sexta-feira, 31 de julho de 2015

Delator de Cunha na Lava-Jato deu R$ 125 mil à Assembleia de Deus


A notícia é do blog do Fausto Macedo no Estadão:

Delator que acusou Cunha também fez repasse à Assembleia de Deus

Quebra de sigilo das empresas de Júlio Camargo revela que ele aportou R$ 125 mil em uma filial da Assembleia de Deus Madureira, simpática ao presidente da Câmara dos Deputados

Por Mateus Coutinho, Julia Affonso e Valmar Hupsel Filho

O lobista e delator da Lava Jato Júlio Camargo repassou R$ 125 mil para a igreja evangélica Assembleia de Deus Ministério Madureira, em Campinas (SP). A informação consta da quebra de sigilo bancário da empresa Treviso, utilizada por Camargo para repassar propinas no esquema de corrupção na Petrobrás revelado pela Lava Jato. Nem o pastor da igreja nem a defesa de Júlio Camargo, que negou que ele seja evangélico, quiseram dar explicações sobre o repasse.

Laudo da Polícia Federal aponta que a quantia foi repassada entre 2008 e 2014, sem detalhar se o valor foi pago de uma só vez ou em parcelas. A movimentação é a única feita no período pelas duas empresas de Júlio Camargo (Piemonte e Treviso) que teve como destino uma instituição religiosa.

O repasse mostra que o delator que disse à Justiça ter sido pressionado pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a pagar propina de US$ 5 milhões, também repassou dinheiro para uma igreja simpática ao deputado expoente da bancada evangélica. O parlamentar é um dos políticos alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal por suspeita de envolvimento no esquema de propinas na Petrobrás revelado pela Lava Jato.

VEJA O TRECHO DO LAUDO QUE DESCREVE OS DESTINATÁRIOS DE RECURSOS DA TREVISO



Culto. Em fevereiro deste ano, Cunha chegou a participar de um culto de mais de duas horas em comemoração a sua eleição para a Presidência da Câmara junto com outros políticos na Assembleia de Deus Madureira, no Rio de Janeiro. Na ocasião ele declarou ter trocado a Igreja Sara Nossa Terra pela Assembleia de Deus Madureira. A bancada evangélica foi uma das que mais apoiou Cunha na eleição para a Presidência da Câmara.

O presidente da Assembleia de Deus Madureira no Rio, pastor Abner Ferreira, contemplou o presidente da Câmara no culto. “O Satanás teve que recolher cada uma das ferramentas preparadas contra nós. Nosso irmão em Cristo é o terceiro homem mais importante da República”, disse o religioso na época. Abner Ferreira é irmão do pastor Samuel Ferreira, que preside a Assembleia de Deus no Brás, em São Paulo, e aparece no registro da Receita Federal como presidente da Assembleia de Deus Madureira em Campinas, que recebeu os R$ 125 mil da empresa de Júlio Camargo.



Judeu ortodoxo esfaqueia 6 pessoas na parada gay de Jerusalém

Fotógrafos registraram o exato momento em que Yishai Schlissel partiu para o ataque

A matéria é da Deutsche-Welle Brasil:

Homem esfaqueia participantes da Parada Gay de Jerusalém

Judeu ultraortodoxo suspeito de atacar seis pessoas já havia sido preso em 2005 por crime semelhante. Netanyahu condena incidente e destaca direito de escolha individual como "valor básico de Israel".

Um judeu ultraortodoxo esfaqueou seis participantes da Parada Gay de Jerusalém nesta quinta-feira (30/07). Duas vítimas foram levadas ao hospital em estado grave.

O suspeito, identificado como Yishai Schlissel, saiu recentemente da prisão depois de cumprir uma pena por esfaquear várias pessoas durante uma parada do orgulho gay em 2005. Nesta quinta-feira, mais de 5 mil pessoas com cartazes e placas desfilavam numa avenida, quando ele se infiltrou na multidão e deu início ao ataque.

"Vi um jovem ultraortodoxo esfaqueando todos os que via pela frente", disse uma testemunha a um canal de televisão israelense. "Ouvimos pessoas gritando, todo mundo correu, e havia pessoas ensanguentadas no chão."

A porta-voz da polícia de Jerusalém, Asi Ahroni, informou que a presença de policiais era "massiva". "Mas infelizmente o homem conseguiu sacar a faca e atacar", disse. Ele foi detido e está sendo interrogado, segundo a porta-voz.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, condenou o incidente. "Vamos processar os responsáveis com todas as possibilidades previstas em lei. A liberdade de escolha individual é um valor básico de Israel", declarou em comunicado.

A marcha, que atrai milhares de participantes todos os anos, têm sido um foco de tensão entre a maioria secular e a minoria de judeus ultraortodoxos, que é contrária a manifestações públicas do público LGBT.

Enquanto em Tel Aviv esse tipo de evento transcorre sem incidentes, em Jerusalém, que tem uma população religiosa proeminente, já ocorreram outros episódios de violência.



Evangélico inocente confundido com bandido é linchado no RJ


Quando nos debatemos aqui contra a histeria coletiva que quer fazer justiça com as próprias mãos, à la Rachel Sheherazade, logo aparece um monte de gente, boa parte deles se apresentando como "cristãos" e "evangélicos", para defender a barbárie.

Eles não conseguem compreender que o nosso maior medo é exatamente este: a morte de um inocente provocada pelo comportamento de manada de uma turba motivada pelo boato, pela fofoca, pelo pânico infundado e pelo raciocínio rasteiro (se é que se pode ser chamado de "raciocínio") de quem não pára 5 segundos para refletir.

Esta tragédia é agravada ainda mais em tempos de redes sociais, onde qualquer foto ou "notícia" compartilhada por alguém se torna instantaneamente verdade absoluta que demanda uma punição imediata sem que ninguém se dê ao cuidado de checar os fatos para confirmar a sua veracidade.

Não há maior desgraça para a Justiça (com "J" maiúsculo), como valor filosófico e fator de organização da sociedade, do que a condenação de um inocente e - pior ainda - de maneira sumária, instantânea, sem direito à defesa.

Por isso mesmo, evite acender o pavio da histeria coletiva. A vítima pode ser alguém que você conheça, ou até mesmo você...

