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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Astrônomo do Vaticano diz conciliar ciência e religião

Entrevista do padre argentino José Gabriel Funes, diretor do Observatório de Astronomia do Vaticano, em que ele fala sobre como concilia ciência e religião, comenta en passant sobre o big bang e a criação do universo, além de admitir a possibilidade de vida extraterrestre, em matéria do IG - Último Segundo:

Astrônomo católico: “Não há contradição entre a religião e vida extraterrestre”

Padre José Gabriel Funes, diretor do Observatório de Astronomia do Vaticano, conversou com o iG sobre ETs, Deus e a origem do Universo

O padre argentino José Gabriel Funes não gosta de polêmicas, embora seu nome sempre seja citado quando o assunto envolve vida extraterrestre e a crença na religião católica. Astrônomo e diretor do Observatório de Astronomia do Vaticano, o religioso, que já declarou acreditar na possibilidade de Deus ter criado vidas em outros planetas, garante que não vive em conflito com a Igreja Católica. “Não existem contradições e oposições. O interesse científico é o que me motiva. Busco Deus em tudo o que faço e o encontro em minhas pesquisas também”.

O interesse pelas estrelas começou cedo. Mais precisamente quando o primeiro astronauta pousou na Lua e ele tinha apenas 6 anos. E sua ordenação como membro da ordem jesuíta só aconteceu na fase adulta. Hoje, aos 48 anos, o padre se orgulha de poder participar de palestras e seminários de estudo sobre a formação das galáxias. “Encontro todo o apoio possível do Santo Padre às minhas pesquisas”, afirma, referindo-se ao Papa Bento XVI.

Em entrevista ao iG, padre José disse que apenas lamenta não ter mais tempo de observar as estrelas como na infância e adolescência. “Essa é uma das coisas que mais gosto de fazer. Mesmo que seja apenas para olhar e não estudar. Pena que o tempo seja curto”.

iG: No que consiste sua pesquisa?
Padre José Gabriel Funes: Estudar galáxias que não estão há mais de 100 anos-luz, como se formam estrelas e novas galáxias. É um tema complexo, da atualidade e muito interessante.

iG: Como surgiu a astronomia na vida do senhor?
Padre José Gabriel Funes: Desde pequeno me senti atraído pelas estrelas. Quando o homem chegou à Lua, fiquei fascinado. E como era muito estudioso em física e matemática achei que poderia me dedicar ao estudo da Astronomia. Tinha grande curiosidade em entender o universo.

iG: O Vaticano interfere em suas pesquisas?

Padre José Gabriel Funes: Pelo contrário. Me dá grande apoio para realizar as investigações e também ajuda a promover eventos ligados à astronomia.

iG: O Papa acompanha o trabalho no observatório?
Padre José Gabriel Funes: Há cerca de 3 anos, pude explicar pessoalmente ao Papa Bento XVI como trabalhamos no observatório. Recentemente, o Santo Padre também nos visitou e quis ver nossa exposição de meteoritos.

iG: Ciência e religião podem caminhar juntos?
Padre José Gabriel Funes: Isso é perfeitamente possível. Pertencem à ordem da escola dos jesuítas tanto astrônomos, como físicos e matemáticos. Esse é um pequeno exemplo de como a Igreja sempre promoveu o desenvolvimento científico. Não existem contradições e oposições.

iG: Seus estudos afetam suas crenças religiosas?
Padre José Gabriel Funes: Não diretamente. O interesse científico é o que me motiva. Busco Deus em tudo o que faço e o encontro em minhas pesquisas também.

iG: A Igreja Católica já aceita a existência de vida extraterrestre?
Padre José Gabriel Funes: Não faço um pronunciamento oficial. Simplesmente, no meu ponto de vista, vejo que há a possibilidade de vida em outros planetas. E que isso não gera contradição alguma com a religião católica e com a crença na criação.

iG: Quem criou o Universo: Deus ou o Big Bang?

Padre José Gabriel Funes: É preciso explicar que o Big Bang é um modo de falar sobre a compreensão científica que temos da origem do Universo. E Deus está presente em tudo e em todos os momentos.

iG: Com frequência o senhor costuma observar as estrelas?

Padre José Gabriel Funes: Atualmente, menos do que gostaria. Mas é uma das coisas que mais gosto de fazer. Mesmo que seja apenas para olhar e não estudar. Pena que o tempo seja curto.

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