"“Como o calor em lugar seco, tu abaterás o tumulto dos estranhos; como se abranda o calor pela sombra da espessa nuvem, assim acabará o cântico dos violentos.” (Isaías 25:5)
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terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Cristãos sírios erguem árvore de Natal a partir das ruínas de Homs


A informação foi publicada no Estadão:

Natal em meio a escombros na Síria

Cristãos voltam a Homs e erguem árvore natalina


Três anos e meio após as forças do presidente sírio, Bashar Assad, terem reconquistado o controle sobre Homs, derrotando os opositores que tornaram a cidade a “capital da revolução”, muitos cristãos que tinham fugido da guerra retornaram a suas casas. Em meio aos edifícios destruídos na cidade velha, um pinheiro com uma estrela no topo indica que a celebração do Natal ocorrerá em paz.

Próximo do pinheiro, instalado no bairro de Al-Hamidiyah, um reduto cristão na parte antiga de Homs, dezenas de retratos dos mortos nos combates estão penduradas no “muro da honra”, alguns já descoloridos pela chuva.

De acordo com dados da ADF International, ONG que advoga pela liberdade religiosa, quando o levante contra Assad começou, em 2011, 1,25 milhão de cristãos viviam na Síria – em 2016, esse número tinha baixado para menos de 500 mil, segundo a entidade, em razão da guerra e da perseguição por parte de radicais islâmicos.

Segundo outro levantamento, da Missão Portas Abertas, organização que dá apoio a comunidades cristãs perseguidas, há 794 mil cristãos da Síria.

O cerco a Homs por parte das forças de Assad durou até maio de 2014, quando cerca de 2 mil rebeldes entrincheirados no bairro antigo se entregaram. “Em 2014, quando voltamos ao nosso bairro devastado, a árvore de Natal foi feita com escombros”, afirmou a cristã Rula Barjur, enquanto dava os últimos toques na decoração – de guirlandas prateadas e azuis – do pinheiro instalado na cidade velha.

Em uma reportagem publicada no início deste mês, o World Watch Monitor, que divulga histórias seguidores do cristianismo que sofrem perseguição, narrou o retorno dos cristãos a Homs. Abdul al-Yussef, de 70 anos, pediu para ser fotografado diante da árvore em Al-Hamidiyah, para mandar a seus filhos, que se refugiaram da guerra na Alemanha. “Quero lhes pedir que retornem.” / AFP



terça-feira, 15 de agosto de 2017

Rio de Janeiro faz "esfihaço" para abraçar imigrante sírio que foi vítima de xenofobia

O imigrante sírio feliz da vida na foto de Matheus Pereira, do G1

Meus amigos "evangélicos góspeis", é essa a atitude cristã em relação aos fracos e desfavorecidos, não essa xenofobia e esse ódio aos pobres e ao diferente que vocês demonstram ao apoiar um certo candidato cujo nome não deve nem merece ser pronunciado, mas dificilmente vocês entenderão.

Cristãos acolhem, amam e pregam o evangelho puro de Jesus Cristo, e se tiverem que morrer para tanto, serão martirizados como "ovelhas destinadas ao matadouro" (Romanos 8:36), sem mais.

Como Tertuliano já dizia, "o sangue dos mártires é a semente da igreja", mas quem era Tertuliano (±160-220 d.C.) perto dos nobilíssimos, santíssimos e poderosíssimos líderes evangélicos brasileiros atuais, não é mesmo?

Não são "apóstolos do ódio", como alguns famosos "pregadores" hoje se propõem, simples assim...

Talvez somente quando alguns dedos misteriosos escrevam "mene mene tequel parsim" nas paredes dos seus lautos banquetes de autolouvaçao desenfreada (Daniel 5), meus caros religiosos fascistas, vocês perceberão que o seu tão propalado "reino" político-ideológico padece de autofagia.

Aí será tarde demais...

A matéria é do G1:

Cariocas fazem fila em 'esfihaço' para apoiar refugiado sírio agredido em Copacabana

Após divulgação de vídeo em que é hostilizado por outros ambulantes, Mohamed Ali recebe apoio dos brasileiros. Perto dali, no Arpoador, grupo protestou contra muçulmanos.

Matheus Rodrigues


Uma longa fila se formou neste sábado (12) nas ruas de Copacabana em torno de um carrinho de salgados árabes. Ninguém duvida do sabor das esfihas e quibes, mas o motivo para tanta gente em torno do vendedor é outro: dar apoio ao refugiado sírio Mohamed Ali, que dias atrás foi vítima de hostilizado por outros ambulantes, na esquina da Rua Santa Clara com a Avenida Nossa Senhora de Copacabana.

Entre uma foto e outra entrevista, Mohamed não sabia definir o que estava sentindo. Muitos cariocas foram à mesma esquina para prestar solidariedade.

Os insultos foram registrados por quem passava e a imagem, rapidamente, se espalhou pelas redes sociais (veja nas reportagens acima). Mohamed Ali foi agredido verbalmente depois de ter o carrinho empurrado pelos agressores. Algumas mercadorias caíram no chão.

O ambulante que aparece no vídeo com dois pedaços de madeira na mão fala para Mohamed voltar para o país dele, sair do Brasil, e o ofende.

"Sai do meu país! Eu sou brasileiro e estou vendo meu país ser invadido por esses homens-bomba miseráveis que mataram crianças, adolescentes. São miseráveis. Vamos expulsar ele!", disse.

Mohamed não postou o vídeo e não foi à polícia. "Eu não quero problemas, só quero trabalhar. Eu não quero problema para ninguém", disse Mohamed Ali.

