A ABCNews mostrou ontem uma reportagem sobre as armas utilizadas pelas tropas americanas no Iraque e no Afeganistão, que trazem na sua luneta de mira versículos bíblicos gravados em código, denunciando a possibilidade de se estar realizando uma nova cruzada e o perigo de se combater o radicalismo com radicalismo, já que as armas são utilizadas também pelas forças de segurança iraquianas e afegãs. Além do vídeo disponível no link acima (da ABCNews), reproduzo abaixo texto de autoria do escritor e cineasta americano Frank Schaeffer em seu blog, que gentilmente me autorizou a traduzi-lo e publicá-lo aqui:
FORNECEDORES MILITARES QUE ODEIAM A AMÉRICA
por Frank Schaeffer
Que tal pintar um alvo em nossos homens e mulheres! Que tal, assim, fazer o próximo vídeo da campanha de recrutamento do Taliban e da Al Qaeda!
Estou falando sobre a reportagem do site da ABC News - "U.S. Military Weapons Inscribed With Secret 'Jesus' Bible Codes" – “Armas Americanas com Códigos Bíblicos Secretos de ‘Jesus’ (19 de janeiro de 2009). Referências codificadas a passagens bíblicas do Novo Testamento sobre Jesus Cristo estão inscritas nas lunetas de mira de alta precisão dos rifles fornecidos aos militares dos Estados Unidos por uma empresa de Michigan, segundo uma investigação da ABC News apurou.
As miras são usadas por soldados americanos no Iraque e Afeganistão e no treinamento de soldados iraquianos e afegãos. A fabricante das miras, Trijicon, tem um contrato plurianual de US$ 660 milhões, para fornecer até 800.000 miras aos marines (fuzileiros navais) e contratos adicionais de fornecimento de miras ao exército americano.
As regras militares dos Estados Unidos proíbem especificamente o proselitismo de qualquer religião no Iraque ou no Afeganistão, e foram redigidas para evitar críticas de que o país havia embarcado numa “cruzada” religiosa na sua guerra contra Al Qaeda e os insurgentes iraquianos.
Uma das referências nas miras das armas parece ser uma referência a 2ª Coríntios 4:6 do Novo Testamento, que traz: “Porque Deus, que disse: Das trevas brilhará a luz, é quem brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo”.
Outras referências incluem citações dos livros de Apocalipse, Mateus e João tratando Jesus como “a luz do mundo” (João 8:12), inscrito nas miras das armas como JN8:12, que diz, “Eu sou a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida”.
Trijicon confirmou à ABCNews.com que acrescenta os códigos bíblicos às miras vendidas aos militares americanos. Tom Munson, diretor de vendas e marketing da Trijicon, que está baseada em Wixom, Michigan, disse que as inscrições “sempre estiveram ali” e disse que não havia nada de errado ou ilegal em adicioná-las. Munson disse ainda que o tema estava sendo levantado por um grupo que “não é cristão”.
A visão da empresa é descrita no seu site: “Guiados por nossos valores, nós procuramos ter nossos produtos usados em qualquer lugar onde soluções de precisão na mira são requeridas para proteger a liberdade individual”.
Portavozes do exército e do corpo de fuzileiros navais dos Estados Unidos disseram que seus departamentos não tinham sido informados sobre as marcas bíblicas...
“Isto está errado, viola a Constituição, viola um número de leis federais”, disse Michael “Mikey” Weinstein, da Fundação para Liberdade Religiosa Militar, um grupo que busca preservar a separação da igreja e do Estado entre os militares. “Isto permite que os muhajedins, o Taliban, a Al Qaeda e os insurretos e jihadistas se queixem dizendo que eles estão sendo atingidos por rifles de Jesus”, ele disse.
Os fabricantes dessas miras e os oficiais militares que souberam disto, não são patriotas na sua negligência criminal. Eu cheguei até esta história como, 1) o pai de um marine e, 2) como um ex-fundamentalista religioso de direita que, antes que deixasse o movimento em meados dos anos 80, era parte de uma subcultura evangélica que se especializou neste tipo de cruzada religiosa (como eu descrevo em meu novo livro Patience With God - Faith For People who don't Like Religion (Or Atheism) – Paciência com Deus – Fé para Pessoas Que Não Gostam de Religião (ou Ateísmo).
O que há de tão terrível com esta ruptura com nossa Constituição é que isto mostra como a subcultura evangélica está profundamente infiltrada entre nossos militares. Desde os capelães fundamentalistas até os generais zelosos e proselitistas, as Forças Armadas estão contaminados com a nossa própria versão do extremismo que estamos combatendo. Para “cristãos” fundamentalistas apaixonados pelo apocalipse, nós realmente estamos lutando uma cruzada bushista do tipo “Manda ver!”.
É tempo do governo se mexer e parar essa situação surreal de uma vez por todas. Oficiais que sabiam do ocorrido deviam ser levados à corte marcial. A empresa em questão deveria perder o seu contrato e nunca mais ser contratada para qualquer projeto militar.
E os idiotas evangélicos que, por um lado, enxergam as nossas Forças Armadas como um campo missionário para converter soldados, e, por outro lado, através deles projetar os esforços missionários internacionalmente, devem ser advertidos de uma vez por todas: “Tirem as mãos das nossas Forças Armadas!”.
