terça-feira, 30 de setembro de 2014

Pastor condenado por participar do crime da degola em BH

Sergio Eduardo Benjamin ao centro. Foto de Charles Silva Duarte / 10.11.2010

A matéria é do jornal O Tempo:

Acusado de participar de morte de empresários é condenado a três anos

Sentença saiu após júri popular durante audiência desta segunda-feira (29) realizada no Fórum Lafayette

BRUNA CARMONA / CAMILA KIFER / GUSTAVO LAMEIRA

O pastor Sidney Eduardo Benjamin, acusado de ter participado da morte de dois empresários em abril de 2010, no bairro Sion, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, foi condenado a três anos de reclusão em regime aberto por destruição, ocultação de cadáver e formação de quadrilha. O réu foi condenado por um júri popular durante audiência desta segunda-feira (29) realizada no Fórum Lafayette.

A sessão, presidida pelo juiz Alexandre Cardoso Bandeira, teve início pouco depois das 9h no 2º Tribunal do Júri. O conselho de sentença foi formado por quatro mulheres e três homens. Na parte da manhã, foram ouvidas quatro testemunhas de Defesa e, em seguida, o réu foi interrogado. No fim da audiência, foi a vez dos advogados de defesa serem ouvidos.

O julgamento do advogado Luiz Astolfo Sales Bueno, que também teria envolvimento no crime, estava marcado para esta segunda, mas foi suspenso por uma liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ), até julgamento de recurso especial na corte.

As testemunhas disseram que o réu atuava como pastor e cantor, e que já tinha gravado três CDs. Ele teria conhecido Frederico Flores, condenado por ser o líder do bando responsável pelo crime, depois que o empresário se ofereceu para gerenciar a carreira do réu como cantor.

Durante o interrogatório, Benjamin disse que conviveu com Frederico Flores por 30 dias e ele o convenceu a sair do emprego neste período. Ele contou ainda que foi ameaçado pelo empresário quando fez perguntas relacionadas à faxina do apartamento onde o crime aconteceu. O réu encerrou sua fala dizendo que não teria aberto mão de sua carreira como músico se soubesse que enfrentaria um processo como o que está enfrentando.

Debates

A fase de debates entre defesa e acusação começou às 11h30. O promotor José Geraldo de Oliveira afirmou que, apesar de não ter assassinado os empresários, Benjamin havia participado do crime.

Ele disse que nas organizações criminosas, muitas vezes, um membro não conhece o outro, mas cada um exerce uma função essencial e que o réu tinha função muito bem definida no grupo. Segundo o promotor, foi o réu que levou dinheiro e um bilhete para a esposa de um dos empresários que estava em cárcere privado. Oliveira destacou, ainda, que o réu tinha um carro a disposição para dar suporte à quadrilha, atuando como motorista, e que foi ele quem levou os restos mortais das vítimas para jogar no ribeirão Arrudas. Conforme a promotoria, acusado também confessou o sumiço de um saco preto com objetos.

O promotor disse que já havia atuação da quadrilha liderada por Flores e citou o caso do ex-delegado do Trabalho em Minas Gerais, Carlos Calazans, que foi vítima de extorsão por parte do empresário, que contou com ajuda de dois homens encapuzados na ocasião.

José Geraldo Oliveira encerrou sua fala pedindo a condenação de Benjamin, tendo em vista as provas, a gravidade dos fatos e o perigo que representa para a sociedade.

Defesa

A sessão do júri foi retomada por volta das 14h. A defesa do réu afirmou que Benjamin acreditava que Flores iria ajudá-lo a produzir seu CD de música gospel e que nenhum dos réus que havia confessado o crime citou a participação do pastor. Depois de ler trechos dos depoimentos de outros réus para explicar a ligação entre Benjamin e Frederico Flores, o advogado afirmou que os testemunhos são suficientes para excluir a participação de Benjamin no crime e absolvê-lo.

Ainda segundo o advogado, a descrição dos policiais no inquérito aponta que não obtiveram provas que Sidney soubesse do sequestro e execução doas vítimas do crime. A defesa frisou que relatório da Polícia aponta que os dedos e cabeças das vítimas forma desovados por outras pessoas. Para advogado não basta dizer que seu cliente concorreu para o crime, mas sim que tudo seja comprovado. Ele encerrou a fala pedindo a absolvição do réu.

Relembre o caso

De acordo com a denúncia do Ministério Público, os acusados Frederico Flores, Adrian Grigorcea, Arlindo Lobo, Renato Mozer, André Bartolomeu, Sidney Beijamin, Luiz Astolfo e Gabriela Costa sequestraram e extorquiram os dois empresários. Eles fizeram saques e transferências de valores das contas das vítimas antes de matá-las.

O grupo assassinou os dois e transportou os corpos no porta-malas do carro de uma das vítimas para a região de Nova Lima, onde foram deixados, parcialmente incendiados.

Consta ainda na denúncia que os empresários estavam envolvidos em estelionato e atividades de contrabando de mercadorias importadas, mantendo em seus nomes várias contas bancárias, de onde eram movimentadas grandes quantias em dinheiro. As atividades deles chegaram ao conhecimento de Flores, um dos acusados, que passou a manifestar o desejo de extorqui-los.

Cientes dos planos de Flores, os demais denunciados participaram e colaboraram com os crimes.

Frederico Flores está preso suspeito de chefiar o bando. Um dia depois do duplo homicídio, os corpos foram localizados queimados em uma mata de Nova Lima, na região metropolitana. As cabeças e os dedos das vítimas continuam desaparecidos.

Flores foi condenado a 39 anos de reclusão por homicídio qualificado, sequestro e cárcere privado. Ele ainda foi condenado por extorsão, destruição e ocultação dos cadáveres e formação de quadrilha. Segundo a acusação, Flores sequestrou, extorquiu e matou os empresários com a ajuda de sete pessoas. Os crimes foram em 10 e 11 abril de 2010, no apartamento alugado por Flores, depois dos acusados fazerem movimentações nas contas das vítimas.

