Ontem, 12 de fevereiro de 2016, foi um dia histórico para a cristandade. Depois de séculos de separação, o papa Francisco se encontrou com o patriarca Kiril, da Igreja Ortodoxa Russa, no aeroporto de Havana, capital de Cuba, conforme vínhamos divulgando aqui no blog nos últimos dias.
Com cerca de 200 milhões de fiéis, a Igreja Ortodoxa Russa é a maior dentre as comunidades ortodoxas orientais, e até ontem, era a mais reticente em conversar com os católicos, devido ao cisma de 1054, que afastou definitivamente os patriarcados ortodoxos do Oriente do papado de Roma.
Embora evangelizada desde o século IX via Kiev, hoje na Ucrânia, a Rússia somente teve o seu patriarcado autocéfalo (reconhecido como independente pelas demais comunidades ortodoxas) em 1589, com Job sendo o primeiro Patriarca de Moscou e de todas as Rússias.
A Igreja Ortodoxa Russa se tornou, com o avançar dos séculos, a comunidade cristã mais representativa do Oriente, passando a se considerar como a verdadeira sucessora de Roma no imaginário cristão, e imiscuindo-se cada vez mais na política, tanto que o nome do imperador russo (tsar, tzar ou czar) deriva da palavra latina Caesar ("César").
Perseguida durante a etapa comunista da União Soviética (1917-1991), os ortodoxos russos não perderam sua força e hoje têm uma relação bastante próxima com o presidente Vladimir Putin, a quem muitos atribuem um certo "empurrãozinho" para que a reunião de ontem acontecesse.
Coube ao presidente de Cuba, Raúl Castro, servir como uma espécie de "testemunha" para a declaração conjunta dos dois pontífices. O texto integral está no portal da Rádio Vaticano.
Afinal, política, religião e diplomacia continuam fazendo o planeta girar a seu bel prazer desde que o mundo é mundo.
Kiril é o atual patriarca de Moscou, e coube a ele o privilégio de se encontrar com o papa Francisco ontem em Havana, pondo fim a uma separação que remonta à Idade Média.
O encontro dos dois líderes foi bastante fraternal e amistoso, conforme se pode ver no vídeo abaixo, e a melhor conclusão dele foi dada pelo papa Francisco, que disse que "a unidade se faz caminhando".
De fato, a jornada para a reconciliação entre as duas confissões é longa e dura, mas o primeiro e significativo passo foi dado ontem em Cuba.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por visitar O Contorno da Sombra!
A sua opinião é bem-vinda. Comentários anônimos serão aprovados desde que não apelem para palavras chulas ou calúnias contra quem quer que seja.
Como você já deve ter percebido, nosso blog encerrou suas atividades em fevereiro de 2018, por isso não estranhe se o seu comentário demorar um pouquinho só para ser publicado, ok!
Esforçaremo-nos ao máximo para passar por aqui e aprovar os seus comentários com a brevidade possível.