Nós estamos combatendo pessoas que recrutam com base na sua crença de que estão lutando uma “guerra santa” e – como Mikey Weinstein muito bem notou – e isto os joga contra as próprias mãos. Os fabricantes dessas miras poderiam também ter pintado alvos nas costas de cada homem e mulher que estão servindo. Eles são traidores das nossas Forças Armadas e de nosso país.
Estou falando sobre a reportagem do site da ABC News - "U.S. Military Weapons Inscribed With Secret 'Jesus' Bible Codes" – “Armas Americanas com Códigos Bíblicos Secretos de ‘Jesus’ (19 de janeiro de 2009). Referências codificadas a passagens bíblicas do Novo Testamento sobre Jesus Cristo estão inscritas nas lunetas de mira de alta precisão dos rifles fornecidos aos militares dos Estados Unidos por uma empresa de Michigan, segundo uma investigação da ABC News apurou.
As miras são usadas por soldados americanos no Iraque e Afeganistão e no treinamento de soldados iraquianos e afegãos. A fabricante das miras, Trijicon, tem um contrato plurianual de US$ 660 milhões, para fornecer até 800.000 miras aos marines (fuzileiros navais) e contratos adicionais de fornecimento de miras ao exército americano.
As regras militares dos Estados Unidos proíbem especificamente o proselitismo de qualquer religião no Iraque ou no Afeganistão, e foram redigidas para evitar críticas de que o país havia embarcado numa “cruzada” religiosa na sua guerra contra Al Qaeda e os insurgentes iraquianos.
Uma das referências nas miras das armas parece ser uma referência a 2ª Coríntios 4:6 do Novo Testamento, que traz: “Porque Deus, que disse: Das trevas brilhará a luz, é quem brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo”.
Outras referências incluem citações dos livros de Apocalipse, Mateus e João tratando Jesus como “a luz do mundo” (João 8:12), inscrito nas miras das armas como JN8:12, que diz, “Eu sou a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida”.
Trijicon confirmou à ABCNews.com que acrescenta os códigos bíblicos às miras vendidas aos militares americanos. Tom Munson, diretor de vendas e marketing da Trijicon, que está baseada em Wixom, Michigan, disse que as inscrições “sempre estiveram ali” e disse que não havia nada de errado ou ilegal em adicioná-las. Munson disse ainda que o tema estava sendo levantado por um grupo que “não é cristão”.
A visão da empresa é descrita no seu site: “Guiados por nossos valores, nós procuramos ter nossos produtos usados em qualquer lugar onde soluções de precisão na mira são requeridas para proteger a liberdade individual”.
Portavozes do exército e do corpo de fuzileiros navais dos Estados Unidos disseram que seus departamentos não tinham sido informados sobre as marcas bíblicas...
“Isto está errado, viola a Constituição, viola um número de leis federais”, disse Michael “Mikey” Weinstein, da Fundação para Liberdade Religiosa Militar, um grupo que busca preservar a separação da igreja e do Estado entre os militares. “Isto permite que os muhajedins, o Taliban, a Al Qaeda e os insurretos e jihadistas se queixem dizendo que eles estão sendo atingidos por rifles de Jesus”, ele disse.
Os fabricantes dessas miras e os oficiais militares que souberam disto, não são patriotas na sua negligência criminal. Eu cheguei até esta história como, 1) o pai de um marine e, 2) como um ex-fundamentalista religioso de direita que, antes que deixasse o movimento em meados dos anos 80, era parte de uma subcultura evangélica que se especializou neste tipo de cruzada religiosa (como eu descrevo em meu novo livro Patience With God - Faith For People who don't Like Religion (Or Atheism) – Paciência com Deus – Fé para Pessoas Que Não Gostam de Religião (ou Ateísmo).
O que há de tão terrível com esta ruptura com nossa Constituição é que isto mostra como a subcultura evangélica está profundamente infiltrada entre nossos militares. Desde os capelães fundamentalistas até os generais zelosos e proselitistas, as Forças Armadas estão contaminados com a nossa própria versão do extremismo que estamos combatendo. Para “cristãos” fundamentalistas apaixonados pelo apocalipse, nós realmente estamos lutando uma cruzada bushista do tipo “Manda ver!”.
É tempo do governo se mexer e parar essa situação surreal de uma vez por todas. Oficiais que sabiam do ocorrido deviam ser levados à corte marcial. A empresa em questão deveria perder o seu contrato e nunca mais ser contratada para qualquer projeto militar.
E os idiotas evangélicos que, por um lado, enxergam as nossas Forças Armadas como um campo missionário para converter soldados, e, por outro lado, através deles projetar os esforços missionários internacionalmente, devem ser advertidos de uma vez por todas: “Tirem as mãos das nossas Forças Armadas!”.
Nós estamos combatendo pessoas que recrutam com base na sua crença de que estão lutando uma “guerra santa” e – como Mikey Weinstein muito bem notou – e isto os joga contra as próprias mãos. Os fabricantes dessas miras poderiam também ter pintado alvos nas costas de cada homem e mulher que estão servindo. Eles são traidores das nossas Forças Armadas e de nosso país.
Estou boquiaberto tentando achar um adjetivo que exprima o meu espanto.
ResponderExcluirIsso é que é "spiritual warfare".
Sérgio Cerqueira