No dia seguinte, de acordo com a acusação, os réus se reuniram para limpar o apartamento. Além de Flores, o ex-policial Renato Mozer foi condenado a 59 anos de reclusão em regime fechado, em dezembro de 2011. O estudante de direito Arlindo Lobo também foi condenado a 44 anos de prisão, em julho de 2013.

Os acusados Sidney Beijamin e Luiz Astolfo estão com júri marcado para o dia 29 de setembro deste ano, e a acusada Gabriela Costa será julgada em 30 de outubro de 2014.





segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Eleições 2014 têm maior número de candidatos religiosos

Matéria publicada no Estadão de 28/09/14:

Cresce número de candidatos religiosos nas eleições

WILSON TOSTA

Quantidade de postulantes à Câmara que associam sua fé ao ‘nome de urna’ aumenta 54% neste ano em relação a quatro anos atrás

O número de candidatos a deputado federal que se apresentam com títulos religiosos - padre, pastor, missionário, bispo e outros - cresceu 54% nas eleições de 2014 em comparação com o pleito de 2010.

Levantamento feito pelo Estado nos registros da Justiça Eleitoral encontrou 108 postulantes à Câmara que buscam votos com “nomes para urna” que fazem menções a crenças religiosas. Em 2010, foram 70. Apenas candidaturas que constam como deferidas pela Justiça foram consideradas para essa comparação.

Em 2014, os postulantes a deputado federal com títulos religiosos são 1,87% dos 5.774 candidatos à Câmara cujas candidaturas foram oficializadas pelo Judiciário. Também é um aumento em relação a 2010, quando essas candidaturas representaram 1,43% dos 4.903 concorrentes. Entre as duas proporções, o aumento foi de 30,7%. Hoje, apenas cinco deputados se apresentam assim. Equivalem a 0,97% dos 513 integrantes da Casa. As bancadas religiosas, porém, são maiores. São integradas por parlamentares sem títulos religiosos.

Dos candidatos com nomes que se referem a religiões em 2014, pouco menos de 2/3 (71 - 65% do total) é formada por pastoras e pastores evangélicos. Nas eleições gerais de 2010, foram 42 postulantes, 60% do total. Os padres são em número muito menor: um nas eleições atuais, contra cinco há 4 anos.

Na campanha atual, há ainda sete bispos e duas bispas (contra três no pleito passado). Também foram encontrados três missionárias e dois missionários em 2014, para, respectivamente, três mulheres e três homens que se apresentaram com esses títulos em 2010.

Por Estado. São Paulo é o Estado com mais candidatos desse tipo: 19, ante 17 em 2010. Em segundo lugar vêm Minas Gerais (15, contra 3 no pleito anterior) e Rio (15, com 8 em 2010). Também houve aumentos expressivos no Maranhão (de 2 em 2010 para 8 este ano) e em Santa Catarina (1 para 5).

Tanto em 2014 como em 2010, as candidaturas com títulos religiosos se concentram em partidos pequenos e têm alguma presença em legendas médias. Na atual campanha, PTC (11 candidatos), PRB (10), PRTB e PRP (cada um com 9) e PDT (7) lideram no número de candidatos com esse perfil. PSDB e PT têm, cada um, uma candidatura desse tipo. Mesmo um partido ideológico como o PSOL tem um concorrente religioso.

Quatro anos atrás, o PRB, com 10 candidatos, liderou nesse quesito. O partido é ligado à Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd).

Depois, vieram PSC (7), PR (6) e PP (5). Legenda média, o PTB aparecia com 6 postulantes religiosos. PSDB e PT tiveram, cada um, dois candidatos.

A situação contrasta com o quadro das Assembleias Legislativas e Câmara Legislativa do Distrito Federal. Nesse universo, as candidaturas com títulos religiosos deferidas pela Justiça caíram de 329 para 305, queda de 7,3%.



domingo, 28 de setembro de 2014

10 sinais para se precaver contra o Alzheimer


Artigo da CNN traduzido e adaptado por Gabriela Mateos para o HypeScience:

10 sinais de que você pode estar com Alzheimer

Milhões de pessoas vivem com Alzheimer, uma doença debilitante que não pode ser evitada, curada ou retardada.

Atualmente, o diagnóstico precoce é melhor arma que uma pessoa pode ter contra a condição. Ele é fundamental para ajudar os pacientes a viverem melhor no dia a dia. Os sintomas podem ser menos severos caso o diagnóstico seja detectado nos primeiros estágios da doença.

“Nossa esperança é que, se pudéssemos identificar os pacientes que estão desenvolvendo a doença no início, teríamos uma oportunidade muito melhor de intervir com tratamentos adequados, e também seria muito mais provável que esses tratamentos fossem eficazes da forma como gostaríamos”, disse o Dr. Keith Black, presidente de neurocirurgia do hospital Cedars-Sinai Medical Center.

Mas, enquanto o diagnóstico precoce permite a intervenção precoce, a maioria dos exames que existem por aí para identificar a doença é ineficaz e sem validade científica geral.

Então, se você suspeitar que um membro da família ou amigo possa estar desenvolvendo a doença de Alzheimer, dê uma olhada nessas 10 sinais de alerta feitos pela Associação de Alzheimer. Esses sinais são confiáveis e elaborados por especialistas. Mas, atenção: eles não são um diagnóstico completo. São um parâmetro para chamar sua atenção de que talvez seja hora de procurar ajuda médica especializada.

1. Alterações de memória que perturbam a vida diária;
2. Dificuldade em lidar ou resolver problemas de planejamento;
3. Dificuldade em completar tarefas em casa, no trabalho ou em momentos de lazer;
4. Confusão com o tempo ou lugar;
5. Dificuldade para entender as imagens visuais e relações espaciais;
6. Problemas com palavras na fala ou escrita;
7. Perder objetos constantemente, e dificuldade de “refazer os passos” para encontrá-los;
8. Diminuição ou falta de bom senso;
9. Afastamento de atividades laborais ou sociais;
10. Alterações de humor e personalidade.

Ao invés de diagnosticar a doença de Alzheimer em casa, a melhor conduta é sempre procurar um médico especialista. Não demore a fazer isso: quanto antes a condição for identificada, mais chances a pessoa terá de viver uma vida melhor e mais lúcida.





sábado, 27 de setembro de 2014

O estranho caso do homem que tem 100 orgasmos por dia

Confira na matéria do Terra abaixo por quê isso não é bom, e tente se contentar com a sua situação, amigo:

Homem tem 100 orgasmos por dia e vida sexual incompleta


Dale Decker e a mulher, April, dormem em camas separadas devido à condição rara 

Experimentar 100 orgasmos por dia pode soar como um presente da vida, mas um homem, morador de Wiconsin, nos Estados Unidos, pode garantir que o ‘dom’ está mais para maldição. Com informações do site do jornal NY Post.


Dale Decker, 37, é um pai de dois filhos que sofre de uma condição incontrolável, conhecida como Síndrome de Excitação Genital Persistente.

Ele sentiu pela primeira vez os sintomas ao deslocar um disco nas costas, tendo que ir com urgência para o hospital.

Inexplicavelmente, ele ejaculou cinco vezes no caminho e, desde então, os orgasmos vêm sendo mantidos. “Imagine estar de joelhos, no funeral do seu pai ao lado de seu caixão, dando adeus a ele, e então você tem nove orgasmos ali mesmo, enquanto sua família inteira está em pé atrás de você", disse. “Isso faz com que você nunca mais queira ter um orgasmo”, acrescentou.

Ele conta que não é prazeroso, porque embora seja fisicamente bom, ele se sente revoltado com o que está acontecendo. Os episódios fazem com que tanto ele, quanto sua família, fiquem em uma situação desconfortável.

Dale tem medo de sair de casa porque, evidentemente, nenhum lugar é seguro para suas ejaculações excessivas. “Se você está em público, está em frente de crianças”, observa.

Decker percebeu que sua mulher, April, 33, e os dois filhos, são os únicos que entendem seus problemas pélvicos.

Mas o que mais dói para a mulher é que embora o seu parceiro sofra de orgasmos infinitos, ele é incapaz de satisfazê-la na cama. “Como ele às vezes tem episódios à noite, tomamos a decisão de dormir em camas separadas.”

Ele conta que às vezes o sexo entre os dois acontece, mas é frustrante para ambos porque a condição não permite que ele termine a relação da maneira mais adequada. “Já tentei ler a respeito, fui a médicos, mas ninguém me ajudou. Não sei o que vou fazer. Apenas quero minha vida de volta”, lamentou.

A ginecologista Dena Harris afirma que Decker realmente precisa de ajuda para que o caso não piore. “Ficar excitado pode ser uma coisa maravilhosa, mas isso não é como a excitação, não é nem mesmo sexual. Isto é um espasmo horrível e pode ser tremendamente dolorido. O suicídio é sempre uma preocupação quando as pessoas sofrem desta condição – eles sentem que não têm outra forma de escapar disso”, alertou.



sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Candidato do capeta se alia a Aécio, Alckmin e Serra


Ah, galera, é sexta-feira, poxa!

Se os caras conseguem se candidatar, por que a gente não pode ao menos rir um pouco, vai?



Atualização de 09/10/14:

Toninho do Diabo teve 919 votos nas eleições de 2014,
ficando em 667º lugar na lista dos candidatos mais
votados ao cargo de deputado federal por São Paulo.



quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Curral eleitoral evangélico continua com a porteira fechada

Caricatura de Zel Humor

É o que informa o Terra:

Culto vira comício e igreja faz até "pesquisa eleitoral"

Pastor da Assembleia de Deus pede que fiéis repitam várias vezes nome do candidato Guilherme Sartori, sem dizer que ele disputa eleição; culto também tem santinho e enquete de intenção de voto

Débora Melo

Já passa das 17h45, e o Culto da Família começa em mais um domingo na Assembleia de Deus do Brás - Ministério Madureira (ADBrás), na zona leste de São Paulo. Do lado de fora, muita gente ainda chegando: homens, mulheres, idosos, crianças. Depois de subir as escadas, já dentro do templo, uma obreira faz um sinal com a mão e diz: “Posso fazer uma pesquisa com você? Em quem você vai votar?”, pergunta, exibindo um formulário onde o fiel pode indicar suas escolhas para senador, deputado federal e deputado estadual. “É só para a gente saber como está o desempenho do pastor aqui da casa”, explica a mulher à reportagem.

O candidato a quem ela se refere é o pastor Cezinha (Cezar Freire), que concorre a uma vaga de deputado estadual pelo DEM. Dentro da igreja, os cerca de 5 mil assentos vão ficando ocupados. Nas cadeiras vazias, junto aos envelopes de “dízimo” e "oferta", os fiéis encontram uma espécie de cartão-postal do presidente da ADBrás, pastor Samuel Ferreira, sorridente ao lado de sua mulher, pastora Keila Ferreira. No verso, uma mensagem sobre “um momento muito importante, as eleições”: “O Cezar hoje é projeto de Deus e de nossa comunidade e precisamos dele na Assembleia Legislativa de São Paulo”, diz o texto, que continua com uma mensagem de “vote”, seguida do nome e do número do candidato.

Além de Cezinha, o santinho pede votos para o deputado federal Jorge Tadeu, também do DEM, que concorre à reeleição. “Apresento-lhe também nosso irmão Jorge Tadeu, para deputado federal. Com ele em Brasília teremos a certeza da defesa e luta pelos nossos ideais”. E então o fiel é informado sobre o número do candidato na urna, não sem antes receber uma nova mensagem do pastor Ferreira: “Peço a você que nos ajude agora com seu voto e sua influência junto aos seus familiares, amigos e conhecidos para conseguirmos mais votos” (veja reprodução do cartão no final da matéria).

