sábado, 31 de julho de 2010

Pirlimpimpim gospel


Eu confesso que não tenho mais paciência para ficar tentando entender (ou explicar) essa esoterização místico-ideológica que arrasa a igreja evangélica brasileira. Só nesta semana vi na TV duas coisas abomináveis. 

A primeira foi um programa da igreja universal (assim mesmo com letras minúsculas) convidando os seus fiéis a levarem 1 kg de sal para (pasmem!) ser “energizado” nos templos. 

Chegamos à versão gospel do pirlimpimpim. 

A segunda, não menos mágica, foi o retorno de Morris Cerullo a mais uma campanha caça-níqueis de Silas Malafaia, com a sua já manjada oferta numerológica, agora de esdrúxulos 610 reais (não mais 900). 

Nem me preocupo mais em refutar essas sandices, pois a qualquer cristão digno do nome bastaria imaginar se algum dos apóstolos (os originais) se exporia a este papel profano ridículo. 

Talvez um fiel seguidor desses falsos profetas venha aqui dizer que o que importa é que o nome de Jesus está sendo anunciado e pessoas estão se convertendo, o que pode até ser verdade, mas nunca é demais lembrar que pessoas se convertem a Cristo nas situações mais inimagináveis e – muitas vezes – demoníacas, sem que isto legitime o lugar ou a circunstância em que se converteram. 

Além disso, nada impede que Deus se valha de uma jumentinha para tornar audível a Sua palavra, o que obviamente não transforma o pobre animal em ministro do evangelho.

O fato é que o evangelicalismo brasileiro se tornou um balaio de gatos dos mais variados tipos, que servem a propósitos individualistas ideológicos e utilitários, ainda que travistam sua mensagem como coletiva e universal. 

O amor ao dinheiro continua sendo a raiz de todos os males, e nessa cobiça alguns se desviaram da fé (1 Timóteo 6:10), e é muito triste ver gente boa e inteligente concordando com esta apostasia desenfreada, retrato trágico de uma época em que o joio está sendo separado do trigo. 

E por falar em grãos, é interessante ver como invocam a assim chamada “lei da semeadura” de 2 Coríntios 9 (algo como “quem planta dinheiro, colhe fortunas”), ignorando o contexto que fala que Deus fará abundar a Sua graça (v. 8), aumentará os frutos da nossa justiça (v. 10), TUDO ISTO com o fim de suprir as necessidades dos santos (v. 12) e não as de um “pastor” ou ministério específicos. 

É claro, ainda, que a graça de Deus é exatamente o que é: de graça, não negociável; mas nem isso as pessoas se dão conta na sua ânsia de cair no conto do bilhete premiado

Afinal, são atraídas e engodadas pela sua própria concupiscência (Tiago 1:14), e a concupiscência, “havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tiago 1:15).

Desta forma, pelo menos neste particular da cobiça coletiva, inocentemos Silas Malafaia, Morris Cerullo, Edir Macedo, e tantos outros aproveitadores da ignorância alheia que responderão diretamente a Deus por sua perversidade. 

Culpemos, porém, os incautos que acreditam nas ofertas e nos sais energizados com os quais – mal e porcamente – tentam lavar suas almas e consciências, esperando – em vão - instalar um reino efêmero neste mundo e dando adeus à eternidade. Infelizmente...

sábado, 24 de julho de 2010

Conversões imaginárias

por C. S. Lewis:

Se o cristianismo é verdadeiro, então por que nem todos os cristãos são necessariamente mais agradáveis do que os não-cristãos? O que está por trás dessa questão é em parte razoável e em parte inadmissível. A parte razoável é esta: se a conversão ao cristianismo não representa nenhum aperfeiçoamento nas ações do ser humano – se ele continuar sendo tão metido, rancoroso e vingativo; tão corroído pela inveja ou ambicioso como antes – então teremos fortes motivos para suspeitar que sua “conversão” foi totalmente imaginária. Depois da nossa conversão inicial, toda vez que achamos que fizemos algum avanço, esse é o teste que devemos aplicar. Sentimentos delicados, novos insights, um interesse maior pela “religião” podem não significar nada, se o termômetro indicar que a nossa temperatura continua subindo. Nesse sentido, o mundo secular está totalmente certo em julgar o cristianismo por seus resultados. Uma árvore é conhecida pelos seus frutos; ou, como diz o dito popular, a prova do pudim está em comê-lo. Quando nós, cristãos, nos comportamos mal, ou deixamos de nos comportar como deveríamos, tornamos o cristianismo desacreditado para o mundo lá fora. Os cartazes e panfletos dos tempos de guerra diziam que conversa fiada pode custar vidas. A recíproca é verdadeira: “vidas fiadas” dão o que falar. Se levarmos nossas vidas sem responsabilidade, as pessoas de fora começarão a falar; e nós teremos lhes dado bons motivos para duvidar do próprio cristianismo.

(C. S. Lewis em “Mero Cristianismo”, transcrito em “Um Ano com C. S. Lewis”, Ed. Ultimato, 2005, p. 230)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A maior história já contada

Shai Linne canta o plano da salvação em 4 minutos:

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Finjo que não te escuto

O vídeo abaixo é de uma propaganda ateísta, em inglês e com legendas em português, que reflete uma tendência moderna de divulgação do ateísmo, atacando a religião. Não deixa de ser um comercial bem feito, e algumas observações me parecem pertinentes. Primeiro, a defesa do "livre pensamento", algo que sinceramente eu não consigo entender, já que para mim não há pensamento livre, no sentido de que seja isento de qualquer, digamos, "contaminação" por filosofias e - principalmente - ideologias variadas, sem querer entrar nos labirintos freudianos que formam a pessoa, também negados por muitos ateus. Não me parece que a visão de mundo de cada indivíduo seja plenamente pura e descompromissada de qualquer valor, ainda que este valor seja a negação dos valores. O vídeo mostra Deus como um fascínora sanguinário e o homem como um joguete na sua mão, num determinismo exarcebado que talvez ficasse melhor no discurso de alguns grupos religiosos mais sectários. Também falseia a história ao omitir que a metodologia científica começou nos templos e nos mosteiros medievais, assim como a religião foi o motor propulsor de inúmeras ações de assistência e caridade ao longo da História. Faz ainda uma crítica à teologia da prosperidade, esquecendo-se de que este é um desvio da ortodoxia da igreja combatido pela própria. Por fim, se contradiz ao afirmar que "mas como eu escolhi pensar livremente, não tenho que escutar as vozes impiedosas desse ser imaginário". Além da frase se assemelhar a um mantra chororô de autovitimização, a propaganda tanto ouve a voz desse ser que lhe é imaginário, que chega ao ponto de ter que desenvolver um discurso midiático a-teológico para negá-lo. Não só escuta como dialoga com ele. No fundo, é apenas uma espécie de religião a-religiosa...

sexta-feira, 9 de julho de 2010

O truque da prosperidade

Por Richard Foster

A fé cristã enxerga as coisas materiais como bens criados que Deus nos deu para desfrutar. Ela não descarta as coisas materiais como inconsequentes, ou, pior ainda, como más. O mundo material é bom e projetado para tornar feliz a vida. De fato, a provisão adequada é um ingrediente essencial da boa vida. Na sociedade humana de hoje a desgraça frequentemente advém de uma simples falta de provisão.

A desgraça advém igualmente quando as pessoas tentam construir uma vida sobre a provisão. Conquanto seja um ingrediente essencial para a boa vida, não é de forma alguma o único ingrediente, nem mesmo o mais importante. Muitas vezes o ensinamento bíblico sobre a provisão foi tomado e distorcido numa doutrina de prosperidade insaciável. Toda a persuasão sutil, e às vezes não muito sutil, de “amar a Jesus e enriquecer” reflete nosso fracasso em ver a limitação que a Bíblia coloca sobre coisas. Encarnados em nossa teologia encontram-se objetivos cobiçosos sob o disfarce das promessas de Deus. E o interessante a respeito de todos esses truquezinhos para alcançar a bem-aventurança é que eles funcionam, realmente funcionam. Isto é, funcionam se o que desejamos é um pouco de dinheiro; mas, se desejamos a abundância que Deus dá, eles falham.

(FOSTER, Richard. Celebração da Simplicidade. Campinas: United Press, 1999, p. 22)

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Pergunte ao polvo

Devido ao sucesso do polvo Paul, já são muitas brincadeiras em que você pode fazer suas perguntas virtuais ao célebre cefalópode no site (por enquanto em espanhol) Pregunta al Pulpo Paul. O esquema é simples, é só colocar as duas alternativas que te deixam em dúvida que o polvo Paul resolve o problema pra você. Já até sacanearam perguntando quando o Corinthians será campeão da Libertadores. Confira a resposta abaixo:

O futebol e o horror

O relato dos horrores que cercam as denúncias contra Bruno, goleiro do Flamengo, expõe as vísceras da situação macabra a que a sociedade brasileira chegou, em que a fuga da realidade conflita com a própria realidade que se pretende evitar, terminando por torná-la insuportável, por paradoxal que pareça. 

Esta fuga é um fenômeno muito mais abrangente do que a nossa vã filosofia pode imaginar, mas os detalhes macabros do assassinato de Eliza Samudio escancaram as fraturas expostas da alma brasileira. 

E podia ter sido diferente, já que a história de vida de Bruno é marcada pela superação, abandonado que foi pelos pais quando ainda era bebê, e criado pela avó materna num ambiente de extrema pobreza. 

Como muitos garotos pobres do país, viu sua tábua de salvação no futebol, chegando a goleiro do Atlético Mineiro e do Flamengo, onde conquistou o título do campeonato nacional de 2009. 

Obviamente, nada justifica que tenha se tornado um monstro, se é que as denúncias contra ele serão confirmadas em juízo, da mesma maneira que o passado de atriz pornô de Eliza Samudio não significa que ela merecesse ser vítima de qualquer tipo de violência. 

Quis o destino que os caminhos de ambos se cruzassem, provavelmente para a concretização de uma fantasia qualquer. 

Alguns criticam Eliza como mais uma maria-chuteira arrivista e gananciosa, como se não existissem jogadores de futebol que veem no dinheiro, no sexo e na fama uma maneira de sublimar um passado de privações. 

O que se seguiu, entretanto, foi um circo de horrores com detalhes tétricos de um bebê de quatro meses sendo tirado da mãe, que por sua vez é morta, esquartejada e atirada aos cães. 

Se tal não bastasse, o bebê é entregue ao avô paterno que, segundo noticia o G1, responde pelo estupro de uma menina de 10 anos de idade, que seria sua filha com a cunhada, enquanto ainda era casado com a irmã dela. 

É o espetáculo grotesco do horror sem fim da miséria humana a reinventar-se ilimitadamente.

A fuga da realidade fica mais clara quando, após sua prisão, o goleiro Bruno diz que “a copa de 2014 acabou” para ele. 

Ora, os problemas que ele terá que enfrentar na Justiça são infinitamente maiores do que uma não convocação para a seleção brasileira, mas Bruno é incapaz de enxergar o óbvio. 

Na noite passada na cela, ainda teve a ajuda de um policial a ler trechos bíblicos para ele. Sua esposa oficial seria evangélica, embora haja indícios de que, no mínimo, teria sido conivente com o crime. 

O futebol parece sintetizar o momento de um país que não consegue mais conviver consigo mesmo e, quando a coisa resvala na religião na tentativa de justificar o injustificável, parece que o resultado é desastroso. 

Guardadas as devidas proporções, ainda envolvendo a seleção brasileira, parece que Dunga e Jorginho também estavam fora da realidade na África do Sul. 

