domingo, 30 de abril de 2017

Adeus, Belchior!

Capa do especial "70 anos de Belchior" publicado pelo jornal O Povo de Fortaleza (CE) em 26/10/16

Poxa, 2017, dá um tempo, vai...

Não é porque 2016 levou tanta gente boa que você pode botar o pé no acelerador da colheitadeira e ceifar tanta gente talentosa como tem feito este ano também, né...

Afinal, nós somos apenas uns rapazes latinoamericanos, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindos do interior.

Tudo é divino, tudo é maravilhoso...


Mal pudemos voar de avião, mas sabíamos que o amor podia vencer qualquer medo, além de nos dar um belo pretexto para segurar na mão da pessoa amada.

Que coisa adolescente, James Dean...


Viver é melhor que sonhar

E eu sei que o amor é uma coisa boa

Mas também sei

Que qualquer canto é menor do que a vida

De qualquer pessoa

Por isso cuidado meu bem

Há perigo na esquina

Eles venceram e o sinal

Está fechado pra nós

Que somos jovens...


Já faz tempo eu vi você na rua

Cabelo ao vento, gente jovem reunida

Na parede da memória esta lembrança

É o quadro que dói mais...

Minha dor é perceber

Que apesar de termos feito tudo o que fizemos

Ainda somos os mesmos e vivemos

Ainda somos os mesmos e vivemos

Como os nossos pais...

Obrigado, Belchior!



Aqueles últimos dias de Berlim em 1945

Soldado soviético hasteia bandeira da URSS no topo do Reichstag em 1945.
Uma imagem que resume o fim de uma era.

O dia 30 de abril de 1945 é tido como o dia em que Adolf Hitler se matou em seu bunker que se situava embaixo da Chancelaria em Berlim, então capital da Alemanha nazista.

Sua visão mórbida do III Reich havia começado em 30 de janeiro de 1933, quando foi alçado à condição de Chanceler.

A partir de então, por mais de 12 anos, um reino de morte, dor e desgraça se instalou no mundo e, para nós que estamos perto da terceira década do terceiro milênio, é particularmente estranho notar que não faz tanto tempo assim.

Apenas 72 anos nos separam das ruínas de Berlim, e sua glória e sua devastação podemos acompanhar em poucos minutos que foram filmados em película colorida de razoável qualidade.

O primeiro vídeo abaixo (8 minutos) foi gravado em 1936, ano em que Berlim sediou as Jogos da XI Olimpíada, e no qual o mundo ainda não estava a par da tragédia à qual seria apresentado - e quase inteiramente destruído - pouco tempo depois.

Uma cidade vibrante pulsava no ritmo dos carros que desfilavam pelo Unter den Linden, seu lindo boulevard, e pela Alexanderplatz.

As pessoas felizes comendo, bebendo e dançando em seus cafés não percebiam as nuvens negras que se aproximavam.


O segundo vídeo abaixo (quase 6 minutos), começa com a última aparição pública de Hitler por ocasião de seu 56º aniversário, quando recebia os cumprimentos da Juventude Hitlerista no que havia sobrado dos jardins da Chancelaria, acima do bunker onde se escondia.

No fim do vídeo se pode observar boa parte dos meninos da Hitlerjugend que se renderiam assustados (mas ainda cheios de ódio) enquanto seu tresloucado Führer esperava que eles defendessem a cidade contra os ataques soviéticos.

Rua após rua, prédio após prédio, soldados soviéticos e alemães lutam pelo que sobrou de Berlim, enquanto civis tentavam se safar, mas todos já sabiam do fim anunciado.

Era só uma questão de tempo.

Em 2 de maio de 1945, Berlim se renderia, e no dia 8 de maio o marechal Wilhelm Keitel assinaria formalmente o termo de rendição.

Keitel seria julgado em Nuremberg e - considerado culpado - foi executado em 16 de outubro de 1946.

Enquanto isso, o grande general soviético Georgy Zhukov inspecionava o que havia sobrado de Berlim.

O general Dwight D. Einsenhower, comandante dos aliados, que em 1953 se tornaria presidente dos Estados Unidos, não aparece no vídeo, mas pessoas próximas a ele e a Zhukov disseram que, se as relações soviético-americanas tivessem sido deixadas a cargo de ambos, a história do mundo seria outra, já que havia verdadeira amizade e muito respeito entre os dois.

Enfim, o vídeo mostra que houve homens e mulheres que honraram e foram dignos do que deles se exigiu naqueles tempos, enquanto a outros foi reservada a lata de lixo da História.


O vídeo abaixo (7 minutos) mostra Berlim já em julho de 1945.

A cidade já estava dividida nos diferentes setores destinados aos vencedores aliados, Estados Unidos, União Soviética, Reino Unido e França, que mais tarde gerariam a divisão entre Alemanha/Berlim Ocidental e Oriental que durou décadas.

Percebe-se que os alemães andavam pelas ruas como quem acabara de sair de um pesadelo, ou de um sonho que pareceu bom por algum tempo, mas - mesmo em meio a tanta desgraça - estavam de certa forma "contentes" por haverem sobrevivido aos horrores da guerra.

Talvez "felicidade" (e seus derivados) fosse uma palavra que eles não estavam mais em condições de utilizar.

Pelo menos, era verão e nos mutirões de reconstrução já era possível observar alguns sorrisos:


Talvez a imagem mais contundente seja a do Berliner Sportpalast, onde outrora ecoavam os discursos demagogos de Hitler e Goebbels e que foi totalmente destruído no fim da guerra.

