“Talvez haja mais compreensão e beleza na vida quando os raios ofuscantes do sol foram suavizados pelos contornos da sombra." (Virginia M. Axline)

domingo, 29 de junho de 2014

Papa ergue sua voz em defesa dos albinos africanos

Um ano atrás, comentamos aqui sobre a história de terror (real) pela qual passam os albinos africanos. Agora chega a vez do papa Francisco emprestar sua voz para defendê-los, segundo informa o IHU:

Campanha pelos albinos africanos. 
Jorge Mario Bergoglio emprestou sua voz ao “padre Francis”, personagem de uma novela-denúncia digital

O Papa Francisco aderiu à campanha mundial para sensibilizar sobre a situação dos africanos albinos, #HelpAfricanAlbinos, lendo uma frase para um “social audio book”, um audiolivro participativo que será divulgado pela internet. O livro Sombra branca foi escrito por Cristiano Gentili, cooperador internacional e ex-funcionário da ONU na África, que há alguns meses foi recebido pelo Papa no Vaticano, e, por ocasião da apresentação da campanha on line no sítio ombrabianca.com, reuniu-se novamente com o Papa na quinta-feira, dia 26, durante a audiência geral na Praça São Pedro.

A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi e publicada no sítio Vatican Insider, 26-06-2014. A tradução é de André Langer.

Os albinos, na África, sofrem discriminações e violência desde sempre. “As pessoas com albinismo, na maioria dos países africanos, sobretudo na Tanzânia, são ‘presas’ no verdadeiro sentido da palavra: as partes dos seus corpos são consideradas amuletos da sorte, e esta é a causa da sua desgraça”, indica o sítio. “Marginalizados pela sociedade – continua a explicação –, que não os considera africanos, pelo mercado de trabalho, pelos familiares que em muitos casos os abandonam ao nascer, são vítimas de homicídios rituais. Sua perseguição está relacionada à superstição. Desta forma, os “africanos albinos” lutam para sobreviver desde a sua chegada ao mundo. Na África, vivem dezenas de milhares de pessoas com albinismo. Na África, a taxa de albinismo encontra-se entre as mais altas do mundo. E a sociedade do mundo civil não leva em consideração as míseras condições de vida destes seres humanos, sobretudo as crianças.

Segundo a crença popular, as partes do corpo têm fortes poderes mágicos e dão riqueza, fortuna e fertilidade aos que as possuem. Um doente de Aids acredita curar-se através de uma relação sexual com uma mulher albina; os pescadores, com partes do corpo de uma pessoa com albinismo tecidas nas redes, estão convencidos de que pescarão mais. Para alimentar este mercado, as pessoas albinas são perseguidas, mortas, mutiladas; suas sepulturas são profanadas e os restos roubados. Pernas, ossos e braços são enterrados na terra de minas para que o ouro brote à superfície. Órgãos genitais são usados como poção em remédios contra a infertilidade. À barbárie humana somam-se os problemas de saúde derivados da falta de melanina e da constante exposição ao sol equatorial, que causa queimaduras, infecções, cegueira e, na maioria dos casos, tumores na pele. Cerca de 80% dos albinos tanzanianos não passam dos 30 anos. O câncer de pele é um homicida silencioso. Sua esperança de vida é de 32 anos”.

Consciente deste drama, Cristiano Gentili escreveu uma “novela-denúncia” inspirando-se na realidade. Não encontrou nenhum editor, apesar de ter se dirigido a políticos, homens e mulheres do espetáculo, jornalistas e professores universitários. Nunca obteve uma resposta. Entretanto, no ano passado escreveu ao Papa Francisco e em novembro recebeu uma resposta do Vaticano. Propuseram-lhe que participasse como relator de um congresso internacional sobre os problemas do desenvolvimento na África, organizado pela Pontifícia Academia das Ciências. Jorge Mario Bergoglio, depois, quis reunir-se com Cristiano Gentili. Durante o encontro, o autor propôs que lesse uma frase deste “audiolivro social”. O Papa escolheu duas frases do “padre Francis”, o único sacerdote que aparece no livro, um personagem que tem seu nome, Francisco, embora Gentili tenha escrito o livro antes da eleição do Pontífice argentino e, portanto, antes que se fizesse chamar pelo nome do santo de Assis. “Francis levantou as mãos para o céu – é a passagem lida pelo Papa Francisco – e disse: ‘Deus está em cada ser humano. A vida de um ser humano vale a vida de toda a humanidade. Se se ofende uma pessoa, ofende-se a Deus’”.

E depois também se ouve a voz do Pontífice, quando o padre Francis se dirige a uma criança albina: “O religioso a interrompeu com um gesto de mão. ‘Reflete sobre o que acabo de dizer. Permaneçam em Deus e Ele permanecerá com vocês’”. A campanha, apoiada por algumas ONGs, como a Médicos com a África – Cuamm, está acontecendo pela internet e dela pode participar quem o desejar, emprestando sua voz para completar as frase do livro. Todas, menos aquelas já pronunciadas pelo Papa Francisco.



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