Talvez contaminados pelo espírito guerreiro da propaganda, combinado com o triunfalismo evangélico que tudo pode no Brasil varonil, também não conseguiram enxergar o óbvio ululante de um time fadado ao fracasso. 

O discurso não se sustentou no mundo real, e talvez seja esta a única (e triste) semelhança com o caso macabro do goleiro Bruno: uma incapacidade crônica de lidar com os problemas da vida real e uma tentativa inócua de torná-la mais palatável mediante um discurso fantasioso e – lamentavelmente – vazio.

A ficha limpa dos evangélicos de Brasília

A população da capital federal e os evangélicos que honram o nome podem respirar aliviados. Depois de ter renunciado ao mandato de deputado distrital na tentativa de preservar uma eventual nova eleição, Junior Brunelli, que ficou mais conhecido no triste episódio da chamada "oração da propina" no escândalo de corrupção que varreu Brasília, não vai mais se candidatar a nenhum cargo eletivo, pois seu partido PSC (Partido Social Cristão) lhe negou vaga na chapa proporcional, segundo informa o site eBand:

PSC não lançará candidatura de ex-deputado envolvido no mensalão do DEM

Da BandNews FM


O ex-deputado distrital Junior Brunelli (PSC-DF) não irá se candidatar nas eleições deste ano. Segundo o Blog da jornalista Paola Lima, a decisão foi tomada pela direção nacional do PSC, partido ao qual Brunelli se filiou no ano passado.

Isto porque o caso de Brunelli se enquadra na nova Lei da Ficha Limpa, que considera inelegíveis políticos que renunciaram ao mandato para fugir de um processo de cassação.

Brunelli é suspeito de participar do esquema de corrupção conhecido como mensalão do DEM e foi flagrado em vídeo recebendo dinheiro do ex-secretário Durval Barbosa, delator do esquema, e fazendo uma oração para agradecer a quantia, que ficou famosa como “oração da propina”.

O ex-distrital tinha o nome cotado para candidato ao Senado na chapa do ex-governador Joaquim Roriz (PSC), também envolvido nas denúncias.

Redator: Martina Cavalcanti

O Blog do Pastor Osésa acrescenta:

Mais um evangélico fora das eleições 2010

Depois de perder a legenda no PSC, Brunelli está fora. Leonardo Prudente já havia perdido o direito de coconrrer e agora é a vez de Agnaldo de Jesus do PRB, Partido da Universal.

O deputado não será candidato a nenhum cargo público em outubro. Alvo de duas ações de improbidade propostas pelo Ministério Público do DF, ele afirma que está desencantado com a vida pública.

Aguinaldo responde a processo por supostas irregularidades na realização do amistoso entre Brasil e Portugal, no Bezerrão, ocorrida em dezembro de 2008. E também é um dos nove deputados que tiveram as despesas de hospedagem pagas por empresário durante viagem a Goiânia, na véspera da eleição indireta que levou Rogério Rosso ao governo, em abril. "Estou muito decepcionado", afirma Aguinaldo.

Fonte: Ana Maria Campos

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Jorginho se defende e CBF ataca

Segundo noticia o portal Creio, o ex-assessor técnico da seleção brasileira, Jorginho, emitiu nota oficial para se defender das críticas de recebeu a respeito de seu comportamento durante a Copa do Mundo 2010. Eis a íntegra da nota:

NOTA À IMPRENSA: Rio de Janeiro, 5 de julho de 2010.

Em virtude de algumas matérias publicadas na imprensa, queremos prestar os esclarecimentos necessários:

1) Com relação à ida de familiares dos jogadores e da comissão técnica da Seleção Brasileira para a África do Sul: a CBF, como já é procedimento, não oferece estrutura para os familiares e, portanto, a decisão de levá-los ou não cabia exclusivamente a cada atleta ou membro da Comissão. Vários atletas e membros da Comissão levaram seus parentes.

2) Ao contrário do que foi noticiado, Jorginho não indicou nenhum segurança ou outros profissionais para a CBF, excetuando-se apenas o observador da Seleção, que foi a sua ÙNICA indicação ao Dunga, a quem coube definir a contratação.

3) Da mesma forma, não é correta a informação de que Jorginho participava das reuniões dos atletas cristãos da Seleção. Jorginho é cristão, mas, em nenhum momento, deixou que sua crença religiosa, influenciasse o seu trabalho. Ele NUNCA, ao longo dos quase quatro anos como auxiliar-técnico, participou de qualquer reunião dos atletas cristãos e sempre pautou seu trabalho pela qualidade técnica, tendo, inclusive, sido eleito o melhor treinador do Campeonato Carioca de 2006, quando, em sua primeira experiência como técnico, levou o América para a final da Taça Guanabara, após 24 anos, e para semifinal da Taça Rio, tornando o América o time com o maior número de pontos do Campeonato. Desempenho esse que levou Dunga a convidá-lo para o cargo de auxiliar-técnico da Seleção Brasileira.

Entretanto, notícia de hoje do jornal O Estado de São Paulo dá conta de que a imagem do ex-jogador e ex-assessor técnico continua queimada na CBF, que, ao que parece, já o elegeu como o grande culpado da eliminação brasileira na Copa 2010:


Para CBF, Jorginho foi mentor
de tudo o que deu errado


Auxiliar levou à comissão pessoas sem 'função' e vetou entrevistas e família na concentração, de acordo com pessoas da entidade

Se Dunga foi um erro para a seleção dentro de campo na África do Sul, Jorginho foi mais ainda fora dele. O auxiliar técnico é apontado por pessoas ligadas à CBF como o mentor de quase tudo o que ocorreu de errado na concentração do time em Handburg. De personalidade forte e capaz de arquitetar situações de desconforto para quem não joga no "seu time", é creditada a ele até a indicação de pessoas "sem função alguma" dentro da comissão, como Marcelo Cabo e Cláudio Taffarel, chamados por Dunga para observar os rivais, mas que na verdade só foram mantidos no grupo por fazer parte da "patota" de ambos.