Solidariedade


O evento teve fila de quem estava disposto a ajudar...
Um empresário promoveu o “esfihaço” deste sábado e iniciou uma "vaquinha on line" para conseguir um food truck para o amigo. Guilherme Benedictis resolveu promover o evento “Comer esfiha na barraca do Mohamed” em uma rede social. Até este sábado, o evento tinha confirmação de 11 mil pessoas e despertou o interesse de outras 33 mil.

Mohamed tem 33 anos, é filho de pai sírio e mãe egípcia, nasceu na Síria e foi criado no Egito, de onde saiu há três anos. Diz que no Brasil as pessoas respeitam a religião do outro, e ele pode viver "em paz". Mesmo após a agressão, ele defende o país. "Eu amo o Brasil".

O sírio é casado com uma brasileira e tem um filho. Fugiu da guerra no Oriente Médio e não quer mais conflitos por aqui. "Eu fui para a guerra lá, cheguei aqui e não quero guerra aqui."

Na quinta-feira (10), Mohamed recebeu das mãos do prefeito Marcelo Crivella uma licença para trabalhar em Copacabana.

Protesto contra muçulmanos


Mas o ódio "religioso" nunca pode ser ignorado, há sempre gente disposta ao pior que o ser humano pode oferecer...


Enquanto o sírio era homenageado após sofrer ataques de xenofobia e intolerância religiosa, um grupo de cerca de 20 pessoas fez um protesto com ataques contra muçulmanos a poucos quilômetros dali, no Arpoador. Vestidos de preto e com cartazes com palavras como "muçulmanos: assassinos, sequestradores, estupradores", eles caminhavam em silêncio.

A educadora Débora Garcia estranhou a movimentação e, ao ler os cartazes, resolveu fotografar.

"Minha primeira reação foi não entender o que estava acontecendo. Até porque as mensagens pareciam misturar alhos com bugalhos. Pareceu um movimento 'cristão' radical contra muçulmanos, [grifamos] fazendo algum tipo de analogia louca com assassinatos, sequestros e estupros. Como se pra cometer esses crimes tivesse que ter alguma relação com algum credo em especial", disse, em entrevista ao G1.

"Estranhei a quantidade de cartazes e o uniforme preto. Primeiro, achei que era em defesa de migrantes, estrangeiros. Depois, que vi que eram totalmente contra praticamente um pedido para que saiam daqui", contou.



sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Já estão tocando as trombetas da Terceira Guerra Mundial


Eita mundinho esquisito esse planeta que nos tocou habitar... guerras devem dar muito dinheiro, só assim se explica a voracidade mórbida para fabricar um conflito qualquer.

A matéria foi publicada em 13/10/16 pela estatal portuguesa RTP, com grafia lusitana:

Guerra (mundial) iminente?

Rui Sá, Daniel Catalão - RTP

Rússia e Estados Unidos estão em rota de colisão militar e não é apenas na Síria.

Há movimentações de misseis balísticos nucleares em vários pontos da Europa e da região da ásia-pacifico.

Em São Petersburgo, por exemplo, raciona-se já o pão à espera do eclodir da terceira guerra mundial, enquanto em Moscovo se preparam os abrigos nucleares.

Felipe Pathé Duarte, porta-voz do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo, lembra que há em tudo isto uma componente de retórica discursiva muito importante mas diz que "há de facto movimentações preocupantes que não podem ser tomadas de ânimo leve" porque não são apenas palavras.

"Putin procura endurecer palavras e gestos simbólicos como forma de ganhar um lugar de destaque à mesa da diplomacia internacional", concluí o comentador do Jornal 2.

O presidente russo ordenou o regresso à pátria de todos os oficiais das forças armadas que estão no estrangeiro.

Fala em guerra iminente. Em Moscovo preparam-se abrigos antinucleares.

Imprensa próxima do Kremlin aponta para a Síria, olha os Estados Unidos e diz - "A terceira guerra mundial já começou".

No terreno é no entanto Putin quem intensifica os bombardeamentos sobre Aleppo. Os franceses cancelam a visita do presidente russo a Paris, falam em crimes de guerra e exigem responsabilização.

A Casa Branca diz nãoser possível negociar com quem não mantém os acordos, o Kremlin afirma que são os Estados Unidos e os seus aliados ocidentais quem está a provocar uma escalada da tensão na Síria.

Mas não é apenas a Síria a estar no centro da escalada das tensões entre Rússia e ocidente.

Na frente europeia há um aumento da repressão na Crimeia, com o FSB (serviços secretos russos) a liderar as rusgas e as detenções de ativistas locais.

Esta semana Putin ordenou a instalação de misseis balísticos nucleares no enclave de Kaliningrado, entre a Polónia e a Lituânia. Ambos países da OTAN.

De lembrar que este ano a Organização do Tratado do Atlântico Norte levou a cabo um dos maiores exercícios militares da sua história precisamente na Polónia, e que no Báltico, há a mobilização permanente de recursos para a defesa avançada do espaço aéreo ocidental. Portugal participa nessa missão na Lituânia com caças F-16.

Felipe Pathé Duarte lembra que há um claro sentimento na Rússia "de que o país está já sobre ataque por parte do Ocidente", pelo que as ações tomadas são justificadas pelos políticos, e militares, como sendo de defesa e inteiramente aceites pela generalidade dos russos.

Na oposição militar aos Estados Unidos da América Rússia e China dão mãos. Preparam-se gigantescos exercícios militares conjuntos.

Na mira de todos os discursos e ações a política dos Estados Unidos de instalar sistemas defensivos anti míssil em vastas zonas do mundo, da Europa a Israel, do Japão à Coreia do Sul.

Mas escalada global joga-se também num novo tabuleiro - o ciber espaço.

Os Estados Unidos acusam Moscovo de piratear informaticamente o partido democrata e a candidatura de Hilary Clinton, bem como de apadrinhar um plano para adulterar a votação eletrónica nas presidenciais de novembro.