A legislação eleitoral proíbe “a veiculação de propaganda de qualquer natureza” em “bens de uso comum” (estádios de futebol, bares, restaurantes, cinemas e igrejas, por exemplo), e o desrespeito à lei pode gerar multa de R$ 2 mil a R$ 8 mil. Para especialistas em direito eleitoral, o material assinado pelo pastor Ferreira configura propaganda irregular.

“O pastor não pode colocar a igreja a serviço da campanha eleitoral de ninguém. Quem está sujeito à multa, neste caso, é o pastor. Se ficar comprovado que os candidatos tinham conhecimento, todos devem pagar”, diz o advogado Arthur Rollo. “Além disso, vão para o inferno”, brinca.

Quanto à pesquisa de intenção de voto, o advogado Guilherme Gonçalves afirma que, como se trata de um “levantamento informal”, não há problema do ponto de vista legal. Já o advogado Arthur Rollo sustenta que a enquete é “uma forma de tutelar o voto do fiel”. “Não é o tipo de conduta saudável à democracia. É como se fizesse lavagem cerebral e quisesse ver se a lavagem cerebral está surtindo efeito”, afirma.

Comício velado

Por volta das 19h, o pastor Samuel Ferreira, que conduz o Culto da Família, diz aos fiéis que quer apresentar “um cara muito simpático, de uma família tradicional, filho de um desembargador do Tribunal de Justiça, que ajuda a igreja em momentos de dificuldade”, e então convida Guilherme Sartori para se juntar a ele. O jovem se levanta de uma cadeira no próprio palco, onde estava sentado com a noiva e a mãe, e ouve com atenção tudo de bom que o pastor tem a dizer a respeito dele e de sua família.

Feito o discurso, o pastor pede para que os presentes agradeçam e orem pela família do desembargador e convida os fiéis a repetirem “Família Sartori”. Depois, conclama o rebanho a gritar em uníssono: “Guilherme Sartori”. Obedientes, os fiéis repetem o nome de Guilherme várias vezes, com os braços erguidos.

“Quem é esse rapaz?”, pergunta a reportagem para uma fiel que repetia o nome de Sartori. “Não sei direito. Filho de juiz, né?” Em um acesso rápido ao Google, a explicação: Guilherme Sartori é candidato a deputado federal pelo PTB.

Em nenhum momento o pastor Ferreira ou o próprio Sartori contaram aos fiéis que quem estava ali era um candidato. Depois de ser apresentado pelo pastor, Sartori afirma, em discurso, que se coloca à disposição da igreja e dos fiéis porque "quando a gente está na Justiça a gente ajuda a família brasileira"

Dias depois, em entrevista por telefone, Sartori disse que ver os fiéis repetindo seu nome não lhe causa constrangimento algum. “Constrangimento por quê? Ele (pastor) é meu amigo, fui apresentado como amigo. Sou uma pessoa boa, que quer ajudar as pessoas, ajudar o País. Não tem constrangimento nenhum”, declara. “Não pedi voto, não fiz panfletagem. Isso é antiético, não se pode fazer isso (na igreja)”, continua, para então admitir o objetivo eleitoreiro da visita. “Como eu sou jovem, tenho que ir (ao culto) para fazer o meu nome ser conhecido. A gente é muito ético. Fica difícil concorrer com esses candidatos que têm muito dinheiro", encerra Sartori.



quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Inédito: Vaticano prende bispo acusado de pedofilia

Papa Francisco não varreu sujeira de Wesolowski para debaixo do tapete

Józef Wesołowski foi consagrado bispo de Sléibhte (Polônia) em 2000 pelo papa João Paulo II, que, em 1972, quando ainda era o cardeal Karol Wojtyła, o havia ordenado padre.

Sobre Wesołowski pesam acusações de pedofilia quando foi núncio apostólico do Vaticano na República Dominicana, de 2008 a 2013. 

Ele já havia sido laicizado (retirado de suas funções sacerdotais pelo processo canônico próprio) em junho de 2014.

A matéria é da BBC Brasil:

Papa ordena 1ª prisão dentro do Vaticano de acusado de pedofilia

O papa Francisco ordenou pessoalmente nesta terça-feira a detenção de um ex-arcebispo e ex-embaixador da Santa Sé acusado de pedofilia, no primeiro caso de prisão no Vaticano de alguém suspeito de cometer esse crime.

O polonês Jozef Wesolowski, de 66 anos, foi representante diplomático da Igreja Católica (núncio) na República Dominicana de 2008 a 2013.

Ele havia sido chamado de volta ao Vaticano no ano passado, após terem surgido acusações na mídia do país caribenho de que ele teria cometido abuso sexual de crianças. Em junho deste ano, Wesolowski foi destituído do cargo de arcebispo por um tribunal do Vaticano. Desde então, ele vivia dentro de um convento na cidade-estado. Segundo um porta-voz da Santa Sé, Wesolowski está sendo mantido em prisão domiciliar no mesmo local devido à fragilidade de sua saúde.

Fato inédito

É a primeira vez que um prelado do alto escalão da Igreja Católica é preso dentro do Vaticano.

Em Roma, ele aguardava o julgamento de sua solicitação de imunidade diplomática por parte da Justiça dominicana e da Polônia, onde nasceu.

O arcebispo deve ir a julgamento no fim deste ano também em um tribunal do próprio Vaticano.

De acordo com o porta-voz papal, o padre italiano Federico Lombardi, o papa Francisco ordenou pessoalmente a prisão do prelado para que as acusações graves possam ser examinadas sem atraso.