Marcelo Cabo, que frequenta a mesma igreja evangélica de Jorginho, observava tudo, mas dentro da própria seleção, para deixar o chefe mais bem informado. Taffarel vestiu o agasalho dos jogadores e conseguiu "escantear" o preparador de goleiros Wendel. Era ele quem batia bola com os goleiros Julio Cesar, Gomes e Doni. Chegou por último e se achou intocável por ter a confiança do treinador. Saiu pregando da mesma cartilha, a do patriotismo e da alegria de poder trabalhar todos os dias com um grupo como aquele. Taffarel esteve em todos os treinos, portanto, longe do trabalho para o qual foi chamado. Ao lado de Cabo, fez poucas observações sobre os rivais.

Jorginho ainda é responsabilizado por convencer Dunga a manter regime de ferro na concentração, com folgas reduzidas e atletas proibidos de darem entrevistas em horas de lazer. Só que pegou mal para ele o fato de ser um fervoroso defensor da proibição das visitas familiares, com o discurso de que o grupo perderia o foco, mas ser um dos primeiros a mandar buscar esposa e filhos no Brasil. Os jogadores se sentiram traídos.

Jorginho esteve também nas entrevistas de Dunga. Em alguns momentos, pediu a palavra para provocar jornalistas, rebater críticas em tom áspero e defender seu modo de pensar (e consequentemente o de Dunga) como o único correto sobre os assuntos do time. O Estado tentou falar com Jorginho e Taffarel, ontem, mas não conseguiu. / J.C. e R.M.

O mundo NÃO vai acabar em 2012

Pode suspender a escavação do abrigo subterrâneo, engolir aquelas verdades que você queria dizer a seus afetos e desafetos, e voltar a guardar dinheiro na poupança, pois nenhuma profecia maia crava o fim do mundo para 2012, como os profetas fatalistas querem que você acredite, segundo informa o site Terra:


Nenhum de 15 mil textos maias profetiza fim do mundo em 2012


Em nenhum dos 15 mil textos existentes dos antigos maias está escrito que em 2012 haverá grandes cataclismos, crença originada em escritos esotéricos da década de 1970, asseguraram nesta terça-feira fontes oficiais. O diretor do Acervo Hieróglifo e Iconográfico Maya (Ajimaya) do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH), Carlos Pallán, disse que só em dois deles há "duas inscrições" que falam em 2012, mas "só como o final do período".

Perante este fechamento do ciclo, os profetas modernos afirmam que um buraco negro no centro da galáxia, quando se alinhar com o sol, romperá o equilíbrio. Com isso, será modificado o eixo magnético da Terra e as consequências serão nefastas.

O cientista destacou em comunicado que estas versões apocalípticas foram geradas em publicações esotéricas nos anos 1970, as quais assinalavam o fim da civilização humana para 2012, data que coincide com o décimo terceiro ciclo no calendário maia, no dia 21 de dezembro. Pallán explicou que "para os antigos maias, o tempo não era algo abstrato, era formado por ciclos e estes às vezes eram tão concretos que tinham nome e podiam ser personificados mediante retratos de seres corajosos. Por exemplo, o ciclo de 400 anos estava representado como uma ave mitológica".

Os maias "jamais mencionam que o mundo vai acabar, jamais pensaram que o tempo terminaria em nossa época, o que nos reflete à consciência que alcançaram sobre o tempo, a partir do desenvolvimento matemático e da escritura". Ele acrescentou que os maias se preocupavam em efetuar rituais que de algum modo garantissem que o ciclo por vir seria propício, e no caso particular de 2012 é notada uma insistência em "que ainda em data tão distante vai ser comemorado um determinado ciclo. Este foi o miolo da confusão".

O arqueólogo disse que, no entanto, de acordo com os cálculos científicos atuais, a data astronômica precisa do fim de seu ciclo seria 23, e não 21 de dezembro. Também esclareceu que os maias legitimavam seu poder mediante os calendários e vinculavam os governantes com esses ciclos e com deuses citados em relatos ancestrais ou em mitos.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Bad bad rap

Os garotos da igreja até que tentaram, mas o resultado foi pífio... e a distribuição de dólares no final entra para os piores momentos do rap cóspel...


segunda-feira, 5 de julho de 2010

Igreja católica salvadorenha não quer leitura bíblica nas escolas

A notícia é do jornal La Jornada, do México. Com vistas a "fomentar valores morais" e combater desde a infância a violência que hoje assola El Salvador, o congresso daquele país aprovou lei que torna obrigatória a leitura da Bíblia nas escolas salvadorenhas. 

A liderança local da igreja católica, através do arcebispo de San Salvador, D. José Luís Escobar Alas, manifestou-se contra a lei e pediu ao presidente Mauricio Funes que a vete, por considerar que nenhum grupo religioso foi consultado a respeito, e por temer que a iniciativa provoque ainda mais divisões na população. 

Nunca é demais lembrar que D. Escobar Alas é o terceiro sucessor de D. Oscar Romero, bispo que defendia a pacificação e o respeito aos direitos humanos na guerra civil salvadorenha na década de 70, e que justamente por isso foi assassinado em 24 de março de 1980, e é lembrado como um dos mártires cristãos do século XX e colocado na galeria dos mártires da Abadia de Westminster na foto abaixo, ao lado de Madre Isabel da Rússia e dos pastores Martin Luther King Jr. (batista) e Dietrich Bonhoeffer (luterano). 

Não deixa de ser uma decisão polêmica a do arcebispo atual de San Salvador, já que os principais adversários das leis que privilegiam uma determinada religião são geralmente ateus ou religiosos que defendem o laicismo (a separação entre Igreja e Estado). 

De fato, muitas das iniciativas legislativas que obrigam colocar a imagens ou ler textos bíblicos em locais públicos são apenas "para inglês ver", já que a corrupção e a violência correm soltas ao arrepio da religiosidade de quem quer que seja.