A notícia é d'O Dia:

Homem amarrado e agredido no Grajaú não era bandido, diz polícia

Carlos Santos levou socos e pontapés e teve pés e mãos amarrados depois que mulher o acusou de ser assaltante

EDUARDO FERREIRA

Rio - Uma tentativa de justiçamento por pouco não provocou a morte de um homem inocente nesta quinta-feira no Grajaú, Zona Norte. Carlos Santos, 40 anos, foi acusado por uma mulher de ser assaltante e isso quase lhe custou a vida. Ele teve pés e mãos amarrados e foi agredido com socos e pontapés.

Espancada no meio da rua, a vítima precisou ser socorrida por bombeiros para o Hospital Federal do Andaraí, recebeu alta e foi à 20ª DP (Vila Isabel) prestar depoimento. Ninguém apareceu na delegacia para prestar queixa contra ele.

O espancamento ocorreu um dia após o governador Luiz Fernando Pezão visitar a 1ª Companhia Integrada de Polícia de Proximidade (CIPP), no Grajaú, e elogiar a queda da criminalidade da região. A base da CIPP fica a 800 metros do local onde Carlos foi agredido.

Ainda confuso e com hematomas na cabeça e no rosto Carlos contou na DP que estava a caminho de uma igreja evangélica na Rua Teodoro da Silva quando foi amarrado e espancado. Um testemunha, que não quis se identificar, disse ao DIA que o homem gritava muito e parecia estar alterado, no meio da Rua Barão do Bom Retiro.

Uma mulher teria se assustado com ele e corrido para uma padaria pedindo ajuda. Foi quando os "justiceiros" apareceram, amarraram Carlos e o agrediram.

A Polícia Civil informou que vai apurar quem são os agressores, fazer diligências e solicitar imagens de câmeras de segurança. Grávida de oito meses, Luciene Maria, 34, esposa de Carlos, espera justiça. “É muita maldade. Meu marido é trabalhador e nunca fez mal a ninguém”, contou.

Casos semelhantes em outros pontos da cidade

Vários casos de linchamento ocorreram nos últimos dias. Segunda-feira, um suspeito de estuprar uma mulher na comunidade do Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes, sofreu várias agressões. Segundo a polícia, Sandro Roberto dos Santos, de 40 anos, foi socorrido e autuado em flagrante por tentativa de estupro. No último dia 20, um homem identificado como Newton Costa Silva foi linchado por 15 homens na Favela da Rocinha, na Zona Sul. Com um histórico de problemas psiquiátricos, ele teria sido torturado, espancado e morto após invadir uma casa vizinha.



quinta-feira, 30 de julho de 2015

Os enigmáticos cristãos ortodoxos do Oriente


Artigo interessante de Gustavo Chacra no Estadão:

Os cristãos ortodoxos são inimigos do Ocidente?

Por que, quando falamos de Israel, associamos ao judaísmo, quando falamos do Irã ou Arábia Saudita, associamos ao islamismo, e quando falamos do Ocidente, associamos ao cristianismo, mas, quando falamos de Rússia, Grécia ou Síria, não falamos dos cristãos ortodoxos? E por que esta insistência em achar que a Cristandade se resuma a católicos, protestantes e evangélicos?

Quem conhece Jerusalém sabe da importância dos cristãos ortodoxos, principal grupo cristão da cidade. E o cristianismo ortodoxo tem um papel ultra relevante na geopolítica internacional. Basta lembrar que a segunda maior potência militar do mundo é a Rússia, cristã ortodoxa. A Grécia, no coração da maior crise europeia deste século, também é cristã ortodoxa. Parte do apoio ao regime de Bashar al Assad vem de cristãos ortodoxos. Aliás, há milícias cristãs ortodoxas lutando contra o ISIS, também conhecido como Grupo Estado Islâmico ou Daesh. Cristãos ortodoxos também sempre estiveram em movimentos de independência palestinos.

Há até quem diga que, se não houvesse o islamismo, os cristãos ortodoxos ainda seriam os maiores inimigos do Ocidente. Os países árabes mediterrâneos possivelmente seriam majoritariamente cristãos ortodoxos. Os palestinos, idem, e os cristãos ortodoxos seriam os adversários de Israel. Aliás, a Turquia também seria cristã ortodoxa e sua capital seria Constantinopla.

Os cristãos ortodoxos se dividem em oito patriarcados – Alexandria, Antióquia (hoje removido para Damasco), Jerusalém, Moscou, Geórgia, Sérvia, Romênia e Bulgária. Além destes, temos o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla (Istambul). O Patriarca ecumênico se chama Bartolomeu I e ele exerce enorme influência no Leste Europeu e em regiões do Oriente Médio.

Um dos motivos de a Rússia apoiar o regime de Assad, embora longe de ser o mais importante, é a população cristã ortodoxa síria. Na visão de Moscou, se o regime de Assad cair, os cristãos ortodoxos sírios tendem a ser perseguidos e massacrados. O Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa abertamente condena os que apoiam intervenção ocidental para derrubar Assad na Síria. Ele chegou a se encontrar com o líder sírio já durante a Guerra Civil e o parabenizou pela reeleição em 2014.

Aliás, curiosamente, muitos cristãos ortodoxos não simpatizam em nada com posições políticas de evangélicos no Ocidente, como o senador Ted Cruz, um ultra-conservador pré-candidato a Presidência dos EUA pelo Partido Republicano, descobriu depois de ser vaiado por criticar Assad e os palestinos para uma plateia de cristãos ortodoxos de origem sírio-libanesa. O senador republicano não sabia que os cristãos ortodoxos costumam ser pró-Assad e pró-palestinos (aliás, muitos são palestinos).

Quando vemos a Rússia se aproximando do Chipre e da Grécia, não podemos esquecer que estes países também são cristãos ortodoxos. Mesmo com o comunismo sendo contra a religião, culturalmente os países do Leste Europeu ortodoxos, como a Bulgária, possuíam uma relação melhor com Moscou do que católicos, como a Polônia.

Há algumas semanas, completou-se 20 anos do massacre de Srebrenica, cometido por sérvios, que são cristãos ortodoxos, e foram apoiados pelos russos, também cristãos ortodoxos. Curiosamente, tanto na Guerra da Bósnia quanto na de Kosovo, o Ocidente defendeu os muçulmanos contra os cristãos ortodoxos.

Os cristãos ortodoxos do Oriente Médio, historicamente, sempre estiveram na vanguarda dos movimentos arabistas. Também costumam ser urbanos, de cidades como Beirute, Damasco, Trípoli (a do Líbano), Jerusalém e Aleppo. No passado, eram ingrediente importante do caldo cosmopolita do Mediterrâneo, junto com os judeus e os muçulmanos.