Obama e Putin tiveram um encontro sobre o assunto. Moscovo nega. Washington garante não ter dúvidas do envolvimento russo.

As duas potências encontram-se este sábado para tentar o desanuviamento. De novo a questão Síria assume o centro da agenda.

Todos, no entanto, assumem que a Síria é apenas o ponto quente de uma nova guerra fria, mais vasta e global, que obriga a outro diálogo e diplomacia.



terça-feira, 1 de novembro de 2016

Mossul pode marcar o fim do Estado Islâmico

Quando o Estado Islâmico chegou em Mossul, muita gente se atreveu a comemorar. Arrependeram-se.

Interessante lembrar que a palavra "muçulmano" tem sua origem em Mossul, na bíblica província de Nínive, hoje no Iraque.

A informação é da BBC Brasil:

Três motivos pelos quais a batalha de Mossul contra o Estado Islâmico é tão importante

Até 2014, antes de cair no domínio do grupo autodenominado Estado Islâmico, Mossul era a próspera capital petroleira da província de Nínive, no Iraque. Também era o centro político, econômico e cultural do noroeste do Iraque.

Agora, depois de três meses de planejamento, forças de segurança iraquianas lançaram nesta semana uma enorme ofensiva na cidade, com reforço de combatentes peshmerga (Exército curdo no Iraque), grupos tribais sunitas e milícias xiitas, todos apoiados pela coalizão internacional encabeçada pelos Estados Unidos.

O objetivo é expulsar o grupo extremista da segunda cidade mais importante do Iraque. Mas por que é tão importante recuperar Mossul?

1. É o último grande bastião do EI no Iraque

Mossul, com 1,5 milhão de habitantes, era uma das cidades mais diversas do Iraque, com uma população de árabes, curdos, sírios, turcos e muitas minorias religiosas.

"Mossul foi onde o EI ganhou reputação global, já que antes de tomar a cidade era apenas um grupo local", diz Caroline Hawley, correspondente de assuntos diplomáticos da BBC.

"Então, quando tomaram Mossul com um ataque impressionante que o Exército iraquiano não foi capaz de reagir, todos começaram a ouvir falar do EI e o grupo virou uma grave ameaça que deveria ser levada a sério."

Por que somos míopes?

Seis meses antes de tomar Mossul, o grupo, que então se denominava "Estado Islâmico do Iraque e do Levante", já havia tomado a cidade de Faluja e depois conquistou vitórias importantes na guerra civil da Síria.

Mas quando entraram em Mossul, entre 10 mil e 30 mil soldados e forças de segurança iraquianas abandonaram seus postos e fugiram diante de cerca de 800 extremistas.

Desde então, o EI destruiu a autoridade do Estado iraquiano na região, estabeleceu um regime brutal que levou a um êxodo em massa de moradores e impôs sua autoridade perseguindo minorias e matando opositores.

Os extremistas continuaram avançando e tomaram boa parte da região de Nínive, além de outras áreas, em questão de dias.

2. É um centro cultural, político e econômico vital

Dias depois de tomar Mossul, o líder do grupo, Abu Bakr al Baghdadi, declarou o "califado", ou seja, um "Estado" governado segundo a lei islâmica, a sharia.

A partir de Mossul, o EI estabeleceu sua operação para recrutar seguidores pelo mundo. Pela proximidade com a Síria, tornou-se um reduto de combatentes estrangeiros e se tornou o prêmio maior do grupo extremista.

Mossul era a principal área de maioria sunita em um país dominado pelos grupos xiitas e, antes da invasão do EI, também era a cidade com maior população cristã do Iraque.

Os membros do EI são jihadistas que fazem uma interpretação extrema do ramo sunita do Islã e acreditam ser os únicos reais fiéis. Veem o resto do mundo como infiéis que querem destruir sua religião.

No começo, muitos moradores sunitas de Mossul pareciam receber bem os extremistas. Mas a oposição começou a crescer conforme escalou a brutalidade do regime.

A cidade fica perto de importantes poços de petróleo e não muito longe de Síria e Turquia. Com uma importante rede de estradas, é um centro comercial chave na região. Mossul se tornou uma fonte importante de receita para o EI, com impostos, trabalhos forçados e extorsões. Perder a cidade seria um enorme golpe para as finanças do grupo extremista.

Antiga cidade síria, também é patrimônio cultural no Iraque, rica em antiguidades e pontos históricos, muitos dos quais foram destruídos pelo Estado Islâmico.

3. Poderia ser o começo do fim do EI

Na batalha para recuperar Mossul, participam cerca de 35 mil membros das forças de segurança do Iraque, combatentes curdos, grupos tribais sunitas e forças paramilitares xiitas, com apoio da coalizão internacional dirigida pelos Estados Unidos.

Para analistas, a ofensiva deverá ser extremamente difícil. O secretário de Defesa dos EUA descreveu a batalha como "momento decisivo" para derrotar o EI.

Calcula-se que o EI tenha entre 5 mil e 8 mil combatentes prontos para defender Mossul. Acredita-se que eles estejam escondidos entre a população, estimada em 1,5 milhão de pessoas - 200 mil possivelmente serão desalojadas nas próximas semanas.

O Estado Islâmico levou meses para se preparar para essa batalha e, segundo a correspondente da BBC Caroline Hawley, é provável que empregue táticas não convencionais para vencer as forças iraquianas, como emboscadas, bombas e franco-atiradores.

"Se o EI perder Mossul, perderá uma base urbana extremamente importante", explica Hawley.

"Mas sabemos que o EI luta de maneiras pouco convencionais e temos visto que quando eles se veem sob pressão no campo de batalha, voltam a se defender com ataques terroristas", diz.

