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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Fé larga na frente da ciência na trepidante busca da "partícula de Deus"

Se vai vencer a corrida no final, a história ainda está sendo escrita. Quatro anos atrás, com a construção do laboratório acelerador de partículas na fronteira entre a Suiça e a França, o LHC - "Large Hadron Collider" ("Grande Colisor de Prótons"), havia muita expectativa em relação à comprovação definitiva da existência do bóson de Higgs, em teoria a partícula fundamental que comporia a matéria que forma o universo, como anunciava em abril de 2007 o portal Inovação Tecnológica:


Bóson de Higgs

Quando os prótons se chocam no centro dos detectores as partículas geradas espalham-se em todas as direções. Para capturá-las, o Atlas e o CMS possuem inúmeras camadas de sensores superpostas, que deverão verificar as propriedades dessas partículas, medir suas energias e descobrir a rota que elas seguem.

O maior interesse dos cientistas é descobrir o Bóson de Higgs, a única peça que falta para montar o quebra-cabeças que explicaria a "materialidade" do nosso universo. Por muito tempo se acreditou que os átomos fossem a unidade indivisível da matéria. Depois, os cientistas descobriram que o próprio átomo era resultado da interação de partículas ainda mais fundamentais. E eles foram descobrindo essas partículas uma a uma. Entre quarks e léptons, férmions e bósons, são 16 partículas fundamentais: 12 partículas de matéria e 4 partículas portadoras de força.

A Partícula de Deus

O problema é que, quando consideradas individualmente, nenhuma dessas partículas tem massa. Ou seja, depois de todos os avanços científicos, ainda não sabemos o que dá "materialidade" ao nosso mundo. O Modelo Padrão, a teoria básica da Física que explica a interação de todas as partículas subatômicas, coloca todas as fichas no Bóson de Higgs, a partícula fundamental que explicaria como a massa se expressa nesse mar de energias. É por isso que os cientistas a chamam de "Partícula de Deus".

O Modelo Padrão tem um enorme poder explicativo. Toda a nossa ciência e a nossa tecnologia foram criadas a partir dele. Mas os cientistas sabem de suas deficiências. Essa teoria cobre apenas o que chamamos de "matéria ordinária", essa matéria da qual somos feitos e que pode ser detectada por nossos sentidos.

Mas, se essa teoria não explica porque temos massa, fica claro que o Modelo Padrão consegue dar boas respostas sobre como "a coisa funciona", mas ainda se cala quando a pergunta é "o que é a coisa". O Modelo Padrão também não explica a gravidade. E não pretende dar conta dos restantes 95% do nosso universo, presumivelmente preenchidos por outras duas "coisas" que não sabemos o que são: a energia escura e a matéria escura.

É por isso que se coloca tanta fé na Partícula de Deus. Ela poderia explicar a massa de todas as demais partículas. O próprio Bóson de Higgs seria algo como um campo de energia uniforme. Ao contrário da gravidade, que é mais forte onde há mais massa, esse campo energético de Higgs seria constante. Desta forma, ele poderia ser a fonte não apenas da massa da matéria ordinária, mas a fonte da própria energia escura.

Em dois ou três anos saberemos se a teoria está correta ou não. Ou, talvez, nos depararemos com um mundo todo novo, que exigirá novas teorias, novos equipamentos e novas descobertas.


Agora parece que a coisa está prestes a desandar de vez, e a ciência vai descartar o bóson de Higgs e tratar de procurar outra teoria que explique a formação do universo, segundo informa a Reuters, em matéria traduzida por Natasha Romanzoti e publicada no HypeScience. Haja fé:

Busca por bóson de Higgs se afina sem resultados: a partícula de Deus existe mesmo?

Recentemente, físicos do laboratório CERN focaram sua pesquisa para o bóson de Higgs, a partícula que muitos pensam que deu forma ao universo após o Big Bang, e agora estão restritos a uma faixa estreita do espectro de massa para tentar encontrá-la.

Cientistas estão sugerindo que, se a partícula não for encontrada até meados de dezembro, provavelmente vai ficar comprovado que ela não existe, e algum outro mecanismo para explicar como a matéria nasceu no cosmos terá que ser procurado.

GeV, ou giga elétron-volts, é um termo usado na física para quantificar campos de energia das partículas. A procura por Higgs no Grande Colisor de Hádrons (LHC) e no Tevatron (agora fechado, no laboratório Fermilab dos EUA) variou até 476 GeV.

A região de maior massa já foi praticamente descartada, mas o bóson de Higgs ainda poderia estar em qualquer lugar na faixa entre 114 e 141 GeV. Físicos como o italiano Tomasso Dorigo, que trabalha com o CERN, agora dizem que, se existir, o Higgs deve ser encontrado em cerca de 120 GeV, enquanto o pesquisador britânico independente Philip Gibbs chuta 140 GeV em seu site, vixra.org /.

As últimas descobertas sobre a partícula Higgs foram compiladas por duas equipes de pesquisa, ATLAS e CMS, e ambas estão trabalhando duro para tentar completar a análise de dados do colisor até o início de dezembro.

O Conselho do CERN se reúne entre 12 de dezembro e 16 de dezembro e qualquer sinal concreto do Higgs – cuja existência foi postulada há quatro décadas pelo cientista britânico Peter Higgs – será relatado durante a sessão.

A faixa de baixa massa, onde os cientistas sempre pensaram que iriam encontrar a partícula, é também aquela em que seria mais difícil de encontrá-la. Sendo assim, parece pouco provável que ela seja descoberta em breve, e pode ser que realmente não exista.

A partícula é parte do modelo padrão da física de partículas que procura explicar como o universo funciona em seu nível mais básico, mas ela é quase o único elemento do modelo cuja existência ainda não foi provada.

Se não for encontrada, os cientistas precisarão explorar o próximo conjunto de possibilidades para explicar o universo.



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