segunda-feira, 28 de março de 2016

Estamos alguns dias sem atualizações por razões de saúde


Peço desculpas aos leitores mas estou (e estarei) fora de circulação por alguns dias devido a problemas de saúde que relatarei aos amigos em breve, espero, assim que me restabelecer completamente. 

Enquanto isso, conto com as orações fervorosas dos que creem e a torcida animada dos que não têm religião.

A todos, o nosso carinho e o nosso abraço.



segunda-feira, 21 de março de 2016

Invocando CNBB, bispo de Crateús (CE) diz que corruptos estão em todos os partidos


Dom Ailton Menegussi, bispo da Diocese de Crateús (CE), durante o encerramento da festa de São José em Tauá (CE), fez pronunciamento ressaltando que a CNBB está atenta para que não se aproveite o atual caos político no país para dar um golpe de Estado. Confira no vídeo abaixo:




domingo, 20 de março de 2016

Melhor maneira de parar de fumar é abandonar o cigarro de uma vez


É o que diz pesquisa publicada no BBC Brasil:

Melhor maneira de largar o cigarro é parar de uma vez, diz estudo

Está tentando parar de fumar? Um estudo britânico aponta que quem larga esse vício de uma vez tem mais chances de conseguir parar de fumar definitivamente do quem diminui a quantidade de cigarro aos poucos.

A pesquisa, publicada no Annals of Internal Medicine, mostrou que voluntários que adotaram a medida drástica tiveram 25% mais sucesso em continuar sem fumar depois de seis meses, embora a maioria das pessoas tenha dito que preferiria parar gradualmente.

Segundo o NHS, serviço público de saúde britânica, é importante escolher uma data conveniente para deixar o tabaco: “prometa (parar) ou marque uma data e mantenha-a”.

“Sempre que você se encontrar em dificuldades, diga a si mesmo ‘eu não vou dar uma tragada sequer’ e se mantenha firme até a vontade passar”, adverte o serviço público.

Eles também aconselham pedir ajudar profissional – como o de psicólogos e pneumologistas – para ter o apoio necessário.

O estudo contou com a participação de quase 700 voluntários britânicos, divididos em dois grupos: um parou de fumar de uma vez e outro, gradualmente.

Todos os participantes receberam apoio e conselhos, além de acesso a adesivos de nicotina ou terapias de reposição como chicletes ou sprays bucais, cedidos pelo NHS. Depois de seis meses, 15,5% dos voluntários do grupo “gradual” estava em abstinência, contra 22% do grupo mais drástico.

Para a médica Nicola Lindson-Hawley, uma das líderes da pesquisa na Universidade de Oxford, a redução gradual trazia reveses porque "as pessoas lutavam para reduzir (a quantidade de cigarros, e isso era mais trabalhoso (do que parar completamente)".

Lindson-Hawley lembra, no entanto, que é melhor para a saúde diminuir a quantidade de cigarros do que simplesmente não fazer nada.



sábado, 19 de março de 2016

Bento XVI segue firme e manifesta apoio discreto a Francisco

A matéria é do IHU:

O apoio "surpresa" do Papa Emérito à linha indicada por Francisco


Chega às livrarias um texto de Bento XVI que fala de Francisco. Chega sem alarde, mas é um inédito absoluto: nunca o Papa Emérito havia falado do sucessor entrando no mérito da sua pregação, mas desta vez o faz. E o faz em apoio à linha de Francisco, elogiando o seu empenho sobre o tema da "misericórdia". 

A reportagem é de Luigi Accattoli, publicada no jornal Corriere della Sera, 16-04-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.


As palavras sobre o sucessor são poucas, quatro linhas, mas estão em um contexto importante, que trata da centralidade do tema da misericórdia na época atual da história cristã e constituem um enquadramento positivo daquilo que o papa argentino vem propondo nessa frente e que nem sempre encontra o agrado dos adeptos aos trabalhos.

"O Papa Francisco – afirma Bento XVI no texto que aparece agora – encontra-se totalmente de acordo com essa linha (que põe a misericórdia no centro da mensagem cristã). A sua prática pastoral se expressa justamente no fato de que ele nos fala continuamente da misericórdia de Deus."

Atas em livro

Essas palavras encontram-se em um livro da editora San Paolo que publica as atas de um congresso teológico que foi realizada em outubro passado, em Roma, na casa dos jesuítas da Via degli Astalli. Naquele congresso, foi lido por Dom Georg Gänswein o texto de uma entrevista com Ratzinger sobre o tema da "justificação pela fé", que é a afirmação central da Reforma luterana: no dia 31 de outubro, o Papa Bergoglio irá para Lund, na Suécia, para celebrar com os luteranos os 500 anos da Reforma.

O livro com o texto de Bento XVI é editado pelo jesuíta Daniel Libanori e é intitulado Per mezzo della fede. Dottrina della giustificazione ed esperienza di Dio nella predicazione della Chiesa [Por meio da fé. Doutrina da justificação e experiência de Deus na pregação da Igreja] (San Paolo, 199 páginas).

O entrevistador anônimo

O entrevistador anônimo insta Ratzinger a desenvolver uma comparação entre o sentimento religioso da humanidade contemporânea a Lutero, marcado pela ideia do pecado e pela necessidade da "justificação", e o nosso atual.

Ratzinger, desenvolvendo afirmações já propostas pelo cardeal, reconhece que hoje não sentimos mais aquela necessidade de escapar da "cólera divina" movida pelo nosso pecado, mas ainda sentimos a "necessidade da graça e do perdão".

"Para mim – diz o Papa Emérito – é um sinal dos tempos o fato de que a ideia da misericórdia de Deus se torna cada vez mais central e dominante."

Como ilustração dessa progressiva centralidade, Ratzinger cita a polonesa Faustina Kowalska (1905-1938), cujas "visões" (ela era uma mística e deixou um diário) refletem "o desejo da bondade divina, que é próprio do homem de hoje"; e cita o papa polonês, que canonizou compatriota e publicou uma encíclica sobre o tema: "Deus rico em misericórdia" (1980).