O vídeo termina com uma panorâmica da Unter den Linden, a avenida principal de Berlim, mostrando que, de alguma maneira, em meio a tantos escombros, ainda havia alguma esperança para a capital alemã.

Na virada de abril para maio de 1945, certamente os berlinenses tinham sentimentos conflitantes. 

De um lado, tudo indicava o extermínio do povo alemão e de sua capital após uma derrota tão fragorosa depois de tanta barbárie e maldade que os nazistas haviam infligido aos povos conquistados.

Por outro lado, talvez alguns poucos alemães tivessem um fio de esperança de reconstruir o seu país, a sua nação e o mundo como um todo.

Entretanto, era urgente sobreviver...

Enfim, Berlim e o mundo não conseguiram voltar ao "normal". Felizmente, porque o "normal" até então era a guerra total, mas lograram estabelecer uma nova ordem que - até hoje - luta para se manter em pé e em paz.




sábado, 29 de abril de 2017

Após vitória de Le Pen em sua cidade, prefeito francês renuncia para não "dedicar sua vida a um bando de imbecis"

A notícia é da Rádio França Internacional:

Prefeito de cidade que votou em Marine Le Pen anuncia demissão

O prefeito socialista da cidade de Annezin, no norte da França, Daniel Delomez, declarou que não iria “dedicar sua vida a um bando de imbecis”.

Annezin é uma pequena cidade de 6000 habitantes situada no norte do país. Neste domingo (23), no primeiro turno da eleição presidencial, 38,09% de sua população votou na representante do partido de extrema-direita Frente Nacional, Marine Le Pen. Uma desilusão difícil de superar para o Daniel Delomez, de 70 anos, prefeito da cidade há nove anos. “É uma catástrofe!”.

Nesta segunda-feira (23),o prefeito admitiu “ que se exasperou”, mas a essência de sua opinião “continuava a mesma”. Ele também disse que o clima de domingo à noite na cidade o incomodou. “Fiquei incomodado com tantas pessoas votando na Frente Nacional”, explicou Delomez.

Extrema-esquerda em segundo lugar

Boa parte da população de Annezin representa o eleitorado padrão de Marine Le Pen, formado por operários de baixa renda e pouca instrução. Na cidade, o candidato da extrema-esquerda, Jean Luc Mélenchon, obteve 19,25% dos votos e o do centro, Emmanuel Macron, 17,29% dos votos. No cômputo geral, a candidata da extrema-direita teve 21,5% dos votos e Macron 23,7%. Esta é a primeira vez na história da França que a extrema-direita obtém esse resultado.



sexta-feira, 28 de abril de 2017

TJSP suspende lei municipal que proibia sacrifício religioso de animais

Adeptos da umbanda e candomblé acompanham o julgamento por telão disponibilizado pelo Tribunal. 

A matéria é do Consultor Jurídico:

TJ-SP fica lotado em julgamento sobre sacrifício religioso de animais

Felipe Luchete

O julgamento de uma lei que proíbe o uso e o sacrifício de animais em rituais ou cultos religiosos em Cotia, no interior paulista, lotou o Salão Nobre do Tribunal de Justiça de São Paulo nesta quarta-feira (26/4).

O espaço, com lugar para cerca de 80 pessoas e que dificilmente supera 20 espectadores em sessões do Órgão Especial, teve as portas fechadas. A corte acabou exibindo a sessão em telão na sala do Tribunal do Júri, quatro andares abaixo. Mas o próprio relator, desembargador Salles Rossi, retirou o processo de pauta.

A maioria dos envolvidos representava grupos de umbanda e candomblé, inclusive de fora de São Paulo, que se organizaram pela internet e por redes sociais contra uma norma em vigor desde setembro do ano passado em Cotia.

A Lei 1.960/2016 fixa multa de R$ 1.504 a toda pessoa física que utilizar, mutilar ou sacrificar animais em locais fechados e abertos, com finalidade “mística, iniciática, esotérica ou religiosa”. Toda pessoa jurídica é obrigada a pagar R$ 752 por animal e perde seu alvará de funcionamento.

Embora a norma seja local, representantes de movimentos entendem que a posição do TJ-SP será relevante como precedente antes que o Supremo Tribunal Federal julgue recurso com tema semelhante (RE 494.601, sobre lei gaúcha que permite o sacrifício, mas é questionada pelo Ministério Público).

Lei suspensa

A pedido de entidades religiosas do município, o Psol moveu ação pedindo que o texto fosse declarado inconstitucional. Uma liminar do relator suspendeu a validade da regra em novembro de 2016, “diante da relevante fundamentação de invasão de competência legislativa exclusiva do chefe do Poder Executivo, assim como de ofensa ao Pacto Federativo e de possível violação à liberdade constitucional do livre exercício dos cultos religiosos”.

O advogado Hédio Silva Júnior, ex-secretário estadual da Justiça, declarou em sustentação oral que a norma também viola leis federais que já tratam de maus tratos contra animais e discrimina religiões ao presumir que todo abate desses seres é errado, enquanto a morte para fins comerciais é sempre considerada legítima.

Depois da suspensão do julgamento, ele afirmou que pela primeira vez representantes do candomblé e da umbanda foram bem recebidos na corte, com vestes características, sem nenhum incidente.

Um desses participantes, Pai Tadeu de Oxossi, afirmou à ConJur que o abate em casas de umbanda e candomblé só é feito por pessoas experientes e que a morte não é em vão, pois todos os animais são consumidos.

