Padre fecha banheiro de paróquia e revolta taxistas, motoristas, guardas e fiéis em Americana (SP)
Eduardo Schiavoni
A decisão de um padre da paróquia Santo Antônio, em Americana (127 km de São Paulo), causou a revolta de taxistas, motoristas de ônibus, guardas municipais, agentes de trânsito e de fiéis que passam pelo local, no centro da cidade. O clérigo baixou um decreto pelo qual impede a população de utilizar o banheiro do salão de festas da igreja.
A situação afetou especialmente os taxistas, que têm um ponto nas proximidades do local e tinham até a chave. Além de banheiro, os populares afirmam ainda que o padre também quer impedir as pessoas de sentarem nas escadarias do templo religioso. O pároco Pedro Leandro Ricardo, autor da medida, não comentou a decisão. A proibição passará a vigorar, oficialmente, a partir de 1º de março.
Para que a norma passe a valer efetivamente, padre Ricardo enviou um comunicado aos taxistas do ponto da Igreja Matriz Nova, informando-os que, a partir dessa data, ficará "expressamente proibida a utilização dos sanitários do Salão de Festas Monsenhor Nazareno Magi". A chave do banheiro, que ficava com os profissionais, entretanto, já foi recolhida pela igreja.
"Eu trabalho aqui há 38 anos e nunca vi uma coisa como essa, um padre proibir as pessoas de usarem o banheiro", disse o taxista Osvaldo Micalli, 73. De acordo com ele, o ponto de táxi funciona em frente à Igreja Matriz Nova há 40 anos. "Esse ponto de táxi acompanhou a edificação da igreja. Nós sempre tivemos boa relação com os padres, tanto que eles nos deram a chave do banheiro", afirmou.
Sem água
Micalli disse que além de sanitário, o salão de festas também possuía um bebedouro. "Deus disse: dai água a quem tem sede e comida a quem tem fome. Está muito errado essa ação", disse.
O taxista João Balbino, 49, afirmou que em um dia em que estava com muitas corridas, teve de ficar das 9h às 19h sem usar o banheiro. "O único lugar fácil que a gente tinha para usar era lá." Segundo Balbino, o pároco também proibiu as pessoas de sentarem nas escadas da igreja e de encostarem-se às paredes para descansar.
Repercussão
A caixa Ludmila da Silva, 18, disse que costuma ir à escadaria da igreja para tirar um cochilo depois do almoço – a área possui sombra e, hoje, pode-se encostar nas paredes - não gostou de saber que não vai poder mais ficar nas escadarias.
"Descansar não tem nada demais, o que não pode é virar bagunça." A vendedora Cristiane Castro, 28, que se senta na escadaria da igreja para esperar o marido depois de sair do serviço, achou a medida um "absurdo". "Nunca vi ninguém faltando com respeito aqui. Não precisava disso", afirmou.
Outro lado
A reportagem procurou o padre Ricardo para comentar o assunto. Ricardo disse que, naquele momento, não poderia falar e que, para responder aos questionamentos, a reportagem teria que solicitar uma entrevista. "É um assunto muito delicado que merece atenção", disse. A reportagem tentou agendar a entrevista, mas não houve retorno.
A diocese de Limeira, que responde por Americana, também foi procurada durante a tarde de ontem e durante a manhã de hoje. O funcionário que atendeu às ligações, que não quis se identificar, informou que apenas a direção da cúria poderia falar sobre o assunto e que retornaria o contato, o que não aconteceu até as 12h de hoje.
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