domingo, 30 de abril de 2017

Aqueles últimos dias de Berlim em 1945

Soldado soviético hasteia bandeira da URSS no topo do Reichstag em 1945.
Uma imagem que resume o fim de uma era.

O dia 30 de abril de 1945 é tido como o dia em que Adolf Hitler se matou em seu bunker que se situava embaixo da Chancelaria em Berlim, então capital da Alemanha nazista.

Sua visão mórbida do III Reich havia começado em 30 de janeiro de 1933, quando foi alçado à condição de Chanceler.

A partir de então, por mais de 12 anos, um reino de morte, dor e desgraça se instalou no mundo e, para nós que estamos perto da terceira década do terceiro milênio, é particularmente estranho notar que não faz tanto tempo assim.

Apenas 72 anos nos separam das ruínas de Berlim, e sua glória e sua devastação podemos acompanhar em poucos minutos que foram filmados em película colorida de razoável qualidade.

O primeiro vídeo abaixo (8 minutos) foi gravado em 1936, ano em que Berlim sediou as Jogos da XI Olimpíada, e no qual o mundo ainda não estava a par da tragédia à qual seria apresentado - e quase inteiramente destruído - pouco tempo depois.

Uma cidade vibrante pulsava no ritmo dos carros que desfilavam pelo Unter den Linden, seu lindo boulevard, e pela Alexanderplatz.

As pessoas felizes comendo, bebendo e dançando em seus cafés não percebiam as nuvens negras que se aproximavam.


O segundo vídeo abaixo (quase 6 minutos), começa com a última aparição pública de Hitler por ocasião de seu 56º aniversário, quando recebia os cumprimentos da Juventude Hitlerista no que havia sobrado dos jardins da Chancelaria, acima do bunker onde se escondia.

No fim do vídeo se pode observar boa parte dos meninos da Hitlerjugend que se renderiam assustados (mas ainda cheios de ódio) enquanto seu tresloucado Führer esperava que eles defendessem a cidade contra os ataques soviéticos.

Rua após rua, prédio após prédio, soldados soviéticos e alemães lutam pelo que sobrou de Berlim, enquanto civis tentavam se safar, mas todos já sabiam do fim anunciado.

Era só uma questão de tempo.

Em 2 de maio de 1945, Berlim se renderia, e no dia 8 de maio o marechal Wilhelm Keitel assinaria formalmente o termo de rendição.

Keitel seria julgado em Nuremberg e - considerado culpado - foi executado em 16 de outubro de 1946.

Enquanto isso, o grande general soviético Georgy Zhukov inspecionava o que havia sobrado de Berlim.

O general Dwight D. Einsenhower, comandante dos aliados, que em 1953 se tornaria presidente dos Estados Unidos, não aparece no vídeo, mas pessoas próximas a ele e a Zhukov disseram que, se as relações soviético-americanas tivessem sido deixadas a cargo de ambos, a história do mundo seria outra, já que havia verdadeira amizade e muito respeito entre os dois.

Enfim, o vídeo mostra que houve homens e mulheres que honraram e foram dignos do que deles se exigiu naqueles tempos, enquanto a outros foi reservada a lata de lixo da História.


O vídeo abaixo (7 minutos) mostra Berlim já em julho de 1945.

A cidade já estava dividida nos diferentes setores destinados aos vencedores aliados, Estados Unidos, União Soviética, Reino Unido e França, que mais tarde gerariam a divisão entre Alemanha/Berlim Ocidental e Oriental que durou décadas.

Percebe-se que os alemães andavam pelas ruas como quem acabara de sair de um pesadelo, ou de um sonho que pareceu bom por algum tempo, mas - mesmo em meio a tanta desgraça - estavam de certa forma "contentes" por haverem sobrevivido aos horrores da guerra.

Talvez "felicidade" (e seus derivados) fosse uma palavra que eles não estavam mais em condições de utilizar.

Pelo menos, era verão e nos mutirões de reconstrução já era possível observar alguns sorrisos:


Talvez a imagem mais contundente seja a do Berliner Sportpalast, onde outrora ecoavam os discursos demagogos de Hitler e Goebbels e que foi totalmente destruído no fim da guerra.

O vídeo termina com uma panorâmica da Unter den Linden, a avenida principal de Berlim, mostrando que, de alguma maneira, em meio a tantos escombros, ainda havia alguma esperança para a capital alemã.

Na virada de abril para maio de 1945, certamente os berlinenses tinham sentimentos conflitantes. 

De um lado, tudo indicava o extermínio do povo alemão e de sua capital após uma derrota tão fragorosa depois de tanta barbárie e maldade que os nazistas haviam infligido aos povos conquistados.

Por outro lado, talvez alguns poucos alemães tivessem um fio de esperança de reconstruir o seu país, a sua nação e o mundo como um todo.

Entretanto, era urgente sobreviver...

Enfim, Berlim e o mundo não conseguiram voltar ao "normal". Felizmente, porque o "normal" até então era a guerra total, mas lograram estabelecer uma nova ordem que - até hoje - luta para se manter em pé e em paz.




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