ADI 2232470-13.2016.8.26.0000



quinta-feira, 27 de abril de 2017

Filhos adotados por ativista gay recebem batismo católico em Curitiba


O casal Toni Reis e David Harrad e seus filhos Alyson (esquerda), Felipe (centro) e Jéssica (direita),
ao lado do padre Élio, em batizado no domingo, 23 de abril.
Foto: David Harrad/Arquivo Pessoal

Toni Reis é dos mais importantes ativistas dos direitos GBLT no Brasil, que ficou mais conhecido ainda quando participou de um debate com Silas Malafaia por ocasião de audiência pública que discutiu o Estatuto da Família no Congresso Nacional, isso em 25/06/15.

Naquela oportunidade, o gestual hitleriano de Malafaia gerou um meme que viralizou na internet, como observamos aqui na época e você pode rever abaixo.



Toni Reis mora em Curitiba e é casado com David Harrad, com quem adotou 3 filhos que, hoje adolescentes, pediram o batismo católico.

Não deixa de ser interessante o contraste entre a atitude do bispo católico de Curitiba e aquela de Malafaia, conforme você pode ler no artigo abaixo, publicado no Estadão:

Filhos de casal gay são batizados em igreja católica de Curitiba

SARA ABDO

O arquivista da igreja disse que a questão dos pais não infringe o sacramento das crianças

Na manhã do domingo, 23, o padre Élio Dall'Agnol realizou o batizado de três adolescentes, filhos adotivos do casal Toni Reis e David Harrad. Juntos há 27 anos, eles decidiram propor o batizado católico para os filhos e, no último fim de semana, participaram da cerimônia na Catedral Basílica de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, em Curitiba.

Em entrevista ao E+, o professor Toni Reis contou que o casal foi em quatro igrejas da capital paranaense e só ouvia não, fosse pela religião anglicana de David, fosse pela agenda, fosse por questões burocráticas. Quando falou com o Arcebispo Metropolitano de Curitiba, Dom José Antonio Peruzzo, Reis recebeu um sim imediatamente. O bispo autorizou o batismo e pediu para padre Élio realizar o sacramento de Alyson, de 16 anos, Jéssica, de 14 anos e Filipe, de 12 anos.

"Foi uma cerimônia muito emocionante", disse Toni, que é uma das lideranças da causa LGBT. Criado sob as concepções da igreja católica, ele disse ter chorado pelo menos três vezes ao se lembrar da mãe, uma mulher muito religiosa. "Na missa o padre falou muito sobre a importância da adoção e de sempre falar a verdade para os filhos".

A cerimônia de batismo, realizada às 11h do domingo, logo após da missa, durou 1h15. "Como nossos filhos já são adolescentes, o padre caprichou e explicou o porque do batismo. Ele fez muito esforço para que o significado do sacramento fosse entendível para os três", disse Harrad. Ele estava acostumado com os batizados de recém-nascidos nas igrejas anglicanas da Inglaterra. Compareceram à cerimônia 40 pessoas.

O arquivista da Catedral, Gabriel Forgati, disse à reportagem que a origem da criança e adolescente não infringe o sacramento. Segundo ele, se os filhos de David e Toni procurarem a mesma igreja para darem continuidade nos sacramentos católicos como catequese e crisma, serão recebidos normalmente. "Nem teria porque ser diferente".

Os cinco membros da família frequentam as missas, juntos, pelo menos todo 1º domingo do mês. Após o batizado, durante o jantar e enquanto tomavam sopa, os pais perguntaram aos adolescentes como se sentiam. Segundo relatou Toni, Alyson se descreveu 'purificado'. Jéssica, que sempre vai à missa, sentia-se incluída: "agora sou católica, com orgulho". O caçula, Felipe, afirmou que mais que nunca eram todos irmãos em Cristo.

O processo. Todo o processo de batismo dos filhos durou sete anos. Foi necessário alterar todos os documentos, dentre eles a certidão de nascimento, que agora registra filho de pai Toni Reis e pai David Harrad. A proposta do sacramento foi feita para os filhos, que não seriam batizados contra a própria vontade. Reis conta que os três são escoteiros, e isso os ajudou muito a valorizar a importância dos princípios e valores na vida.



quarta-feira, 26 de abril de 2017

Tribunal Federal de SP autoriza inseminação artificial com espermatozoides do cunhado

Boaz "resgata" Rute, pela antiga lei do levirato, agora revisitada pelo TRF-3.

O que não deixa de ser uma espécie de retorno à antiga lei judaica que mandava o irmão mais novo gerar descendência ao irmão falecido (Deuteronômio 25:5-10).

Aquela era a antiquíssima "lei do levirato" (ou levirado), que - quem diria! - parece que está ganhando nova interpretação em pleno século XXI, claro que adaptada aos usos e costumes atuais.

No caso, parece que o irmão casado com a futura mãe não faleceu, e a descendência que lhe será gerada pelo irmão (cunhado da progenitora) se dará por inseminação artificial, mas o cunhado desde já fica sabendo que jamais poderá exigir quaisquer direitos em relação ao filho que apenas biologicamente é seu.

O Velho Testamento é pródigo em relatos do levirato, cuja interpretação foi bastante expandida (para outros parentes do lado masculino) ao longo dos séculos, desde a relação de Tamar, Onã e Judá (Gênesis 38) até Rute e Boaz (Rute 4). 

Como diria o Pregador em Eclesiastes, "não há nada de novo sob o sol" (Eclesiastes 1:9).