Desde que foi escolhido para chefiar a Santa Sé, no ano passado, o pontífice argentino vem tentando estabelecer como uma das marcas de sua administração o combate às denúncias de pedofilia dentro da Igreja Católica.



terça-feira, 23 de setembro de 2014

Briga familiar e religiosa em supermercado gera danos morais, decide o TJSC

Os nomes dos envolvidos (bem como da comunidade religiosa que frequentam) não aparecem na informação do Tribunal de Justiça de Santa Catarina reproduzida abaixo, mas uma consulta mais aprofundada indica que são de procedência árabe:

Pai e filho deverão indenizar parente agredido por desavenças político-religiosas

A 1ª Câmara Cível do TJ confirmou sentença da comarca de Lages que condenou pai e filho a indenizarem moralmente um parente, em R$ 50 mil, por agredi-lo verbal e fisicamente no interior de um supermercado local. A agressão teria começado após uma tentativa dos réus em forçar conversa com o autor, que estava acompanhado da sua esposa. A dupla cercou e impediu a vítima de sair do estabelecimento.

Segundo consta nos autos, a briga teve por origem uma desavença familiar em relação à presidência da comunidade religiosa que todos integravam. Além das testemunhas, fotos juntadas aos autos comprovaram a agressão. A atitude dos réus, analisou o desembargador Domingos Paludo, relator da matéria, demonstrou que sua intenção foi claramente de vingança, após indignação pela decisão do autor em não cumprimentá-los.

"Trata-se, por evidente, de atos impensados, motivados pelo ímpeto, mas que poderiam facilmente ser contornados. Agredir alguém, verbal e fisicamente, num local público, da forma como aconteceu, configura ato ilícito e desmotivado, simplesmente porque não há o que justifique esse comportamento. O dano moral, portanto, está plenamente configurado", arrematou o desembargador Paludo. A decisão foi unânime (Apelação Cível n. 2013.083221-8).



segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O estranho caso das ninjas mórmons


Ah, Utah! Utah! com seus lindos desertos e montanhas, e aqueles motoristas mórmons doidos para ultrapassar o limite de 80 milhas/hora na I-15.

Ah, Salt Lake City, linda cidade com seu majestoso templo, sede mundial da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, também conhecidos como mórmons.

É cada coisa que acontece por ali...

A esquisitice da vez, verdadeira mesmo (devemos adiantar porque é difícil acreditar), aconteceu esta semana em West Jordan, região sul da área metropolitana de Salt Lake City, onde duas mulheres vestidas como ninjas invadiram uma casa para sequestrar uma garota de 15 anos, quando foram rendidas por um homem com uma espada samurai.

Todos mórmons!

A referência à religião não é gratuita ou jocosa, já que quase todo mundo nas redondezas é mórmon, mas necessária para se tentar entender o que aconteceu, algo que as próprias autoridades policiais locais estão tendo dificuldade em fazer.

As informações ainda não estão claras, mas, ao que tudo indica, as duas ninjas, que teriam 18 e 22 anos de idade, seriam esposas de um mórmon polígamo que está sendo acusado de abuso sexual da garota de 15 anos de idade que estava dentro da casa, e que nos próximos dias testemunhará em juízo contra o estuprador, que se encontra preso.

Tanto a família da adolescente como a polícia acreditam que as ninjas mórmons queriam sequestrá-la para evitar que ela depusesse contra o "marido" de ambas na Justiça.

As informações dão conta, ainda, que um dos homens que residem na casa atacada conseguiu subjugar as duas ninjas com o auxílio de uma espada samurai.

Essa misteriosa conjunção de ninjas invasoras esposas de polígamo com um espadachim samurai em território mórmon ocorreu na última sexta-feira, 19 de setembro de 2014, por volta das 4 horas da manhã.

Talvez alguns mórmons tiveram a ideia de montar a sua própria League of Legends, não é mesmo?

A propósito, as ninjas mórmons estão devidamente encarceradas.

Ah, Utah! Utah!

Apesar do insólito caso, não há como ficar com uma má imagem do Estado de Utah.

Por uma simples razão: é impossível não ficar boquiaberto com as suas muitas belezas naturais, como esta linda vista do Monument Valley na fronteira com o Arizona, que tive o prazer de fotografar:



Fontes: The Guardian e Fox News 13



domingo, 21 de setembro de 2014

De Stonehenge à pré-história de Israel


Duas notícias recentes que deixaram o mundo arqueológico de boca aberta, ambas publicadas na versão brasileira do El País (link para a primeira matéria aqui, e para a segunda aqui):

Novos monumentos de Stonehenge são revelados com sondagens avançadas

Estruturas de rituais desconhecidas até agora emergem ao se realizar um mapa digital detalhado do famoso sítio arqueológico pré-histórico no Reino Unido

ALICIA RIVERA

O mítico conjunto monumental de Stonehenge, na Inglaterra, é muito mais do que se conhece, do que se vê. Uma equipe científica realizou, com técnicas avançadas de prospecção não invasivas, um mapa detalhado da área e descobriu numerosas novas estruturas, abrindo o caminho para descobrir mais sobre o lugar e sua evolução de mais de 11.000 anos. Emergiram 17 monumentos rituais até agora desconhecidos do período em que o famoso conjunto de blocos de pedra adquiriu sua forma; dezenas de sepultamentos foram cartografados com detalhe, incluindo um grande túmulo com uma estrutura de madeira que era provavelmente utilizada para sepultamentos rituais dos mortos após um complicado processamento dos cadáveres, expondo-os e descarnando-os antes de serem cobertos formando um monte funerário, explicam os pesquisadores da Universidade de Birmingham, que lideram o projeto Entornos Ocultos de Stonehenge, junto com especialistas do Instituto Ludwig Boltzmann de Prospecção Arqueológica e Arqueologia Virtual (Alemanha).

O projeto, dizem os cientistas, "transformará nosso conhecimento deste entorno icônico". Além das estruturas até agora desconhecidas, o mapa digital revelou informação inesperada sobre os monumentos já conhecidos. O círculo Durrington, a pouca distância de Stonehenge, é um imenso monumento ritual, "provavelmente o maior deste tipo no mundo", enfatizam os especialistas de Birmingham, tem uma circunferência de mais de um quilômetro e meio. E as novas sondagens revelaram uma fase primitiva na qual estava ladeado por uma fileira de até 60 enormes postes ou pedras, talvez de até três metros de altura. E alguns podem ainda está lá, sugerem os arqueólogos.

