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terça-feira, 12 de abril de 2011

Que saudade, Serginho Leite!


O Brasil perdeu hoje um grande humorista, Serginho Leite. 

Quem ouviu rádio na virada dos anos 70 para os 80, e durante toda esta última década, teve o imenso prazer de se divertir com as ótimas sacadas e os personagens hilários criados por ele principalmente para a rádio Jovem Pan, da qual era não só um locutor brilhante, dono de uma voz inconfundível, como também responsável por imitações memoráveis e impagáveis, que fizeram história e lançaram moda no país. 

Serginho Leite foi um dos primeiros humoristas a imitarem Sílvio Santos, por exemplo, algo que hoje é corriqueiro (e chato). 

Ser imitado por ele era a garantia de que o candidato a celebridade tinha alcançado - finalmente - o sucesso. 

Até personagens trash da televisão da época, como Carlos Aguiar (da TV Gazeta) atingiam o estrelato mediante as imitações que ele fazia. 

Como locutor de rádio, não tinha papas na língua. A sinceridade era sua marca registrada.

Ali por volta de 1981, quando a garotinha Nikka Costa fazia sucesso com a música-xarope "On My Own", ele teve a coragem de dizer que odiava criança-prodígio, o que eu achei meio forte então, mas com o passar dos anos, vendo o quanto os pais exploram seus filhos e lhes roubam a infância na tentativa de fazê-los famosos (e ganhar dinheiro), entendi o que ele queria dizer.

Tive o prazer de ver seu show ao vivo, em que ele fazia o tradicional mix de Agnaldo Timóteo com Cauby Peixoto (primeiro vídeo abaixo). 

Um dos melhores momentos no teatro era quando ele imitava o que seria D. Paulo Evaristo Arns cantando "Sob Medida", da Fafá de Belém ("se você crê em Deus, erga as mãos para os céus e agradeça.."). 

O segundo vídeo é de uma entrevista antológica no Programa Jô Onze e Meia, ainda no SBT, em que ele relembra a voz que estava por trás de muitos personagens conhecidos que marcaram época na publicidade brasileira, como o Tony Tiger da Sucrilhos, o Bond Boca da Cepacol e o Jotalhão do extrato de tomate Cica. 

O terceiro vídeo é uma reprodução de sua imitação, no rádio, do também inesquecível Zé Bétio vendendo, entre outras coisas, o incrível "Tira-álcool". 

Uma pena que a nova geração não tenha tido a oportunidade de desfrutar de sua genialidade como nós desfrutamos. 

Pena que os jovens de hoje estejam expostos a humoristas de qualidade duvidosa como tantos que pululam pelos canais da TV aberta ou fechada.

Pena que ele tenha partido tão cedo, aos 54 anos de idade. 

Hoje é dia de chorar, mas obrigado, Serginho, poucas pessoas me fizeram rir tanto como você.





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