Ratzinger cita Francisco

É nesse ponto que Ratzinger nomeia Francisco, afirmando que ele se encontra "de acordo com essa linha". O bom Bento XVI, mestre de discrição, não diz nada sobre si, mas seria fácil acrescentar que, ao tema da misericórdia, deve ser atribuída a sua primeira encíclica, intitulada "Deus é amor" (2006) e que é sua, tomada de um discurso do dia 30 de março de 2008, a afirmação de que "o nome de Deus é misericórdia", posta por Francisco como título do livro-entrevista com Andrea Tornielli (Ed. Piemme, 2016).

"A misericórdia de Deus"

Conclusão de Ratzinger na entrevista: "Os homens de hoje sabem que precisam da misericórdia de Deus e da sua delicadeza. Na dureza do mundo tecnicizado em que os sentimentos não importam mais nada, aumenta, porém, a expectativa de um amor salvífico que seja dado gratuitamente. Parece-me que, no tema da misericórdia divina, expressa-se de modo novo aquilo que significa a justificação pela fé".

Não são afirmações óbvias. Não faltam católicos que acusam Francisco de operar um desequilíbrio bonachão da pregação da Igreja, esquecendo a "justiça divina", a necessidade da penitência, o risco da "perdição eterna".

Em um momento em que essas críticas vão se acentuando, o apoio que lhe vem de Bento XVI pode se revelar útil. Já eram uma dezena os textos de Bento XVI publicados depois da renúncia ao papado, mas esse é o mais importante. Ele nos diz que a mente teológica do papa emérito continua tecendo a sua teia.

Antigamente, ele saía em auxílio do missionário do mundo que foi o Papa Wojtyla e agora não receia em fazer o mesmo, a partir do seu retiro, como acompanhamento da pregação do papa que propõe uma "reforma da Igreja em saída missionária".



quinta-feira, 17 de março de 2016

STJ diz que ECAD pode cobrar direitos autorais de festa religiosa


A informação é do próprio Superior Tribunal de Justiça:

Ecad pode cobrar direito autoral de festa religiosa

A finalidade econômica de um evento não é uma condição de exigência para o pagamento de direitos autorais ao Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição). Esse foi o entendimento da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em julgamento no qual uma igreja questionava a cobrança por execução de músicas em quermesse.

A instituição religiosa tentava reformar acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) que entendeu pela legitimidade do pagamento sob o fundamento de que o fato de a entidade deixar de cobrar por produtos ou serviço próprios não significa que pode impor isso a terceiros.

De acordo com a decisão do TJSP, “os direitos autorais são devidos ainda que a execução de obras musicais em eventos públicos seja promovida sem fins lucrativos”. O acórdão destacou também que esse nem seria o caso dos autos, “pois a realização de quermesse pela igreja, sem dúvida, visou à obtenção de proveito econômico. A peculiaridade é que o lucro alcançado foi revertido em prol da igreja e de suas atividades benevolentes”.

Novo entendimento

No STJ, a igreja alegou que a reprodução musical se deu sem fins lucrativos, e por isso seria indevido o pagamento de direitos autorais. Para a instituição, o que se busca com a cobrança é prevenir ou punir o aproveitamento econômico e a exploração lucrativa de obras artísticas com prejuízo financeiro e sem autorização do titular, o que não seria o caso da festa religiosa.

O relator, ministro Raul Araújo, reconheceu que antes da vigência da Lei 9.610/98, a jurisprudência do STJ considerava a gratuidade das apresentações públicas como elemento decisivo para distinguir o que estaria sujeito ao pagamento de direitos autorais.

Todavia, o ministro ressalvou, com a edição da norma, houve mudança no entendimento da corte, pois foi retirado o dispositivo da lei anterior que condicionava a existência de lucro como pressuposto para a cobrança.

“O acórdão objurgado encontra-se em consonância com a jurisprudência desta corte superior, a qual estabelece que os direitos autorais são devidos ainda que a execução de obras musicais seja promovida sem fins lucrativos”, concluiu o relator.



quarta-feira, 16 de março de 2016

Dinamarca terá mesquita liderada só por mulheres

Sherin Khankan
A informação é do HuffPost Brasil:

Dinamarca ganha mesquita especial que é liderada totalmente por mulheres

Antonia Blumberg

Uma nova mesquita em Copenhague, capital da Dinamarca, tem todas as características de uma casa de oração muçulmana tradicional, exceto pelo fato de que a Mesquita Mariam é liderada totalmente por mulheres imãs, ou pregadoras no culto islâmico.

A fundadora da mesquita, Sherin Khankan, uma conhecida escritora e comentarista política na Dinamarca, disse ao jornal dinamarquês Politiken que decidiu abrir o templo Mariam, em fevereiro, porque “nunca se sentiu em casa nas mesquitas existentes”.

"Muitas mulheres e jovens nem sequer entram nas mesquitas, que são um espaço patriarcal dominado por homens, no qual um homem tem o chão [para orar], [onde] um homem lidera as orações; os homens são o foco e dominam. É por isso que estamos abrindo uma mesquita sob os nossos termos”, disse Khankan.

Tradicionalmente, homens e mulheres sentam separados durante o culto nas mesquitas, muitas vezes com divisórias entre eles.

Algumas mulheres dizem que essas imposições de separação afetam sua experiência de louvor, ao bloquear a visão do imã.

Khankan, que é uma das imãs na Mesquita Mariam, considera a casa de oração um “projeto feminista”.

“Normalizamos estruturas patriarcais em nossas instituições religiosas. Não apenas no islã, mas também no judaísmo, cristianismo e outras religiões. E gostaríamos de desafiar isso”, disse Khankan à agência France Presse.

