Páginas

sexta-feira, 10 de abril de 2015

O difícil diálogo entre católicos e protestantes

A matéria é do IHU:

"O problema não é o Papa, mas o papado"

Na opinião de Pedro Tarquis, diretor do blog Protestante Digital, “a atuação de Francisco repete a do cardeal Cisneros em seu tempo. Revolução ética e moral, mas os mesmos princípios”. O artigo é publicado por Religión Digital, 21-03-2015. A tradução é do Cepat.

Eis o artigo.

Pediram-me que, como cristão protestante, escrevesse sobre a marca de Francisco neste segundo aniversário de seu pontificado. Em seu caso, mais do que em qualquer outro, apresenta-se a questão de que o problema não é o Papa, mas o papado.

Sem dúvida, Francisco trouxe ar fresco em imagem, em estilo de governo e em conceitos éticos ao catolicismo romano.

Sua proximidade, sua simplicidade, sua preocupação por temas sociais, seu posicionamento em temas éticos importantes (como as questões de abuso sexual do clero, a imigração, a justiça social, a perseguição aos cristãos) foram aspectos pessoais muito positivos e que só podem ser lidos a partir da empatia com sua pessoa.

No entanto, uma questão bem diferente é a dimensão do personagem, sua figura como Vigário de Cristo, sua postura a respeito dos princípios fundamentais do cristianismo como é entendido pela Igreja evangélica ou protestante: Só a Fé, Só a Graça, Só a Escritura.

Francisco nada mudou, nem nada quis ou anunciou querer mudar neste aspecto.

Lutero continua excomungado, e a atuação de Francisco repete a do cardeal Cisneros em seu tempo. Revolução ética e moral, mas os mesmos princípios.

Neste sentido, a maioria dos cristãos evangélicos ou protestantes não compartilha entusiasmo algum a respeito do futuro do ecumenismo em seu sentido mais profundo: unidade em torno ao Jesus dos Evangelhos acima do das tradições, instituições e Magistério.

Inclusive, em muitos subjaz a dúvida de se a atuação do “Sumo Pontífice” não é no fundo uma manobra para atrair e diluir o pujante movimento evangélico na América Latina.

Por tudo isso, acredito que sua figura é aceita e valorizada no pessoal, mas discutível, questionável e polêmica no institucional. Seria necessário, para avançar superando estas questões e esclarecer dúvidas e interrogações, que Francisco mergulhasse no fundo do coração do Vaticano, aprofundando muito mais do que os mencionados aspectos éticos, sociais e de imagem.

Porque Jesus embora tenha tratado destes importantes aspectos éticos e sociais (o “bom samaritano”, as parábolas), ao mesmo tempo questionou de forma radical o próprio Templo de Jerusalém, a instituição religiosa de seu tempo, as tradições e o magistério dos fariseus, para dizer: Está Escrito.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por visitar O Contorno da Sombra!
A sua opinião é bem-vinda. Comentários anônimos serão aprovados desde que não apelem para palavras chulas ou calúnias contra quem quer que seja.
Como você já deve ter percebido, nosso blog encerrou suas atividades em fevereiro de 2018, por isso não estranhe se o seu comentário demorar um pouquinho só para ser publicado, ok!
Esforçaremo-nos ao máximo para passar por aqui e aprovar os seus comentários com a brevidade possível.