No Líbano, os cristãos ortodoxos são minoria entre os cristãos, embora sejam a maioria dos cristãos de Beirute (Ashrafyeh, o sofisticado bairro cristão de Beirute, é cristão ortodoxo). A maior parte dos cristãos libaneses é cristã maronita, uma vertente catolicismo no Oriente, com ritos distintos dos católicos-romanos e com Patriarca próprio – por lei, o presidente libanês e o chefe das Forças Armadas precisam ser cristãos maronitas. Mas muitos dos imigrantes libaneses para o Brasil possuem origem cristã ortodoxa, incluindo o meu avô paterno. No Clube Monte Líbano de São Paulo, muitos sócios são cristãos ortodoxos. Há ainda a grande catedral do Paraíso.

Enfim, para entender o mundo, ajuda entender um pouco do cristianismo ortodoxo. Aliás, antes que me esqueça, diferentemente do judaísmo, “ortodoxo” para os cristãos não significa ser mais religioso.

E vale, neste caso, contar a história de dois conhecidos meus. Ele era cristão ortodoxo, do Monte Líbano. Ela, judia ortodoxa, da Hebraica. Mas, curiosamente, a mãe dele, também cristã ortodoxa, dava aulas de matemática em um colégio judaico e foi a um Bar Mitzva. O filho foi buscá-la e, na porta, viu a moça judia bonita. Deu uma paquerada. Ela perguntou a religião dele, por curiosidade. Orgulhoso, respondeu “ortodoxo” (na realidade, cristão ortodoxo). Ela, que era judia, achou meio estranho, pois ele não parecia ortodoxo. Mas a química já os havia atraído, independentemente das origens. Os dois se apaixonaram e casaram. Hoje são sócios do Monte Líbano e da Hebraica, mas frequentam o Paulistano. O filho foi batizado na Catedral Ortodoxa, mas também fez Bar Mitzva.



quarta-feira, 29 de julho de 2015

Testemunhas de Jeová ocultaram mais de 1000 casos de pedofilia na Austrália


A matéria é do IHU:

Testemunhas de Jeová ocultam mais de mil casos de abusos sexuais de crianças em mais de 60 anos


As Testemunhas de Jeová da Igreja australiana não informaram à polícia mais de mil casos de abusos sexuais praticados contra crianças em mais de 60 anos, anunciou nesta segunda-feira, 27 de julho, uma investigação do governo sobre o abuso e suas consequências. 


A reportagem é publicada por Religión Digital, 27-07-2015. A tradução é de André Langer. 


A Comissão Real da Austrália, encarregada de responder institucionalmente aos abusos sexuais infantis, foi fundada em 2013 entre acusações de abusos sexuais em série cometidos contra menores na Igreja católica australiana. Esta comissão tem um amplo mandato para examinar as organizações religiosas e civis.

No início da audiência sobre as Testemunhas de Jeová, realizada nesta segunda-feira, Angus Stewart, o conselheiro superior assistente da Comissão, descreveu a igreja como uma seita insular, com regras projetadas para evitar os relatórios sobre abusos sexuais.

“A evidência de que a igreja não informou às autoridades civis nenhum dos 1.006 supostos casos sexuais identificados pelas Testemunhas de Jeová desde 1950, será apresentada à Comissão Real”, afirmou.

“Isto sugere que existem práticas na Igreja das Testemunhas de Jeová para reter informações sobre os delitos de abuso sexual infantil, impedindo de apresentar alegações sobre os abusos sexuais contra crianças à polícia ou às autoridades competentes”.

As Testemunhas de Jeová, cuja sede central encontra-se nos Estados Unidos, contam com cerca de oito milhões de membros em todo o mundo e são conhecidos por seus ministros exteriores e suas campanhas de porta em porta. Há cerca de 68 mil membros na Austrália, disse Stewart.

Dois membros da igreja, identificados como BCB e BCG, darão proximamente seu testemunho, que contém acusações contra membros mais antigos da Igreja, que os incitaram a não informar sobre os abusos sofridos.

Stewart descreveu múltiplas falhas institucionais na proteção das crianças ou na censura dos supostos abusadores, incluindo a doutrina liberadora de anciãos da igreja de sua responsabilidade de informar sobre os abusos, apesar de não existir uma obrigação legal para isso.

A igreja expulsou 401 membros após tomar conhecimento dos abusos internos, mas as Testemunhas de Jeová permitiram que 230 deles voltassem. Além disso, 35 membros voltaram inúmeras vezes.

Outro obstáculo que a igreja levantou contra este tipo de processo é o requisito de apresentar duas ou mais testemunhas para que a igreja procedesse à convocação do “comitê judicial”. Isto impediu o conhecimento de 125 acusações, assegurou Stewart.

A Comissão Real impediu os australianos de denunciar os abusos, encobrindo as características mais altas de suas comunidades de judeus ortodoxos e católicos romanos há décadas.

As denúncias chegaram inclusive ao Vaticano, onde o cardeal australiano George Pell, que se encontra agora no cargo de reformar os departamentos econômicos do Vaticano, foi objeto de numerosas acusações que alegavam que este não fez o suficiente para proteger as crianças vítimas de abusos. Este, no entanto, chamou essas acusações de “falsas” e “indignantes”.



terça-feira, 28 de julho de 2015

Silvio Santos visita Edir Macedo no Templo de Salomão


Desde que Edir Macedo construiu o Templo de Salomão em São Paulo (SP), o apresentador e mega-empresário Silvio Santos, que é judeu, vinha "namorando" a possibilidade de visitar o templo que lembra as raízes de sua religião.

A par disso, sempre é bom lembrar que enquanto o primeiro é dono da TV Record, o segundo é dono do SBT, redes que disputam o segundo lugar na audiência, sempre almejando o sonho (momentaneamente impossível) de desbancar a Globo do topo do ibope.

Silvio Santos já tinha escalado Roberto Cabrini para fazer uma entrevista com Edir Macedo, exibida no SBT alguns meses atrás, com ampla promoção no programa dominical do patrão.

Ontem, 28/07/15, o encontro entre os dois superpoderosos da TV brasileira finalmente se concretizou, e Silvio Santos foi ao Templo de Salomão acompanhado de sua família, sendo lá recebido por Edir Macedo e sua família.

Quem registrou o momento no seu instagram pessoal foi Cristiane Cardoso, filha de Edir.

Apesar da curiosa reunião, não há esperança de que o nível e o ibope das redes dos dois magnatas melhorem.



segunda-feira, 27 de julho de 2015

Dinamarca bane rituais religiosos no abate de animais


O governo dinamarquês anunciou na última semana que não será mais permitido o abate de animais de acordo com os preceitos religiosos judeus e islâmicos.

