
1) Uma pena que as meninas do futebol não tenham ganho a medalha de ouro. Talvez seja o caso de repensar algumas atitudes, como as excessivas firulas e o descontrole de algumas jogadoras, como a Marta, que só não foi expulsa contra a Alemanha por um descuido (ou excessivo respeito) da árbitra. A gente gosta e quer jogo bonito, mas dá pra combinar com um pouco de seriedade e pragmatismo;
2) A seleção masculina de futebol foi até longe demais com o Dunga, que está mais para Zangado ultimamente, e o totalmente-fora-de-forma-física-e-técnica Ronaldinho. Do Alexandre Pato, é melhor não esperar nada, pois jogador, mesmo jovem, que assim que chega a ter um destaque, liga pra uma atriz global pra ver se encaixa um namoro, certamente não entendeu o que é ser um profissional de alto nível. Que compre uma chácara em Pato Branco, monte uma cidade cenográfica para sua atriz, contrate a Bozena para o talk-show local, e sejam todos muito felizes para sempre; só deixem o futebol para quem realmente se interessa pelo esporte.
3) As meninas do vôlei finalmente desencantaram. Aquele 24x19 contra a Rússia em Atenas-2004 ainda vai ficar entalado na garganta por longas décadas, mas elas exorcizaram o fantasma do amarelão que as assombrava. Acho que finalmente poderei assistir as partidas delas ao vivo. Antes, eu só me preocupava com o resultado. Ah... confesso... não vi a final ao vivo..... o trauma de telespectador olímpico de Atenas ainda era muito presente....
4) Os rapazes do vôlei decepcionaram. Aliás, já vinham decepcionando desde o ano passado, com todo aquele imbróglio envolvendo o corte do Ricardinho (já comentado aqui). Pelo jeito, o problema deles era grana mesmo, tanto que o presidente da CBV, Ary Graça, já havia até estipulado o prêmio de R$ 4.700.000,00 pela medalha de ouro, com bastante antecedência, para evitar a polêmica que havia atingido a seleção antes do Pan do Rio. Por mais que tentem negar, o fato é que Ricardinho fez falta, não só com sua genialidade como levantador, mas também – pasmem! – pela sua capacidade de liderar e mexer com o grupo. Nada contra o Marcelinho, que até jogou bem, só que não dá pra ele atingir o nível do Ricardinho, seja como jogador, seja como líder. É óbvio que o Ricardinho não é nenhum santo, e o seu temperamento explosivo contribuiu para a divisão do grupo, mas o Bernardinho errou ao não saber administrar a situação. Talvez tenha esticado demais a corda, e ela se rompeu, infelizmente. Pior pra todos nós.
5) As moças e o rapaz da ginástica artística precisam de tratamento psicológico urgente. A atitude deslumbrada do Diego Hypólito, ainda na fase classificatória, prenunciava a tragédia. Parecia que ele achava que a medalha de ouro já estava garantida, e era tudo uma questão de tempo. Ria compulsivamente e chamava: "Que venham os leões!". Pois é... os leões vieram e o devoraram, justo no passo final da sua rotina, levando sua esperança e sua arrogância para o chão. Já as meninas foram a Pequim, ao que parece, para chorar. Jade Barbosa era uma manteiga derretida.... qualquer coisa, ela abria o bocão. Então, se é pra chorar, que chorem aqui no Brasil mesmo, e tanto eles como nós passamos menos vergonha.
6) Maurren Maggi foi só superação. Medalha de ouro merecida numa prova tão simples (e com tão poucos concorrentes) que a gente fica sem entender por que é que não produzimos mais campeões nos saltos. Pelo menos, Maurren teve a consciência e a concentração necessárias para uma campeã. Caprichou no primeiro salto e meteu pressão nas demais saltadoras. Um salto cerebral, sem dúvida, que merece todos os elogios.
7) Jadel Gregório, por sua vez, comprovou que, como saltador, ele é um ótimo animador de torcida. Verborrágico, é especialista em soltar bravatas sobre seu desempenho, que, infelizmente, ficam apenas no mundo da fantasia. Se falasse menos e saltasse mais, pelo menos uma medalha de bronze dava pra beliscar. E olha que o sueco campeão olímpico de Atenas nem apareceu, devido a uma contusão alguns dias antes dos Jogos iniciarem.
8) César Cielo mostrou que, se dependesse do apoio do COB e da CBDA, não teria ganho nada em Pequim. Sorte dele que tem pais que investiram no próprio filho. Esta é uma medalha da família, e do país também, mas não das organizações que dirigem a natação e o esporte olímpico.
9) O Brasil revelou toda a sua incompetência (pra dizer o mínimo) na administração dos mundos e fundos que são dirigidos ao esporte olímpico, pelas muitas leis de incentivo. Há estatísticas que variam de R$ 692 milhões a R$ 1,4 bilhão de dinheiro público que foi destinado às várias confederações para se prepararem para Pequim. Onde é que foi parar este dinheiro é que é o x da questão. Certamente, não foi parar na preparação do Eduardo Santos, judoca que perdeu na repescagem e pediu desculpas, chorando, aos seus pais, que, sofridamente, haviam investido na sua carreira. Nem na preparação de Rosângela Conceição, a Zanza, que, muito dignamente, representou o país na luta greco-romana. Enquanto Carlos Arthur Nuzmann dirigir o COB como se fosse um happy-hour num boteco do Leblon, o Brasil vai ter que amargar muitas decepções como as que tivemos em Pequim.
10) A cobertura esportiva foi um capítulo à parte. O Sportv e a ESPN Brasil empataram em revezamento dos piores comentaristas esportivos. Um desastre total. A Globo despejou toda a sua tradicional empáfia. A única vantagem que se pode antever na cobertura da Record, nos próximos Jogos Olímpicos de Londres – 2012, é o fato de não termos mais que tolerar as idiotices de Galvão Bueno nem as crônicas jadebarbosianas do Pedro Bial. Talvez seja o caso da gente já iniciar um abaixo-assinado pra pedir ao Bispo Macedo para não contratá-los jamais.
11) Deixo as meninas do basquete fora de qualquer consideração. Com a baderna instalada na CBB, já foi um feito elas terem se classificado para as Olimpíadas, coisas que os rapazes não conseguem desde Atlanta-1996. Enquanto não reconstruírem a casa do basquete no Brasil, é melhor considerá-lo como um esporte não-olímpico, pelo menos por aqui. Evita maiores decepções....
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