Estranhezas à parte, não deixa de ser digna de nota a relação de amor e confiança que envolve esta família abençoada, não é mesmo?

A informação curiosa vem do TRF-3  Tribunal Regional Federal da 3ª Região (SP e MS):

TRF3 AUTORIZA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM MULHER COM ESPERMATOZÓIDES DO CUNHADO

Anonimato pleiteado pelo Conselho de Medicina só deve proteger doador ou receptores quando não há interesse em se conhecer a origem dos gametas

A Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) deu provimento à apelação de um casal para a realização de inseminação artificial na mulher a partir de espermatozóides doados pelo cunhado (irmão do marido).

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) era contra o procedimento, afirmando que violaria as normas éticas previstas na Resolução 2.121/2015 do Conselho Federal de Medicina e que a doação dos gametas deveria ser anônima.

Os julgadores entenderam que o caso deve ser analisado a partir do artigo 226, parágrafo 7, da Constituição Federal, que trata do planejamento familiar. Afirmaram que o artigo 9 da Lei 9.263 de 1996, que regula o dispositivo, garante liberdade de opção quanto aos métodos e técnicas de concepção e contracepção cientificamente aceitos, desde que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas.

Para os desembargadores federais, não haveria impedimento na realização da fertilização, uma vez que nada indica que a utilização dos gametas do irmão do impetrante (marido) possa colocar em risco a integridade física da futura mãe, do pai ou mesmo do nascituro.

“O que deve ser analisado é se a lei que rege o planejamento familiar impede que, por ato voluntário e consciente, os doadores de gametas conheçam a identidade dos receptores e vice-versa. Com efeito, a resposta é negativa”, afirmou o voto.

Segundo o acórdão, o anonimato previsto na Resolução 2.121 de 2015 do Conselho Federal de Medicina visa proteger o doador ou os receptores quando não existe interesse ou vontade de se conhecer a origem dos gametas fornecidos.

Assim, a Quarta Turma autorizou o procedimento, mas ressaltou que o pai biológico, no caso o irmão do impetrante, não poderá futuramente, para quaisquer fins, postular o reconhecimento da paternidade da criança gerada a partir de seu espermatozóide, nem tampouco a criança poderá fazê-lo em face do pai biológico.

Os nomes dos envolvidos foram omitidos, pois o processo tramita sob segredo de justiça.

Assessoria de Comunicação Social do TRF3

Tamar teve muito trabalho para fazer seu sogro Judá cumprir a lei do levirato - Gênesis 38




terça-feira, 25 de abril de 2017

Ex-marketeiro de Dilma diz que imagem de Temer está associada a satanismo


A informação é do Brasil 247:

SANTANA DIZ QUE REDUZIU APARIÇÕES DE TEMER EM PROPAGANDA POR IMAGEM LIGADA A SATANISMO

Em depoimento ao TRE-BA nesta segunda-feira 24, o publicitário João Santana, que coordenou o marketing da chapa Dilma-Temer nas eleições de 2014, declarou que pesquisas internas revelavam queda das intenções de voto quando Michel Temer, então candidato a vice-presidente, participava das propagandas; segundo ele, o motivo seria que historicamente a imagem de Temer ficou relacionada com o "satanismo"

O publicitário João Santana, que coordenou o marketing da campanha da chapa Dilma-Temer nas eleições de 2014, declarou em depoimento ao TRE-BA nesta segunda-feira 24 que diminuiu a aparição da imagem de Michel Temer nas peças de campanha para evitar prejuízo com os eleitores.

De acordo com ele, pesquisas internas revelavam queda das intenções de voto quando Temer, então candidato a vice-presidente, participava das peças. Segundo Santana, o motivo seria que historicamente a imagem de Temer ficou relacionada com o "satanismo".

Ao ministro Herman Benjamin, relator do processo que julga a cassação da chapa no TSE, Santana contou que sua relação com Temer era apenas nos dias em que havia gravações de comerciais. O publicitário afirmou que o peemedebista também foi beneficiado pelo caixa 2 da campanha.



segunda-feira, 24 de abril de 2017

Marcha pela Ciência movimenta o mundo contra Trump


Parece que a Marcha para Jesus está ganhando uma concorrente, segundo noticia o Estadão:

Marcha em prol da Ciência une diversos países

Organizado em resposta ao discurso anticientífico do presidente americano Donald Trump, ato visa conscientizar lideranças políticas a levar em consideração evidências científicas antes de elaborar e colocar em prática políticas públicas

Mais de 600 cidades espalhadas por quase 70 países tiveram suas ruas tomadas neste sábado, 22, por milhares de cientistas e apoiadores num protesto internacional em defesa da Ciência. Organizada em resposta ao discurso anticientífico adotado pelo presidente americano Donald Trump, que já classificou o aquecimento global como uma farsa, a Marcha da Ciência teve por objetivo conscientizar as lideranças políticas a levar em consideração evidências científicas antes de elaborar e colocar em prática suas políticas públicas. No Brasil, 24 cidades aderiram ao ato.

No Rio, ainda pela manhã e sob chuva, cerca de 150 pessoas participaram da manifestação em frente ao Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Elas protestaram contra os cortes no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, que chegam a 44% e resultam na redução de bolsas acadêmicas e de investimentos em pesquisas e em laboratórios.

Estudantes e professores de universidades do Estado, como a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), além da UFRJ, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), da Academia Brasileira de Ciências (ABC), e de entidades de pesquisa, como a Fundação Oswaldo Cruz, levaram cartazes com dizeres como "Ciência não é gasto, é investimento" e tesouras gigantes, numa crítica aos cortes.

