Karl Rahner (1904-1984) foi um teólogo católico alemão, um dos mais influentes do seu meio durante o Concílio Vaticano II e no século XX como um todo, que em 1965 publicou o livro “O Cristão do Futuro”, uma série de reflexões que fez sobre o resultado do concílio e suas expectativas para a Igreja e para os cristãos do futuro.
Já no fim do livro, Rahner, mesmo não se reconhecendo como profeta, fez algumas previsões para o futuro da cristandade como ele vislumbrava naquela época, e é muito interessante reler este trecho, escrito em 1965, quando o mundo vivia o auge da guerra fria, o homem nem tinha chegado à lua, o computador dava seus primeiro passos (e sua versão pessoal só existia na ficção científica), os satélites começavam a ser utilizados, e Marshall MacLuhan lançaria seu livro sobre a ideia de uma “aldeia global” somente em 1968.
Já em 1965, Rahner antevia um mundo integrado, com uma ideologia hegemônica, com poucas comunidades cristãs verdadeiramente significativas e ideologicamente independentes, em que não haveria nenhuma "vantagem terrena em ser cristão", bem ao contrário daqueles que hoje pregam que só se é cristão se houver algum benefício mundano envolvido.
Lá se vão 45 anos que o teólogo católico escreveu essas linhas, que mostram como ele estava à frente do seu tempo, e ainda que não se concorde com o seu posicionamento, faz-se necessário exercitar a nossa imaginação (por que não dizer “profecia”?) para ter um vislumbre da Igreja cristã daqui a algumas décadas, diante de tantos desafios que ela vem enfrentando hoje em dia.
Afinal, o futuro para o Karl Rahner de 1965 é hoje, e não deixa de ser um excelente exercício mental (e espiritual) tentar imaginar como será a Igreja cristã de 2050 (se Jesus não tiver voltado antes).
Lembrando sempre, é claro, de Hebreus 3:13-14 (tradução NVI):
Pelo contrário, encorajem-se uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama "hoje", de modo que nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado, pois passamos a ser participantes de Cristo, desde que, de fato, nos apeguemos até o fim à confiança que tivemos no princípio.
Já no fim do livro, Rahner, mesmo não se reconhecendo como profeta, fez algumas previsões para o futuro da cristandade como ele vislumbrava naquela época, e é muito interessante reler este trecho, escrito em 1965, quando o mundo vivia o auge da guerra fria, o homem nem tinha chegado à lua, o computador dava seus primeiro passos (e sua versão pessoal só existia na ficção científica), os satélites começavam a ser utilizados, e Marshall MacLuhan lançaria seu livro sobre a ideia de uma “aldeia global” somente em 1968.
Já em 1965, Rahner antevia um mundo integrado, com uma ideologia hegemônica, com poucas comunidades cristãs verdadeiramente significativas e ideologicamente independentes, em que não haveria nenhuma "vantagem terrena em ser cristão", bem ao contrário daqueles que hoje pregam que só se é cristão se houver algum benefício mundano envolvido.
Lá se vão 45 anos que o teólogo católico escreveu essas linhas, que mostram como ele estava à frente do seu tempo, e ainda que não se concorde com o seu posicionamento, faz-se necessário exercitar a nossa imaginação (por que não dizer “profecia”?) para ter um vislumbre da Igreja cristã daqui a algumas décadas, diante de tantos desafios que ela vem enfrentando hoje em dia.
Afinal, o futuro para o Karl Rahner de 1965 é hoje, e não deixa de ser um excelente exercício mental (e espiritual) tentar imaginar como será a Igreja cristã de 2050 (se Jesus não tiver voltado antes).
Lembrando sempre, é claro, de Hebreus 3:13-14 (tradução NVI):
Pelo contrário, encorajem-se uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama "hoje", de modo que nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado, pois passamos a ser participantes de Cristo, desde que, de fato, nos apeguemos até o fim à confiança que tivemos no princípio.
