Em suas últimas aparições televisivas, Silas Malafaia tem feito uma defesa apaixonada do autodenominado “apóstolo” Valdemiro Santiago, protestando contra o fechamento do templo-sede da igreja Mundial do Poder de Deus pela Prefeitura Municipal de São Paulo.
Invoca, para tanto, a sua interpretação particular do princípio da isonomia inscrito no artigo 5º, caput, da Constituição Federal, pelo qual “todos são iguais perante a lei”.
Considerando as interpretações particulares que Malafaia faz da Bíblia e das “unções financeiras de 900 reais”, não é surpresa que ele se enrosque todo quando se trata de princípios fundamentais da Constituição.
Afinal, o que Malafaia pleiteia é basicamente o seguinte: se existem igrejas católicas e escolas de samba instaladas em prédios inseguros que permanecem abertos, porque vão fechar justo o templo do Valdemiro?
Primeiro, a comparação com o carnaval, embora promissora do ponto de vista cômico, não funciona bem porque a multicampeã escola de samba Vai-Vai, por exemplo, ensaia nas ruas do bairro do Bixiga em São Paulo, justamente por seu barracão não ter infraestrutura adequada para tanto.
Logo, os carnavalescos são mais sérios e se preocupam mais com seu povo do que muito "pastor" que tem por aí.
Quem sabe se Valdemiro copia o modelo e ensaia seu rebanho nas ruas do Brás?
Segundo, o princípio da isonomia não é uma muleta jurídica pra ser usada em qualquer situação.
Por sinal, ninguém vê pastor defendendo este princípio para que as organizações religiosas, constitucionalmente isentas de tributos, paguem impostos quando desviam dinheiro dos fiéis para outros fins que não em benefício da comunidade como um todo, como por exemplo, na compra de mansões, aviões e televisões para seus líderes, algo que toda pessoa física ou empresa é obrigada a fazer.
Logo, se existem igrejas católicas que não oferecem condições de segurança, elas simplesmente devem ser interditadas.
Se não o são, isto significa que as autoridades competentes estão falhando (pelo que podem ser legalmente punidas se chegarem às raias da prevaricação) e não que os outros templos nas mesmas condições devam ser mantidos abertos.
A isonomia, neste caso, protege TODA a sociedade exposta aos riscos das construções deterioradas, ou seja, o princípio constitucional requer que TODOS os templos sejam interditados, e não que sejam liberados indistintamente.
Numa analogia igualmente esdrúxula, seria o mesmo que, ao ser capturado, um criminoso dissesse ao policial: "Pelo princípio da isonomia, o senhor não pode me prender enquanto não fizer o mesmo com os milhares de foragidos do país..."!!!
Logo, se Malafaia realmente entendesse de isonomia, ou quisesse se valer do princípio para objetivos nobres, ele diria o seguinte: “Muito bem, camarada, agora vamos fechar todos”.
Mas não, não é isso o que o nobre pastor quer.
A isonomia mórbida que ele defende, embora não admita, é que todos tenham a suprema glória de morrer soterrados pelo desabamento do seu templo.
Por que só o povo da Renascer tem este "direito"?
A paz do Senhor meu irmão.
ResponderExcluirO problema hoje em dia que estamos vendo, é que pessoas que estam na mídia se desviaram dos seus princípios (e agora vem dizendo que se você é "um pouquinho inteligente" (chamando as pessoas de burras) para justificar uma coisa que antes falavam que era do diabo)), princípios estes que infelizmente hoje servem de escárnio para os mesmos dizendo que temos que aderir ao chamado contribua ($$$) e você estará por sima e não por baixo, meu Deus onde está escrito isso em nosso manual de sobrevivência a Bíblia?
Meu irmão é triste, mas te digo que muitos deixaram a palavra para traz enquanto fazem comércio da palavra de Deus.
Caro irmão Ulisses!
ResponderExcluirA paz do Senhor!