A mesquita ficará aberta aos homens na maioria dos dias, exceto nas preces de sexta-feira, segundo a AFP.



terça-feira, 15 de março de 2016

CNMP perdoa procurador que concordou com surra de cipó na esposa em ritual evangélico


A informação é do Brasil 247:

CONSELHO NÃO EXONERA PROCURADOR DO CASO LULA QUE AGREDIU ESPOSA

Cinco integrantes do Conselho Superior do Ministério Público Federal, o que equivale à maioria, decidiram, nesta segunda (14) não haver motivos para exonerar o procurador da República Douglas Kirchner; ele é acusado de ter consentido e participado dos castigos praticados contra a muher dele, quando ambos eram membros de uma igreja evangélica chamada Hadar, em Porto Velho (RO); relatora do caso, a conselheira Ela Wiecko votou a favor do afastamento do procurador; quatro conselheiros votaram com a relatora, mas cinco deles não concordaram com essa leitura; Kirchner investigou o ex-presidente Lula no caso de suposto tráfico de influência envolvendo o BNDES e teria sido o responsável por vazar informações do processo para a revista Época

Cinco integrantes do Conselho Superior do Ministério Público Federal, o que equivale à maioria, decidiram, nesta segunda-feira (14) não haver motivos para exonerar o procurador da República Douglas Kirchner, que investiga o ex-presidente Lula no caso de suposto tráfico de influência envolvendo o BNDES.

O conselho analisou se Kirchner deveria continuar no estágio probatório, que termina em maio, ou se deveria ser afastado do cargo após a suspeita de praticar agressão física e psicológica contra a mulher dele, Tamires Souza Alexandre. A acusação é que ele consentiu e participou dos castigos praticados contra a ela, quando ambos eram membros de uma igreja evangélica chamada Hadar, em Porto Velho (RO).

As agressões teriam ocorrido no momento em que ela tentava se separar do procurador. Em um dos casos, Kirchner teria assistido a uma surra de cipó que a pastora da igreja teria dado em Tamires. Também havia a suspeita de que ele deu usou uma cinta para bater na mulher. Tamires teria sido mantida numa espécie de cárcere privado, no alojamento da igreja, com restrições para se alimentar e até para tomar banho.

Relatora do caso, a conselheira Ela Wiecko votou a favor do afastamento do procurador. Ela apontou a "frágil estabilidade psíquica" de Kirchner para continuar à frente do cargo. Quatro conselheiros votaram com a relatora, mas cinco deles não concordaram com essa leitura.

O conselheiro Carlos Frederico disse que Kirchner foi transformado em "vilão da história", quando na verdade foi "vítima", pois sofreu uma "lavagem cerebral" e, claramente, a sua “fragilidade vinha da fé”.

O conselheiro Augusto Aras, por sua vez, afirmou que não via nada no caso que “malfira a conduta profissional” do procurador.

Kirchner tem 27 anos.



segunda-feira, 14 de março de 2016

Malafaia foi vaiado no protesto anti-PT em Brasília

Pelo jeito o "senso profético" de Malafaia falhou de novo... ou ele achava que estava nadando de braçada na maré anti-PT...

O boquirroto pastor havia sido escalado para fechar o comício da manifestação contra Dilma, Lula e PT, mas não conseguiu chegar a 15 minutos de verborragia oratória, teve que chamar o hino nacional para dar uma apaziguada na situação e abafar as vaias.

E olha que o público era majoritariamente fã do Bolsonaro, de quem o Malafaia é cogitado para ser companheiro de chapa nas próximas eleições presidenciais.

Se nem a extrema-direita está aguentando o discurso Malafaia, passou da hora dele repensar sua missão neste planeta.
Bem fez o Marco Feliciano que, embora esperado, não apareceu nem mandou representante...
A fonte da informação é o portal especializado em política  Congresso em Foco:

Pastor Silas Malafaia é vaiado em Brasília

Dos políticos presentes ao ato em Brasília, o deputado Jair Bolsonaro foi o mais festejado pelos manifestantes

Escalado para encerrar o ato em Brasília neste domingo (13), o pastor Silas Malafaia foi brindado com vaias ao ter o nome anunciado no trio elétrico. Num pronunciamento de poucos minutos, ele disse que o “povo brasileiro não pode ser roubado por esses vagabundos” e vai “botar essa cambada fora”. Antes que as vaias aumentassem, o locutor anunciou a execução do Hino Nacional, dando em seguida o sinal para o encerramento da manifestação.

Malafaia chegou à Esplanada dos Ministérios com os deputados Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ), Osmar Terra (PMDB-RS), João Rodrigues (PSD-SC) e Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Acompanhado de suas famílias e vigiados por seguranças, os líderes foram saudados por apoiadores, tiraram fotos e puxaram gritos de “fora PT” enquanto estiveram na rua. “É o dever de qualquer cidadão minha gente, vamos lutar”, afirmou Malafaia antes de subir no trio elétrico.

Bolsonaro, que deixou o PP com a perspectiva de se sair candidato a presidente, era chamado de “mito” por onde passava e era muito solicitado para posar para selfies. Entre gritos de “Lula na cadeia”, ele afirmou que veio como “cidadão” e disse que o ato demonstra a “insatisfação” do povo com o governo. Com a camiseta ostentando as palavras “Direita já”, Bolsonaro discursou no trio elétrico em frente ao Congresso, mas quando a maioria dos manifestantes ainda não se encontrava no local. Foi bastante aplaudido.

O deputado Alberto Fraga (DEM-DF) também esteve presente. Apesar de os organizadores terem anunciado que Marco Feliciano (PSC-SP) participaria do evento, ele não apareceu.

Sóstenes Cavalcante saiu em defesa de Malafaia. Segundo ele, o “pastor Silas estava na manifestação como um cidadão”. Ele destacou a importância de líderes religiosos participarem de atos políticos – a exemplo do bispo auxiliar de Aparecida do Norte (SP), Dom Darci Nicioli, que em recente homilia pregou o combate “àqueles que se autodenominam jararacas” – e acrescentou que o protesto de hoje foi o maior já visto na capital federal.