A SITUAÇÃO DO CRISTÃO NO FUTURO
por Karl Rahner
Para promover o entendimento de algumas das características mais importantes deste decreto (visto que é impossível lidar com ele em sua inteireza, e visto que a maior parte dele já é familiar), talvez me deva ser permitido um pequeno experimento mental. Se for bem sucedido, estará tudo muito bem; se não, não tenho ninguém para responsabilizar senão a mim mesmo, e isso não é uma coisa ruim. Quero colocar-me na situação de um católico comum do futuro, particularmente o de um leigo, e perguntar o que especialmente o afeta neste documento. Não importa se a situação ocorrerá daqui a 20, 30 ou 100 anos. Não sou profeta, e se de fato estou tentando descrever essa situação de um católico futuro, com a pressuposição necessária do experimento, então a descrição não é uma profecia mas um sonho. Quer seja pesadelo, uma utopia feliz ou sem sentido, é uma questão que igualmente não precisa ser levantada.
Nesta data futura haverá comunidades católicas ou cristãs por todo o mundo, embora não distribuídas uniformemente. Por toda parte haverá um pequeno rebanho, porque a humanidade cresce mais rapidamente do que a cristandade e porque os homens não serão cristãos por costume e tradição, por causa das instituições e da história, ou por causa da homogeneidade de um ambiente social e opinião pública, mas – desconsiderando o zelo sagrado do exemplo paterno e a esfera íntima dos clãs, famílias e pequenos grupos – eles serão cristãos apenas por causa de seu próprio ato de fé, obtido numa luta difícil e continuamente reconquistado. Por toda parte, haverá diáspora. O estágio da história humana será uma unidade mais simples do que já é; todos serão vizinhos de todos, e a ação e a atitude de cada um contribuirá para determinar a situação histórica objetiva de todos. E “cada um” significa cada nação, civilização, realidade histórica e, proporcionalmente, cada indivíduo. Sem dúvida o campo da história universal será muito diferente em qualidade de lugar para lugar, com algumas partes em contradição, mas formará uma unidade na qual tudo interagirá historicamente. E visto que os cristãos formarão apenas uma minoria relativamente pequena, sem campo de existência histórica independente, eles, embora em graus variados, viverão na “diáspora dos gentios”. Em nenhuma parte haverá “nações católicas” que coloquem uma marca cristã sobre os homens antes de qualquer decisão pessoal. Por toda parte, os não cristãos e os anticristãos terão plenos e iguais direitos, e talvez possam pela ameaça e pressão contribuir para dar à sociedade seu caráter e até mesmo crescerem juntos em poder e jurisdições como sinais e manifestações do anticristo. E onde quer que, em nome da necessidade de educação e organização uniforme, o Estado ou talvez o futuro super-Estado estabeleça por imposição uma única ideologia, com todos os meios de pressão e formação modernas de enormes multidões de homens, não será uma filosofia cristã que será proclamada como ideologia oficial da sociedade. Os cristãos serão o pequeno rebanho do Evangelho, talvez respeitado, talvez perseguido, talvez dando testemunho da santa mensagem de seu Senhor com voz clara e respeitada no coro polifônico ou cacofônico do pluralismo ideológico, talvez apenas em uma voz baixa, de coração para coração. Eles estarão reunidos ao redor do altar, anunciando a morte do Senhor e confiando as trevas de sua própria sorte – uma escuridão de que ninguém será poupado mesmo no super-Estado de Bem-Estar do futuro – às trevas da morte de seu Senhor. Eles saberão que são como irmãos e irmãs um do outro, porque haverá poucos deles que não têm por sua própria decisão deliberada fixada em seu próprio coração e vida em Jesus, o Cristo, pois não haverá vantagem terrena em ser um cristão. Eles certamente preservarão fiel e incondicionalmente a estrutura de sua sagrada e não mundana comunidade de fé, esperança e amor, a Igreja, como é chamada, como Cristo a fundou. Eles certamente farão uso livre de tudo que o futuro lhes oferecer em termos de organização, comunicação de massa, tecnologia, etc.
