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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Arrependimento: modo de usar

É raro ler ou ver matérias que envolvam o tema do arrependimento do ponto de vista estritamente humano, quer dizer, analisado do ângulo da saúde física e emocional da pessoa que se arrepende de alguma coisa, ainda que a confusão de arrependimento com o remorso pareça uma constante quando se aborda este tema, especialmente do ponto de vista espiritual. Por isso, vale a pena destacar esta matéria do Science Daily, traduzida por Natasha Romanzoti e publicada no site HypeScience, transcrita abaixo. Ainda que os dados sejam sucintos e não tenhamos acessos a todas as informações analisadas, é um pouco estranha esta, digamos, "terapia" sugerida de comparar-se a quem estaria em piores condições. Preocupa-me esta atitude (também) tipicamente humana de valorizar o "menos pior", mais sintonizada - talvez - com uma sociedade altamente consumista, competitiva e - principalmente - utilitária (os fins justificam os meios), o que não quer dizer que esta alternativa esteja automaticamente validada, ainda que pareça que é esta a ideia que o artigo quer passar. O mundo estaria muito melhor se as pessoas (e os grupos dos quais fazem parte) - sem ênfase na competição - procurassem sempre isso mesmo: o melhor (ainda que seja o "melhor possível"):

Não saber afastar os arrependimentos pode causar problemas de saúde

Difícil existir alguém que não se arrependa de nada que já tenha feito na vida. E para superar esse sentimento, afirma um novo estudo, você deve comparar-se a outros que estão em pior situação – ao invés de observar pessoas em posições mais invejáveis.

A pesquisa analisou a forma como os adultos e jovens lidam com os arrependimentos da vida. Um mecanismo comum de enfrentamento é através de comparações sociais, o que, segundo os pesquisadores, pode ser tanto bom quanto ruim, dependendo se as pessoas acham que podem desfazer seus pesares ou não.

O estudo incluiu 104 adultos de várias idades, que completaram um questionário sobre seus maiores arrependimentos (eles variavam de “não passar muito tempo com a família” até “ter casado com a pessoa errada”).

Em seguida, os pesquisadores pediram que os participantes classificassem a gravidade de seu próprio arrependimento em comparação com os arrependimentos de outras pessoas de sua idade.

Geralmente, se as pessoas se comparam aos que estão em situação pior, eles se sentem melhor. Mas, se se comparam a pessoas em melhor situação, isso os faz se sentirem pior.

Mais do que isso: além do efeito psicológico, existe um efeito físico. Os participantes que fizeram comparações sociais com pessoas em pior situação relataram ter menos sintomas de resfriado.

Os pesquisadores explicam que o estresse emocional do arrependimento pode desencadear uma desregulação biológica dos hormônios e do sistema imunológico, o que torna as pessoas mais vulneráveis a desenvolver problemas de saúde clínicos.

Em geral, a comparação social “para baixo” teve um efeito positivo sobre o bem-estar emocional e físico das pessoas.

Ao contrário dos resultados de estudos anteriores sobre o mesmo tema, na pesquisa atual a idade não determinou o grau de eficácia do “perdão” pelos arrependimentos. A eficácia dos mecanismos de sobrevivência dependia mais da habilidade percebida de um indivíduo para mudar o seu arrependimento do que de sua idade.

Segundo os cientistas, seguir em frente e ser capaz de manter um bem-estar emocional depende muito da oportunidade de um indivíduo de corrigir a causa de seus arrependimentos.

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