Computador pode decifrar línguas extintas


Notícia do site Opera Mundi:

Norte-americanos decifram língua extinta com novo programa de computador

No livro Lost Languages, de 2002, o então editor do suplemento de educação superior do jornal inglês The Times, Andrew Robinson, afirmou que o trabalho arqueológico de decifrar línguas extintas exige uma mistura de lógica e intuição que os computadores são incapazes de possuir. Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts e da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, tentam mostrar que Robinson estava errado.

Em estudo que será apresentado esta semana na reunião anual da Associação para Linguística Computacional, em Uppsala, na Suécia, o grupo apresentará um novo programa de computador que foi capaz de decifrar grande parte do extinto idioma ugarítico, descoberto a partir de escritos encontrados na cidade perdida de Ugarit, na Síria, cujas ruínas foram encontradas em 1928.

O ugarítico era uma língua semítica escrita em alfabeto cuneiforme com 27 consoantes e três vogais. Os escritos encontrados foram importantes para estudiosos do Velho Testamento, por auxiliar a clarificar textos hebraicos e revelar como o judaísmo utilizava frases comuns, expressões literárias e frases empregadas pelas culturas gentis que o cercavam.

O sistema, além de ajudar a decifrar línguas antigas que continuam a resistir aos esforços de especialistas, poderá expandir o número de idiomas que sistemas automatizados de tradução, como o Google Tradutor, são capazes de manejar.

Método

Para simular a intuição que falta aos computadores, Regina Barzilay, do Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência da Computação do MIT, e colegas fizeram várias proposições. A primeira é que a língua a ser decifrada pelo computador estaria próxima de outra. Para isso, foi escolhido o hebraico.

Outra asserção é que haveria um modo sistemático de mapear o alfabeto de uma língua com relação ao alfabeto de outra, e que os símbolos relacionados deveriam ocorrer com frequências semelhantes nas duas línguas. O sistema também fez asserções no nível semântico, no sentido de que as línguas relacionadas teriam pelo menos alguns cognatos, isto é, palavras com raízes em comum.

Por meio de um modelo probabilístico usado em pesquisas em inteligência artificial, os pesquisadores determinaram nos mapeamentos os radicais semelhantes e conjuntos de sufixos e prefixos consistentes, entre outras relações entre as palavras das duas línguas.

O ugarítico já havia sido decifrado. Se não tivesse sido, os autores do estudo não teriam como avaliar a performance do sistema que desenvolveram. “O sistema repetiu as análises dos dados resultantes centenas de vezes. E, a cada vez, os acertos eram mais frequentes, pois estávamos chegando mais perto de uma solução consistente. Finalmente, chegamos a um ponto no qual a alteração do mapeamento das similaridades não aumentava mais a consistência dos resultados”, disse outro autor do estudo, Ben Snyder, também do MIT.

Das 30 letras do alfabeto extinto, o sistema foi capaz de mapear corretamente 29 com seus correspondentes em hebraico. Cerca de um terço das palavras em ugarítico tem cognato em hebraico e, desse total, o sistema identificou corretamente 60%. “Das palavras identificadas incorretamente, na maior parte das vezes o erro foi por apenas uma palavra. Ou seja, o sistema deu palpites bem razoáveis”, disse Snyder.

Apesar dos índices de acerto, os pesquisadores destacam que o sistema não é suficientemente bem resolvido para substituir os tradutores humanos. Mas, segundo eles, é uma ferramenta poderosa cujo desenvolvimento poderá ajudar no processo de decifrar línguas desconhecidas e de traduzir outras existentes mais eficientemente.

domingo, 4 de julho de 2010

O inferno africano de Jorginho

Notícia da Folha de S. Paulo de hoje:

Jorginho sai queimado da seleção brasileira

EDUARDO ARRUDA
MARTÍN FERNANDEZ
PAULO COBOS
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS A PORT ELIZABETH

Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.

Esse foi o sentimento de alguns jogadores da seleção com relação ao auxiliar técnico Jorginho. Braço direito de Dunga na seleção brasileira, ele pregou durante o Mundial que a equipe deveria ficar isolada dentro de um hotel em um condomínio sofisticado de Johannesburgo.

Ele também decidiu pelo fim das folgas para os jogadores durante a Copa-2010. Com Dunga, forjou no grupo que os parentes dos atletas deveriam ficar no Brasil para evitar que o time "perdesse o foco" no torneio.

Alegavam que os jogadores poderiam se desconcentrar do Mundial com os familiares na principal metrópole da África do Sul, cidade com índices de violência superior aos piores vistos no Brasil.

Apesar do discurso de reclusão, Jorginho fez o contrário. Desde o primeiro dia da Copa sul-africana, sua mulher e seus filhos estavam em Johannesburgo. O fato só foi descoberto mais tarde pelos jogadores, que se sentiram traídos pelo auxiliar técnico.

A partir daí, Jorginho foi perdendo o poder no grupo.

O ex-lateral direito, campeão mundial em 1994, também desagradou aos dirigentes. Ele era um dos líderes da ala religiosa da seleção. Jorginho aparelhou a delegação brasileira de evangélicos.

Ele foi o responsável pela contratação de Marcelo Cabo para ser "espião" de Dunga no Mundial. Desconhecido no futebol, Cabo dividia com Taffarel, escolhido por Dunga, a função de observar os rivais do time nacional.

Amigo de Jorginho de igreja, ele só trabalhou em clubes pequenos do futebol, como o Bonsucesso, o Bangu e o desconhecido Atlético de Tubarão (SC). O ponto alto da carreira dele foi ter sido auxiliar técnico de Marcelo Paquetá na seleção da Arábia Saudita, em 2002. No Oriente Médio, treinou times locais.

Jorginho influiu até na escolha dos seguranças da seleção. Um deles foi colocado no posto por ser evangélico.

