O título deste artigo poderia parecer até uma piadinha inocente, não fosse a prestigiosa universidade de onde procede a teoria sobre o choro egoísta do bebê: Harvard!
O biólogo evolucionista David Haig escreveu sobre isso no livro "Evolution, Medicine and Public Health" ("Evolução, Medicina e Saúde Pública"), onde defende a ideia de que o bebê que berra a todo momento à noite pedindo para ser amamentado, na verdade está tentando impedir que sua querida mamãe fique grávida de novo.
Esse choro nada altruísta serviria, portanto, para impedir que outro óvulo e outro espermatozoide da mesma família se encontrem e assim gerem um irmãozinho ou uma irmãzinha com o(a) qual o bebê ranheta teria que dividir os pais.
Já que ele não poderia forçar sua mãe a tomar pílulas ou seu pai a usar camisinha, só lhe restaria o aleitamento noturno para importunar sua mamãe e assim impedi-la de ter relações sexuais com o papai, até porque o cansaço torraria a libido de ambos.
Além disso, esse incômodo todas as noites faria com que a mãe atrasasse seu ciclo fértil, devido a mudanças hormonais que, embora não seja um método contraceptivo seguro, é o único recurso de que dispõe o bebê chorão.
Haig esclarece que, obviamente, os filhos recém-nascidos não fazem isso de propósito, mas em razão de que, no passado remoto, os bebês que eram amamentados à noite tinham uma maior possibilidade de sobrevivência.
O momento em que essas demandas noturnas começam a ser percebidas acontece por volta de 6 meses de idade do bebê, e tende a aumentar significativamente nos meses seguintes.
Em apoio à sua tese, David Haig acrescenta que certas desordens genéticas herdadas de cada um dos genitores mostram o acerto de sua teoria. Bebês que recebem certos genes do lado materno dormem mais à noite, o que favorece com que sua mãe engravide logo em seguida.
Por outro lado, os rebentos que herdam os mesmos genes do lado paterno acordam mais vezes à noite, postergando a ovulação de suas mães, o que faz sentido evolucionário, pois os pais não teriam a garantia de que o próximo bebê fosse dele, o que lhes deixaria interessados em que o ciclo fértil de sua parceira fosse interrompido por um período.
Outros cientistas ouvidos pelo portal ScienceNews chamaram a atenção para o fato de que vivemos em uma sociedade muito diferente da primitiva, e que não há como voltar no tempo para testar a teoria na época em que o ser humano surgiu no mundo.
Haig conclui que, na sociedade moderna, não é mais necessário que as mães se preocupem tanto em amamentar os filhos à noite, pois bebês que não se alimentam à noite ou tomam mamadeiras durante o dia tendem a dormir um sono mais regular sem perturbar seus pais.
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