Eles gritaram palavras de ordem contra o presidente Michel Temer (PMDB) e o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e destacaram em suas falas os riscos da falta de financiamento, no longo prazo, para o desenvolvimento da ciência no País. Citaram também o desestímulo para as novas carreiras representado pelas reformas trabalhista e da previdência do governo federal, e pelas novas regras para a terceirização.

"Os cortes já vinham desde 2013, sempre com a alegação da crise, e se aprofundaram. Não há justificativa, é uma política equivocada, e que pode provocar um retrocesso grande. Ciência é algo que não se constrói da noite para o dia, mas que é fácil de destruir", disse o vice-presidente da SBPC, o físico Ildeu Moreira. "O auge dos investimentos foi em 2010, mas nunca chegamos a ter 1,2% do Produto Interno Bruto, quando países como Coreia do Sul e Israel têm 4%".

"Temos que reagir. Mostrar à sociedade brasileira que a ciência está de pé, afirmar o valor da educação. Se não há bolsas, se os laboratórios estão desconstruídos, damos uma sinalização objetiva para que os jovens se afastem da ciência", disse o reitor da UFRJ, Roberto Lerer. A instituição acumula déficit de R $ 160 milhões.

"Esperamos que este não seja um projeto de desmonte da ciência, que seja algo conjuntural e reversível", afirmou o diretor do Instituto Oswaldo Cruz, Wilson Savino. O MCTIC informou que está avaliando o impacto da redução orçamentária e pediu aos seus institutos que apresentassem prioridades e necessidades para 2017, na expectativa de que parte dos recursos seja descontingenciada ao longo do ano.

Mundo. Em Sidney, na Austrália, cientistas vestidos com túnicas brancas afirmavam que, numa época de tantas notícias falsas, o que o mundo precisa é de pensadores, não de negadores. Em cartazes, diziam ainda que “sem ciência é só ficção”. Na Áustria, o protesto lotou o Parque Sigmund Freud, em Viena, onde cientistas ressaltavam que “ciência não é opinião”. Em Bogotá, na Colômbia, o protesto teve o mesmo tom, reafirmando que a ciência é “indispensável”.

Em Washington, nos EUA, a marcha estava marcada para começar no entorno da Casa Branca e terminar em frente ao Capitólio, a sede do Congresso americano. De manhã, antes do início do ato, manifestantes já protestavam contra Trump, com os dizeres: “Tornar a América Inteligente de Novo”, em paródia ao slogan de campanha de Trump, “Tornar a América Grande de Novo”.

A administração Trump é cética em relação à contribuição da ação humana para o aquecimento global e ameaça abandonar o Acordo de Paris sobre o clima. O presidente americano também determinou cortes no financiamento à pesquisa científica e revogou uma série de regulamentações de caráter ambiental. “Esse governo nega o aquecimento global, o que contraria toda a evidência científica nesse sentido”, disse a cirurgiã veterinária Allison Haley, presente na marcha.

Muitos dos participantes da marcha eram cientistas, como o químico ambientalista Barnabas Vandevender. “Parece que integrantes da atual administração dizem coisas que não são baseadas em fatos”, afirmou. “A ciência é importante para todos e cria melhorias que beneficiam todo mundo.”

A escritora Mag Masey disse que estava na marcha para defender que o dinheiro de seus impostos seja investido em pesquisa científica. “Assim nós podemos ter um mundo melhor amanhã”, observou.



domingo, 23 de abril de 2017

Adeus, Jerry Adriani!


É difícil para as novas gerações acreditarem nisso, mas houve um tempo em que não havia tantos cantores nem tantas oportunidades de ouvi-los nos mais variados meios de divulgação de suas obras.

O rock era algo novo e o pop não passava de um projeto que começava a ganhar forma num mundo marcado pelas mudanças nas atitudes e nos costumes.

Nada seria igual como era antes.

Foi nesse contexto que floresceu toda uma geração conhecida como Jovem Guarda, da qual Roberto Carlos foi o maior expoente nos anos 1960, mas também havia outros menos consagrados, que nem por isso deixaram de fazer sucesso e marcar a história de tanta gente.

LEGIÃO ITALIANA

Jerry Adriani era um desses cantores, alguém que transitou com raro sucesso naquela época, com sua voz, seu timbre e seu estilo de cantar e atuar, que inspirou gente como Renato Russo, vocalista do Legião Urbana.

No vídeo abaixo, você vê os dois conversando animadamente enquanto Tim Maia dava uma entrevista no prêmio Sharp de Música de 1995, um ano antes de Renato morrer.


Dez anos depois lá estava Jerry Adriani com Dado VilLa-Lobos no programa Altas Horas do Serginho Groismann relembrando uma década do passamento de seu amigo Renato:


Seguindo os passos de Renato que havia gravado um álbum em italiano (Equilibrio Distante, 1995), Jerry verteu canções do Legião para o idioma de Dante também, lançando "Forza Sempre" em 1999:


Tratava-se, na verdade, de um retorno às origens, já que a discografia de Adriani havia se iniciado em italiano com Italianissimo e "Credi a Me", em 1964.

MALUCO-BELEZA

Pouca gente se lembra de que Jerry foi um dos melhores amigos e um dos caras que incentivou Raul Seixas a buscar sua sina de sucesso.

Neste raro vídeo de 1983, os dois aparecem no programa de J. Silvestre cantando "Doce, Doce Amor", o grande sucesso que marcou a carreira de Jerry Adriani.


