"A Festa de Babette" ("Babettes gæstebud") é um filme dinamarquês de 1987, dirigido por Gabriel Axel, que alcançou reconhecimento internacional, ganhando prêmios em todos os festivais importantes, inclusive o Oscar de melhor filme estrangeiro. Na época, eu não assisti. Só depois de ler o livro "Maravilhosa Graça", de Philip Yancey, em que ele dedica todo o primeiro capítulo ao filme, é que eu fui conferi-lo. Conta a história de uma mulher francesa, Babette, que perde tudo na guerra civil francesa (inclusive a família) e vai parar numa aldeia à beira-mar na Dinamarca, onde é recebida por duas irmãs já idosas, filhas de um pastor que havia fundado uma espécie de seita luterana, e o tempo havia passado e a aldeia estava reduzida a alguns velhinhos que ainda viviam das lembranças do finado reverendo (e dos intragáveis arenques secados ao sol). Babette se refugia com as duas irmãs e trabalha para elas como empregada doméstica em troca do abrigo, sem nada reclamar. Após 14 anos ali, ela recebe a notícia de que ganhara um prêmio na loteria francesa, mediante um bilhete que seu sobrinho renovava anualmente, e, como o mundo que lhe restara (e no qual ela se sentia feliz) era o da pequena aldeia, resolveu gastar os 10.000 francos num jantar francês que quebra a ditadura do arenque e a monotonia dos sabores e das vidas do lugar, inclusive com a visita do General Loewenhielm, que no passado havia cortejado uma das irmãs, mas preferira seguir outro caminho. O jantar (a festa) que Babette lhes prepara - também para comemorar o centenário do nascimento do pastor - é um evento libertador, não só dos gostos e aromas, mas também dos sonhos reprimidos por tanto tempo, e o discurso do General sobre a graça de Deus é um dos momentos mais belos da história do cinema. Uma verdadeira pregação sobre a graça de Deus e sobre a simplicidade e beleza da vida. O filme foi baseado no conto de mesmo nome escrito por Karen Blixen (editado no Brasil em 2006 na coletânia "Anedotas do Destino", pela Cosac Naify), e o discurso do general merece ser registrado como a autora originalmente o escreveu:
A misericórdia e a verdade, meus amigos, encontraram uma à outra. A retidão e a bem-aventurança devem beijar uma à outra. O homem, meus amigos, é frágil e tolo. A todos já nos foi dito que a graça divina encontra-se por todo o universo. Mas em nossa tolice e miopia humanas, imaginamos ser a graça finita. Por esse motivo, trememos. Trememos antes de fazer nossas escolhas na vida e após tê-las feito trememos de medo de ter escolhido errado. Mas eis que chega o momento em que nossos olhos estão abertos e vemos e percebemos que a graça é infinita. A graça, meus amigos, não exige nada de nós senão que a aguardemos com confiança e a reconheçamos com gratidão. A graça, irmãos, não impõe condições e não escolhe nenhum de nós em particular; a graça nos toma a todos em seu seio e proclama anistia geral. Vejam! Aquilo que escolhemos nos é dado e aquilo que recusamos nos é igualmente, e ao mesmo tempo, concedido. Sim, que o que rejeitamos seja copiosamente vertido sobre nós. Pois que a misericórdia e a verdade encontraram uma à outra e a retidão e a bem-aventurança beijaram uma à outra!
Enfim, um grande filme que merece ser visto e revisto por almas cansadas do burburinho do dia-a-dia e das escolhas que fez ou não fez. Pouco antes de ir ao banquete e deliciar-se (e maravilhar-se) com o jantar que lhe foi servido, o general, cansado da vida, dissera-se a si mesmo, como Salomão: "Vaidade de vaidades, tudo é vaidade!". Agora, deparando com os sabores da vida, seu mundo e sua percepção de si mesmo haviam mudado para sempre.
A misericórdia e a verdade, meus amigos, encontraram uma à outra. A retidão e a bem-aventurança devem beijar uma à outra. O homem, meus amigos, é frágil e tolo. A todos já nos foi dito que a graça divina encontra-se por todo o universo. Mas em nossa tolice e miopia humanas, imaginamos ser a graça finita. Por esse motivo, trememos. Trememos antes de fazer nossas escolhas na vida e após tê-las feito trememos de medo de ter escolhido errado. Mas eis que chega o momento em que nossos olhos estão abertos e vemos e percebemos que a graça é infinita. A graça, meus amigos, não exige nada de nós senão que a aguardemos com confiança e a reconheçamos com gratidão. A graça, irmãos, não impõe condições e não escolhe nenhum de nós em particular; a graça nos toma a todos em seu seio e proclama anistia geral. Vejam! Aquilo que escolhemos nos é dado e aquilo que recusamos nos é igualmente, e ao mesmo tempo, concedido. Sim, que o que rejeitamos seja copiosamente vertido sobre nós. Pois que a misericórdia e a verdade encontraram uma à outra e a retidão e a bem-aventurança beijaram uma à outra!
Enfim, um grande filme que merece ser visto e revisto por almas cansadas do burburinho do dia-a-dia e das escolhas que fez ou não fez. Pouco antes de ir ao banquete e deliciar-se (e maravilhar-se) com o jantar que lhe foi servido, o general, cansado da vida, dissera-se a si mesmo, como Salomão: "Vaidade de vaidades, tudo é vaidade!". Agora, deparando com os sabores da vida, seu mundo e sua percepção de si mesmo haviam mudado para sempre.
Gustavo e Hélio,
ResponderExcluirAssisti uma vez o filme A festa de Babette. E fiquei encantado. Desde então tenho procurado uma cópia para mim, sem sucesso. Sabe se é possível encontrá-lo em DVD?
Em Cristo,
Clóvis
Caro Clóvis,
ResponderExcluirSim, é possível encontrá-lo em DVD. No Walmart hoje está saindo por R$ 38,00 até 3x e no Submarino por R$ 35,91 até 7x sem juros.
Abraços!