![]() |
D. Oscar Ojea, bispo de San Isidro |
O fato aconteceu na Argentina e foi reproduzido no IHU:
Inédito. Bispo argentino pede perdão público
Como foi anunciado, em todas as missas celebradas na diocese de San Isidro, no domingo, pediu-se perdão às vítimas de abuso do caso do pároco José Mercau, de Tigre, condenado a oito anos. Também é inédita a vontade de pagar indenizações.
A reportagem está publicada no jornal argentino Página/12, 16-12-2013. A tradução é de André Langer.
Em um fato inédito no país, e assim como haviam anunciado, o bispo Oscar Ojea e o presbitério da diocese de San Isidro pediram perdão público, no domingo, às vítimas dos abusos cometidos pelo sacerdote José Mercau, que se encontra preso por estes crimes. A diocese informou também que irá indenizar quatro jovens vítimas e venderá suas propriedades para assumir essa responsabilidade diante da Justiça.
O mea culpa intitulado “Assumir, pedir perdão e desejo de reparação” foi lido em todas as missas de todos os templos da diocese.
“A comunidade diocesana de San Isidro, e de um modo especial o bispo e seu presbitério, pedem publicamente perdão aos jovens que foram afetados por estas condutas (de abuso sexual) realizadas por um sacerdote da nossa diocese, o padre José Mercau, quando era pároco de São João Batista em Ricardo Rojas (Partido de Tigre)”, disseram.
Assim mesmo ratificaram sua “decisão de curar feridas e construir um futuro”, e manifestaram seu desejo de que este gesto “signifique também uma renovação em toda a comunidade do compromisso de promover uma cultura do cuidado das crianças e adolescentes”.
A diocese de San Isidro também citou no texto palavras do Papa Francisco ao pedir: “Cuidemo-nos uns aos outros. Cuidem-se entre vocês, não se prejudiquem. Cuidem da vida, cuidem da família, cuidem da natureza, cuidem das crianças, cuidem dos idosos”.
A decisão de Ojea de pedir perdão e reparar financeiramente as vítimas representa uma importante mudança na conduta mantida até agora pela hierarquia católica argentina diante de casos similares, incluindo o do padre Julio César Grassi, com relação a quem a diocese de Morón ainda não tomou nenhuma decisão disciplinar, apesar da condenação de abuso sexual que pesa sobre ele.
Mercau coordenava o Lar San Juan Diego, em El Talar de Pacheco, Tigre, que recebe crianças de baixa renda com problemas familiares, vítimas de maus-tratos ou abandono. Mas, em 2005, cinco menores denunciaram que foram abusados por ele. Os adolescentes tinham na época entre 11 e 14 anos e, segundo relataram, o padre primeiro os seduzia e depois os obrigava a manter relações sexuais com ele. Mercau declarou-se culpado e foi condenado pelos crimes de “corrupção de menores reiterada, em concurso real com abuso sexual mediante acesso carnal agravado”.
“As sequelas que o abuso sexual deixa no futuro das crianças e dos jovens não podem ser medidas”, garantiram as autoridades eclesiásticas de San Isidro no comunicado lido em todos os templos, e acrescentaram que “sua vida vincular e afetiva fica prejudicada no mais profundo pela violação da sua intimidade”.
“A conduta de quem abusa também fere todo o corpo de Cristo e quebra a confiança na comunidade. Este mal causado nos faz experimentar uma viva dor como membros da Igreja”, reconheceram.
Destacaram neste sentido que “estes atos estão abertamente em contradição com a palavra de Deus e com a tarefa evangelizadora que diariamente comunidades e pastores realizam”.
Por último, Ojea e seus sacerdotes pediram a Deus para que esses gestos “estimulem a continuar anunciando com transparência e fidelidade a alegria do Evangelho e iluminem cada rincão da diocese para poder levar a boa notícia em particular aos nossos irmãos mais pobres”.
A advogada dos jovens abusados, Mariana Zárate, que também trabalha na diocese, contou que o padre “tinha o mesmo procedimento em relação a todos os adolescentes. Procurava ganhar sua confiança, seduzi-los mediante diferentes manobras e em troca de bens materiais que os adolescentes necessitavam, uma vez que sofrem de extrema vulnerabilidade social”.
Desta maneira, o sacerdote “em dois casos chegou ao acesso sexual”, disse a advogada, que confirmou que “lhes dava tênis em troca de favores sexuais, o que é lamentável, já que se trata de pessoas que necessitam de ajuda”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por visitar O Contorno da Sombra!
A sua opinião é bem-vinda. Comentários anônimos serão aprovados desde que não apelem para palavras chulas ou calúnias contra quem quer que seja.
Como você já deve ter percebido, nosso blog encerrou suas atividades em fevereiro de 2018, por isso não estranhe se o seu comentário demorar um pouquinho só para ser publicado, ok!
Esforçaremo-nos ao máximo para passar por aqui e aprovar os seus comentários com a brevidade possível.