No último dia 27, o Brasil celebrou os 100 anos do nascimento de Guimarães Rosa. Ocasião perfeita para colocar aqui a opinião de Riobaldo sobre religião, conforme a obra-prima da literatura brasileira, Grande Sertão: Veredas.
Hem? Hem? O que mais penso, testo e explico: todo mundo é louco. O senhor, eu, nós, as pessoas todas. Por isso é que se carece principalmente de religião: para se desendoidecer, desdoidar. Reza é que sara loucura. No geral. Isso é que é a salvação da alma… Muita religião, seu moço! Eu cá não perco ocasião de religião. Aproveito de todas. Bebo água de todo rio… Uma só, para mim é pouca, talvez não me chegue. (...) Tudo me quieta, me suspende. Qualquer sombrinha me refresca. Estremeço. Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vai-vem, e a vida é burra. (...) Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois, no fim dá certo. Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem licença de coisa nenhuma! Porque existe dor. E a vida do homem está presa encantoada - erra rumo, dá em aleijões como esses, dos meninos sem pernas e braços. Acho que o espírito da gente é cavalo que escolhe estrada: quando ruma para tristeza e morte, vai não vendo o que é bonito e bom.
(Guimarães Rosa, “Grande Sertão: Veredas”, Ed. Nova Fronteira, 2001, p. 32)
O Brasil é mais Brasil da Bahia pra cima...
ResponderExcluirO Brasil é Brasil por completo e quando falamos de Literatura o Nordeste em "massa" tem uma grande contribuíção, inclusive o estado mais massacrado - Alagoas; basta olharmos as obras de Graciliano Ramos e Jorge de Lima. Para ser mais preciso, posso dizer: - Tire o Nordeste da Música e da Literatura para ver o que fica!!!
ResponderExcluirSó pra constar: Guimarães Rosa era mineiro.
ResponderExcluirHahaha verdade
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