A manifestação convocada pelos grupos Vem pra Rua e Movimento Brasil Livre (MBL) reuniu cerca de 100 mil pessoas em Brasília, segundo a Polícia Militar do Distrito Federal. Já os grupos organizadores divulgaram a estimativa de que 200 mil pessoas compareceram à Esplanada dos Ministérios para pedir o fim do governo Dilma Rousseff.



domingo, 13 de março de 2016

Brasileiros não respeitam mais a opinião uns dos outros


É do que trata o artigo de Ricardo Calazans publicado na BBC Brasil:

Ponto de vista: O ‘homem cordial’ brasileiro em tempos de intolerância nas redes sociais

Há pouco mais de uma semana, antes de o país rachar em dois, ouvi um raciocínio instigante de um executivo que lida com gente de todas as nacionalidades: "O brasileiro é o povo com a autoimagem mais distorcida do mundo. O problema é que a imagem que o estrangeiro tem do Brasil também não corresponde à realidade".

No Brasil, neste exato momento, há muitas "verdades" - e quanto mais "verdades" há, mais difícil é entender o que corresponde (de fato) à realidade.

Desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi "conduzido coercitivamente" à sala da Polícia Federal no aeroporto paulistano de Congonhas, na última sexta-feira, eu só leio "verdades" nas redes sociais. De um lado, temos um golpe em pleno curso; de outro, nossas instituições democráticas nunca foram tão sólidas.

Entre uma e outra "verdade", há 500 tons de informações que poderiam nos dar pistas mais claras sobre para onde nossa sociedade está caminhando. Esses, porém, não alcançam as frequências de quem apostou na radicalização e escolheu não ouvir o(s) outro(s) lado(s). Na era do "block", do "unfriend" e do "unfollow", estamos pregando apenas para convertidos.

Quanto mais virulento o ativismo, mais pobre é o debate (Fernanda Torres que o diga). As pessoas estão passando por cima de suas amizades - ainda que virtuais - para não abrir mão de seus pontos de vista. Desenvolveram intolerância à opinião alheia. Não é por acaso que a inépcia de Gloria Pires ao comentar o Oscar ("não sou capaz de opinar") tenha sido tão celebrada e tomada como "mantra" e meme para evitar confusões na rede.

Cada vez mais gente pensa uma (duas, dez) vezes antes de dizer o que pensa nos ambientes digitais, e geralmente sucumbe ao silêncio para não "se meter em tretas". Mais seguro, certamente. Porém, um contrassenso mortal para a natureza aberta da world wide web que Tim Berners-Lee imaginou para a Humanidade.

"A invenção da www envolveu minha crescente compreensão de que havia um grande poder em se organizar ideias de maneira livre, como uma teia", costuma dizer Berners-Lee sobre sua invenção revolucionária. Sobre invenções, aliás, o jornalista Steven Johnson nos lembra que "estímulo não conduz necessariamente à criatividade. Colisões, sim - as colisões que ocorrem quando diferentes campos de conhecimento convergem num espaço físico ou intelectual compartilhado. É aí que verdadeiras centelhas voam".

Isso vale tanto para invenções científicas como pra reflexões cotidianas - seja sobre política, inclusão social ou cinema hollywoodiano. Ambientes caóticos, como uma timeline livre de "limpezas ideológicas", sempre serão mais ricos do que os perfis higienizados em épocas de crises e nervos à flor da pele. Quanto menos espaço damos ao contraditório, menos informação temos. E quanto menos informação, maior a ignorância.

Daí para as ofensas, bloqueios e "linchamentos" no Facebook ou, fisicamente pior, troca de socos e pontapés nas ruas, é um pulo, como temos verificado nos últimos tempos. Estamos indo da civilidade à selvageria num átimo quando o nosso "lado" é contestado. E essa tem sido uma constante assustadora. O que é o brasileiro, afinal?

Era disso que Sérgio Buarque de Holanda tratava quando lançou, há exatos 80 anos, o conceito de "homem cordial", seu esforço para traçar um perfil psicológico do nosso povo em seu livro Raízes do Brasil, publicado em 1936. Por cordial, o historiador não se referia à hospitalidade, expansividade ou simpatia como nossas vocações "naturais", e sim ao hábito de agir - e reagir - mais com o coração (do latim cordis) do que com a razão.

Aqui, observou o pai de Chico Buarque em sua obra clássica, "cada indivíduo afirma-se ante os seus semelhantes indiferentes à lei geral, onde esta lei contrarie suas afinidades emotivas, e atento apenas ao que o distingue dos demais, do resto do mundo".

Nossas convicções se adequam a nossos interesses privados, mesmo quando tratamos de temas de interesse público (o popular "farinha pouca, meu pirão primeiro"). É um exercício permanente de adaptação da realidade. Não é assim hoje mesmo?

Experimente escolher um lado em política. Para ficar no caso que mais nos causa comoção: contra ou a favor do Partido dos Trabalhadores - que, aliás, teve em Sérgio Buarque de Holanda um de seus fundadores.

Muita gente tem deixado de expressar o que pensa sobre a operação Lava Jato, as acusações que pesam sobre Lula, a presidente Dilma e seu governo, por medo de ter colado na testa epítetos como "coxinha", "petralha", "fascista", "pelego"... Ou de ser alvo de alguma perseguição virtual mais grave.

Os que, ao contrário, partem para a defesa de um lado ou outro, o fazem quase sempre de maneira absoluta, alérgicos ao que os contraria e orgulhosos das "faxinas" que eliminam opiniões diversas. Sem ter suas próprias crenças colocadas em perspectiva, o que resta é um crescente fanatismo.

Portanto, ouçamos Steven Johnson: sem colisões (de ideias!, não de tapas), não há crescimento. Apenas verdades absolutas. Apenas certezas fatais. Apenas uma triste polarização que incomoda e assusta.

"É o confronto de duas humanidades tão diversas, tão heterogêneas, tão verdadeiramente ignorantes, agora sim, uma da outra, que não deixa de impor-se entre elas uma intolerância mortal", dizia o historiador em 1936. Referia-se a indígenas e colonizadores, mas a frase cabe perfeitamente nas rusgas entre "petralhas" e "coxinhas".

