O vídeo da delação premiada do ex-executivo da Odebrecht, Fernando Reis, sobre o tal "pastor" Everaldo é um escândalo, para dizer o mínimo.
Não se iluda com o nome ilusório "delação premiada". De "prêmio", só a redução da pena a quem delata, mas estamos falando de bandidagem, de criminosos que utilizaram dinheiro de procedência duvidosa com fins escusos, como é o caso da Odebrecht e seus executivos.
Qualquer político que se relaciona com eles, sabe bem com quem está falando...
No caso em questão, primeiramente, o delator afirma que o caso de Everaldo é um dos que mais demonstram como a própria empresa achacadora, a Odebrecht, perdeu o controle do esquema de corrupção.
Depois diz que quem lhe apresentou Everaldo foi o arroz-de-festa da corrupção gospel, o ex-deputado evangélico Eduardo Cunha, e que Everaldo tinha elaborado complicadas estatísticas sobre o destino de 26 milhões de votos evangélicos e quantos deles ele podia trazer para si ou direcionar segundo seu bel prazer.
Pasme: Everaldo se julgava "dono" de 8 milhões de votos evangélicos no país e tinha um discurso privatista que coincidia com a visão econômica de mundo da Odebrecht.
Houve várias outras reuniões em que Everaldo estava sempre acompanhado de Rogério Vargas, que o delator não sabia precisar se era secretário e/ou tesoureiro do partido (PSC - Partido Social Cristão).
Foi feito o primeiro pagamento pela Odebrecht no valor de R$ 1 milhão e, a partir daí, segundo o delator afirma, o ciclo começou a ficar vicioso, conforme o nome de Everaldo aparecia com pequenos índices nas primeiras pesquisas eleitorais para as eleições presidenciais de 2014.
Houve uma segunda contribuição, então, também de R$ 1 milhão e também como "caixa 2", com os codinomes "zelota" e "aquário 2", este último em referência ao símbolo do PSC, que é um peixe, e esses valores foram sempre entregues no escritório de advocacia do Sr. Rogério Vargas.
Conforme Everaldo foi crescendo nas pesquisas, chegando a ter algo em torno de 4,5 a 5% das intenções de voto, as "doações" foram subindo até alcançar o montante de R$ 6 milhões.
A Odebrecht chegou a orientar Everaldo a reforçar seu discurso privatista na entrevista que deu ao Jornal Nacional da Rede Globo de TV em 19 de agosto de 2014, mas com o acidente aéreo que matou o candidato Eduardo Campos (do PSB - Partido Socialista Brasileiro) pouco depois, e com a consequente ascensão de Marina Silva ao seu posto de candidato pelo PSB, praticamente todo o eleitorado evangélico migrou para a candidata, levando Everaldo a desaparecer nas pesquisas.
Everaldo teria percebido o golpe e a Odebrecht, sentindo-se "credora" do candidato, pediu-lhe que utilizasse o seu tempo no debate para ajudar Aécio Neves, do PSDB, fazendo perguntas "inócuas" e "escadas" para que o tucano pudesse ter mais tempo e se saísse bem para - assim - chegar ao segundo turno com Dilma, do PT.
Aí estaria, segundo o delator Fernando Reis, a "distorção" na "política de contribuições" da Odebrecht: era um valor muito grande ofertado a "quem tem muito pouco pra dar". A seu ver, esta foi uma "avaliação errada".
Veja a íntegra da delação especificamente quanto ao "pastor" Everaldo: