
Pouco mais de um ano atrás, o Haiti foi sacudido por um terremoto devastador, e imediatamente se ergueram as vozes dizendo que a catástrofe havia sido um castigo de Deus para as práticas religiosas anticristãs dos haitianos, vudu incluído. Anteontem a bela cidade de Christchurch ("Igreja de Cristo" em inglês), segunda maior da Nova Zelândia, foi também atingida por um terremoto de menor magnitude e com muito menos vítimas civis, mas que igualmente deixou a cidade em destroços. É no mínimo estranho que, até o momento, as mesmas vozes apocalípticas - os profetas de retrovisor - que se apressaram em julgar e condenar o Haiti no ano passado não tenham se voltado contra os neozelandeses, cristãos brancos (apesar da minoria maori) que deram esse belo nome à cidade em função da catedral (foto acima) que foi construída ali em meados do século XIX. Até agora,
Pat Robertson não teve o mesmo comportamento de janeiro de 2010, quando disse que o Haiti foi amaldiçoado, e - surpreendentemente - permanece calado. Não emitiu nenhum juízo de valor sobre o que aconteceu em Christchurch. É muito cômodo proferir - seletivamente - sentenças condenatórias sentado no conforto do seu lar, ou no ar condicionado do escritório, especialmente contra povos pobres e negros que empilham seus corpos no que sobrou das ruas e não podem se defender. Se bem que o fato da cidade destruída agora se chamar Christhchurch pode ter feito a Igreja de Cristo pensar melhor sobre o seu próprio estado miserável atual em vez de apontar o dedo para o cumprimento de castigos, pragas e maldições em outros lugares. Ainda dá tempo de ajuntar os pedaços, reparar as brechas e reconstruí-la. E que, nesta hora triste, Deus dê força e consolo ao bravo povo de Christchurch na linda Nova Zelândia.
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