O auxiliar técnico de Dunga comandava também na seleção as sessões de oração. Um pastor frequentava a concentração para rezar com os jogadores. Lúcio, Josué, Felipe Melo e Luisão eram os atletas mais participativos.

Frequentador da Igreja Congregacional da Barra da Tijuca, Jorginho participa dos cultos quando está no Rio e habitualmente confunde futebol com religião.

No início da carreira como treinador, tentou trocar a mascote do América carioca em 2005. O símbolo do clube é um diabo. Segundo Jorginho, a mascote era uma das responsáveis pela má fase do time --o último título estadual do América foi em 1960.

Ele queria substituir o diabo por uma fênix. A proposta, no entanto, acabou recusada por dirigentes e torcedores do clube.


-----------------------------


Atualização de 05/07/10: o blog do Juca Kfouri traz a seguinte informação:

Acredite se quiser


O blog recebeu o comentário abaixo do observador de futebol JAIRO DOS SANTOS:

Fui observador técnico da seleção brasileira em oito Copas do Mundo, preparei quatro finais, em duas o Brasil foi campeão.

Mas, ao final das eliminatórias, Jorginho preferiu colocar alguém com muita experiência evangélica e membro de sua igreja.

Tivemos dois observadores técnicos que não tinham qualquer experiência dessa função em uma Copa do Mundo.

Diferente das anteriores em que pelo menos um deles era especialista nessa função.
O que iria acontecer no Mundial-2010?

Preferi passar essa análise em inglês para a revista Fourfourtwo, que a publicou no site.




Recomendo também a excelente análise do blog Pregação dos Loucos:

A seleção brasileira e o desserviço cristão

Bento XVI homenageia papa que renunciou

Os gestos e discursos dos líderes políticos e religiosos mais influentes do mundo são sempre revestidos de um simbolismo que nem sempre está explícito, mas indica atitudes ou tendências que eles querem, de alguma maneira, valorizar ou repudiar. Por isso, chama particularmente a atenção o fato do papa Bento XVI ter incluído entre suas 4 visitas pastorais anuais na Itália a ida - hoje - à tumba (com o corpo insepulto) do papa Celestino V (apr. 1215-1296), monge eremita beneditino que foi alçado ao papado mas depois renunciou em meio à peste negra e aos jogos de poder da Idade Média, conforme noticia O Estado de S. Paulo de ontem, 03/07/10:


Bento XVI homenageia papa que renunciou


Celestino V abdicou seis meses após sua eleição, em 1294; administrador incompetente, foi colocado por Dante no Inferno da ''Divina Comédia''

José Maria Mayrink - O Estado de S.Paulo

São Celestino V, papa que renunciou em 1294, seis meses após sua eleição, receberá a veneração de Bento XVI, que vai rezar junto de seu túmulo amanhã, em Sulmona, na Província de Áquila. A peregrinação a essa região devastada por terremoto em 2009 é uma das quatro visitas pastorais que o papa faz este ano na Itália.

Pietro del Murrone, monge eremita do mesmo século de São Francisco de Assis e de São Domingos, tinha 85 anos quando foi eleito papa em 5 de julho de 1294 por um colégio de 12 cardeais que, em 27 meses de conclave, não tinham chegado a um acordo para a escolha do sucessor de Nicolau IV. Os eleitores optaram pelo nome do eremita, pobre e com fama de santo, quando ele lhes escreveu exortando-os a resolver logo o impasse. Escoltado por Carlos II, rei da Sicília e de Nápoles, seu protetor, chegou em um burrinho a Áquila. Era papa e, como tal, bispo de Roma, mas foi morar em Nápoles por ordem do rei.

De vida espiritual irretocável, era um administrador incompetente. Dava emprego a quem o monarca indicava e chegou a nomear dois ou três ocupantes para o mesmo cargo. No auge da Idade Média, não sabia latim, língua oficial da Igreja.

Decidido a voltar às orações na solidão de um mosteiro, Celestino V tentou confiar a administração a um colegiado de três cardeais. Como juristas canônicos argumentaram que não seria possível, ele resolveu renunciar e consultou o cardeal Benedetto Caetani sobre a legalidade da decisão. Caetani encorajou Celestino V e se fez eleger papa em seu lugar, num conclave-relâmpago, escolhendo o nome de Bonifácio VIII. Foi um choque para a Igreja, pois muitos perguntavam se um pontífice poderia renunciar.

Renúncia. Celestino V costuma ser apontado como caso único, mas pesquisadores enumeram mais quatro papas que foram forçados a abdicar: Ponciano, em 235; Silvério, em 537; João XVIII, em 1009; e Gregório XII, em 1415. Bento IX também abdicou, em 1045, em favor do padrinho, mas foi reempossado dois anos depois. Pietro del Murrone tentou voltar ao eremitério, mas Bonifácio achou mais prudente encarcerá-lo na torre de um castelo. Celestino não teria sido maltratado, mas permaneceu isolado até o fim da vida, em 1296.

Sob pressão do rei Felipe IV, da França, o papa Clemente V canonizou Pietro del Murrone em 1313. Santo no altar, mas um indolente na avaliação de Dante, que o mandou para o Inferno entre os ignavos, no Canto 3 da Divina Comédia, pelo pecado de ter proporcionado com sua renúncia a eleição de Bonifácio VIII, inimigo da família Alighieri. É a Celestino V que Dante se refere quando escreve, na tradução de Hernâni Donato: "Pude reconhecer alguns dos vultos, e entre estes, de repente, distingui a sombra daquele que fez a grande renúncia."

sábado, 3 de julho de 2010

Quando o Alzheimer bate à sua porta

É sempre muito profundo e emocionante o relato do médico que se especializa em estudar e combater determinada enfermidade que depois acomete a ele próprio. Num caso similar ao da psiquiatra Kay Redfield Jamieson, que contou a sua história no livro "Uma Mente Inquieta", o médico americano Arthur Rivin escreveu um excelente artigo, publicado na edição d'O Estado de S. Paulo de hoje, 03/07/10, sobre a sua experiência com o mal de Alzheimer. Leitura obrigatória não só pra quem já está na terceira idade, mas principalmente para quem quer chegar lá bem informado e preparado:


O Alzheimer, pelo paciente


Médico americano conta o processo de desenvolvimento da doença, dos sintomas ao diagnóstico, e como sua rotina mudou

Arthur Rivin - O Estado de S.Paulo

Sou médico aposentado e professor de medicina. E tenho Alzheimer. Antes do meu diagnóstico, estava familiarizado com a doença, tratando pacientes com Alzheimer durante anos. Mas demorei para suspeitar da minha própria aflição.