A queda de Mossul também seria um golpe nos extremistas em termos de rotas de abastecimento entre Iraque e Síria. E isso facilitaria uma operação da coalizão em Raqqa, considerada a capital do grupo na Síria.



sexta-feira, 21 de outubro de 2016

TV russa diz que 3ª Guerra Mundial já começou


Apocalípticos de plantão, divulgai as vossas teorias da conspiração, o Armagedom está próximo... a matéria é do Estadão:

Para TV russa, 3.ª Guerra já começou

O cenário de um novo conflito mundial é remoto, mas quem ligar a televisão na Rússia vai se surpreender ao saber que, na verdade, ele já começou

O cenário de uma 3.ª Guerra é remoto, mas quem ligar a televisão na Rússia vai se surpreender ao saber que, na verdade, ela já começou. Na principal emissora pública do país, o apresentador do programa estrela do domingo à noite anunciou que as baterias antiaéreas russas na Síria vão “derrubar” aviões americanos.

O canal de notícias 24 horas Rossia 24 exibiu uma reportagem sobre a preparação de abrigos antinucleares em Moscou.

Em São Petersburgo, o canal digital Fontanka diz saber que o governador quer racionar o pão diante de uma futura guerra, embora as autoridades garantam que a única coisa que estão tentando fazer é estabilizar o preço da farinha.

Na rádio, debate-se sobre exercícios de “Defesa Civil”, os quais, segundo o Ministério de Situações de Emergência, mobilizam 40 milhões de russos durante uma semana. O objetivo: retiradas de edifícios e simulações de incêndio.

Se o visitante preferir passear pelas ruas de Moscou a ver televisão, é muito provável que esbarre em um dos imensos grafites “patrióticos” dos artistas pró-Putin da organização “Set”, que tomam os prédios. Em um deles, vê-se, por exemplo, um urso – símbolo da Rússia – distribuir coletes à prova de balas a pombas das paz.

Esse enaltecimento da iminência de uma “3.ª Guerra” ganhou cada vez mais espaço com a ruptura, em 3 de outubro, das negociações entre Washington e Moscou sobre a guerra síria, após o fracasso de um cessar-fogo negociado em setembro entre as duas potências em Genebra.

Uma ruptura com consequências. As bombas russas e sírias transformaram Aleppo em um “inferno na Terra”, segundo a ONU, avivando as críticas dos países ocidentais.

No terreno, o Exército russo mobilizou em sua base naval do porto sírio de Tartus baterias antiaéreas S-300, artefatos capazes de destruir caça-bombardeiros. Uma demonstração de força que não é dirigida aos extremistas, nem aos rebeldes sírios, mas à Marinha e aos aviões americanos.

Confrontação. Em Moscou, onde os jornalistas russos e ocidentais dormem e acordam com os comunicados do Ministério da Defesa, os veículos de comunicação plasmam e amplificam o clima de confrontação. O porta-voz do Exército russo, general Igor Konachenkov, lança advertências à Casa Branca, ao Pentágono e ao Departamento de Estado dos EUA.

“Lembro aos estrategistas americanos que os mísseis antiaéreos S-300 e S-400 que garantem a cobertura aérea das bases russas de Hmeimim e de Tartus têm um raio de ação que pode surpreender qualquer aeronave não identificada”, advertiu o general Konachenkov, em 6 de outubro, em uma ameaça velada aos Estados Unidos.

Na emissora pública Rossia 1, o apresentador Dimitri Kisilev, que também é chefe da agência de notícias Ria Novosti, resume a declaração do general Igor Konashenkov para “pessoas comuns, como eu e você”: “derrubaremos” os aviões americanos.

Em seguida, ele revela o “plano B” dos Estados Unidos na Síria. “O plano B é, em linhas gerais, que os Estados Unidos recorram diretamente à força contra as forças sírias do presidente Bashar Assad e contra a aviação russa”, relata. “Deve-se temer provocações? Foi assim que os Estados Unidos entraram em guerra no Vietnã”, conclui Kisilev, advertindo os ocidentais de que os mísseis estacionados em Kaliningrado, território russo próximo à Polônia, podem carregar ogivas nucleares.

“A Rússia atual está mais do que preparada, sobretudo psicologicamente, para a nova espiral de confrontação com o Ocidente”, resume o cientista político Gueorgui Bovt, em uma tribuna no veículo digital Gazeta.ru. Bovt avalia os cenários possíveis, levando-se em conta as dificuldades econômicas da Rússia.

No primeiro deles, otimista, as duas potências “chegam a um acordo sobre novas condições de coexistência, como uma espécie de Ialta-2”, referindo-se à distribuição das zonas de influência entre os Estados Unidos e a então União Soviética, após a 2.ª Guerra. O outro é catastrófico. A Rússia reagirá, partindo da máxima “se não se pode evitar o confronto, deve-se ser o primeiro a bater”.

Em recente entrevista à Ria Novosti, o último presidente soviético, Mikhail Gorbachev, alertou que o mundo flerta “perigosamente com a zona vermelha”. Há 30 anos, Gorbachev e o então presidente dos EUA, Ronald Reagan, promoviam o princípio do fim da Guerra Fria.