Para que a carne seja consumida de acordo com os princípios de cada uma dessas religiões, uma série de requisitos devem ser obedecidos. No judaísmo, este processo é conhecido como "kosher" e no islamismo, "halal", e para cada um deles existe uma certificação própria.

A legislação comum europeia exige que os animais sejam atordoados ou anestesiados antes de serem abatidos, abrindo uma exceção para judeus e muçulmanos, cuja tradição manda que os animais estejam conscientes no matadouro.

Os legisladores dinamarqueses, desta vez, proibiram qualquer exceção, o que deixa esses grupos religiosos sem opção para o consumo de carne.

As reações não tardaram a vir. Os judeus dinamarqueses acusaram o governo de antissemitismo, enquanto os muçulmanos se queixaram da "clara interferência na liberdade religiosa".

Em entrevista à TV2 da Dinamarca, o Ministro da Agricultura, Dan Jørgensen, defendeu a nova lei dizendo que "os direitos dos animais vêm antes da religião".

A repercussão já se fez sentir em Israel, onde o Ministro de Assuntos Religiosos, rabino Eli Ben Dahan, disse que "o antissemitismo europeu está mostrando as suas verdadeiras cores por toda a Europa, e está se intensificando na esfera governamental".

O grupo islâmico "Halal Dinamarquês", por sua vez, lançou uma petição contra o banimento, dizendo que a nova legislação "limita os direitos de muçulmanos e judeus em praticar sua religião na Dinamarca.

A informação é do jornal britânico The Independent.



domingo, 26 de julho de 2015

O pecado da "sertanejofobia" de Zeca Camargo


Artigo interessante de Tony Goes no F5:

Zeca Camargo está sendo acusado de "sertanejofobia"

O processo que a família e a empresa de Cristiano Araújo estão movendo contra Zeca Camargo vai além do absurdo. Para começar, eles entenderam errado o editorial que Zeca escreveu e narrou para o "Jornal das Dez" da Globo News do dia 27 de junho. Em nenhum momento o jornalista "ofendeu a cultura sertaneja", muito menos debochou do amor dos fãs pelo cantor. Apenas questionou o tamanho da cobertura que a mídia dedicou à morte de um artista que, até então, era desconhecido por boa parte do público.

Mas o que realmente fez meu queixo cair é o tal "caráter pedagógico" que a ação pretende ter —na verdade, a intenção de calar a boca de Zeca Camargo e amedrontar outros comentaristas. Os advogados responsáveis pela ação querem que Zeca se comprometa a "nunca mais emitir opiniões preconceituosas sobre a cultura e a música sertanejas, sob pena de multa de R$ 50 mil".

Vamos deixar de lado o simples fato de que Zeca não emitiu nenhuma "opinião preconceituosa". O objeto de sua crônica era a mídia, não o cantor. Mas, e se ele tivesse criticado explicitamente a música de Cristiano Araújo? Isto poderia ser considerado "preconceito" contra a música sertaneja?

Claro que não. "Preconceito" é, literalmente, um pré-conceito —um juízo de valor emitido antes de se conhecer direito alguma coisa. Ninguém tem preconceito contra o sertanejo. As pessoas gostam ou não gostam do gênero, e nada disso pode ser considerado crime.

Se o juiz der ganho de causa à família de Cristiano Araújo, estará abrindo um precedente gravíssimo. Qualquer crítica negativa poderá ser interpretada como "preconceito", e quem compartilhar uma reles opinião, na imprensa ou mesmo nas redes sociais, poderá ter sérios problemas com a Justiça.

A morte do rapaz, ao lado da namorada, foi uma tragédia. Ninguém está pondo isto em dúvida. Mas a dor causada por esta perda súbita precisa ser melhor canalizada. Por que processar Zeca Camargo, e não o motorista que estava ao volante na hora do acidente? Por que não repensar a agenda carregadíssima a que nossos artistas são submetidos, obrigados a fazer inúmeros shows por semana em cidades muito distantes entre si?

Sim, o sertanejo tem milhões de fãs e é o estilo musical que mais vende discos e lota shows pelo Brasil afora. Mas existem outros milhões de pessoas que não estão envolvidas com este universo. Algo natural e até saudável num país do tamanho do nosso.

Por isto, é impressionante como alguns fãs do sertanejo continuam melindrados com o fato de muita gente não saber de cor e salteado o nome de todos os expoentes do gênero. Antes era ofensa pessoal, e agora está virando crime passível de punição: é a "sertanejofobia".



sábado, 25 de julho de 2015

Prefeito de SP presenteia o papa com CD do Racionais MC's


Finalmente, o papa vai conhecer o Guina. A matéria é do G1 São Paulo:

Disco dos Racionais é presente da Prefeitura de São Paulo para o Papa


'Sobrevivendo no Inferno' tem trechos bíblicos; Haddad foi ao Vaticano.

Ideia do presente foi de grupo de jovens da periferia.


Cíntia Acayaba

O disco "Sobrevivendo no Inferno"', dos Racionais MC's, foi o presente escolhido pela Prefeitura de São Paulo para dar ao Papa Francisco. O prefeito Fernando Haddad participou de seminário no Vaticano nesta semana.

A ideia do presente foi repassada por um grupo de jovens da periferia ao coordenador de Políticas para Juventude, Cláudio Aparecido da Silva. A capa do LP "Sobrevivendo no Inferno" tem uma cruz e o Salmo 23, capítulo 3: "Refrigere minha Alma e guia-me pelo caminho da Justiça".

Faixas do disco como "Genesis" e "Capítulo 4, Versículo 3", compostas por Mano Brown, têm trechos bíblicos. O álbum aborda questões relacionadas à desigualdade social, racismo, entre outras. Um dos maiores sucessos é "Diário de um Detento", inspirado no diário de Jocenir, ex-detento do Presídio do Carandiru.

O Racionais MC’s surgiu no final dos anos 80 com "um discurso que tinha a preocupação de denunciar o racismo e o sistema capitalista opressor que patrocinava a miséria que estava automaticamente ligada com a violência e o crime", segundo o site oficial do grupo.

Haddad teve audiência com o Papa Francisco nesta terça-feira (21), mas não conseguiu entregar o disco. O secretário de Relações Internacionais da Prefeitura, Vicente Travas, que segue em seminário em Roma, deve deixar o LP, autografado pelos integrantes do grupo, aos cuidados do Papa por meio do chanceler do Sacro Colégio.