Situado a 15 quilômetros ao norte de Salisbury (Inglaterra), a parte mais famosa do complexo de Stonehenge é formada por circunferências concêntricas de grandes blocos de pedra, de aproximadamente 4.500 anos, do final do neolítico, explica o English Heritage. O eixo principal está alinhado com o eixo solsticial, de maneira que o Sol sai e se põe em pontos concretos do monumento no solstício de verão e no de inverno. "No ciclo das estações, esses dias do ano eram obviamente importantes para o povo pré-histórico que construiu e utilizou Stonehenge", acrescenta o English Heritage.

No mapa digital aparecem novos tipos de monumentos como enormes fossos pré-históricos, alguns dos quais parecem ter alinhamento astronômico. Também foram recolhidos com grande detalhe dados de centenas de sepultamentos da idade do Bronze, a idade do Ferro, e de assentamentos romanos. "Ainda que Stonehenge seja o monumento pré-histórico mais icônico e ocupe um dos sítios arqueológicos mais ricos do mundo, grande parte de seu entorno segue sendo terra desconhecida" comenta o líder britânico do projeto, Vincent Gaffney. "Este projeto revelou que a área que rodeia Stonehenge está cheia de sítios arqueológicos até hoje desconhecidos", acrescenta. O trabalho realizado até agora será apresentado em uma grande série de documentos da BBC Two intitulada Operação Stonehenge.

"O desenvolvimento de métodos não evasivos para documentar nossa herança cultural é um dos grandes desafios de nosso tempo e só pode ser feito adaptando a tecnologia de ponta como georadares e magnetômetros de alta resolução", acrescenta Wolfgang Neubauer, diretor do instituto alemão.





Descoberto em Israel um monumento de pedra mais antigo que o Stonehenge

A pesquisa de um estudante de doutorado revela uma estrutura com 5.000 anos

CARMEN RENGEL

Rujum En Nabi Shuaayb era até agora um promontório de pedras perto do Mar da Galileia, em Israel, que muitos acreditavam ser remanescente de uma muralha centenária. Agora, graças à pesquisa do estudante de doutorado Ido Wachtel, da Universidade Hebraica de Jerusalém (HUJI), foi descoberto que essa enorme estrutura em forma de meia-lua é na realidade um monumento completo, com 5.000 anos. É possível que seja mais antigo que o complexo megalítico de Stonehenge, no Reino Unido, e que as pirâmides do Egito, que datam do ano 2.600 antes de Cristo, aproximadamente.

Conforme Wachtel expôs no Congresso Internacional de Arqueologia no Antigo Oriente Médio, neste verão, e revela na revista Live Science, a estrutura fica a 13 quilômetros do lago Tiberíades, perto da fronteira entre Israel e o território palestino da Cisjordânia. Tem 14.000 metros cúbicos de volume, com uma base de 150 metros de cumprimento por 20 metros de largura e uma altura de até sete metros. “Maior que um campo de futebol americano”, explica a revista. Nas proximidades, foram encontrados restos de cerâmica elaborada entre 3050 e 2650 a. C., que ajudaram a datar a descoberta.

O doutorando explicou em sua palestra que pode se tratar de “um marco destacado na paisagem natural, que serve para sinalizar a posse da terra” ou para “fazer valer a autoridade e os direitos sobre os recursos naturais” por parte de um determinado povo. Mas também pode ser um monumento religioso, erguido em homenagem ao deus Sin da antiga Mesopotâmia, cujo símbolo era uma meia-lua como a que essas pedras formam.

A 29 quilômetros do local da construção também foi encontrado, na era contemporânea, o povoado de Bet Yerah, literalmente “a casa do Deus da Lua”, conhecido pelo culto a essa divindade oriental, já bastante documentada. O pesquisador acredita que o imenso muro tenha também “ajudado” a marcar as fronteiras daquele vilarejo e seus domínios, já que a meia-lua se destaca claramente na paisagem. Mas ele descarta que se trate de uma fortificação comum, por causa de sua distância em relação ao núcleo urbano, habitado.

Os cálculos do especialista indicam que foram necessários entre 5.000 e 35.000 dias de trabalho para levantar a estrutura, com cerca de 200 operários em dedicação exclusiva durante cinco meses, um prazo que, segundo ele, deve ter se prorrogado por muito tempo, já que os construtores deviam ser os próprios agricultores da região, que não podiam tirar as mãos por muito tempo da terra que provia seu sustento.

O Departamento de Antiguidades do Governo de Israel lembra que a área onde está o Rujum En Nabi Shuaayb – também conhecida como Túmulo de Jetro, em homenagem a um antigo líder druso da região – é praticamente um corredor de restos megalíticos até as Colinas de Golã, onde foram encontrados conjuntos de pilastras e círculos possivelmente ainda mais antigos.



sábado, 20 de setembro de 2014

Culpa pela morte do filho de Menem continua intrigando argentinos 19 anos depois

Querida Argentina, ah, melancólica Argentina e sua estranha mania de revirar os esqueletos do seu passado, conforme noticia o Estadão:

Ex-mulher de Carlos Menem diz que corpo do filho foi profanado

ARIEL PALACIOS

Segundo a mãe, legistas atestaram que o corpo foi mexido e alguns ossos, trocados

BUENOS AIRES - A ex-primeira-dama argentina Zulema Yoma, ex-mulher do ex-presidente Carlos Menem (1989-99), comunicou na terça-feira por intermédio de seus advogados que o cadáver de seu filho, Carlos Menem Junior, foi profanado no cemitério islâmico do município de San Justo, na Grande Buenos Aires, onde foi enterrado em 1996.

Segundo Zulema, os médicos legistas que contratou consideram que o corpo teria sido manipulado, já que - em comparação com os exames da autópsia, de 19 anos atrás - alguns ossos dos restos mortais de seu filho foram trocados, entre eles o crânio e uma perna. A denúncia também indica que existem diferenças nas arcadas dentárias.

