sábado, 18 de outubro de 2008

Hipocrisia jornalística

O Painel de Leitor da Folha de S. Paulo de hoje (acesso aqui para quem tem UOL) traz a carta do leitor Evaldo Novelini, que demonstrou a contradição do psicanalista Contardo Calligaris, no melhor estilo "Esqueçam o que eu escrevi" inaugurado pelo FHC. Pêgo com a boca na botija (e as calças curtas), o psicanalita saiu-se com uma resposta ridícula; parece mesmo que ele está em outro mundo, a que ele chama de "ideal":

"Sugiro um tema para o próximo artigo do psicanalista Contardo Calligaris: hipocrisia.

No artigo "Marta com McCain" (Ilustrada, 16/10), ele classifica como sórdida a tentativa de Marta Suplicy de atacar, de forma sub-reptícia, a opção sexual do prefeito Gilberto Kassab.

O texto indignado na Folha nem parece ser da mesma lavra do homem que, dois meses atrás, disse à revista "Imprensa" (edição número 237, agosto de 2008) que concordava com a lógica de expor, durante as campanhas eleitorais, a vida privada dos candidatos: "Não estamos falando apenas da divulgação do imposto de renda, mas inclusive com quem ele transa. Isso interessa a todos a partir do momento que é candidato. (...) Nesse sentido, acho relevante saber se o cara transa com o ascensorista no 17º andar"."

EVALDO NOVELINI, jornalista (Mogi das Cruzes, SP)

Resposta do colunista Contardo Calligaris - Claro, no meu mundo ideal, não haveria nada a esconder, mesmo; a ponto que as opções seriam indiferentes. Agora, a campanha de Marta agiu contando com o fato de que estamos em outro mundo, em que a sexualidade poderia ser fonte de vergonha e descrédito. Isso, sim, é vergonhoso.


Ainda que Calligaris não seja exatamente um jornalista, mas colunista da Folha, este episódio não deve nada à diferença de abordagem praticada pelo jornal em questão. Valia tudo para massacrar e desqualificar a Marta, quando esta era prefeita e candidata à reeleição em 2004, inclusive explorar à exaustão o seu divórcio. Agora, ainda que a suposta "ofensa" ao Kassab seja "fichinha" perto dos adjetivos que foram usados contra a Marta, chamada de "Dona Marta e seus dois maridos", o que rendeu o "Dona Marta" que o Kassab hoje adora usar e a Folha finge não perceber, simulando horror com uma insinuação de homossexualidade, que está muito mais na ideologia (ou no "mundo ideal") de quem a ouve do que a mensagem propriamente dita. Típico de um jornal que há muito tempo deixou de ter o rabo preso com o leitor... isso, sim, é vergonhoso.

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