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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Justiça social no Velho Testamento - 3

Parte 3 - As primícias e o dízimo

por Richard Foster

A lei das primícias também ilustra como nossa generosidade flui da generosidade de Deus. Esta lei estipulava que os primeiros frutos da safra a amadurecer fossem dados a Deus. Era, na realidade, um ato de confiança na generosidade de Deus. Eles davam na confiança de que conseguiriam colher o restante da safra. Era um confissão palpável de Deus como o Doador gracioso de todas as coisas boas.

Semelhante à lei das primícias, o dízimo era um conceito de celebração jubilosa. Nos dias de Jesus esta regra encantadora tinha se tornado tão distorcida e abusada quando tem sido em nossos próprios dias. É triste pensar que o dízimo, projetado para expressar liberação e liberdade, tem sido tantas vezes transformado em outra forma de escravizar as pessoas.

O costume de dar o dízimo é mencionado na Bíblia pela primeira vez em conexão com Abraão. Quando voltou de um ataque-surpresa de retaliação, Abraão deu alegremente a Melquisedeque um décimo dos despojos e deu 100 por cento do restante ao rei de Sodoma. Embora o rei protestasse, Abraão insistiu: “para que não digas: Eu enriqueci a Abraão” (Gn 14:17-24). Abraão deu generosamente em celebração do poder de Deus sobre seus inimigos. Ele não estava contando cada siclo para assegurar sua parte justa – queria se livrar de tudo aquilo. Havia um espírito de alegria e liberdade ligado à doação.

A lei mosaica mantém este senso de alegre festividade. O total de dez por cento da renda dos israelitas, além das primícias, era para ser dado em celebração da provisão graciosa de Deus. O dinheiro era usado para cuidar dos levitas, do forasteiro e dos pobres e necessitados. Era usado também para financiar as despesas das festividades envolvidas na celebração da generosidade de Deus.

Deuteronômio 14:22 Certamente darás os dízimos de todo o produto da tua semente que cada ano se recolher do campo.
23 E, perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus por todos os dias.
24 Mas se o caminho te for tão comprido que não possas levar os dízimos, por estar longe de ti o lugar que Senhor teu Deus escolher para ali por o seu nome, quando o Senhor teu Deus te tiver abençoado;
25 então vende-os, ata o dinheiro na tua mão e vai ao lugar que o Senhor teu Deus escolher.
26 E aquele dinheiro darás por tudo o que desejares, por bois, por ovelhas, por vinho, por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; comerás ali perante o Senhor teu Deus, e te regozijarás, tu e a tua casa.
27 Mas não desampararás o levita que está dentro das tuas portas, pois não tem parte nem herança contigo.

Com efeito, isso equivalia a um feriado religioso com todas as despesas pagas. O dinheiro do dízimo usado para uma gloriosa festa santa! No cerne do dízimo estava um espírito alegre de generosidade, adoração, celebração.

(FOSTER, Richard. Celebração da Simplicidade. Campinas: United Press, 1999, pp. 36-37)

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