A Igreja tem sido conduzida pelo Senhor da história para uma nova época. Ela dependerá em tudo da fé e do santo poder do coração, pois ela não será mais capaz de extrair alguma força, ou muito pouca, do que é puramente institucional, e que não mais sustentará o coração dos homens, mas a base de tudo que é institucional será o próprio coração dos homens. E assim, eles perceberão que são irmãos e irmãs, porque no edifício da Igreja cada um deles, quer ocupando o ofício, ou sem ofício, dependerá sempre do outro, e aqueles no ofício reverentemente receberão toda obediência dos outros como um maravilhoso dom livre e amoroso. Não será apenas o caso, mas também será claro e evidente ver que toda dignidade e todo ofício na Igreja é serviço não convencional, não levando consigo honra aos olhos do mundo, não tendo importância na sociedade secular. Mais aliviado de tal responsabilidade, talvez (quem sabe?) não mais constituirá uma profissão no sentido social e secular. A Igreja será um pequeno rebanho de irmãos da mesma fé, da mesma esperança e do mesmo amor. Ela não se orgulhará disso, e não pensará de si mesma como superior às épocas mais antigas da Igreja, mas obediente e agradecidamente aceitará sua própria época como a que é designada para ela por seu Senhor e por seu Espírito, e não meramente que é forçada a ela pelo mundo perverso.
(RAHNER, Karl. O Cristão do Futuro. São Paulo: Cristã Novo Século, 2004. pp. 78-81)
Shalom!
ResponderExcluirPrezado Hélio, uma alegria conhecer seu blog. O Eterno resplandeça o rosto Dele sobre ti!
Medite em Colossenses 3.16
Nele, Pr Marcelo
Visite>> http://davarelohim.blogspot.com/
e veja o texto:
A radiografia de uma sociedade doente
ola meu querido irmao em cristo hélio. quanto tempo! adoro o blog. sabe me chamou a atenção o titulo que voce escreveu: O CRISTÃO DO FUTURO. permita-me abordar este tema de forma diferente. sabe irmao hélio hoje podemos dizer que somos um cristao em um ambiente que se chama FUTURO. olhamos, o que temos na nossa sociedade atualmente. temos o que se chama HUMANISMO. e o contrario de cristianismo que é a sabedoria de deus, o humanismo é o do homem. sabe o humanismo esta repleto nas filosofias de NIETZCHE, nas novelas cheias de adultério que a midia passa aquilo como se fosse normal, a internet cheia de pornografia( leia o livro do STEVE GALLAGHER- NO ALTAR DA IDOLATRIA SEXUAL) NA TV temos um lavagem cerebral repleta de traiçoes, falsas ideologias, mentiras. Em uma sociedade corrompida, onde tudo esta ao seu alcance não é de se esperar que um criança ja comece a falar palavroes. numA sociedade onde o créu e aprovado e a igreja, alvo de SARCASMO. mano hélio, o HUMANISMO , ATEISMO, E PAGANISMO, tem muita coisa em comum, e ainda os humanos culpam sempre deus. hoje os humanos( alguns) acham se sabios e tornam-se loucos. hoje eles vendem a sabedoria barata nas livrarias os quais sao BEST-SELLERS. e incrivel tais livros serem grandes vendas....puro ilusionismo. nao ha sabedoria longe de deus. enfim mano helio, vivemos tempos complicados, acredito que o apocalipse nao esta tao longe nao..... abraço L
ResponderExcluirOlá, mano Lucas!
ResponderExcluirGraça e paz!
As suas observações são excelentes, eu só tenho dúvidas de se o humanismo, o ateísmo e o paganismo são causas ou consequências da apatia da igreja cristã no mundo, porque, omo você bem percebeu, ainda que não tenha dito exatamente isso, o cristão do futuro é, na verdade, o cristão do passado, que fez diferença na história da humanidade. De qualquer maneira, vamos fazer a nossa parte, não é mesmo?
Abração!