O filme registrado no vídeo abaixo é uma raridade. Trata-se da primeira gravação de imagens de Jerusalém, realizada em 1896 pelos irmãos Lumière (Auguste e Louis), inventores franceses do cinematógrafo, aos quais se deu o título de "pais do cinema". As imagens registram uma cidade ainda sob o domínio do Império Otomano (sucedido - em muito menor escala - pela atual Turquia), num fim de século XIX em que a Palestina (como se chamava toda aquela região antes da fundação do Estado de Israel) tinha cerca de 500.000 habitantes, 85% deles muçulmanos, que conviviam em relativa harmonia com os outros 10% de cristãos e 5% de judeus. Em Jerusalém habitavam 30.000 almas, com representantes cristãos das diferentes tradições orientais e ocidentais (da época, obviamente), mas com um dado que contrastava com o restante do território: metade da população era judia. Os judeus concentrados na cidade rezavam em hebraico, mas a sua língua diária era o árabe. Curiosamente, os judeus ortodoxos já se desviavam das primeiras câmeras cinematográficas, como muitos fazem até hoje. Muita coisa mudou em bem menos de 100 anos. O fim do colonialismo (não o econômico), o advento do totalitarismo e duas guerras mundiais redesenharam o mapa da região (para pior, ouso dizer). Não deixa de ser um registro interessante, não só pelo valor histórico dos irmãos Lumière, mas por mostrar uma Jerusalém onde ainda se podia viver em paz.
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