De fato, se retiram frases do seu contexto e as usam como verdadeiros "mantras motivacionais" evangélicos, como o "Deus te colocou por cabeça e não por cauda", e tudo se transforma num caldo fétido de expressões vazias e sem Graça, a verdadeira Graça de Deus.
Abraço!
Boa tarde, querido irmão Hélio.
ResponderExcluirRealmente, há muito o se aprender, principalmente quando o Direito entra no discurso teológico, de forma, muitas vezes, equivocada. Mas isso, a meu ver, não se transforma em um sofisma, uma falácia talvez.
Porém, bem ou mal, tropeçando ou não, caindo e levantando, o que vejo na figura do citado pastor é um cristão que luta por outros cristãos e luta de todas as formas e em todos os lugares, o que é coisa rara de se ver hoje em dia, vez que muitos só falam e escrevem para criticar erros, mas me pergunto quem desses que criticam escreve sobre os acertos daqueles? É como se Deus fizesse de alguns cristãos um tipo de inspetor, crítico ou fiscal de outros. E isso é algo que me preocupa. Quando então percebo que minhas críticas podem afetar neófitos que, antes do tempo e da experiência necessária, adotam (imitam) o comportamento e a postura de críticos confesso que sobe sobre minha consciência um temor inigualável, de fazer com que pequeninos tropecem, que dirá dos não-cristãos que lêem e ouvem tudo o que falo sobre os membros de minha própria família. Percebo, por vezes, que a Igreja de Cristo tornou-se, aos olhos de muitos, qualquer coisa que não uma família. Não é comum vermos pessoas na mídia abrindo os lábios ou escrevendo para criticar seus próprios familiares. Na Igreja, porém, isso é notório e crescente. Imagino, com isso, o que Cristo queria dizer ao explicar que um reino dividido contra si mesmo não pode subsistir.
Logicamente que não estou desprezando seus comentários, mas me vejo neles e me pergunto do tempo e do modo como fazemos nossas críticas e, se nos perguntamos se quem terá acesso a essas mensagens são somente aqueles que deveriam ter (os membros da família).
Sou pastor e estudante de Direito, nada sei, apenas penso, reflito e observo os frutos que tenho produzido.
Acredito que criticar condutas é melhor do que criticar pessoas, por isso, evito citar nomes, atenho-me aos fatos.
Confesso que fiquei curioso a respeito da posição que o querido irmão deve adotar em relação à união homoafetiva, ao homossexualismo e projetos de lei como a PL.122, e como o irmão deve sopesar argumentativamente o princípio da liberdade de expressão e crença com outros princípios defendidos em detrimento daqueles.
A Paz de Cristo seja contigo!
Pr. Leandro Dorneles
www.leandrodorneles.blogspot.com
"Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos" (Lc 7.35)
Obrigado pelo seu comentário, Pr. Leandro Dorneles!
ResponderExcluirPrimeiro, a respeito de "críticas", eu acho estranho que o próprio Malafaia critique tanto as críticas e se valha do mesmo expediente. Para não me estender muito aqui, já escrevi o que acho sobre isso em outro texto deste blog:
http://ocontornodasombra.blogspot.com/2011/01/chamados-para-julgar.html
Em segundo lugar, eu também acho estranho esta tal "unidade" dos evangélicos, que funciona apenas no nível ideológico e político, mas nunca no teológico. Basta dizer que Malafaia, repetidas vezes no seu programa de TV, disse que a doutrina da predestinação é "diabólica", mas tem o apoio irrestrito de calvinistas quando se trata de assuntos políticos e ideológicos. Calvino que queime no seu túmulo enquanto isso...
Em terceiro lugar, eu não consigo entender como os irmãos se preocupam com as críticas que podem eventualmente afetar os neófitos, mas acham que a bandalheira que se instalou em muitas igrejas evangélicas, movidas mais a dinheiro, não escandaliza os mesmos neófitos e também o público em geral. Aliás, eu vejo mais gente dentro da igreja preocupada com os números dos que entram nela, mas convenientemente se esquecem do número dos que saem, dos que são enganados, usados e manipulados, ou daqueles que nem querem ouvir falar do evangelho por causa das pregações utilitárias e aproveitadoras de muitas igrejas de fachada. Aliás, "dar frutos" é fácil, Pr. Leandro, mas o que Jesus ora e pede aos Seus discípulos é que estes frutos permaneçam (João 15:16), e vejo muito pouca gente preocupada com isso.