Carta de prefeitos brasileiros

Haddad, juntamente com chefes de administrações municipais vinculados à Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), entregou uma carta ao Papa em que diz que os governos locais, as prefeituras, também devem colaborar para reverter a crise climática global e cita metas estabelecidas para desatrelar o desenvolvimento das cidades do aumento de emissões de gases de efeito estufa.

O texto menciona que as mudanças climáticas pioram a qualidade de vida, especialmente da população mais carente, e que, para superar a vulnerabilidade dos mais pobres, adota políticas públicas de inclusão social.

Os prefeitos ainda pedem que a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheça a importância dos governos locais na sustentabilidade do mundo e desenvolvimento humano.

Fernando Haddad foi convidado pelo Vaticano para um seminário com 15 prefeitos de todo o mundo e o governador da Califórnia no Vaticano nos dias 21 e 22 deste mês. O convite foi assinado pelo monsenhor Marcelo Sanches Sorondo, responsável pelo Sacro Colégio.

São Paulo possuía, até o ano passado, o programa de inspeção veicular ambiental, que contribuía para a redução da poluição do ar.



sexta-feira, 24 de julho de 2015

Bilionário judeu ajuda cristãos a fugir do Estado Islâmico

A matéria é do portal Aleteia:

Bilionário judeu resgata cristãos perseguidos pelo Estado Islâmico: 
"Tenho uma dívida de gratidão"

Lord George Weidenfeld é grato aos cristãos que salvaram a sua vida durante o Holocausto

ZOE ROMANOWSKY

O britânico lord George Weidenfeld está financiando uma missão de resgate de até 2.000 famílias cristãs no Iraque e na Síria. Segundo o Catholic Herald, do Reino Unido, ele quer seguir o exemplo do falecido sir Nicholas Winton, cristão que salvou 669 crianças judias destinadas à morte em campos de concentração nazistas durante o Holocausto.

O bilionário de 95 anos diz que tem "uma dívida a pagar".

Em 1938, os quakers e os Irmãos de Plymouth, cristãos, organizaram a transferência segura de judeus de Viena para a Inglaterra através do “Kindertransport”, ajudando-os a escapar dos nazistas. Os judeus receberam comida, roupas, hospedagem e transporte. Weidenfeld estava entre eles.

"Eu tenho uma dívida a pagar", disse lord Weidenfeld em entrevista ao Times. "Ela vale para os muitos jovens que estavam nos ‘Kinderstransport’. Foi uma operação muito nobre, e nós, judeus, devemos ser gratos e fazer algo pelos cristãos que estão em perigo".

A primeira fase do esforço de resgate organizado pela Weidenfeld Safe Havens Fund conseguiu levar 150 pessoas da Síria para a Polônia neste último 10 de julho, com a permissão do governo polonês e do regime de Assad na Síria.

O jornal Express, do Reino Unido, informa que o fundo de Weidenfeld pretende dar suporte econômico de 12 a 18 meses para os refugiados. Alguns países, como os Estados Unidos, se recusaram a participar do projeto porque ele não inclui os muçulmanos, também eles alvo do Estado Islâmico.

Os cristãos, os yazidis, os drusos e os muçulmanos xiitas são perseguidos pelo grupo terrorista na Síria e no Iraque. Lord Weidenfeld, no entanto, defendeu o objetivo específico do seu projeto:
"Eu não posso salvar o mundo todo, mas tenho uma possibilidade muito específica no caso dos cristãos. Outros podem fazer o que eles querem que seja feito pelos muçulmanos".
Nascido na Áustria em 1919, Weidenfeld recebeu o título de “lord” em 1976. Chegado à Grã-Bretanha sem um tostão, ele fez fortuna criando a editora Weidenfeld e Nicholson.



quinta-feira, 23 de julho de 2015

Jovem estuprador do PI pediu perdão à mãe antes de ser morto


A informação é da Folha de S. Paulo:

Em carta, jovem pediu perdão à mãe antes de ser morto em cela no Piauí

Antes de morrer, o adolescente Gleison Vieira da Silva, 17, escreveu uma carta para a mãe pedindo perdão. Gleison foi espancado até a morte na última quinta-feira (16) dentro de alojamento do CEM (Centro Educacional Masculino), em Teresina, no Piauí.

Condenado por estupro coletivo de quatro garotas em Castelo do Piauí (a 190 km de Teresina), em maio, Gleison foi espancado com socos e pontapés.

Ele dividia a cela com três adolescentes que delatou como participantes dos estupros e agressões às meninas –uma delas morreu.

Na carta entregue para a mãe Elisabete Vieira da Silva, no dia 11 de julho, sete dias antes de sua morte, o adolescente pede perdão pelo que fez e por não ter sido o filho que ela sempre quis.

A mensagem é escrita à mão com caneta tinta preta e tem vários erros gramaticais. No envelope, na parte externa, o jovem pede para que a mãe guarde a carta –disse que queria lê-la novamente quando estivesse em liberdade.

"Mãe, sinto muita sua falta, eu quero que você me perdoe pelo que eu fiz, eu sei que Deus me perdoou", escreveu Gleison. Ele só estudou o quinto ano do ensino fundamental e foi expulso de várias escolas.

"Desculpa, mãe, eu não ter sido o filho que você sempre quis, mas eu quero que você saiba que você nunca vai sair da minha mente, nem do meu coração. Mãe eu só peço que você lembre que tem um filho que te ama muito, eu sei que nunca recompensei tudo o que fez por mim, e que continua fazendo. Obrigado por ser uma mãe tão boa, eu agradeço a Deus por ter você comigo. Eu nunca vou esquecer de você nem da minha vovó, nem do meu padrasto. Fica com Deus que aqui eu vou ficar com Ele".

O promotor de Castelo do Piauí, Cezário Cavalcante, que acompanha o caso, disse que a mãe de Gleison lhe mostrou a carta.

Ela recebeu a carta na última visita que fez Gleison no Ceip (Centro Educacional de Internação Provisória), em Teresina.

"Eu tirei xerox da carta e anexei ao processo. Ela me disse que tinha perdoado o filho e que ele se mostrava arrependido pelo crime e pedia perdão por não ter ouvido ela. É uma carta bem carinhosa", disse o promotor.

A carta foi divulgada pelo radialista, Ronaldo Mota, amigo da família. A mãe não quis falar com imprensa.

"A mãe, toda vez que lê a carta, chora de saudade e lembra do filho", disse Ronaldo.

