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sexta-feira, 17 de julho de 2015

20 anos é pouco tempo para a reconciliação na Bósnia


O genocídio de Srebrenica, na Bósnia-Herzegovina, é um daqueles trágicos episódios da história da humanidade que não podem ser esquecidos para que jamais se repitam.

Entretanto, parece que a memória do massacre ainda está recente demais para que muçulmanos bósnios (as vítimas) e ortodoxos sérvios (os algozes) encontrem uma saída para vencer o ódio.

A matéria foi publicada pela BBC Brasil em 11/07/15:

Premiê sérvio é atacado em cerimônia dos 20 anos do massacre de Srebrenica

O primeiro-ministro da Sérvia, Aleksandar Vucic, foi atacado por uma multidão durante uma cerimônia para marcar o 20º aniversário do genocídio de Srebrenica na Bósnia-Herzegovina.

Garrafas, pedras, sapatos e outros objetos foram atirados contra o premiê, que teve de sair correndo, protegido por seus seguranças, do cemitério na região de Srebrenica - onde 136 vítimas do massacre estão enterradas.

Vucic foi atingido na cabeça por uma pedra e seus óculos foram quebrados, enquanto muitos gritavam ofensas ou palavras como "genocídio", em referência ao massacre.

O ministro do Interior da Sérvia, Nebojsa Stefanovic, descreveu o ataque ao premiê como "escandaloso", dizendo que foi comparável a uma tentativa de assassinato.

Em 1985, durante a Guerra da Bósnia (1992-1995), cerca de 8 mil homens e meninos muçulmanos foram mortos em Srebrenica pelo exército bósnio da Sérvia, no que é considerado a maior atrocidade já cometida na Europa desde a Segunda Guerra.

Na época, os bósnios muçulmanos buscaram abrigo junto às forças de paz holandesas ligadas à ONU, já que a organização havia declarado Srebrenica uma "área segura" para civis.

No entanto, os civis acabaram sendo mortos por forças sérvias que realizavam uma limpeza étnica na região.

No ano passado, o Tribunal de Haia considerou a Holanda culpada pela morte de mais de 300 homens e meninos muçulmanos bósnios em Srebrenica. No entanto, o Estado holandês foi eximido da culpa pelo destino de outros cerca de 7 mil homens que morreram na região mas que não buscaram abrigo no complexo e, em vez disso, fugiram para a mata nos arredores.

Genocídio

Vucic já havia divulgando um comunicado condenando as mortes e dizendo que o que ocorreu foi um "crime monstruoso". No entanto, ele evitou o termo genocídio.

De volta a Belgrado, capital da Sérvia, Vucic pediu aos sérvios que não odiassem os bósnios muçulmanos e que continuaria a trabalhar pela reconciliação dos dois povos.

Vucic é um ex-nacionalista racial sérvio que entre 1998 e 2000 foi ministro da Informação no governo de Solobodan Milosevic. Agora, ele é um político pró-Ocidente que busca integrar a Sérvia à União Europeia.

Clinton

O ex-presidente americano Bill Clinton, que está em Srebrenica, descreveu a presença de Vucic como um passo em direção à reconciliação.

Ele também se desculpou por ter demorado tanto para colocar um fim à guerra.

Segundo Guy Delauney, correspondente da BBC em Srebrenica, o ataque ao premiê ilustra bem o quanto é difícil a reconciliação na Bósnia e em toda a região.

"Dezenas de milhares de pessoas vieram aqui para homenagear as vítimas de Srebrenica e mostrar solidariedade a essa cidade. Eles ouviram líderes internacionais falarem das cenas de horror que ocorreram aqui e de como isso não deveria se repetir", disse Delauney.

"Mas muitos dos que estavam ali se revoltam com o fato de a Sérvia nunca usar o termo genocídio para Srebrenica. E, como já era esperado, Vucic foi hostilizado pela multidão. O imã que estava no local lembrou a todos que o momento era de se fazer orações. Mas o ódio aqui ainda permanece."

8372 sepulturas de vítimas inocentes ainda clamam por justiça em Srebrenica




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