Nessa entrevista a Danilo Gentili em 2011, Jerry Adriani conta como conheceu Raulzito e descreve com riqueza de detalhes como era a cena musical da época:


Sorte do Raul Seixas que não havia a universal do Edir Macedo para exorcizá-lo na época.

Enfim, havia dois malucos-beleza na música brasileira e pouca gente sabia disso (risos).

ROY ORBISON

Ainda nessa entrevista, Jerry conta que sua grande influência vocal foi o roqueiro americano Roy Orbison, a quem Elvis Presley teria atribuído o título de "voz mais linda de todos os tempos" e de quem nós sempre fazemos questão de nos lembrar:



Pausa para uma dica, amigos: pegar uma das highways da California ouvindo Roy Orbison cantando "I Drove All Night" e "California Blue" é uma das coisas mais legais a se fazer na vida.



Essa nossa pequena aventura musical não nos detém a lágrima mas sintetiza adequadamente, a nosso ver, a vida de um grande chamado Jerry Adriani.

Descanse em Paz, Jerry! Obrigado por tantos momentos bons!

No último dia 29 de janeiro, você tinha completado 70 anos de vida. 

Entretanto, um câncer devastador o levou rápido demais. Mal houve tempo para tratá-lo.

Aquele mundo em que você foi estrela não existe mais, mas tenha certeza de que seu brilho, sua generosidade e seu talento não serão esquecidos jamais.



Bispos católicos convocam fiéis para greve geral dia 28/4

D. Manoel Delson, arcebispo da Paraíba
A informação é do Brasil 247, corroborada por manifestações nas redes sociais:

ARCEBISPO DA PARAÍBA CONVOCA GREVE GERAL: 
VAMOS PARAR O BRASIL


Dom Manoel Delson convida população paraibana para o movimento “Vamos parar o Brasil”

Greve Geral que deve paralisar o Brasil próxima sexta-feira, 28, ganhou reforço de membros da igreja Católica; na Paraíba, o arcebispo dom Manoel Delson Pedreira da Cruz, que foi anunciado pelo Vaticano no início do mês passado como novo arcebispo do estado, gravou uma mensagem convocando a população para participar das manifestações contra a reforma da Previdência; "Sabemos que esta reforma implica em tirar direitos adquiridos dos trabalhadores e assegurados na Constituição de 1988", diz com Manoel. "Convocamos todos os trabalhadores a participarem desta grande manifestação, dizendo a palavra que o povo não aceita a reforma da Previdência nos termos que estão anunciando", afirmou o arcebispo.

Pernambuco 247 - A Greve Geral que deve paralisar o Brasil próxima sexta-feira, 28, ganhou reforço de membros da igreja Católica. Na Paraíba, o arcebispo dom Manoel Delson Pedreira da Cruz, que foi anunciado pelo Vaticano no início do mês passado como novo arcebispo do estado, gravou uma mensagem convocando a população para participar das manifestações contra a reforma da Previdência.

"Sabemos que esta reforma implica em tirar direitos adquiridos dos trabalhadores e assegurados na Constituição de 1988", diz com Manoel. "Convocamos todos os trabalhadores a participarem desta grande manifestação, dizendo a palavra que o povo não aceita a reforma da Previdência nos termos que estão anunciando", afirmou o arcebispo.

Em março, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), chegou a emitir uma nota aprovada em seu Conselho Permanente sobre a reforma da Previdência. O documento afirma que a seguridade não é uma concessão governamental, mas sim direitos sociais conquistados com intensa participação democrática.

"Em nossa opinião, trata-se do desmonte da Previdência Pública e da retirada dos direitos trabalhistas garantidos pela CLT. Por isso, conclamamos todos, neste dia, a demonstrarem o seu descontentamento, ajudando a paralisar o Brasil", diz trecho de nota conjunta divulgada por entidades.

Além de Dom Delson, quem também está engajado nos preparativos do "Vamos parar o Brasil", é Dom Genival Saraiva de França, atual administrador apostólico da Arquidiocese da Paraíba. Na última quarta-feira (20), ele esteve reunido com integrantes da Frente Brasil Popular na Paraíba, discutindo detalhes do protesto.



sábado, 22 de abril de 2017

Sobre falar, engasgar e soltar pum


Alegre o seu feriadão com a leitura divertidíssima da crônica de Luis Fernando Verissimo, publicada no Estadão em 06/04/17:

Em comum

Uma das teorias sobre o nascimento de fonemas é que o ser humano teria começado a imitar os sons dos animais, sendo a última vez em que o mundo teve uma linguagem comum

O homem é o único animal que fala pela mesma razão que é o único animal que se engasga. Algo a ver com a localização da laringe. Ou é da faringe? Enfim, algo no homem lhe dá o dom da expressão verbal que nenhum bicho tem, mas os bichos, em compensação, nunca se veem na situação embaraçosa de dizer o que não deviam ou se engasgar na mesa.

O fato também sugere uma questão: foi a necessidade que o homem — ou, mais provavelmente, a mulher — sentiu de falar que determinou a eventual localização privilegiada da laringe, ou foi o acaso da laringe humana evoluir como evoluiu que determinou a fala?

O ser humano desenvolveu a fala por um acidente anatômico e assim virou gente ou a linguagem foi uma etapa lógica da sua evolução, porque para ser gente só faltava falar?

O próprio Darwin chegou a especular que a fala começou com a pantomima, com os órgãos vocais inconscientemente tentando imitar os gestos das mãos.

