por outro caminho. Se o dualismo fosse verdadeiro, o Poder Mau teria que consistir num ser que amasse a maldade pela maldade. Ora, não conhecemos absolutamente ninguém que ame a maldade simplesmente por ser má. O que mais se aproxima disso é a crueldade. Mas, na vida real, uma pessoa só é cruel por uma de duas razões: ou porque é sádica, isto é, sofre de uma perversão sexual que a faz encontrar prazer na prática da crueldade; ou porque é capaz de tirar da crueldade algum benefício, como dinheiro, poder ou segurança. Mas o prazer, o dinheiro, o poder e a segurança são coisas boas em si mesmas, embora apenas de maneira limitada. O mal consiste em procurar obtê-las por métodos errados, ou por meios ilícitos, ou ainda em medida excessiva.

Não quero dizer com isto que uma pessoa que pratique a crueldade não possa ser terrivelmente perversa. Quero dizer que a maldade, se nos detivermos a examiná-la, se revela apenas como procura de algum bem de uma maneira errada. Ou seja, podemos ser bons por simples amor à bondade, mas não podemos ser maus por simples amor à maldade. Podemos realizar uma ação boa quando não nos sentimos bons nem nos dá prazer nenhum realizá-la, unicamente porque a bondade é correta; mas nunca ninguém cometeu uma ação cruel unicamente porque a crueldade é errada – mas apenas porque a crueldade lhe era aprazível ou útil. Noutras palavras, a maldade não consegue sequer ser má da mesma forma que a bondade é boa. A bondade é, por assim dizer, ela mesma; a maldade não passa de bondade corrompida."

(C. S. Lewis, “Mero Cristianismo”, Ed. Quadrante, 1997, págs. 53/55)

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A origem da festa do Natal.

Algumas pessoas e seitas costumam dizer que a festa do Natal tem origem pagã, e que Jesus não teria nascido no dia 25 de dezembro. Ora, todo mundo sabe que a data escolhida é apenas uma convenção, mas essa é apenas mais uma daquelas historinhas que contam pra assustar cristão. A primeira evidência havia uma celebração litúrgica do Natal pelos primeiros cristãos de Roma é do ano 336, mas há evidências também de que essa era uma prática antiga das primeiras igrejas cristãs, tanto do Oriente (tradição grega) como do Ocidente (tradição latina). Havia um debate entre essas tradições sobre a data exata de se comemorar a Páscoa, até porque o calendário em vigor era o juliano, diferente do nosso atual gregoriano, em vigor desde o séc. XVI, e mais diferente ainda do calendário lunar judaico, que, a princípio, devia regular a festa da Páscoa para aquele povo. Os gregos ficaram com o dia 6 de abril, os latinos com o dia 25 de março. Havia também uma tradição rabínica (judaica, portanto), chamada de "idade integral", que dizia que os profetas do Velho Testamento haviam morrido no mesmo dia em que haviam sido concebido, ou seja, 9 meses antes do dia do seu nascimento. Assim, sendo a Páscoa, para os ocidentais, no dia 25 de março, data aproximada da morte e ressurreição de Jesus, o seu nascimento teria acontecido no dia 25 de dezembro. Leia mais sobre isso clicando aqui (em inglês).

É claro que se trata tudo de convenção, porque ninguém sabe exatamente o dia em que Jesus nasceu, nem a Bíblia faz questão de relatá-lo, mas espero que essa historinha de festa pagã seja esquecida, até porque esse negócio de "festa pagã do solstício de inverno" também é lorota. O que aconteceu é exatamente o contrário: o imperador Aureliano, que governou Roma de 270 a 275, era perseguidor dos cristãos, e inventou a tal festa do solstício, em honra ao nascimento do Sol Invicto, justamente para rivalizar com a tradição cristã do Natal, que já existia, como o imperador bem sabia e fez questão de confrontar.

Então, deixemos que os cristãos comemorem o que quiser, sem culpa, pela graça de Deus que nos foi revelada no nascimento de Seu Filho entre nós.

Grandes filmes - 7


Já comentei anteriormente sobre o livro "Na Natureza Selvagem", do Jon Krakauer, no qual foi baseado o filme de mesmo nome (clique aqui para ler o texto e ver o trailer). 

Como o filme ficou muito pouco tempo em cartaz nos cinemas, só agora pude vê-lo em DVD, e realmente é tão forte e marcante como o livro, baseado na história real de Chris McCandless, que abandou família e o mundo dito "civilizado" para viver uma aventura fatal no gelo do Alaska.