CRONOLOGIA

27.mai
Quatro jovens são estupradas e atiradas do Morro do Garrote, em Castelo do Piauí. Um maior e quatro menores de idade são presos nos dias 28 e 29

1º.jun
Os quatro adolescentes apontados de cometerem o crime são transferidos do centro socioeducativo, em Teresina, para o Ceip

7.jun
Danielly Rodrigues Feitosa, 17, uma das vítimas, morre após dez dias internada. No dia 13, sua missa de sétimo dia reúne mais de 500 pessoas

11.jun
Começa o julgamento dos quatro jovens, dias após Gleison Vieira da Silva, 17, delatar que cometeu o crime com os colegas

15.jun
Ministério Público do Piauí entrega denúncia contra Adão José de Souza, 40, citado como líder do crime. Pena pode ser de mais de 150 anos

10.jul
Decisão jurídica de 24 anos de internação para os jovens. No Ceip, Gleison da Silva fica em cela separada dos outros três

15.jul
Às 17h, os menores culpados do crime são transferidos para o CEM, após permanecerem prazo máximo no Ceip. Lá, os quatro ficam na mesma cela

16.jul
Gleison Vieira da Silva, 17, é morto. A suspeita é que seus colegas de cela –que cometeram o crime junto com ele– o tenham matado por volta das 23h



quarta-feira, 22 de julho de 2015

Malafaia, o metaleiro


Sim, você já conhece Silas Malafaia na base - ideologicamente falando - do pancadão e do arrocha, mas fazendo um mosh (palavra inglesa para o salto na plateia) no pior estilo metaleiro, vai ser a primeira vez.

O insólito fato ocorreu no último dia 19, durante o encerramento de um congresso de jovens na sua igreja no bairro da Penha, no Rio de Janeiro.

Confira:




terça-feira, 21 de julho de 2015

Vovó não tem medo do Talibã


A matéria é da BBC Brasil:

Avó afegã arma netos e vira heroína na luta contra o Talebã

David Loyn

Ferozah tem entre 60 e 70 anos - ela desconhece sua idade correta, já que nunca foi a escola. Agora, é comandante de uma unidade da polícia que luta contra o Talebã na província de Helmand, no sul do Afeganistão.

Ela assumiu o posto em Sistani, em Marjah, após seu filho ser morto. Recebeu a mais alta condecoração do Afeganistão dada a uma mulher, a medalha de Malalai, heroína de uma batalha contra os britânicos no século 19.

Ser uma comandante militar numa cultura rural, onde mulheres raramente trabalham fora de casa, é bastante raro. Mas as surpresas não param por aí.

Dois de seus netos, Faizal Mohammed, de 13 anos, e Sultan Mohammed, de 14, lutam ao seu lado. Eles são rápidos em montar e desmontar um rifle Kalashnikov - mostram destreza semelhante a de um veterano experiente.

Ela diz: "O Talebã vive me provocando, dizendo 'o que você ganhou? você armou até os seus netos'. Mas o governo está ganhando e eles estão perdendo."

Ferozah os chama de "guerreiros de Sistani" - e os jovens já enfrentaram muitas batalhas contra o Talebã. Mas, independente do nome que têm, estas são crianças transformadas em soldados, o que viola o direito internacional.

Sistani está na linha da frente entre densamente povoada zona central de Helmand, onde vive a maioria das pessoas no país, e as áreas menos povoadas do norte e sul.

A região central, cortada pelo rio Helmand, é mais estável do que antes da chegada das tropas internacionais. As estradas estão bem melhores e há 75 postos de saúde, fornecendo serviços básicos num lugar onde antes não havia nada.

Mais de 190 mil crianças vão à escola na província, cerca de um terço delas meninas, e algumas unidades permanecem abertas em áreas sob controle do Talebã - embora, como nos postos de saúde, seja difícil recrutar funcionários.

Uma das razões do sucesso na prestação de serviços pelo governo em partes de áreas controladas pelo Talebã são os conselhos distritais, criados pelas forças britânicas, e que ainda estão operando.

A criação destes conselhos deu a anciãos dos vilarejos participação direta em como e onde o dinheiro de ajuda é gasto.

Mas nem tudo são notícias boas. O Talebã tem realizado avanços importantes em Helmand desde a saída das tropas britânicas e internacionais, no final do ano passado. Sem temer mais ataques aéreos, o grupo organiza ataques mais ousados e amplia sua influência em cidades isoladas no norte da província, incluindo Sangin e Musa Qala.

Eles também têm impedido a reparação de uma central hidrelétrica em Kajaki - se a usina estivesse operando em capacidade total, faria uma diferença significativa nos padrões de vida em todo o sul.

Segundo o chefe local do Ministério de Reabilitação e Desenvolvimento Rural, Mohammed Omar Khane, desde que forças britânicas deixaram a área apenas metade do trabalho foi feita.

E alerta: se a ajuda parar de chegar, tudo o que foi feito será destruído.

Bolha de guerra?

Há menos ajuda chegando ao Afeganistão, e essa diferença é profundamente sentida, especialmente por ocorrer em paralelo à retirada das forças estrangeiras do país. O crescimento econômico dos últimos anos, ao que parece, pode ter sido uma "bolha" dos tempos de guerra.

As prateleiras das lojas em Lashkar Gah estão cheias de produtos que comerciantes tinham planejado vender para as forças britânicas.

O comerciante Jan Ali tenta convencer a população local a comprar cereais matinais e outros produtos estrangeiros. Mas sabe que alguns itens deverão ficar nas prateleiras. "Ninguém aqui sabe o que é mistura de panqueca", disse.

Como outros comerciantes, diz ter ficado surpreso quando as forças estrangeiras partiram, apesar da data de saída ter sido amplamente anunciada.

A mídia afegã tem parte da culpa por esta confusão. Ela alimentou uma teoria - acreditada por muitos - de que as forças estrangeiras jamais sairiam do país.

O impacto da retirada foi sentido além dos empreendimentos que abasteciam a base britânica.

Haji Nazir Ahmad fechou sua empresa de construção após o governo deixar de pagar por obras que ele disse ter entregue. Entre estes projetos estavam as novas lixeiras da cidade.

Segundo ele, autoridades que as encomendaram "não tinham ideia do que uma lixeira pareceria". Ele, então, fez uma amostra.

Ahmad investiu milhões de dólares em máquinas e instalações que agora estão ociosas e servem apenas como sucata. Demitiu 350 trabalhadores e disse que o custo social disso é significativo, incluindo rompimentos familiares e violência contra mulheres.