Além disso, uma das pernas aparece com um gesso, algo que Carlos Junior não tinha no momento do acidente. Desde 1996 Zulema periodicamente realiza declarações afirmando que seu filho não morreu em um acidente - tal como sustenta a versão oficial - mas sim em um "atentado". Nos primeiros anos a Justiça e a mídia minimizavam suas declarações. No entanto, com o decorrer do tempo e com o surgimento de indícios estranhos, a teoria de um suposto assassinato do filho presidencial começou a ser encarada com seriedade.

Carlos Menem Junior - que na época do acidente Carlos Junior era secretário de seu pai e tinha vida de playboy - morreu no dia 15 de março de 1995, quando seu pai estava em plena campanha para a reeleição presidencial. O jovem, que pilotava um helicóptero que espatifou-se na estrada entre as cidades de Zárate e Buenos Aires, morreu no hospital.

Meses atrás Menem declarou no tribunal que a morte de seu filho havia sido "um atentado". No entanto, o ex-presidente não forneceu na ocasião maiores detalhes sobre o assunto. Na próxima terça-feira Menem comparecerá novamente nos tribunais para falar sobre o assunto.

Durante anos Zulema acusou o ex-marido de fazer um pacto de silêncio que manteria a suposta impunidade dos virtuais mandantes da morte. Em maio passado, a ex-amante do traficante colombiano Pablo Escobar, Virginia Vallejo, declarou em entrevista que por trás da morte do filho presidencial existiam atividades de lavagem de dinheiro.

A morte do filho do presidente gerou diversas teorias, entre elas, a de uma suposta vingança de narcotraficantes que teriam atirado no helicóptero. Outra teoria indicava que havia sido uma vingança do governo da Síria, pois Menem havia prometido transferência de tecnologia do argentino míssil Cóndor, que nunca cumpriu. Todas estas teorias sustentam que Menem saberia quem teria assassinado seu filho, mas que, por motivos obscuros, o ex-presidente, atualmente com 84 anos, nada disse ao longo destes anos.

Entre 1996 e 1997 diversos peritos verificaram que os restos da fuselagem do helicóptero acidentado, guardados em um galpão da Polícia Federal, exibiam sinais de marcas de bala. Mas, antes da perícia concluir, esses restos desapareceram misteriosamente. Entre os pontos misteriosos dessa morte está o desaparecimento de uma valise com US$ 30 mil que levava no aparelho.

Para entender. Diversas testemunhas do acidente morreram de formas misteriosas: Epifanio Siri, caseiro da propriedade onde o helicóptero caiu, morreu pouco depois de prestar depoimento, atropelado por um caminhão. Antonio Trotta, que estava no lugar do acidente, declarou que no aparelho também havia uma mulher loira que desapareceu. Trotta, que afirmava que sabia quem havia escondido os US$ 30 mil sumidos, foi baleado pela polícia.

Outra testemunha, Carlos Santander, que afirmava que havia filmado o acidente, morreu no meio de um tiroteio. Miguel Luckow, investigador que analisou o helicóptero foi assassinado na porta de casa. Segundo a polícia, foi um assalto, mas sua carteira permaneceu intacta no bolso.

Héctor Bassino, o primeiro delegado a chegar ao lugar da queda foi metralhado na rua. Outra vítima fatal foi Eduardo Manchini, perito em balística que analisou a possibilidade de atentado, baleado na cabeça. Manchini ficou em estado vegetativo.



sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O misticismo pobretão de Eike Batista


Toda vez em que a palavra "misticismo" aparece, é inevitável recordar o poema abaixo, de Fernando Pessoa no seu heterônimo Alberto Caeiro:

Se quiserem que eu tenha um misticismo, está bem, tenho-o.
Sou místico, mas só com o corpo.
A minha alma é simples e não pensa.
O meu misticismo é não querer saber.
É viver e não pensar nisso.
Não sei o que é a Natureza: canto-a.
Vivo no cimo dum outeiro
Numa casa caiada e sozinha,
E essa é a minha definição.

("O Guardador de Rebanhos - Poema XXX")

O misticismo da riqueza poética de Fernando Pessoa é particular, inofensivo, exclusivo, e não tem potencial para prejudicar ninguém.

O problema surge quando um líder místico influencia as vidas de milhares (talvez milhões) de outras pessoas.

Toda pessoa que tem contato com o processo decisório das grandes empresas, sempre se depara com situações pra lá de esquisitas que não justificam o aparente sucesso deste ou daquele executivo.

É de estarrecer quando se descobre que tipo de "consultores", pessoas e superstições são seguidas por megaempresários e CEO's de "sucesso" incensados pelas publicações especializadas.

Isto fica bem claro na análise que o Diário do Centro do Mundo fez da entrevista de Eike Batista à Folha de S. Paulo.

Confira:

Será que Deus vai ajudar Eike?

Depois de um ano sem dar entrevistas, Eike resolveu falar.

Na entrevista à Folha, o ex-bilionário revela que hoje seu patrimônio é negativo. Deve 1 bilhão de reais.

O que não significa que sua família esteja na miséria.

Ao ver que o barco afundava, Eike rapidamente transferiu parte de seu patrimônio para os filhos.

O caçula é um bebê, e os dois primeiros, jovens que se orgulham de nunca ter lido um livro na vida.

Numa moldura clara e simples, a família Batista é aquilo que se vê.

Exposta em diagnóstico, revela os absurdos pornográficos de um capitalismo sem limites, a formar idiotas bilionários.

“Reis do camarote” à procura de Panicats, músculos e áreas VIPs.

Eike se tornou ídolo de muita gente, que via nele um espelho. Os mesmos fãs que hoje satirizam a sua queda espetacular.

É nas dificuldades que descobrimos os amigos verdadeiros e Eike tinha bem poucos.

A inflação do ego produz um campo magnético muito poderoso a afastar qualquer relação verdadeira.