O Brasil já foi "um país do futuro", imaginado pelo austríaco Stefan Zweig em 1940. Se ele baixasse aqui hoje, o que pensaria destes "homens cordiais" entrincheirados raivosamente em suas próprias convicções, tal como há oito décadas atrás? Como em 1936, o Brasil hoje é puro coração, mas seu futuro está em xeque. Nossa cordialidade sempre ocultou uma violência, que pode se tornar extrema em momentos delicados como o que vivemos agora. É hora de dar ouvidos à razão.



sábado, 12 de março de 2016

Visita do papa deixou feridas na igreja mexicana

Papa Francisco entre o presidente mexicano Enrique Peña Nieto e sua esposa.
O que será que fez o papa parecer tão preocupado no México?

A análise foi publicada no IHU:

A Igreja mexicana se pergunta: “quem aconselhou mal ao Papa?”


“Quem aconselhou mal ao Papa?”, termina o editorial do semanário da Arquidiocese da Cidade do México, ‘Desde la Fe’, voz da Igreja Católica no país, que enfrenta a enorme controvérsia gerada pela muito dura reprimenda que o Papa Francisco fez a todos os bispos mexicanos, em seu encontro do último dia 13 de fevereiro, na catedral da Cidade do México. 

A reportagem é de Javier Brandoli, publicada por El Mundo, 07-03-2016. A tradução é do Cepat.


Um capítulo a mais das evidentes más relações de Francisco com o cardeal Norberto Rivera e que levaram o Papa, segundo pôde saber El Mundo, a exigir que o núncio, Christophe Pierre, estivesse presente na maioria dos atos, para evitar o encontro direto com Rivera. Aquele encontro com os bispos, que inicialmente seria privado e que Francisco exigiu que fosse público, provocou feridas dentro do catolicismo mexicano.

No semanário, em uma calculada mensagem em que atira a pedra e esconde a mão, apontando o Papa e seu entorno, mas culpando os meios de comunicação de não saber interpretar a mensagem, a Igreja mexicana começa dizendo: “Analisando a mensagem que Sua Santidade pronunciou na Catedral do México, podemos ver como o Papa adverte sobre os riscos que os bispos de nosso país enfrentam diante do secularismo: opacidade, adormecimento, distanciamento, frieza, clericalismo, autorreferência, triunfalismo estéril e obscuridade que pode eclipsar a luz do Evangelho. E os chama a estar alerta”.

Em seguida, a Igreja mexicana começa a analisar o duro sermão dado pelo Papa, apontando aquela que foi a sua frase mais célebre, ainda que sem repeti-la em seu contexto e um pouco maquiada: “Foi a frase – Brigar como homens - a que repercutiu entre os comunicadores – impelidos mais pelo histrionismo midiático que pelo profundo significado das palavras – como uma forte repreensão aos pastores”, disse o editorial, para depois prosseguir estufando o peito: “Aqui, cabe se perguntar: o Papa tem alguma razão para repreender os bispos mexicanos? O que, sim, tem o Papa, está muito claro, é que a Igreja no México é um caso atípico em relação a outros países da América. Em primeiro lugar, em termos de porcentagens, nossa nação conta com a maior quantidade de católicos, com 81% da população em 2014, e é justamente por causa dessa ampla e sólida presença de católicos que nos distinguimos de outros países do continente”.

‘Os esquecidos’ do Santo Padre

De fato, neste aspecto evangélico, a Igreja volta a usar um estilo indireto para comentar os ‘esquecidos’ do Santo Padre: “Por outra parte, seria absurdo pensar que Sua Santidade desconhece a grande resistência que a Igreja Católica mexicana opôs à expansão das comunidades protestantes de marcas carismáticas e pentecostais, que, não obstante, propagam-se sem freio em outros países, especialmente da América Central”, diz o texto que recorda que a Igreja mexicana conta com quase um século “em que a ofensiva anticlerical e maçônica foi desapiedada”, para voltar a se perguntar: “Por acaso, o Papa Francisco desconhecerá isto, para repreender aos bispos?”.

Por último, após vários parágrafos onde só são utilizados termos soltos do dito pelo Papa e se mantêm as conquistas atingidas pela Igreja do México, a arquidiocese mexicana termina com um parágrafo no qual, sempre com perguntas, parece aceitar tudo o que se tenta negar anteriormente, que o Papa tenha repreendido duramente os bispos, e diz: “O Episcopado Mexicano está unido e disposto a enfrentar os desafios que Sua Santidade apresentou. Lamentavelmente, existe a mão da discórdia que tentou colocar os acentos negativos, parcializando a visão de Igreja e procurando influenciar no discurso pontifício para conseguir um efeito contrário no público, ao ressaltar desafios e tentações como males do episcopado. Não é assim. E, aqui, cabe a questão: por que procurar depreciar o trabalho dos bispos mexicanos? Felizmente, o povo conhece seus pastores e os acompanha na construção do Reino de Deus, seja ao preço que for, como foi ao longo da história deste país... Ou será que as palavras improvisadas do Santo Padre corresponderiam a um mau conselho de alguém próximo a ele? Quem aconselhou mal ao Papa?”, conclui.

Não foi ontem a primeira vez que a Igreja mexicana usa o semanário ‘Desde la Fe’ para analisar a visita do Papa, nem para destacar as falhas que houve de organização: “Os erros logísticos e a desorganização salientaram aspectos, incitando mais o protagonismo de responsáveis, desvalorizando a eficiência, desprestigiando o toque de impecabilidade no processo organizativo, poucas mãos concentraram muitas funções, colocando em risco a efetiva preparação e diligente cuidado que deveria ter correspondido a cada uma das dioceses visitadas pelo Papa”, dizia em seu editorial, no último dia 21 de fevereiro.

Críticas

Então, a Igreja atacava o Governo e os meios de comunicação, explicando que “não se importaram com os rigores, as privações e incômodos diante da feroz vigilância que sequestrou as cidades sede. Os exageradíssimos controles das autoridades causaram mais incômodos que benefícios. É certo que o Papa jamais desejaria reféns e mais reféns, longas durações de fechamentos de ruas e paralisação do transporte público. Tudo isto provocou perdas para trabalhadores e chefes de famílias, mas a fé do povo move montanhas”, disseram sobre o Governo.