Diz acreditar que alguns de seus ex-funcionários se juntaram ao Talebã e conta ter encontrado um de seus melhores trabalhadores vendendo heroína nas ruas.

Drogas

A ONU prevê outra safra recorde de papoulas no Afeganistão - a matéria-prima para a heroína -, com a província de Helmand, mais uma vez, liderando a produção.

O impacto social em Helmand é desastroso. Acredita-se haver 110 mil viciados em heroína na província - 7% da população. Viciados que pedem por comida são facilmente vistos no bazar.

O edifício principal da antiga sede britânica em Lashkar Gah foi transformada em uma clínica de reabilitação de drogas. Um quarto projetado para um único oficial britânico agora abriga três viciados.

A capacidade é para apenas 50 pacientes e a taxa de sucesso é muito baixa, diante da constante instabilidade, desemprego e oferta de drogas baratas.

Nove anos de intensos combates por tropas internacionais não conseguiram parar a produção. Na verdade, só fizeram a situação piorar. A única diferença é que empurrou o problema para fora das áreas povoadas centrais, rumo às zonas menos governadas, distantes do canal de Helmand.



segunda-feira, 20 de julho de 2015

Estamos comendo carne demais


A matéria é do IHU:


A carne do futuro será a do passado.
Consumo de carne cresce em ritmo acelerado e pode se tornar insustentável


Na coroação da rainha Isabel II, em 1953, foi servido frango, uma ave que pode parecer muito pouco nobre para um momento de pompa como este. Daquela cerimônia nasceu uma das receitas britânicas mais famosas, a Coronation Chicken. A partir de então, o consumo de carne no Ocidente acelerou-se de forma tão espetacular que aquilo que era extraordinário agora é comum. Só entre 1990 e 2012, segundo dados da FAO, o número de frangos no mundo cresceu 104,2%, passando de 11.788 para 24,7 bilhões, e o gado bovino, muito poluidor para o meio ambiente, passou de 1,4 bilhão para quase 1,7 bilhão de cabeças (um aumento de 16,5%). O problema está em saber se o planeta tem condições para suportar este aumento: um estudo de 2013, também da organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura, garante que a produção da carne é responsável por 14,5% das emissões de carbono e que, ao mesmo tempo, nos países desenvolvidos o consumo de carne cresce em torno de 5% ou 6% ao ano. “O gado tem um papel muito importante na mudança climática”, concluía a FAO.

A reportagem é de Guillermo Altares e publicada por El País, 15-07-2015. A tradução é de André Langer.

“A nossa alimentação está baseada em produtos de origem animal e sabemos que sua repercussão ambiental é muito grande”, explica Emilio Martínez de Victoria Muñoz, ex-presidente do Comitê Científico da Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutrição. “Um quilo de carne é muito menos sustentável que um quilo de verduras”. O antropólogo Jesús Contreras, do Observatório da Alimentação, assinala: “Se todos os habitantes da China consumissem a mesma quantia de carne que nós, seria insustentável. Temos um problema de sustentabilidade, porque mantemos uma alimentação energeticamente muito cara”.

A carne sofreu várias crises. Por um lado, existem os conselhos médicos relacionados ao excessivo consumo de determinadas variedades (suínos, carne vermelha). Por outro lado, como ocorreu com as vacas loucas, há as polêmicas provocadas pelos produtos com os quais se alimenta o gado. Mas o grande problema envolvido em seu consumo tem agora muito mais a ver com o meio ambiente do que com a saúde. A chamada pegada de carbono, que mede os recursos necessários para produzir algo, é gigantesca no caso da carne, tanto que ninguém acredita que se possa manter o ritmo atual. Novamente segundo a FAO, no conjunto dos países desenvolvidos consumiam-se em média 60 quilos de carne em 1964; agora são 95,7 e calcula-se que serão 100,1 em 2030.

O jornalista Andrew Lawyer, que acaba de publicar um livro sobre a história dos frangos, Why did the chicken cross the world? (Por que o frango cruzou o mundo?), garante não poder calcular o número de aves que são sacrificadas diariamente no mundo: “Não existem estatísticas, mas estou seguro de que são dezenas de milhões. O consumo de frango cresce muito rapidamente. Quanto mais urbanizados são os países, mais ovos e frangos consomem”. A Espanha passou de uma produção de 836 mil toneladas de carne de aves para 1,3 milhão entre 1990 e 2013.

A carne representa uma indústria muito importante na Espanha. Segundo os últimos dados disponíveis da associação de produtores de carne, em 2013 o país exportou 1,57 milhão de toneladas pelo valor de 4,2 bilhões de euros. Com 3,4% da produção mundial, a Espanha é, além disso, o quarto maior produtor de carne suína, atrás apenas da China (que produz 50% da carne suína do mundo), dos Estados Unidos (10%) e da Alemanha (5,3%). Ao mesmo tempo, é o segundo país europeu em produção, representando 16% do total.

Esse mundo industrial, do qual vivem milhares de pequenas economias – basta recordar a crise que houve em Burgos no final de 2014 quando um incêndio destruiu a fábrica de Cantimpalos –, pode ser encontrado na localidade de Cantimpalos, com 1.400 habitantes, 16 indústrias de embutidos e uma produção de chouriço de 42 toneladas em 2013: “O setor de suínos não tem ajudas comunitárias”, explica Pedro Matarranz (foto abaixo), um pequeno produtor. “Este povo vive das indústrias de embutidos, da pecuária ou da agricultura”, afirma.

Sob o calor de julho no planalto da Segóvia, uma visita à sua pequena propriedade mostra as enormes dificuldades do ofício, desde o manejo de cerca de 500 toneladas de esterco ao ano (apesar de que ele utilize sobretudo palha) para transformá-los em adubo até as enormes medidas de segurança alimentar. Também em escala familiar, que beira o artesanal, a carne de porco requer um esforço energético muito grande.

“A alimentação do futuro será a alimentação do passado”, explica Sandro Dernini, assessor da FAO. “A pegada de carbono da produção de proteínas animais é enorme”, assinala. “Este ofício mudou muito pouco em 200 anos”, explica Jesús González Veneros (ver primeira foto), um pecuarista de Ávila, enquanto aponta para as manchas pretas em um morro distante da Sierra de Gredos. Um olho inexperiente é incapaz de distinguir o gado, mas ele o localiza perfeitamente. Para chegar até ali precisa de um cavalo, como seu bisavô, seu avô e seu pai, que também eram criadores de gado. Estas propriedades representam a máxima expressão de uma carne ecológica, da qual depende um ecossistema econômico e social, mas é impossível que por meio deste tipo de propriedade se consiga sustentar a demanda mundial, salvo se reduza drasticamente o seu consumo.