Hoje, sabendo que tenho a doença, consegui determinar quando ela começou, há 10 anos, quando estava com 76. Eu presidia um programa mensal de palestras sobre ética médica e conhecia a maior parte dos oradores. Mas, de repente, precisei recorrer ao material que já estava preparado para fazer as apresentações. Comecei então a esquecer nomes, mas nunca as fisionomias. Esses lapsos são comuns em pessoas idosas, de modo que não me preocupei.

Nos anos seguintes, submeti-me a uma cirurgia das coronárias e mais tarde tive dois pequenos derrames cerebrais. Meu neurologista atribuiu os meus problemas a esses derrames, mas minha mente continuou a deteriorar. O golpe final foi há um ano, quando estava recebendo uma menção honrosa no hospital onde trabalhava. Levantei-me para agradecer e não consegui dizer uma palavra sequer.

Minha mulher insistiu para eu consultar um médico. Meu clínico-geral realizou uma série de testes de memória em seu consultório e pediu depois uma tomografia PET, que diagnostica a doença com 95% de precisão. Comecei a ser medicado com Aricept, que tem muitos efeitos colaterais. Eu me ressenti de dois deles: diarreia e perda de apetite. Meu médico insistiu para eu continuar. Os efeitos colaterais desapareceram e comecei a tomar mais um medicamento, Namenda. Esses remédios, em muitos pacientes, não surtem nenhum efeito. Fui um dos raros felizardos.

Em dois meses, senti-me muito melhor e hoje quase voltei ao normal. Demoramos muito tempo para compreender essa doença desde que Alois Alzheimer, médico alemão, estabeleceu os primeiros elos, no início do século 20, entre a demência e a presença de placas e emaranhados de material desconhecido.

Hoje sabemos que esse material é o acúmulo de uma proteína chamada beta-amiloide. A hipótese principal para o mecanismo da doença de Alzheimer é que essa proteína se acumula nas células do cérebro, provocando uma degeneração dos neurônios. Hoje, há alguns produtos farmacêuticos para limpar essa proteína das células.

No entanto, as placas de amiloide podem ser detectadas apenas numa autópsia, de modo que são associadas apenas com pessoas que desenvolveram plenamente a doença. Não sabemos se esses são os primeiros indicadores biológicos da doença.

Mas há muitas coisas que aprendemos. A partir da minha melhora, passei a fazer uma lista de insights que gostaria de compartilhar com outras pessoas que enfrentam problemas de memória: tenha sempre consigo um caderninho de notas e escreva o que deseja lembrar mais tarde.

Quando não conseguir lembrar de um nome, peça para que a pessoa o repita e então escreva. Leia livros. Faça caminhadas. Dedique-se ao desenho e à pintura.

Pratique jardinagem. Faça quebra-cabeças e jogos. Experimente coisas novas. Organize o seu dia. Adote uma dieta saudável, que inclua peixe duas vezes por semana, frutas e legumes e vegetais, ácidos graxos ômega 3.

Não se afaste dos amigos e da sua família. É um conselho que aprendi a duras penas. Temendo que as pessoas se apiedassem de mim, procurei manter a minha doença em segredo e isso significou me afastar das pessoas que eu amava. Mas agora me sinto gratificado ao ver como as pessoas são tolerantes e como desejam ajudar.

A doença afeta 1 a cada 8 pessoas com mais de 65 anos e quase a metade dos que têm mais de 85. A previsão é de que o número de pessoas com Alzheimer nos EUA dobre até 2030.

Sei que, como qualquer outro ser humano, um dia vou morrer. Assim, certifiquei-me dos documentos que necessitava examinar e assinar enquanto ainda estou capaz e desperto, coisas como deixar recomendações por escrito ou uma ordem para desligar os aparelhos quando não houver chance de recuperação. Procurei assegurar que aqueles que amo saibam dos meus desejos. Quando não souber mais quem sou, não reconhecer mais as pessoas ou estiver incapacitado, sem nenhuma chance de melhora, quero apenas consolo e cuidados paliativos.

ARTHUR RIVIN FOI CLÍNICO-GERAL E É PROFESSOR EMÉRITO DA UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA

O "messias" da seleção

A eliminação precoce do Brasil na Copa do Mundo permite as mais diversas interpretações, principalmente porque brasileiro que é brasileiro sempre tem uma opinião formada sobre tudo o que se relaciona a futebol, política e religião.

Fica difícil analisar o conjunto da obra, por isso prefiro me limitar a um determinado momento do jogo Brasil x Holanda de ontem, o intervalo em que o Brasil vencia por 1 x 0 e terminou tomando a virada (2 x 1) nos 45 minutos finais.

O primeiro tempo havia sido muito bem jogado pelo Brasil, mas aos 9 minutos do segundo tempo, quando a Holanda empatou, tudo desmoronou. 

Talvez houvesse desmoronado antes, pelo excesso de nervosismo demonstrado pelos jogadores brasileiros na primeira etapa. 

Isto remete ao tipo de liderança místico-religiosa que Dunga exercia sobre o grupo, que sacrificava – em nome do coletivo – o talento individual, filosofia - mais de vida do que de jogo - que já começa a ser conhecida por "dunguismo". 