Mas com dinheiro você ao menos casa com a capa da Playboy e cria dois filhos na ignorância.

O sonho egoísta de Eike era ser o homem mais rico do mundo, e não que esse mundo fosse um lugar melhor.

Hoje torce – ou como diz na entrevista, espera que Deus o ajude – para que suba o preço dos minérios e ele volte a enriquecer.

“Nasci como um jovem de classe média e você voltar para isso é um negócio para mim, sabe, é óbvio que é um baque gigantesco na família”, disse à Folha.

É bastante religioso, supersticioso ou esotérico.

Exige que seus contratos contenham o número 63, não toma decisões antes de consultar seu mapa astral e reza para que Deus aumente o preço dos minérios.

Uma visão estratégica que fez dele expoente da elite dos camarotes. Que o levou ao fundo do poço sem petróleo.

Perto da iniciativa privada de Eike, as estatais parecem muito melhores do que alguns gostariam.

Mas Eike já é um espelho quebrado e falido.

É seu “azar” que agora serve de exemplo.



quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Educando crianças na era do excesso de informação

Artigo publicado no Brasil Post:

É possível salvar as crianças do chorume da internet?

Madeleine Lacsko

Eu tive a sorte de ser da última geração que atravessou a adolescência e a fase de adulto jovem sem redes sociais na internet. Não que as coisas fossem mais fáceis, eram mais difíceis mesmo. Quando a internet começou, a gente encontrava as pessoas e trocava endereços de emails no papelzinho para perder em seguida. Ficávamos dias na fila do Fotolog para criar uma conta que só se podia ver do computador de casa e postar uma foto por dia.

Não creio, sinceramente, que fôssemos muito diferentes do que se vê hoje, molecada é basicamente molecada em qualquer tempo e lugar. A diferença é que os escorregões ficam documentados e a falsa impressão de distância dá coragem para as pessoas revelarem seu pior, algo a que é difícil se acostumar.

Em época de campanha política a gente vê a tendência de utilizar o ódio como instrumento de argumentação e a lógica binária como regente do mundo: se não é rigorosamente a favor de algo, faz alguma ponderação, logo é contra e inimigo mortal. Aliás, pouco importa o que a pessoa disse de verdade, vale o enquadramento nessa lógica de clássico de futebol.

A falta de tempo ou o excesso de necessidade de opinar sobre tudo fazem com que o estilo de argumento mais rasteiro vire regra. Não gostou de algo, basicamente não gostou dos primeiros 50 caracteres de algo, desqualifica a pessoa. Mas isso é pouco para a internet, desqualifica também a família dela, todos os descendentes, todos os ancestrais, o vizinho, o cachorro, o papagaio.

Tem também as duas ferramentas clássicas do discurso que não leva a outro lugar senão a ofensa. A pessoa discorda sem ler (às vezes até concorda mas não leu tudo) e diz que o autor do texto só faz tal afirmação porque isso não é com a família dele e, em seguida dispara o clássico: e se fosse com a sua mãe/pai/irmão/filho/gato/periquito? A outra é a ressalva para falar as maiores barbaridades, o tal do "eu não tenho preconceito porque até tenho vários amigos que são (qualquer coisa), mas..." O tal do mas é fatal.

A substituição de premissas, anulando ou generalizando fatos, estratégia de discurso que cria uma realidade paralela, virou lugar comum. Por exemplo, quando eu estava em Angola, me mandaram um vídeo de uma - uminha mesmo, só uma - moradora de Higienópolis criticando o metrô porque traria "gente diferenciada" ao bairro dela. Esses dias li no jornal que "os moradores de Higienópolis" fizeram isso, o bairro todo. As pessoas parecem aceitar como real.

São apenas constatações, armadilhas nas quais eu própria caí, mas minha reflexão é que, quando chega a nós a grande oportunidade de ter mais comunicação, constatamos que nos comunicamos menos. O preconceito, o ódio e o medo do diferente talvez neste momento se mostrem de maneira mais exuberante que a infinita possibilidade de conhecer diferentes pontos de vista e aprender com eles.

Vez ou outra surge por aí a notícia de que alguém importante proíbe os filhos de ver televisão, usar internet, ter redes sociais. Dependendo do caso, pode haver razão ou não. Eu fiz a opção de regras rígidas em casa, mas não tenho vocação para a proibição total dessas coisas que fazem parte do nosso tempo, são ferramentas comuns a todos.

Penso muito que chegará o momento em que o acesso pleno a todas essas maravilhas que a tecnologia nos deu será inevitável. E aí vem a minha dúvida: como ajudar uma criança que nasceu num mundo que já tem tudo isso a utilizar da melhor maneira possível? A verdade é que nós, adultos, não fazemos isso e o que há de pior na alma humana é despejado nas nossas timelines, das quais nos alimentamos diariamente.

Talvez a geração deles seja diferente da nossa. Outro dia expliquei ao meu filho de 3 anos que, quando eu era criança, a gente precisava ficar esperando o desenho passar na televisão, não podia colocar o desenho que quer na hora que quer. Também contei como era a coisa de tirar e revelar fotos e que não tinha celular, não podia mandar mensagem nem foto pelo telefone. Ele me olhou com pena: "coitadinha de você, mamãe, me dá um abraço."

Pode ser que essa coisa de enfiar os pés pelas mãos seja porque ficamos plugados o tempo todo mas a nossa cabeça ainda é aquela de quem faz caderno de perguntas, joga stop, grita com uma televisão que não responde de volta e tem a sensação de que pode se perder no mundo sem deixar rastro.

Proibir uma criança de ter acesso a isso ou aquilo é necessário em muitos momentos, mas é comodismo pensar que seria a única ferramenta ou a mais eficiente para livrar uma alma da contaminação do chorume de debate que tenta nos inundar diariamente. Talvez esse seja um daqueles momentos em que a única solução é a gente tomar jeito.



LinkWithin

Related Posts with Thumbnails