O filme - brilhantemente dirigido por Sean Penn e com uma trilha sonora de primeira - reforça a sensação de que o mundo perdeu um grande cara, cuja história não conheceríamos se não houvesse o desfecho trágico. 

Apresenta alguns dados novos, talvez posteriores ao livro de Krakauer, já que a repercussão foi enorme nos EUA. 

Salta aos olhos a impressão de que Chris não conseguia perdoar seus pais, mesmo tendo eles lhe dado as melhores condições possíveis dentro da sua típica vida pequeno-burguesa americana. 

A rígida moral que o aventureiro se propõe não permite falhas, nem retorno. 

Talvez tivesse voltado para casa algum tempo depois, se tivesse a chance de amadurecer um pouco mais. 

Não deve ter sido fácil para ele crescer e conviver numa sociedade tão materialista e competitiva como a norte-americana. 

Chris McCandless era um espírito livre que talvez se desse melhor em outro país, outra cultura. 

De qualquer maneira, a família McCandless se expõe de uma maneira rara em situações como esta, em que o personagem principal realmente existiu em carne e osso (a foto acima o demonstra). 

E foi em carne e osso que Chris McCandless terminou sua trajetória neste planeta, e ao ver sua história retratada na película, a gente fica com aquela sensação estranha de uma enorme perda, de ter saudade de alguém que nunca conhecemos.

Tribos da fé

É comum vermos algumas pessoas se reunirem em um determinado grupo religioso, sectarista, que despreza aqueles que não comungam da mesma fé. Muitas vezes, é criada toda uma linguagem própria, uma indumentária peculiar, usos e costumes que identificam os membros daquela igreja ou confissão religiosa, num verdadeiro comportamento tribal, vedado aos não iniciados ou a quem pensa diferente.

Longe de propor um tratado sobre o tema, quero me concentrar no fato de que muita gente encara a religião como uma forma de integração e ascensão social, dentro do seu pequeno mundo em que as oportunidades de conseguir isso são ínfimas. Nesses casos, se freqüenta a igreja não por uma fé pura e simples, mas por um processo de racionalização em que os fins justificam os meios. Assim, uma igreja ou religião se transforma em um gueto, na base do "nós x eles", e a pessoa (e o grupo) precisa sempre estar reafirmando a si mesmo que eles são especiais, únicos, exclusivos, e que aquilo que a vida não lhes deu (trabalho, educação, bens), é trocado por uma suposta superioridade espiritual que dispensa essas coisas, e descarta inclusive o convívo do próximo, afinal, na visão deles, o próximo vai queimar no mármore do inferno mesmo, então não há necessidade de se relacionar com ele, até porque ele representa uma ameaça à coesão tribal tão duramente alcançada e mantida sob rédeas curtas.

Obviamente, esses são processos que se travam no inconsciente individual e coletivo desses grupos, e ainda que esta conduta seja reprovável sobre todos os aspectos, deve ser pelo menos compreendida não como um preconceito (ainda que, tecnicamente falando, seja), mas como uma defesa dessas pessoas sofridas contra as agruras da vida, pois esta foi a única maneira que eles encontraram de aliviar o seu sofrimento.

Henri Nouwen e a dor




INTEGRE A SUA DOR



Você se pergunta se é bom partilhar sua luta com outros, especialmente com aqueles de quem deve ser o pastor. Acha difícil não falar das suas dores e tristezas com aqueles que você está tentando ajudar. Sente que o que pertence à essência da sua pessoa humana não deve ser mantido em segredo. Deseja ser um companheiro de viagem, não um guia distante.

A principal questão é: “Você integrou a sua dor?” Enquanto não tiver feito isso – isto é, integrado a sua dor no seu modo de viver -, há o perigo de usar o outro com a finalidade de obter a sua própria cura. Quando conversa com os outros sobre o seu sofrimento, sem que o tenha aceito integralmente, espera deles algo que não são capazes de dar-lhe. Como conseqüência, sente-se frustrado, e aqueles a quem queria ajudar irão sentir-se confusos, desapontados e até mais sobrecarregados.

Mas quando integra o seu sofrimento por completo e não espera que os fiéis do seu rebanho o aliviem, pode abordar o assunto com verdadeira liberdade. Então, pode tornar-se proveitoso partilhar a sua luta; a sua franqueza sobre o que lhe diz respeito pode dar coragem e esperança a outros.