Na quarta-feira (12), surgiu o primeiro sinal de distensão, depois de dias de acusações verbais. Moscou anunciou uma reunião internacional sobre a Síria para sábado (15) em Lausanne. Visto como uma última chance de diálogo, o encontro colocará frente a frente, mais uma vez, o secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.



quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Família judia "adota" refugiado muçulmano em Berlim

Família Jellinek em Berlim:
o cachorro meio deslocado na foto
é só um detalhe...
Uma história real (e quase inacreditável nos dias de hoje) sobre amor, respeito, rejeição de valores desumanos atuais e herdados do passado obscuro, além de tolerância, publicada no Estadão de 11/09/16:

Família judia abriga refugiado sírio em Berlim

Filho e neto de nazistas, Chaim Jellinek e sua mulher, Kyra, apostam em colaborar com integração de imigrantes como solução para ‘crise’

Adriana Carranca

As cenas da massa que chegou à Europa por mar e atravessou suas fronteiras em trens lotados, a pé por trilhos e campos, dormindo ao relento, no último ano, compõem o retrato do maior êxodo desde a 2.ª Guerra. Essas duas pontas da História se encontraram agora no universo privado de um apartamento espaçoso no coração de Berlim. Ali, vivem o médico judeu alemão Chaim Jellinek, a mulher dele, Kyra, três dos quatro filhos do casal e, desde novembro, o jovem muçulmano Kinan, refugiado sírio que a família acolheu em casa.

Jellinek e Kyra, como Kinan hoje, tiveram suas vidas profundamente afetadas pela guerra. Mas vítimas de tragédias distintas. A família de Kyra sobreviveu ao Holocausto no gueto de Budapeste. Já o marido, Jellinek, nasceu e cresceu em uma família nazista, filho e neto de integrantes do Partido Nacional-socialista dos Trabalhadores Alemães, de Adolf Hitler. O pai lutou Operação Barbarossa, a invasão alemã da União Soviética na 2.ª Guerra.

Ele se converteu ao judaísmo e adotou novo nome quando a mulher engravidou do primeiro filho, após um longo período de revisão do próprio passado. “Perdi minha família muito tempo antes de conhecer Kyra. Chegamos a um ponto em que meu pai achava que eu deveria defender o nacional-socialismo. Ele nunca falou sobre a máquina industrial de matar pessoas montada por Hitler, não o ouvi defender o extermínio de judeus, esse não era um assunto em casa. Mas assim que passei a pensar por mim mesmo, comecei a indagar sobre o que sua geração e a do meu avô fizeram. E entendi que meu avô era, sim, um criminoso.”

Jellinek rompeu com a família e saiu de casa aos 20 anos. Quando conheceu Kyra, uma década depois, Jellinek tocava em uma banda punk e tinha se tornado um ativista antifascismo “sem nenhum pensamento religioso”. A gravidez do primeiro filho trouxe de volta fantasmas do passado. “Comecei a pensar no significado da família e no que gostaria de deixar para os filhos”, diz. Foi então que decidiu se converter à religião dela. “Porque o maior símbolo do judaísmo é a família”, diz.

Ele reencontrou o pai apenas uma vez, quando estava morrendo. “Mas já não havia mais conexão entre nós. Nada.” Ao olhar para trás, hoje, julga-o também como vítima. “Ele foi abusado psicologicamente e teve a juventude roubada pelo meu avô e pelos nazistas.”



segunda-feira, 25 de julho de 2016

Xeque da maior mesquita brasileira é corinthiano


Bom, o "Curíntia" é só um detalhe na biografia do xeque Dr. Abdul Hamid Metwally, e a pergunta que ele faz sobre a qualidade da faca revela a sua sabedoria.

A matéria foi publicada no Estadão de 23/07/16:

Xeque da maior mesquita da América Latina diz que EI 'não é Estado e nem islâmico'

'Não tem nada a ver com a nossa religião', diz Xeque dr. Abdul Hamid Metwally

Xeque dr. Abdul Hamid Metwally, 45 anos, tira o celular do bolso e entra em sua página do Facebook. Nela, clica em um vídeo em que discursa sobre o Estado Islâmico. “Não é Estado, não é islâmico e não tem nada a ver com a nossa religião”, diz. Pensando em aproveitar a “deixa”, o repórter pergunta se as redes sociais não têm feito mais mal do que bem à comunidade muçulmana ou a difusão do islã ao redor do mundo. O xeque sorri e devolve a pergunta com outra questão. “Você diria que uma faca é um objeto bom ou ruim?”

Sem deixar que o repórter responda, ele pede cinco minutos de paciência. O relógio marca 18h e, com outros nove homens (e seis mulheres que ficam no fundo do salão), ele se vira a Meca e inicia sua quarta oração do dia. O ritual é simples, mas realizado com seriedade e devoção. No fim, ele volta acompanhado de um intérprete. Embora o português dele seja bom, o religioso prefere não deixar nenhuma dúvida no ar.

Como responsável pela Mesquita Brasil, a maior da América Latina, e presidente do Conselho Superior dos Teólogos dos Assuntos Islâmicos no Brasil, Metwally será um dos líderes religiosos a participar das Olimpíada do Rio. Na cidade dos Jogos, ele terá o papel de aconselhar e até advertir os atletas muçulmanos e outros praticantes da religião envolvidos com o evento. “A segurança do Brasil também é a nossa segurança”, diz o xeque.

Assim, Metwally apoia a atitude do governo brasileiro e a detenção dos 11 suspeitos de supostamente tramarem ações violentas durante os jogos. “O que precisa ficar claro é que eles não são muçulmanos, não conhecem o islã, não podem se confundir com nosso povo”, diz. O xeque exemplifica sua posição com a própria história. “Fiz universidade no Egito, sou mestrado e doutorado em religião. Estudei 27 anos para estar aqui. Uma pessoa que passa seis meses no Egito (um dos suspeitos presos passou alguns meses no Egito) não pode voltar dizendo que conhece o Alcorão e pregar isso ou aquilo. Essa pessoa não tem conhecimento. Ou foi buscá-lo na fonte errada”, comenta. Bom de comparações, o xeque alerta: “É como se você estivesse doente e fosse ao barbeiro ao invés de procurar um médico. Esses meninos brasileiros estão doentes e foram procurar um barbeiro”, diz. “Eles acham que ser muçulmano é deixar a barba crescer e usar roupas diferentes”, completa.