A respeito dos meios de comunicação, o editorial dizia que “houve supostamente mestres da comunicação que ao invés de informar, induziram o público aos vícios de parcialidade, meias verdades, visceralidade e inflamações deformantes da opinião. Como mercenários, buscaram o lucro, privilegiando a desonestidade acima da verdade e equilíbrio profissionais. Sem um pingo de autoridade moral foram arremedo e figurino de julgamentos implacáveis, quando mordiam a própria língua frente à corrupção e desonestidade de seus atos, não vistos pelo público na tela pequena. Repórteres que, a qualquer preço, louvaram a excentricidade, privilegiando ataques e agressividade”.

A realidade, conforme pôde confirmar El Mundo, sobre o que em todo caso é um segredo de polichinelo, é que as relações entre o Papa Francisco e o cardeal Rivera são péssimas. O cardeal, ao se sentir relegado na viagem, colocou paus nas rodas, especialmente ao não mobilizar voluntários. O próximo capítulo será a rápida renovação da cúpula da Igreja mexicana, onde é provável que o desencontro se torne mais evidente.



sexta-feira, 11 de março de 2016

CNBB pede diálogo para evitar radicalização política no país


A matéria é da Agência Brasil:

CNBB: polarização política da sociedade pode comprometer a paz

Maiana Diniz

Após três dias de encontro, representantes do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) convocaram coletiva de imprensa nesta quinta-feira (10), em Brasília, para divulgar nota em que pedem manifestações pacíficas no país, falam do risco de polarização da sociedade brasileira e da importância do respeito a diferentes pontos de vista para a democracia.

A CNBB avaliou que é inadmissível que partidos “alimentem” a crise econômica do país com a atual crise política e defendeu que o Congresso Nacional e os partidos políticos têm o “dever ético de favorecer e fortificar a governabilidade”. O texto também alerta para o risco de a polarização da sociedade levar a um choque.

“O que nós queremos é que se garanta a ordem constitucional no país. Que os encaminhamentos sejam feitos dentro da legalidade e com respeito à Constituição”, disse o presidente da CNBB, Dom Sergio da Rocha, destacando que a instituição não tem uma posição partidária. “Ao contrário, queremos estar abertos ao diálogo com todas as partes. Insistimos que a busca por soluções seja por meio do diálogo e do respeito, sem recorrer à agressividade e violência, que não condizem com a vida democrática”, disse.

O vice-presidente da CNBB, Dom Murilo Krieger, disse que para que a paz seja preservada no Brasil, todos precisam colaborar. “É uma realidade que é função do Congresso Nacional cuidar de que o país caminhe bem, com leis justas. Os partidos, independente de estarem no poder ou na oposição, têm uma contribuição importante pela força que representam. E se, de repente, um país como o nosso ficar ingovernável, vai ser difícil falar em paz social.”, afirmou.

Dom Krieger manifestou preocupação com o momento atual que o país enfrenta. “A gente sabe que há momentos em que as pessoas perdem o bom-senso. E a gente está notando que isso pode acontecer de repente”, disse, argumentando que se cada cidadão procurar defender só o seu ponto de vista “de forma tão veemente”, se esquecendo do respeito ao outro e às instituições, eles vão acabar se ferindo mutuamente.

A nota divulgada pelos bispos também defende a apuração rigorosa de suspeitas de corrupção no país. “É preciso apurar até o fim ou não se fará justiça”, disse Dom Sergio da Rocha.

Edição: Maria Claudia



quinta-feira, 10 de março de 2016

Frei Antônio Moser foi assassinado no RJ


A matéria é do G1 Região Serrana:

Morte do Frei Antônio Moser causa comoção em Petrópolis, no RJ


Ele receberia uma das mais altas honrarias concedidas pelo município. 
Prefeito declarou três dias de luto oficial; Frei foi morto na descida da Serra.


Bruno Rodrigues

A morte de Frei Antônio Moser, na manhã desta quarta-feira (9), causou comoção geral entre os moradores de Petrópolis, na Região Serrana do Rio. Ele foi assassinado em uma suposta tentativa de assalto quando descia a BR-040, na altura de Duque de Caxias.

O prefeito Rubens Bomtempo declarou luto oficial por três dias. Frei Antônio Moser receberia na próxima semana a Medalha Koeler Cruz de Mérito – uma das mais altas honrarias concedidas pelo município.

O Bispo Dom Gregório Paixão lamentou o falecimento do Frei Antônio Moser. Ele disse que se une em oração aos familiares e à Ordem dos Frades Menores. "Frei Antônio Moser foi um grande colaborador da Diocese, apoiando e contribuindo com a Pastoral da Educação. Neste momento de dor para todos, comunidade Diocesana se une em oração com a Ordem dos Frades Menores e familiares de Frei Moser", disse.

O presidente da Câmara, o vereador Paulo Igor, declarou que a morte do frei, de forma tão violenta, choca a todos. "Petrópolis perde um referencial de cultura e uma liderança religiosa ímpar. Frei Moser fazia também um trabalho exemplar como diretor do Centro Educacional Terra Santa, onde estivemos com ele por algumas vezes. O cuidado com a administração da escola que atende famílias carentes deixava ainda mais explicita sua preocupação com a questão social", disse.

O prefeito Rubens Bomtempo disse que "a morte de Frei Moser é uma perda irreparável para Petrópolis, mas também para o Brasil e para o mundo. Que suas lutas nos sirvam de exemplo, para que possamos garantir cada vez mais oportunidades aos mais pobres e continuar construindo um mundo melhor para todos", declarou.

Assessora e amiga de Frei Moser, jornalista Carla Coelho, que trabalhou com ele por 14 anos, não conseguia se conter. "Tínhamos uma relação de amizade e de companheirismo. Ele sempre foi alguém com quem pude contar. Entrou comigo no meu casamento, segurou minha mão e me levou ao altar. Foi a maior honra que ele poderia ter me dado na vida. Nesse momento me sinto como uma filha desolada, sem chão", disse Carla emocionada.