A linguagem oral teria se desenvolvido porque, antes da invenção do fogo, a linguagem gestual não era vista no escuro e as pessoas, ou as pré-pessoas, não podiam se comunicar. A linguagem é filha da noite!

Teorias estranhas sobre a origem da linguagem não faltam.

No século XVII um filólogo sueco afirmou com certeza que no Jardim do Éden Deus falava sueco, Adão falava dinamarquês, e a serpente falava francês (Sempre a má vontade com os franceses).

Na sua infância — a palavra “infância”, por sinal, vem do latim “incapacidade de falar” — a humanidade não produzia palavras mas certamente produzia sons, e uma das teorias sobre o nascimento de fonemas é que o ser humano teria começado a imitar os sons dos animais para identificá-los e que esta foi a última vez em que o mundo teve uma linguagem comum.

Foi chamada de “teoria bow-wow”, e o nome já a desmentia, pois “bow-wow” é como latem os cachorros anglo-saxões, enquanto os luso-brasileiros fazem “au-au” e os japoneses, segundo os japoneses, “bau-bau”.

A única linguagem comum a toda a humanidade é a dos ruídos involuntários do nosso corpo.

Toda a espécie humana espirra e tosse da mesma maneira, não há como variar a pronúncia de um arroto e nada simboliza melhor a nossa igualdade intrínseca do que o pum, que todos dão da mesma maneira, não importa o que digam do pum alemão.

Eis uma receita para o entendimento, inclusive entre os grupos e facções em choque no Brasil de hoje, esquerda x direita, políticos x Lava-Jato etc. Todos os confrontos entre partes litigantes deveriam começar com um coro de ruídos elementares, para enfatizar nossa humanidade em comum.



sexta-feira, 21 de abril de 2017

Papa canonizará 30 brasileiros em outubro


Conforme anunciamos aqui no mês passado, o papa Francisco marcou a canonização de 30 brasileiros para o próximo mês de outubro.

Os 30 brasileiros foram mortos pelos protestantes calvinistas holandeses em 1645, e não escapa ao observador mais atento o fato de que essa canonização coincide com o mês em que se comemora os 500 anos da Reforma Protestante iniciada por Martinho Lutero.

Provavelmente, é uma forma do papa se contrapor à crescente onde conservadora dentro do Vaticano que o critica, enquanto estende a mão para os luteranos numa celebração conjunta da Reforma.

A notícia é da Agência Brasil:

Papa canonizará em outubro os primeiros mártires brasileiros

O papa Francisco canonizará no dia 15 de outubro deste ano, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, os primeiros mártires brasileiros, os sacerdotes André de Soveral, Ambrósio Francisco Ferro e o laico Mateus Moreira, além de outras 27 pessoas assassinadas em 1645.

O anúncio foi realizado hoje (20), durante assembleia de cardeais dirigida pelo papa, onde foram definidas as datas das cerimônias de canonização de vários futuros santos.

Para que sejam canonizados, eles não necessitaram nenhum milagre, apenas o parecer positivo dos membros da Congregação para as Causas dos Santos, que reiterou o assassinato por "ódio à fé".

Eles são os primeiros mártires e santos brasileiros assassinados entre os dias 16 de julho e 3 de outubro de 1645 pelos protestantes calvinistas holandeses instalados em Brasil naquela época.

Muitos foram assassinados em Cunhaú e Uruacu, no Rio Grande do Norte, durante uma missa dominical celebrada por André de Soveral. Eles tinham sido beatificados pelo papa João Paulo II em março de 2000, na Basílica de São Pedro.

Os mártires brasileiros serão canonizados em uma cerimônia ao lado de dois meninos mexicanos conhecidos como Mártires de Tlaxcala; o espanhol Faustino Miguez, fundador do Instituto Calasancio Filhas da Divina Pastora e o sacerdote franciscano italiano Luca Antonio Falcone.

Papa canonizará crianças que viram aparição da Virgem Maria

O papa canonizará no próximo dia 13 de maio, durante sua viagem a Portugal, Francisco e Jacinta Marto, os irmãos pastores que, segundo a Igreja católica, presenciaram, ao lado da prima Lúcia, a aparição da Virgem Maria.

O anúncio foi realizado hoje, durante assembleia de cardeais dirigida pelo papa, onde foram definidas as datas das cerimônias de canonização de vários futuros santos.

No dia 23 de março, o pontífice tinha aprovado os decretos para canonizar as duas crianças, de 9 e 10 anos, que morreram pouco depois das aparições, entre maio e outubro de 1917, e que serão as primeiras crianças não mártires declaradas santos.

Francisco viajará para Fátima onde participará dos atos em comemoração do centenário das aparições, nos próximos dias 12 e 13 de maio. A cerimônia de canonização será no sábado (13), quando está prevista uma missa multitudinária na esplanada do santuário mariano.

O milagre pela intercessão dos irmãos que pode decretar a canonização, segundo as normas católicas, é o da suposta cura de uma criança brasileira.

Francisco (1908-1919) e Jacinta Marto (1910-1920), que junto com sua prima Lúcia, que se tornou freira e a única que sobreviveu, presenciaram as aparições na Cova da Iria e foram beatificados no dia 13 de maio de 2000, por João Paulo II, em Fátima.

As três crianças portuguesas garantiram que testemunharam as aparições da Virgem, e quem revelou a elas os chamados três Segredos de Fátima, relatados por Lúcia, que morreu em 2005, para quem também foi aberto um processo de beatificação.