O próprio xeque diz que eventualmente já recebeu em sua mesquita jovens com uma ideia distorcida do islã. Nesses casos, procura passar o verdadeiro sentido do que é seguir Alá. “Se não entendem, se preferem continuar na ignorância, nós os colocamos para fora. Não são aceitos em nossa comunidade. Ou mudam ou são expulsos.” Metwally recorda que o principal mal-entendido desses jovens radicalizados é em relação ao significado da palavra “Jihad”. “Jihad não é ataque, não é guerra. Significa defesa. Não tem nada a ver com o que prega o Estado Islâmico”.

O religioso lembra que o Estado Islâmico tem em sua bandeira a frase “Deus é maior” e que isso é uma farsa. “Eles têm uma frase na bandeira e nada no coração. O coração não tem bandeira. Eles, os terroristas, são apenas aparência. Não têm essência nenhuma”.

Nesse ponto da conversa, um homem que acompanhava a conversa no interior da mesquita, tira o celular do bolso e começa a mostrar um vídeo de um ataque do EI contra crianças na Síria. “Mais de 200 crianças mortas. Você acha que isso é Deus? Acha que nós defendemos isso?”, diz.

A reação do homem, um sírio, é fácil de entender. Infelizmente, as ações do EI e de outros grupos terroristas fez com que o preconceito religioso atingisse em cheio os muçulmanos no País. Não raro, frequentadores da mesquita, homens como aquele que mostrou o vídeo dos ataques contra as crianças, ouvem comentários do tipo “chegou o homem-bomba” ou percebem outras pessoas evitando permanecerem no mesmo espaço do que eles - provavelmente por medo de atentados. “Ignorância. Muita ignorância e falta de conhecimento básico sobre religião. As pessoas temem o que não conhecem”, afirma.

Para o religioso, os ataques têm um alvo claro: os próprios muçulmanos - e que eles seriam produzidos ou fomentados por americanos e europeus. “Hoje o nome é Estado Islâmico, mas já teve o nome de Osama Bin Laden, já foi Taleban e Al-Quaeda.São apenas nomes que criam com intenções veladas de atingir a verdadeira religião”. Metwally diz acreditar que os Jogos acontecerão sem incidente mais grave. “Estou disposto, assim como outros religiosos, a colaborar: a segurança do Brasil é a nossa segurança também. Estamos aqui para defender esse País de qualquer coisa”, avisa.

Egípcio de nascimento e há 10 anos aqui, com uma filha brasileira, se diz corintiano: “Sou brasileiro também. Minha mesquita é aberta para a comunidade, para pessoas de todas as raças e credos. Estamos aqui para fazer parte da sociedade, para dividir experiências com todos que estiverem dispostos a também nos conhecer melhor”.



sábado, 18 de junho de 2016

Governo brasileiro não quer mais refugiados sírios


E pensar que o usurpador de plantão, Michel Temer, que bate a porta na cara dos seus patrícios,  é descendente de libaneses, ali do lado, hein...

A informação é do HuffPost Brasil:

Brasil suspende negociações com União Europeia para trazer refugiados sírios

Como parte de uma nova e restritiva política de acolhimento de estrangeiros, a gestão do presidente em exercício Michel Temer suspendeu as negociações entre Brasil e União Europeia para acolher refugiados sírios no Brasil.

A postura contrasta com a da presidente afastada, Dilma Rousseff, que salientava que o Brasil estava "de braços abertos" para receber aqueles que fogem da guerra civil da Síria, que já dura mais de cinco anos e já fez com que mais de 5 milhões de pessoas deixassem o país. É a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial.

De acordo com informações da BBC, a ordem veio do ministro interino da Justiça, Alexandre de Moraes e foi comunicada à equipe nesta semana.

O Brasil tem pouco menos de 10 mil refugiados formalmente reconhecidos, sendo a maioria de nacionalidade síria. Por meio da Resolução Normativa 17 do Conare, todos os sírios que desejarem vir para o Brasil terão direito ao visto humanitário e entrada imediata no território brasileiro.

Com os esforços do anterior ministro da Justiça, Eugênio Aragão, a intenção era obter recursos internacionais para trazer 100 mil sírios ao país nos próximos cinco anos, com o respaldo de Dilma.

Procurado pela reportagem, O Ministério da Justiça e Cidadania informou que não houve nenhuma suspensão das negociações com a União Européia, que continuam do ponto inicial onde estavam.

"O governo anterior não havia estabelecido nenhum programa ou projeto nesse sentido, nem previsto tampouco qualquer previsão orçamentária", afirma o governo provisório em nota.



terça-feira, 7 de junho de 2016

Guerra não para na Síria, apesar do Ramadã

Parece que a destruição total se tornou a nova religião de Aleppo, na Síria.

A informação é da Agência Brasil:

Terroristas atacam Aleppo durante o Ramadã

Da Agência Sputnik Brasil

Forças jihadistas estão atacando áreas residenciais e forças governamentais e curdas em Aleppo, na Síria,apesar do início do Ramadã, informou o Centro da Reconciliação Russo, na Síria.

Apesar de o Ramadã, um mês sagrado para os muçulmanos, ter começado na segunda-feira (6), os terroristas estão atacando as posições das forças governamentais e curdas em Aleppo, bem como as áreas residenciais.

Durante a noite, eles dispararam foguetes múltiplos e morteiros contra vários pontos de Aleppo.

O assentamento de Handrat, o aeroporto de al-Naira, bem como bairros de al-Muhafaza, Meydan, Sheikh Maqsood e al-Zahra foram atacados.