Por nota, a Editora Vozes, a qual Frei Moser era diretor presidente, informou que está cuidando de todos os trâmites para liberar o corpo e organizar o velório e enterro junto com a Província Franciscana.

Frei Moser foi assassinado em uma suposta tentativa de assalto na altura do quilômetro 107 da BR-040, por volta das 6h10. O corpo dele, segundo informações da assessoria de imprensa está no Instituto Médico Legal, no Rio de Janeiro. Ainda não há informações oficial sobre o seu sepultamento.

Frei Antônio Moser foi diretor presidente da Editora e do Editorial Vozes, professor de teologia moral e bioética no Instituto Teológico Franciscano (ITF) em Petrópolis, pároco da Igreja de Santa Clara e diretor do Centro Educacional Terra Santa. Conhecido conferencista, escreveu 27 livros e participou como co-autor de diversas obras e muitos artigos científicos em revistas nacionais e internacionais. Era conhecido, também, pela intensa atividade pastoral.



quarta-feira, 9 de março de 2016

Papa recebe metodistas e valdenses no Vaticano


A informação é do IHU:

Uma delegação metodista e valdense foi recebida pelo Papa Francesco. 
A primeira vez isto acontece no Vaticano


“Um encontro que encoraja todos a prosseguirem no caminho da colaboração e da comunhão entre as nossas igrejas”. Entre os temas enfrentados: a missão num mundo secularizado, o serviço aos últimos, os corredores humanitários e o diálogo inter-religioso. “Foi um encontro centrado na fraternidade e na autenticidade no estilo ao qual o Papa Francisco nos tem habituado”. 

A reportagem foi publicada por Notizie Evangeliche - NEV, 05-03-2016. A tradução é de Benno Dischinger.


Assim o pastor Eugenio Bernardini, moderador da Távola valdense, descreveu a audiência que viu hoje no Vaticano, pela primeira vez na história, uma delegação oficial das igrejas metodistas e valdenses para encontrar o Papa.

“Foi um encontro que encorajou a todos a prosseguirem no caminho da colaboração e da comunhão entre as nossas igrejas, não obstante a diversidade, e às vezes também as divergências que nos contra distinguem – declarou ainda Bernardini.

“Em particular, emergiram duas áreas de colaboração. A primeira é a missão da Igreja num mundo sempre mais secularizado e distante do Evangelho, uma missão que deve caracterizar-se por linguagens novas, sem intentos proselitistas e sim no espírito do livre testemunho em Cristo. Em segundo lugar, uma colaboração no serviço ao mundo e à sociedade, aquela que nós chamamos diaconia e que, para o Papa Francisco: deve estar a serviço dos últimos. Também falamos daquela grande tragédia dos prófugos e da imigração que interroga o nosso continente europeu e naturalmente também as nossas igrejas”.

Na conversação foram citados os corredores humanitários promovidos pela Federação das igrejas evangélicas na Itália (FCEI), da Comunidade de Sant’ Egídio e da Távola valdense, e que levaram recentemente para a Itália, legalmente e em segurança, 97 pessoas consideradas particularmente vulneráveis. A perspectiva é de uma colaboração em nível europeu para que o modelo dos corredores humanitários possa ser apresentado e adotado também no âmbito de outras nações do continente. Além disso, registrou-se uma profunda sintonia no entender a dimensão ecumênica do diálogo inter-religioso, em particular com o Islã, num tempo no qual se reforçam ao mesmo tempo fundamentalismos e preconceitos.

A delegação valdense e metodista doou ao Papa uma série de desenhos inspirados nas histórias de prófugos e migrantes, apresentados num contendor construído com a madeira das barcaças de Lampedusa.

O Papa Francisco, ao invés, ofereceu à delegação acima os textos da encíclica “Louvado seja” e da “Evangelli guadium”. O Pontífice já havia encontrado os representantes das igrejas metodistas e valdenses no passado dia 22 de maio, num encontro havido junto à Igreja valdense de Turim. Além do moderador Bernardini, a delegação compreendia: Greetje van der Ver, Aldo Lausarot, Luca Anziani, Jens Hansen, Lothar Vogel, Maria Bonafede, Raul Matta, Claudio Paravati e Paolo Naso.



terça-feira, 8 de março de 2016

R. R. Soares entra na onda dos megatemplos em SP


A matéria é da BBC Brasil:

Novo megatemplo ilustra disputa de igrejas em SP para 'mostrar poder'

Felipe Souza

Caminhões passam o dia tirando terra de um terreno de 29 mil m² – o equivalente a três campos de futebol – na marginal Tietê, uma das principais artérias do trânsito de São Paulo. As dimensões da obra lembram a construção de um estádio, mas trata-se de mais um templo religioso de grandes dimensões na capital paulista.

O Templo da Graça, da Igreja Internacional da Graça de Deus, no Bom Retiro (na região central), terá capacidade para 10 mil pessoas sentadas, a mesma do Templo de Salomão, inaugurado pela igreja Universalem 2014 no Brás, também no centro. A igreja da Graça é liderada por Romildo Ribeiro Soares, conhecido como Missionário RR Soares, e cunhado do bispo Edir Macedo – líder da Universal.

"Vamos fazer uma coisa bonita, para a glória de Deus", disse RR Soares durante um programa no qual anunciou o início da megaobra. O lançamento da pedra fundamental da construção contou com a presença de figuras importantes da igreja e políticos, como o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB).

O projeto para a construção demorou oito anos para ser aprovado e pegou de surpresa até mesmo membros da alta cúpula da atual gestão da prefeitura, que desconheciam o início da obra, aprovada por técnicos.

O Estado de São Paulo já tem ao menos outras cinco megaconstruções religiosas (veja lista abaixo), como o santuário católico Theotokos – Mãe de Deus, idealizado pelo padre Marcelo Rossi e projetado pelo arquiteto Ruy Ohtake, com capacidade para até 100 mil pessoas em Interlagos (zona sul), e a Cidade da Glória de Deus, em Guarulhos (Grande SP), que comporta até 150 mil fiéis.