O papa Francisco chegará ao Santuário de Fátima na sexta-feira, dia 12 de maio, e, na base aérea de Monte Real, terá um encontro privado com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.

No dia seguinte, visitará a Basílica de Nossa Senhora do Rosário e celebrará uma missa na esplanada do santuário e onde canonizará as duas crianças. Francisco será o quarto pontífice que visitará Portugal, depois de Paulo VI (1967), João Paulo II (1982, 1991 e 2000) e Bento XVI (2010).

Edição: Kleber Sampaio



quinta-feira, 20 de abril de 2017

Igreja de Tocantins indenizará fiel estuprada por auxiliar de pastor

A informação é do Consultor Jurídico:

EXPECTATIVA DE PUREZA

Por quebra de confiança, igreja indenizará fiel estuprada por auxiliar de pastor

A quebra de confiança decorrente de um crime não afeta apenas o responsável pelo ato, mas também a organização que ele representa, se esse for o caso. Isso porque algumas instituições, por exemplo as religiosas, têm das pessoas uma expectativa de pureza e auxílio espiritual.

Assim entendeu o juiz Océlio Nobre da Silva, da 1ª Vara Criminal de Colinas do Tocantins (TO), ao obrigar uma igreja evangélica a indenizar uma fiel em R$ 300 mil por ela ter sido estuprada por um auxiliar de pastor. O processo foi movido pela mãe da menina depois que ela fugiu com o agressor por acreditar que os dois teriam um relacionamento amoroso.

Mas isso não aconteceu. Ele fez sexo com ela a partir dessa promessa e, depois do ato, não cumpriu com o combinado, fazendo com que a vítima voltasse para casa. A igreja evangélica alegou na ação que não poderia ser responsabilizada pelo ato do auxiliar porque ele não era diretamente ligado à instituição, sendo um fiel com intenções de se tornar pastor.

Porém, o juiz disse na decisão que a estrutura da entidade religiosa mostrava o posto do agressor como uma espécie de período probatório para que se tornasse um pregador daquela fé. Para o magistrado, a ré mentiu ao usar esse argumento.

"Apesar de admitir que [o agressor] é um auxiliar de pastor, a ré tentou dar-lhe a definição de obreiro, ou seja, usando o conceito de um cargo para definir outro. Uma coisa é o pastor auxiliar e, outra, o obreiro. Assim, o autor do ilícito era um pastor auxiliar a que foi chamado, dentro deste processo, de auxiliar de pastor."

Ele destacou que, além da questão puramente institucional, incide no caso a visão que a sociedade tinha do agressor, ou seja, de auxiliar daquele que pregava a fé defendida pela instituição. "É certo que, aquele que auxilia o Pastor não desfruta, no plano jurídico, da mesma autoridade, hierarquia e status , mas aos olhos do leigo a conclusão é outra."

"O prestígio e a respeitabilidade social, aos olhos do leigo, de forma consciente ou não, é inevitavelmente compartilhada entre o Pastor e seu Auxiliar, como o é em relação à esposa do Pastor, aos filhos etc. O auxiliar é um homem que desfruta de prestígio dentro da Igreja, exatamente por ser ele o homem próximo ao líder religioso, desfrutando de uma carga maior de confiança em relação aos demais, tudo por projeção da estrutura organizacional da igreja a que serve", detalhou.

O magistrado também destacou que a igreja não contribuiu, em momento algum, para esclarecer o caso e encontrar a menina, limitando-se a a sugerir e fazer orações para que a vítima voltasse sã e salva. "Se tinha o poder de trazer de volta a criança, através da oração, não o tinha para manter seus membros no caminho do bem? Coisa estranha!"

De acordo com o magistrado, a igreja deve ser condenada pela frustração da confiança gerada pelo caso. Ele explicou que essa quebra de cumplicidade entre o fiel e a instituição também é definida por vários dispositivos legais, por exemplo, o Código Penal ao impor agrantes em homicídios, furtos e apropriação indébita. Também citou o Código Civil, destacando que "a confiança é protegida através dos institutos da surressio, supressio, proibicao do venire contra factum proprio".

Apesar de destacar que a igreja, em momento algum, compactuou com o ato do agressor, o julgador ponderou que foi por meio da instituição que o fato ocorreu, por meio de contatos prolongados entre vítima e agressor que resultaram em relações mais íntimas. "Quando o pai da vítima entregou sua filha para educação religosa foi à Igreja que entregou, não ao pastor ou seu auxiliar. A confiança depositada não era no homem, mas na igreja, no sereno ambiente divino que iniciaria sua filha nos caminhos do Pai."

Segundo o relator, agrava a situação a violação de confiança da família da vítima e sociedade, que acredita na lisura das relações entre a igreja e fiéis. Ao condenar a instituição, ele explicou que, além do estupro, que é crime hediondo, "pois rouba da mulher o que há de mais seu, a sua liberdade sexual", há o dano resultante da quebra da afetividade pela ilusão de um relacionamento que jamais aconteceria e o uso da estrutura de uma instituição social para o crime.

"O estupro causa dano moral indenizável, causa sofrimento, seqüelas psicológicas, danos que transcendem de um mero aborrecimento. Por ser a vítima, à época dos fatos, uma adolescente, o valor deve ser elevado, dado que as sequelas são mais notáveis e, considerando, ainda, o fato de o delinquente tê-la raptado, mantendo-a sob seu poder por vários dias", finalizou.

O número do processo não é divulgado por estar em segredo de Justiça.



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