O cessar-fogo na Síria foi estabelecido com o apoio da Rússia e dos Estados Unidos no dia 27 de fevereiro deste ano. A suspensão das hostilidades não foi aceita por grupos terroristas como o Daesh e a Frente al-Nusra.

Edição: Graça Adjuto



quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Na contramão da Europa, Portugal quer receber mais refugiados sírios


A matéria é do jornal português Público, com ortografia lusitana:

Portugal disponível para receber dez mil refugiados

ANA GOMES FERREIRA

António Costa, através de acordos bilaterais, mais do que duplicou a quota atribuída ao país pela União Europeia. Em Bruxelas, o tema refugiados agravou ainda mais o clima de animosidade mas foi marcada, para Março, uma cimeira com a Turquia.

Portugal está disponível para receber cerca de dez mil refugiados – 4486 no âmbito do acordo europeu de recolocações, firmado no ano passado, e os restantes através de acordos bilaterais que o primeiro-ministro, António Costa, propôs à Alemanha e aos países mais afectados pelo fluxo migratório.

Costa, que participa em Bruxelas na cimeira da União Europeia (UE), enviou cartas os chefes dos governos grego, sueco, italiano e austríaco a disponibilizar-se para receber em Portugal milhares de refugiados que estão nestes países.

Em Setembro de 2015, o Governo português (estava então no poder a coligação de direita) aceitou a cota de 4486 refugiados atribuídos no plano de redistribuição de 160 mil pessoas — destas, apenas uma ínfima parte chegou aos seus destinos. No início de Fevereiro, o chefe do novo Executivo (socialista) visitou a Alemanha e disponibilizou-se, junto da chanceler Angela Merkel, para receber mais um grupo alargado de refugiados (duas mil pessoas), que seriam integrados em empregos no sector da agricultura e no ensino superior.

Agora, em Bruxelas, Costa alargou novamente o número através destas ofertas bilaterais.

É com a soma de todos estes números — cota europeia, proposta à Alemanha e novos acordos bilaterais — que se chega aos dez mil refugiados, ou próximo disso.

Em declarações aos jornalistas, o primeiro-ministro português voltou a dizer que estes refugiados que Portugal está disposto a receber poderão ser encaminhados para sectores como a agricultura e florestas, mas que a oferta se alarga também a estudantes universitários.

“É essencial que todos nos mobilizemos para responder de uma forma positiva [ao fluxo de refugiados que chega à Europa]”, disse António Costa. “Isto de forma a que a Europa cumpra os seus deveres de assegurar a protecção internacional a todos aqueles que são perseguidos, a todos aqueles que são vítimas da guerra e que procuram na Europa o seu refúgio”.

Ameaças e decisões unilaterais

Em Bruxelas, porém, a forma de cumprir este dever de protecção que António Costa mencionou não é consensual. No segundo dia da cimeira em que um dos temas na agenda era a travagem do fluxo migratório em direcção à UE e o registo e reincaminhamento dos refugiados e dos chamados imigrantes económicos que já estão no território comunitário (mais de 2,5 milhões, nas contas que já pecam por defeito das Nações Unidas), os países voltaram a ameaçar-se mutuamente ou a tomar decisões unilaterais — ao ponto de a Grécia ameaçar inviabilizar a declaração final, que tem implicações sobre a coesão da UE (o Brexit).

“Precisamos de ajudar o Reino Unido, mas o Reino Unido vai ter um referendo em Junho e esta crise [dos refugiados] está a atingir-nos agora”, disse o primeiro-ministro grego. Alexis Tsipras considerou que, em Bruxelas, se fala da necessidade de “uma maior união”, mas “as fronteiras estão em risco e a União Europeia está a desintegrar-se”.

A decisão da Áustria de aplicar, desde esta sexta-feira, cotas de passagem no seu território (3200 pessoas por dia) — muitos percorrem o seu território para chegar à Alemanha — e um limite para os pedidos de asilo que vai aceitar (80 por dia), além do anúncio de que esses números serão em breve reduzidos, irritou muitos parceiros. Uma notícia que agravou ainda mais o clima de animosidade em Bruxelas — e minou o plano alemão para chegar a um entendimento sobre uma parceria UE/Turquia para estancar o fluxo de gente que atravessa o Mediterrâneo Oriental e chega às ilhas gregas.

A parceria com Ancara é a grande aposta do governo alemão, e apesar de não haver consenso sobre ela, foi decidido que se realizará uma cimeira UE/Turquia no início de Março, antes da cimeira europeia de dia 6 desse mês.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Junker, ficou “exasperado” com a decisão austríaca, diz a Reuters. O chefe da pasta europeia das migrações, Dimitris Avramopoulos, disse que a Áustria está a violar a legislação europeia e internacional sobre asilo. Mas os austríacos mostraram-se inamovíveis. “Estou muito contente com a nossa decisão e vamos mantê-la”, disse a ministra do Interior, Johanna Mikl-Leitner, lembrando que o sue país recebeu onze mil pedidos de asilo desde 1 de Janeiro e que só aceitará 37.500 até ao fim do ano. “Por isso, teremos que introduzir novos limites”, afirmou a ministra dizendo não perceber o “espanto” da Alemanha uma vez que foi este país que “inventou este sistema”.

As decisões unilaterais de controlo de fronteiras prosseguem. Alguns países optaram pelo encerramento de fronteiras, o que na prática significa a criação de uma linha de fronteira interna na UE e que põe em causa a aplicação do acordo de Schengen, que determina a livre circulação de pessoas e bens no espaço comunitário e a que aderiram alguns países não membros. Hungria, República Checa, Eslováquia e Polónia defenderam — e estão a aplicar — um plano de encerramento das suas fronteiras e da dos países que rodeiam a Grécia.