Disputa

O professor titular de ciências da religião da PUC-SP Jorge Claudio Ribeiro disse que as igrejas constroem megatemplos para ganhar mais credibilidade.

"Um vai imitando o outro dentro desse campo religioso para não ser visto como uma liderança de segunda classe. Se uma religião tem um templo, a outra quer um também. O mesmo acontece se uma delas tem espaço na televisão, filme, novela, etc.", afirmou.

Ribeiro aponta que São Paulo tem muitos megatemplos porque há público para enchê-los. Para ele, isso demonstra uma disputa entre as igrejas para provar ao seu público quem tem mais poder – e tem o efeito de transformar a capital paulista em um ponto de turismo religioso.

A inspiração para o gigantismo dos templos vem, segundo Ribeiro, da própria Igreja Católica.

"O catolicismo fez isso durante milênios, com a basílica de São Pedro, o barroco. Os evangélicos do século 21 estão aprendendo com os católicos porque viram que aquela foi uma experiência mais bem-sucedida. Outros exemplos disso são a Marcha para Cristo, imitando as procissões", disse.

Para o professor de pós-graduação em ciências da religião no Mackenzie, Rodrigo Franklin, essas obras demonstram uma mercantilização da fé.

"Vemos algo bem diferente do antigo cristianismo tradicional, que pregava como prioridade o sacrifício, o amor ao próximo. Hoje, os fiéis buscam autoajuda, quer ser rico agora, então ele não quer mais a pequena comunidade. Se o cara está falando que você vai ficar rico, é incoerente ele ter uma igrejinha. Se o pastor quer mostrar que o poder dele é real, ele vai continuar construindo coisas extravagantes", afirmou Franklin.

Segundo Franklin, construir templos cada vez maiores é uma tendência mundial, na qual se destacam o Brasil e os Estados Unidos. "Na Antiguidade, grandes templos eram sinal de poder e autoridade. Hoje, é uma competição. No contexto de São Paulo, é uma questão de mercado porque é uma cidade rica e tem de tudo", disse.

Para ele, essa "disputa" é uma forma de ostentar e mostrar o poder de cada líder religioso, já que "eles estão competindo pelo mesmo público".

Estrutura

O projeto aprovado pela Prefeitura de São Paulo prevê uma área construída total do Templo da Graça de 68 mil m². Serão dois prédios: um de quatro andares com dois subsolos e outro de nove andares com dois subsolos, onde está prevista a construção de um templo e um edifício-garagem.

O novo centro religioso ainda terá um anfiteatro, heliponto, sala para crianças e locais destinados para casamentos e batismos. A BBC Brasil apurou, porém, que a Igreja Internacional da Graça de Deus enviou um pedido à prefeitura para fazer uma alteração no projeto do prédio onde está previsto um estacionamento.

A reportagem não teve acesso às alterações que a igreja pretende fazer no local. O pedido ainda está em análise pela área técnica da administração municipal.

Assim como os últimos grandes estádios construídos na capital paulista, o Allianz Parque e a Arena Corinthians, o Templo da Graça tem uma câmera ligada na frente do terreno para que os fiéis possam acompanhar a evolução da obra.

Tudo pode ser acompanhado, durante o período em que a luz do dia ilumina o terreno, pelo site do Templo da Graça. Não há a informação de quanto a obra vai custar nem qual a previsão para ser inaugurada.

Procurado, RR Soares negou os pedidos de entrevista da BBC Brasil e disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que "ainda não é tempo de falar sobre o templo". Representantes da Rogui Engenharia, responsável pela construção, também se negaram a falar com a reportagem.

Megatemplos do Estado de São Paulo:

Cidade Mundial dos Sonhos de Deus

Inaugurado em 2011 em Guarulhos, na Grande São Paulo, o megatemplo da Igreja Mundial do Poder de Deus está entre os maiores do mundo, com capacidade para 150 mil pessoas em um espaço de 240 mil m².

Uma programação de 24 horas de transmissão de cada uma das principais reuniões, além de programas, notícias e entretenimento diferenciado, propagam a mensagem do Evangelho não apenas dentro do território nacional, mas também em outros países, onde o trabalho ministerial se encontra presente.

Basílica de Nossa Senhora Aparecida

Localizada na cidade de Aparecida, a 180 km da capital paulista, a Basílica de Nossa Senhora Aparecida recebe mais de 12 milhões de pessoas por ano. O principal ponto brasileiro de peregrinação católica tem uma área de 1,3 milhão de m², sendo 143 mil m² de área construída.

A área interna da basílica abriga 30 mil pessoas. A capacidade para as celebrações na área externa é de 300 mil.

O local ainda possui um estacionamento com mais de 6.000 vagas, sendo 2.000 delas apenas para ônibus e 3.000 para carros. Há ainda um centro de compras com 380 lojas.

Templo de Salomão

A mais nova grande construção religiosa de São Paulo, o Templo de Salomão, foi erguida pela Igreja Universal do Reino de Deus por R$ 680 milhões.

O edifício tem 74 mil m² de área construída e altura equivalente a um prédio de 18 andares.

O templo é uma réplica do que foi destruído em Jerusalém há mais de 2.000 anos. Sua inauguração teve a presença da presidente Dilma Rousseff (PT).

Templo da Glória de Deus

Inaugurado no primeiro dia de 2004, o templo localizado na avenida do Estado, no centro de São Paulo, tem capacidade para 60 mil pessoas. O prédio, comprado por R$ 200 milhões à época pela Igreja Pentecostal Deus é Amor, passou por uma reforma nos últimos anos.

A igreja Deus é Amor foi fundada em 1962 e tem, atualmente, 22 mil templos no Brasil, além de unidades em outros 136 países.

Santuário Theotokos - Mãe de Deus

Projetado pelo arquiteto Ruy Ohtake, o santuário idealizado pelo padre Marcelo Rossi tem capacidade para 100 mil fiéis em um terreno de 20 mil m² em Interlagos, na zona sul de São Paulo.

O santuário tem 500 banheiros e 2.000 vagas de estacionamento.



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