Para que seja capaz de, ao partilhar a sua luta, fazer um bem, é também essencial que haja pessoas a quem possa recorrer nas suas próprias necessidades. Você sempre precisará de pessoas confiáveis com as quais possa desabafar, sempre vai precisar de pessoas que não precisam de você, que possam acolhê-lo e ajudá-lo a reencontrar-se, sempre precisará daqueles que o ajudem a integrar a sua dor e a persistir na luta.

Assim, a questão central no seu ministério é: “Partilhar a minha luta é proveitoso para aqueles que buscam a minha ajuda?” A resposta a essa pergunta só pode ser positiva quando realmente integrar a sua dor e nada esperar daqueles que procuram o seu ministério.

(Henri J. Nouwen, em “A Voz Íntima do Amor”, Paulinas, 2001, p. 76)

Integrar a dor

As pessoas tendem a fugir da dor. Afinal, analgésicos existem para isso. Não é à dor física que me refiro, entretanto, mas à emocional, resultante de uma perda, de um rompimento, de algo que nos põe pra baixo por algum tempo. A tendência, como disse antes, é fugir da dor, escondê-la, relevá-la, pelo menos enquanto for possível, mas ela sempre volta cobrando a fatura com multa e juros de mora. Por isso, eu prefiro vivenciar a dor. Para mim, é a melhor maneira de superá-la, experimentando-a, tomando cuidado de não ser masoquista nem se fazer de vítima. Entrar em contato com a sua dor em essência é um dos maiores desafios de um ser humano, mas também é uma das experiências mais ricas que se pode ter nessa existência. Henri Nouwen chama isso de "integrar a dor" (leia o texto clicando aqui). Ela tem que ser vivenciada, absorvida, integrada no nosso ser, para ser apreendida e aprendida, e a gente possa seguir em frente depois de superá-la, sem ter que ficar voltando atrás para remoê-la.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Morte lenta



Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não arrisca vestir uma cor nova e não fala com quem não conhece. Morre lentamente quem faz da televisão seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o escuro ao invés do claro e os pingos nos is a um redemoinho de emoções, exatamente a que resgata o brilho nos olhos, o sorriso nos lábios e coração aos tropeços.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto, para ir atrás de um sonho.

Morre lentamente quem não se permite, pelo menos uma vez na vida, ouvir conselhos sensatos.



Morre lentamente quem não viaja, não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.



Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte, ou da chuva incessante.



Morre lentamente quem destrói seu amor próprio, quem não se deixa ajudar.



Morre lentamente quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, nunca pergunta sobre um assunto que desconhece e nem responde quando lhe perguntam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em suaves porções, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples ar que respiramos. Somente com infinita paciência conseguiremos a verdadeira felicidade.




(Pablo Neruda)

Ser, ter, crer, ser...

Uma das críticas que se fazem à religião é que ela anula o ego, pois "ter um crer escraviza o ser". 

Bonita afirmação que, entretanto, não resiste a uma análise mais profunda, pois pressupõe que exista um ser totalmente liberto, o que sabemos que não é verdade. 

Pode até ser liberto da religião organizada, mas não do senso (ou instinto) moral. 

Pelo contrário, um ser totalmente liberto tem uma tendência preocupante a ser um psicopata, como vemos nos crimes mais absurdos cometidos pelo mundo.

Além disso, arrisco-me a dizer que todo mundo tem um "crer", não necessariamente religioso. 

Dizer o contrário é admitir que o ser humano é totalmente imune a um senso (ou instinto) místico, qualquer que seja, mas a história da humanidade desmente essa visão, já que não há registro confiável de qualquer civilização, primitiva que fosse, que não inculcasse nos seus membros um mínimo de senso místico, como regulador e organizador social.

O "eu", portanto, se faz tanto de ser, como ter como crer. 

O que varia é o que se é, o que se tem, e o que se crê. 

E tudo retorna ciclicamente ao velho e conhecido "ser".

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

E o massacre continua...

Passei de novo pela Rodovia Raposo Tavares no trecho entre Itapetininga e Paranapanema. Na segunda-feira, indo na direção da capital, havia um tamanduá-bandeira adulto atropelado no km 215. Hoje, na volta, havia outro exemplar adulto atropelado no km 276. Já perdi a conta de quantos tamanduás-bandeira eu vi atropelados naquele trecho, e pelo jeito, em breve estarão extintos no Sul do Estado de São Paulo. Enquanto isso, nosso querido governador está preocupado em cobrar pedágio no Rodoanel...
Atualização de 20/03/09: Passei pelo trecho em questão hoje e havia um tamanduá-bandeira morto, atropelado que foi no km 219.

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