A matéria rocambolesca é do IHU:
O embaixador francês é gay. A Santa Sé não o credencia
Em Paris, ele é considerado "a melhor personalidade possível para esse papel", mas o Vaticano ainda não deu o aval para Laurent Stefanini. O motivo pelo qual a Santa Sé atrasa o seu sim à nomeação do novo embaixador da França seria, de acordo com a mídia francesa, a sua declarada homossexualidade.
A reportagem é de Giacomo Galeazzi, publicada no jornal La Stampa, 10-04-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A Sala de Imprensa vaticana opõe formalmente um "no comment" aos pedidos de esclarecimento dos jornalistas, que ressaltam a incongruência desse episódio com a sensibilidade acentuada em relação à condição homossexual manifestada tanto por Francisco ("Se uma pessoa é gay e busca o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgar?", disse o papa no retorno da Jornada Mundial da Juventude do Rio), quanto do último Sínodo dos bispos sobre a família.
Por trás do silêncio das fontes oficiais, na Cúria, admite-se que o problema existe e que diz respeito não tanto à condição pessoal indicado do embaixador indicado por Paris, mas ao seu perfil público de apoiador do casamento gay.
Melhor outro nome
Na Secretaria de Estado, salientam que a decisão ainda não foi tomada e que a questão está sendo assumida pelo arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário para as relações com os Estados, que ocupa esse cargo há pouco mais de dois meses e que ainda não tem aprofundou a questão.
A última palavra caberá ao papa, depois de ouvir o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado. Na atual situação, a diplomacia pontifícia também espera que possa chegar de Paris a proposta de um outro nome.
O ex-chefe do protocolo do Eliseu e ex-número dois da Embaixada da França junto à Santa Sé, Laurent Stefanini, foi nomeado no dia 5 de janeiro pelo presidente François Hollande para suceder Bruno Joubert na Villa Bonaparte.
"Filha predileta"
No tabuleiro internacional, a França, "filha predileta" do papado, é historicamente um ambiente fundamental para a Santa Sé, a tal ponto que os serviços secretos franceses sempre tiveram a defesa do pontífice como uma das suas missões fundamentais, como demonstra também o alerto que chegou ao Vaticano pouco antes do atentado de 1981, na Praça de São Pedro, contra Karol Wojtyla.
"Não há figura mais apta do que Stefanini para desempenhar o papel de embaixador da França junto à Santa Sé", garantem no Quai d'Orsay, reiterando o "profundo conhecimento" por parte do diplomata dos dossiês ligados ao mundo católico e às relações com o Vaticano.
A melhor oferta
Stefanini obteve o "total apoio" da Conferência Episcopal Francesa, e o fato de que, para Paris, "não havia melhor candidatura possível" é garantido por fontes do governo francês.
Tal estado de impasse ao longo do eixo Vaticano-Paris ocorrera em 2008. "Quanto à sua sexualidade, é uma questão estritamente privada. Abstemo-nos de qualquer comentário", apontam em Paris, explicando que, nesse tipo de assunto, "nunca há um não", mas sim "uma ausência de resposta" sobre a proposta de candidatura.
Em todo o caso, o procedimento está ainda em curso. De acordo com vários meios de comunicação franceses, incluindo o Canard Enchaîné, Les Echos e Le Journal du Dimanche, o Vaticano ainda não deu o aval a Stefanini como embaixador francês junto à Santa Sé justamente por ele ser gay.
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