Em quarto lugar, não vejo em Malafaia um cristão, nem o considero um irmão em Cristo. Sua pregação é muito mais político-ideológica do que evangélica na essência, e nem preciso dar os exemplos, que são públicos e notórios. Um homem que se associa a Mike Murdoch e Morris Cerullo não é exatamente o exemplo de cristão que eu busco.
(continua)
Em quinto lugar, como cristão não tenho nenhuma preocupação extra em relação à união homoafetiva, ao homossexualismo ou à PL 122. Não vejo nessas situações nenhuma ameaça MAIOR à verdadeira Igreja Cristã do que a mentira, a sem-vergonhice, os aproveitadores de púlpito, os adúlteros, os safados em geral. Aliás, Jesus e Seus apóstolos viveram no império mais gay que o mundo já conheceu (basta dizer que Calígula foi contemporâneo deles) e nem por isso liderou passeatas contra quem quer que seja. Aliás, eu tenho sérias dúvidas se muitos que se dizem cristãos hoje continuariam cristãos se tivéssemos que voltar às catacumbas por causa da perseguição. Duvido muito que alguns “pastores” deixariam suas mansões e seus jatinhos para se esconder nos subterrâneos como os primeiros cristãos. Se o irmão quer saber minha opinião pessoal, sou contra o casamento gay, acho que homossexualismo é pecado, mas nem por isso levanto nenhuma bandeira contra ninguém. Minha bandeira é a favor do evangelho de Jesus Cristo, manifestado na Sua cruz. E quem convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo é o Espírito Santo (João 16:8), não eu. Sou apenas um portador das boas novas, não um carregador de bandeiras do arco-íris ou contra o arco-íris.
ResponderExcluirEm sexto lugar, devo esclarecer que sou advogado com Mestrado em Direito concluído, o que não me faz melhor (ou pior) do que ninguém, mas estou um tanto quanto decepcionado com as críticas que alguns colegas cristãos têm feito ao Supremo Tribunal Federal, a começar nem pela liberdade de expressão, mas pelo princípio da igualdade (ou da isonomia), que qualquer estudante de Direito que tenha estudado com um mínimo de esforço o tema, sabe que significa "tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais", razão pela qual pessoas com necessidades especiais, por exemplo, têm tratamento diferenciado. Entretanto, como eu sei que essas críticas se dão muito mais por razões ideológicas do que teológicas ou constitucionais, decidi não perder meu tempo tentando "ensinar" a eles o que eles já sabem, mas em razão do discurso fácil de palanque, preferem omitir ou fingir que desconhecem. Quanto à liberdade de expressão, para usar uma palavra que você utilizou, os direitos e garantias fundamentais da Constituição devem ser "sopesados" pela regra da proporcionalidade, mas na hora da disputa político-ideológica, isso também vai pra baixo do tapete.
De qualquer maneira, agradeço muito seu comentário e espero ter pelo menos exposto de maneira clara (embora sucinta) o que eu penso a respeito.
A paz de Cristo seja contigo também.
Irmão Hélio,
ResponderExcluirQuem pode desmentir quase que a totalidade do que você disse? Concordo quase que plenamente com você. Digo, "quase" porque, por exemplo, a respeito do cristianismo do referido pastor, acho que não preciso comentar nada, pois eu sei que você sabe quantas vidas já foram transformadas pela vida desse pastor todas as vezes em que se deixou ser usado por Deus, o que não significa que discordo de você em diversos pontos em que critica determinadas condutas dele. Basta dizer que Deus usa as coisas loucas, as fracas e até as que não são, mas isso eu sei que bem você sabe, embora sua indignação e divergências doutrinárias e ideológicas pareçam tentar encobrir.