O discurso guerreiro de Dunga, exaltado na publicidade mas inexoravelmente restrito ao microcosmo do futebol, nada devia aos líderes mais perversos e fanáticos da humanidade em seus delírios beligerantes. 

Um sentimento exacerbado de união, legitimidade e sacrifício, resgatado das cinzas de uma derrota passada (no caso, 2006) que fecha o grupo contra milhões de adversários imaginários que têm outra visão de mundo, fazendo-o portador de uma fantasia messiânica que veio salvar a Pátria dos fracassos vergonhosos, conduzindo-a pelo caminho do triunfo eterno. 

Não por acaso, é preciso buscar símbolos religiosos para dar ao movimento uma aura de transcendência a tudo aquilo que é meramente humano, como ganhar ou perder um jogo. 

Para tanto, Dunga criou o mantra da "coerência" e se cercou de assessores e jogadores religiosos, como Jorginho, Kaká e Lúcio, e até um pastor evangélico foi convocado para guiá-los na conquista do Santo Graal. 

Não há como negar que, dentro deste pequeno grupo, Dunga tinha carisma, que só funcionou, obviamente, enquanto a equipe se manteve na competição. 

Como a única coerência que se exige no futebol é devida às regras do jogo, o mantra nascia datado e com prazo de validade, pois o discurso precisava se equilibrar - e constantemente se reciclar - nos tênues limites do fanatismo, e a qualquer momento a fronteira da (mínima) lucidez podia ser rasgada, levando à paralisia e ao desânimo que se constatou no segundo tempo do jogo de ontem. 

Talvez nunca saibamos o que aconteceu, mas pode ter sido no intervalo que, ao invés de serenar os ânimos e recuperar o foco para as coerentes regras do jogo, o técnico (ou outra pessoa) jogou mais combustível na fervura, provocando o destempero (à la Felipe Melo) que se seguiu. 

Como em toda liderança carismática que explora o fanatismo obsequioso, uma palavra ou um gesto mal colocados pode provocar o minúsculo furo que rompe o dique e colocar tudo a perder sem que ninguém perceba o desastre anunciado.

Dunga tinha tudo para sair da história do futebol brasileiro pela porta da frente, quando levantou a Copa do Mundo em 1994, depois de ter sido injustamente culpado pela chamada “era Dunga” que havia marcado a derrota na Copa anterior. 

Os palavrões que proferiu assim que levantou a taça nos EUA mostraram que havia uma mágoa profunda que provavelmente nunca foi curada e superada, sobretudo quando alguém elogiava a seleção brasileira de 1982, conhecida pelo seu futebol-arte e permanentemente lembrada e lamentada por sua derrota frente a Itália, contrastando-a com o futebol de resultados de 1994. 

Enquanto o time de 1982 soube perder, Dunga não soube ganhar, e nunca perdoou seus detratores de 1990, colocando-se como a antítese pragmática e vitoriosa do “derrotismo” artístico. 

Foi incapaz de perceber que o futebol é só um jogo e a vida é lúdica e aleatória por natureza, e que todo mundo tem o direito de gostar do que quiser, ainda que seja uma equipe que não ganhou o título. 

É a velha e saudável disputa do prazer contra a obrigação. Dunga jamais admitiu que o simples gosto pela estética de um jogo belamente jogado, ainda que perdedor, pudesse substituir a conquista mecânica de um capitão guerreiro. 

No jogo de ontem, cercado de pseudomessias que entendem também a religião como uma arma a serviço de uma guerra contra inimigos imaginários de ocasião, que não veem no cristianismo também uma arte, mas principalmente uma torcida organizada que precisa brigar no estádio, Dunga terminou saindo da história do futebol brasileiro pela porta dos fundos, rejeitado não pelo povo, mas pelo jogo da vida no qual não descobriu o prazer, nem entendeu como se joga. Lamentavelmente.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Finlândia oficializa direito fundamental à internet

Desde ontem, 1º de julho de 2010, a Finlândia garante o acesso a internet via banda larga a todo cidadão, como havíamos divulgado aqui em outubro de 2009. Depois disso a Espanha também garantiu por lei o mesmo acesso. Enquanto isso, aqui no Brasil, os poucos que podem pagar caro estão sujeitos a serviços de banda larga da pior qualidade, e as operadoras (apoiadas pela imprensa e seus interesses) resistem à universalização do acesso de qualidade. Confira a notícia do site Vote Brasil:


Finlandeses passam a ter acesso a banda larga garantido por lei

A Finlândia tornou-se o primeiro país do mundo a decretar que o acesso a banda larga é um direito básico de seus cidadãos

A partir desta quinta-feira, 1º de julho, todo finlandês terá, por lei, assegurado o direito de acessar a internet a uma velocidade mínima de 1 megabyte por segundo.

O país se comprometeu a conectar toda a população a uma velocidade de 100 megabytes por segundo até 2015.

Na Grã-Bretanha, o governo prometeu à população uma conexão de até 2 MB por segundo até 2012, mas o acesso não é garantido por lei.

A lei finlandesa obriga todas as empresas de telecomunicação do país a oferecer o serviço aos residentes.

Em entrevista à BBC, a ministra das Comunicações da Finlândia, Suvi Linden, explicou a lógica por trás da legislação:

"Nós consideramos o papel da internet na vida dos finlandeses. Serviços de internet não têm mais a função de apenas entreter".

"A Finlândia trabalhou duro para desenvolver uma sociedade informatizada e dois anos atrás percebemos que nem todos tinham acesso", ela disse.

As autoridades do país estimam que 96% da população já tenha acesso à internet.

Na Grã-Bretanha, o índice seria de 73%.

Uma pesquisa feita pela BBC no início do ano revelou que uma em cada cinco pessoas no mundo consideram o acesso à internet um direito fundamental.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O funk do Kaká Bad Boy

Tadinho do Kaká...



LinkWithin

Related Posts with Thumbnails