Primeiramente, dado o significado preconceituoso que a palavra "crioulo" tomou no português falado no Brasil, é preciso lembrar que seu equivalente em castelhano, "criollo" (assim como foi no nosso período colonial), é o nome dado aos descendentes dos europeus e africanos nascidos no continente americano nos primeiros séculos da colonização, e a toda a cultura mesclada que eles geraram. No Brasil, infelizmente, a palavra "crioulo" ficou muito mais associada ao tratamento pejorativo dos afrodescendentes.
"Misa Criolla" é a peça musical composta pelo argentino Ariel Ramírez em 1964 (há 50 anos, portanto), com adaptação litúrgica dos padres Alejandro Mayol e Jesús Gabriel Segade.
Fortemente influenciada pelas músicas andina e folclórica argentina, a "Misa Criolla" é considerada a obra clássica argentina mais executada no mundo. E, cá entre nós, é de uma beleza ímpar.
Pois ontem, 12 de dezembro de 2014, o papa Francisco celebrou em espanhol uma "missa crioula" em homenagem à Virgem de Guadalupe, padroeira do México e de toda a América, com presença de bandeiras e representantes de todo o continente, com uma das leituras em português.
A "Misa Criolla" foi executada por um grupo de cantores e músicos regidos por Facundo Ramírez, filho do compositor Ariel Ramírez (falecido em 2010), tendo como solista Patricia Sosa.
Não foi a primeira vez que a obra foi apresentada na Basílica de São Pedro, mas o ineditismo do ocorrido ontem se deve ao fato de um papa do continente americano ter presidido a cerimônia tipicamente latina.
Confira no vídeo abaixo um trecho do "Kyrie" (Piedade) e do belíssimo "Gloria" da "Missa Criolla":
A gravação integral da "Misa Criolla" celebrada pelo papa Francisco pode ser vista no canal do Vaticano no youtube:
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