Quanto aos escândalos que submergem a Igreja de Cristo ao humanismo utópico, ao mundanismo, ao secularismo, não deixo de concordar com você, mas isso não torna irrelevante e despreocupante o que falei sobre o modo como produzimos nossas críticas, e acredito que você concorda, pois você mesmo disse que:
"[...]se existem igrejas católicas que não oferecem condições de segurança, elas simplesmente devem ser interditadas. [...] e não que os outros templos nas mesmas condições devam ser mantidos abertos"
Ou seja, uma coisa não exclui a outra, um mal não justifica outro, não é mesmo? Se todos esses escândalos são preocupantes, a crítica ao próprio Corpo, embora "pareça" ser menos dolosa, não deixa de ser, a meu ver, também preocupante.
As críticas ao STF, muitas (muitas mesmo) são infundadas, mas não todas, basta perceber que em muitos casos o STF está mais preocupado com sua popularidade do que com as decisões que a sociedade espera e com os efeitos que nela se reproduzem... muitos exemplos poderiam ser dados, mas sou muito novo para fazer um discurso jurídico e respeito seu conhecimento.
Preocupar-se com neófitos, em meu humilde entendimento, é uma demonstração de amor ao próximo, a Cristo e à Sua Igreja. Não imagino quais exemplos o irmão se espelha (creio que há bons exemplos), eu, todavia, procuro lembrar-me de como Davi se comportara perante a Saul, obedecendo a um princípio de autoridade, mesmo tendo todos os motivos para falar e amaldiçoar, preferiu deixar que Deus o julgasse. Aliás, não foi isso que você quis dizer, quando escreveu:
"E quem convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo é o Espírito Santo (João 16:8), não eu. Sou apenas um portador das boas novas"
E não é isso também o que diz as Escrituras quando afirma em Romanos 14:4:
"Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é o Senhor para o firmar"
Parece-me, pois, que o convencimento dos erros como primazia do Espírito Santo não se refere apenas aos “gentios”, mas também aos cristãos.
Quais são, pois, as boas novas que estamos escrevendo em nossos Blogs?
A unidade teológica, é verdade, é uma utopia (e unidade doutrinário-hermenêutica do Direito também), ao menos enquanto estivermos neste mundo, mas acredito que o capítulo 14 de Romanos em sua totalidade já demonstre isso melhor que eu.
Acredite, meu irmão, eu entendo sua indignação e já estive inúmeras vezes sentindo o que você sente... assim como já estive do outro lado recebendo inúmeras críticas. Mas ainda assim, espero que você possa meditar com mais carinho e atenção no tempo e modo como se posiciona perante todos esses escândalos e contradições para que sua boa intenção e ira santa não produzam um efeito contrário.
Estou com você para denunciar todo ato contrário à vontade de Deus, à Sua Igreja e a esse mundo perdido... Contrário, porém, aos atos, não a quem os pratica, pois todos estamos sujeitos, e é para Deus que estamos em pé ou caímos.
Agradeço a oportunidade de poder opinar e, também, seu respeito e sensibilidade em me ouvir.
Abraços em Cristo!!!
Pr. Leandro
Que exemplo tosco esse da escola de samba Vai-Vai. Existem dezenas de escolas de samba, e convido o irmão a periciar as quadras de escolas. Não é à toa que um dia desses o teto da quadra da escola de samba, mais rica do Brasil, desabou.
ResponderExcluirAcredito que o pastor Silas Malafaia se refere a hipocrisia, está é uma questão de moral, e não de Direito.
Obrigado pelo comentário, Anônimo!
ResponderExcluirO exemplo é propositalmente tosco pra mostrar o tipo de argumentação tosca que "pastores" e "fiéis" toscos utilizam para justificar sua tosca sabedoria auto-imputada, pois só expondo-os ao ridículo de seu corporativismo tosco é que - talvez - ainda haja uma esperança para eles.
TOSCO,TOSCO,TOSCO,,,QUANTO RESSENTIMENTO...
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