De quinta para sexta-feira, Macedónia, Croácia e Eslovénia decidiram introduzir um sistema conjunto de registo dos que chegam da Grécia e de transporte directo destes para a Áustria. O plano pretende identificar os que são originários de países considerados, como a Síria, o Iraque e o Afeganistão, deixando-os seguir em viagens organizadas (e não os outros), mas não lhes garantindo automaticamente direito a pedido de asilo — pretendem que essa triagem seja feita na Áustria. O chefe da polícia croata, Vlado Dominic, disse que a Bulgária e a Albânia vão ser convidados a juntar-se a esta estratégia uma vez que, perante esta nova realidade, podem tornar-se rapidamente novos países na rota que os refugiados e imigrantes usam para chegar à UE.



segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Líder do Estado Islâmico era craque do seu time de futebol


É o que informa a ESPN Brasil:

Terrorista mais procurado do mundo 
já foi o 'Messi do Iraque'

Ibrahim Awwadty Ibrahim Ali Muhammad al-Badri al-Samarrai, mais conhecido como Abu Bakr al-Baghdadi, é o terrorista mais procurado do mundo.

O que se sabe sobre ele é que tem 44 anos, nasceu em Samarra, no Iraque, é o líder do grupo "Estado Islâmico" e tem uma recompensa de US$ 10 milhões (R$ 38 milhões) colocada pelos Estados Unidos por informações que levem à sua captura.

O que poucos sabem, porém, é que ele era um atacante de primeira no futebol.

"Ele era o Messi do nosso time, nosso melhor jogador", contou Abu Ali, amigo do extremista, ao jornal inglês The Telegraph.

Ibrahim Awwadty era o principal jogador do time da mesquita de Tobchi, bairro pobre localizado na zona oeste de Bagdá, para onde o hoje terrorista se mudou quando deixou Samarra para cursar a Universidade Islâmica da capital iraquiana.

Entusiasta dos esportes, e também descrito como muito religioso, o homem mais procurado do mundo era capitão da equipe e um líder-nato, lembra seu amigo.

"Ele tinha uma voz poderosa, e isso servia tanto para a reza quanto para comandar o time. Nós adorávamos jogar futebol juntos. Nos tempos de Saddam (Hussein), também visitávamos lugares fora de Bagdá, como Anbar, pois ele gostava muito de nadar", recordou.

O futebol, contudo, perdeu espaço na vida de Ibrahim Awwadty quando a coalizão liderada por Estados Unidos e Inglaterra invadiu o Iraque, em 2003, dando início a um conflito que até hoje deixa milhares de mortos no Oriente Médio e no resto do mundo.

Logo após conseguir seu PhD em Estudos do Islã, ele passou a se dedicar ao aprendizado e aplicação da xaria, as leis islâmicas que regem a Constituição de diversos países muçulmanos.

Silenciosamente, passou a tramar uma maneira de um dia expulsar os americanos e ingleses de seu país natal, ao mesmo tempo em que ascendia como líder regilioso nas zonas mais conflituosas da combalida Bagdá.

"Ele nunca demonstrou nenhuma hostilidade aos invasores. Ele não tinha sangue quente, como a maioria das pessoas. Imagino que ele tenha planejado tudo isso de maneira calada, dentro da cabeça dele", opinou o amigo Abu Ali.

"Era um cara insignificante. Ele liderava a reza em uma mesquita perto de onde eu morava, mas ninguém nunca prestou muita atenção nele", completou Ahmed al-Dabash, ex-colega de Ibrahim Awwadty na Universidade Islâmica.

De acordo com Dabash, o companheiro de curso era um homem "calado e tímido", que só era notado pelos óculos grossos, já que tem um alto grau de miopia.

O fato é que, à sua maneira, o hoje líder terrorista foi ganhando reputação. Primeiro, fundou o grupo militante Jamaat Jaysh Ahl al-Sunnah wa-l-Jamaah logo após a invasão do Iraque, em 2003. Três anos depois, já influente, foi convocado para o grupo MSC, embrião do "Estado Islâmico".

Em 2006, Abu Musab al-Zarqawi, líder do MSC, foi morto em um bombardeiro americano, e Abu Omar al-Baghdadi assumiu seu lugar. Quatro anos depois, Abu Omar foi morto em outro bombardeio liderado pelos Estados Unidos, e Ibrahim Awwadty acabou eleito novo líder, posição que ocupa até hoje.

Foi então que ele acabou renomeado como Abu Bakr al-Baghdadi.

"Para mim, ainda é um mistério o porquê de terem escolhido Ibrahim como líder. Havia muitos outros que já estavam na organização antes dele. O fato é que, de 11 votos possíveis entre os conselheiros, ele obteve nove", salientou Hisham al-Hashim, estrategista de segurança iraquiano, provando a influência do líder.

De acordo com Hashim, o fato decisivo na mudança de personalidade de Ibrahim Awwadty de um homem tímido e calado em um líder fanático aconteceu em 2005, quando ele foi preso pelos Estados Unidos no acampamento de Camp Bucca pela participação no grupo militante Jamaat Jaysh Ahl al-Sunnah wa-l-Jamaah.

Misterioso, manteve seus segredos ocultos, e acabou liberado em 2009. "Percebi que ele era um cara mau, mas ele não era o pior dos piores", relembrou o coronel Kenneth King, do exército norte-americano, e que conheceu al-Baghdadi em Camp Bucca .

Segundo King, a mensagem de despedida que o hoje todo-poderoso do "Estado Islâmico" deixou para o coronel e os soldados dos EUA até hoje tira seu sono.

"Vejo vocês em Nova York", previu o terrorista, antes de virar as costas e ir embora.



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