Este problema se coloca, além disso, em um mundo no qual em torno de 900 milhões de pessoas passam fome diariamente. Como assinala a FAO, o setor de carnes enfrenta um desafio impossível de aumentar a produção diante de um crescimento da demanda e da população do planeta e a necessidade de frear ao mesmo tempo as emissões.



domingo, 19 de julho de 2015

A eutanásia do sapateiro ateu na Colômbia

Ovidio González Correa ao lado de seu filho, o cartunista colombiano conhecido como "Matador"

Vítima de câncer terminal, Ovidio González Correa deu seu último suspiro às 9:33 h da manhã de sexta-feira, 3 de julho de 2015.

Antes, entretanto, teve que travar uma batalha legal na qual seu pedido de eutanásia sofreu um adiamento no dia 26 de junho, quando já estava na clínica cercado de parentes e amigos que ali compareceram para lhe dar o último adeus, conforme conta a matéria do El País em sua versão brasileira:

O triste final feliz de Ovidio

  • Ovidio González, 79 anos, enfrenta um câncer de boca desde 2010
  • Agora, a Colômbia aprovou que ele se submeta a eutanásia


Um homem que está ficando sem rosto por causa de um câncer se tornou a imagem da luta por uma morte digna na Colômbia. Assim quis a vida, ou melhor, a morte. Que se esquivou de Ovidio González Correa há uma semana. Com tudo previsto, 15 minutos antes da hora marcada para o adeus, a clínica interrompeu o procedimento. Nesta quinta-feira, o mesmo comitê médico voltou atrás e aprovou que Ovidio receba a primeira eutanásia legal na Colômbia.

“Devo ser a única pessoa de quem a morte não gosta”, disse na sexta-feira passada o sapateiro ateu de 79 anos. Se tem algo que não perdeu, é o senso de humor. Um humor ácido. Com ele enfrentou o câncer na boca diagnosticado em 2010. Perdeu parte de um osso do lado esquerdo do rosto. Fez diversas sessões de radioterapia e quimioterapia. Ficou esteticamente deformado. Psicologicamente, abalado; mas não arrasado. Longe de intimidar-se, continuou com sua vida simples, criando vacas e cavalos em Pereira, em pleno eixo cafeeiro. Sob contínuo monitoramento, e com o apoio da mulher e dos quatro filhos, conseguiu driblar o câncer por cinco anos, até que, no início de 2015, a doença contra-atacou.

Há três meses, disse basta. Pediu ao oncologista para parar com as sessões de quimioterapia, o tumor tinha desfigurado a parte esquerda do rosto, a bochecha. A dor, intensa, não cessava. Não cessa, de fato. Cada tentativa de falar implica em um sofrimento adicional. Ovidio só pode ingerir alimentos líquidos, reclinado. Seu peso caiu de 81 quilos para 48 quilos.

“O simples ato de não desfrutar do ato de comer é terrível”, diz seu filho mais velho, o conhecido caricaturista colombiano Julio César González, Matador. Foi a ele que Ovidio disse um dia: “Quero a eutanásia, eu sei para onde vou e não quero ser um trapo em uma cama”, acabar como alguns de seus irmãos e familiares, uma família perseguida pelo câncer.

A primeira opção era recorrer a um médico que tinha ajudado dezenas de pessoas a morrer, mas ele insistiu que seguissem os canais oficiais. A eutanásia é legal na Colômbia desde 20 de abril, quando o Ministério da Saúde regulamentou uma norma de 1997. Em 4 de junho solicitaram à clínica Oncólogos de Occidente, em Pereira, que autorizassem o processo para morrer com dignidade. Os médicos que trataram de Ovidio viram que preenchia todos os requisitos legais para autorizar a eutanásia. Em síntese: ser o próprio paciente quem solicitava o direito, estar em perfeitas condições psíquicas e sofrer de um câncer terminal.



Tudo parecia pronto. Ovidio, ninguém sabe por quê, decidiu morrer na sexta-feira 26 de junho às duas e meia da tarde. Começaram os preparativos, as despedidas. Até o dia marcado ainda chegava gente à sua casa. Naquela sexta-feira, Matador lembra que seu pai ouviu música com um amigo, Gustavo Colorado, a quem deu de presente um disco de tangos de Charlo. A dedicatória, conta, dizia: “Motivo: viagem”. “O mais difícil foi o caminho para a clínica”, diz o primogênito. Naquele dia a Colômbia jogava contra a Argentina e as ruas estavam impregnadas de um otimismo antagônico que chocava com Ovidio e sua família. “Ele se movia menos que uma pirâmide do Egito”.

Na clínica, umas trinta pessoas acompanhavam Ovidio. O processo consistiria em uma sedação para então aplicar um fármaco que tiraria sua vida sem sofrimento. Quando faltavam 15 minutos para a hora marcada, Diego, outro filho do paciente, recebeu um telefonema. O processo estava suspenso. Apesar de os médicos que tinham tratado de Ovidio estarem convencidos, um comitê da clínica formado por um oncologista, um psicólogo, um advogado e um radioterapeuta, decidiu, com apenas uma opinião desfavorável, que não estava tão claro se o paciente reunia todos os requisitos e, diante da dúvida, preferia recorrer a uma segunda opinião. A desolação foi total. Só o humor conseguiu quebrar a tristeza. “Por que não sai coberto com um lençol branco? Todo mundo já te considera morto”, diziam os mais próximos.

A semana foi intensa e ainda mais dolorosa para Ovidio. A família fazia questão de que fosse cumprida a lei, aquela que permite evitar o sofrimento de um paciente terminal. O caso, até então guardado com muito zelo, chegou à imprensa e a expectativa cresceu. Na quinta-feira, enfim, deram-lhes a triste boa notícia. O mesmo comitê que tinha decidido suspender o processo na sexta-feira passada, agora, com o respaldo da Associação Colombiana de Radioterapia Oncológica e a aprovação do Ministério da Saúde, aprovava o pedido de Ovidio. Na próxima semana deixará de sofrer. As poucas palavras que, segundo seu filho, conseguiu dizer ao saber da notícia foram para o médico que tinha atrasado seu adeus: “Estou morrendo de vontade de conhecê-lo”.



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