terça-feira, 31 de agosto de 2010

Lata velha

por C. S. Lewis:

Há um alerta ou incentivo para cada um de nós. Se você é uma pessoa legal – que tem facilidade em alcançar virtudes -, tenha cuidado! Muito se espera daqueles a quem muito é dado. Se você considerar mérito seu o que na verdade são presentes que Deus lhe deu por meio da natureza e se contentar em ser uma pessoa simplesmente legal, não passará de um rebelde. E os dons só o levarão a cair de forma ainda mais terrível; o tornarão ainda mais corrupto e seu mau exemplo, ainda mais desastroso. O próprio demônio já foi um arcanjo; os dons naturais dele estavam tão acima dos seus, quanto os seus estão acima das habilidades dos chimpanzés.

Mas, se você não passa de uma pobre criatura – envenenada por uma má criação, numa família cheia de invejas e intrigas absurdas – premiada com alguma perversão sexual independente de sua vontade; e atormentada pelo complexo de inferioridade que a faz humilhar-se diante dos seus melhores amigos -, não se desespere. Ele sabe de tudo isso. Você é um dos pobres que ele abençoou. Ele sabe muito bem que lata velha você está tentando dirigir. Não desista. Faça o que puder. Algum dia (quem sabe em um outro mundo, mas talvez até antes disso) ele lhe jogará no ferro velho e lhe dará uma carcaça novinha. Então, você poderá nos impressionar a todos – e não menos a si mesmo -, pois terá aprendido a guiar na auto-escola mais exigente do mundo. (Alguns dos últimos serão os primeiros e alguns dos primeiros, os últimos).

(C. S. Lewis em “Mero Cristianismo”, citado em “Um Ano com C. S. Lewis”, Ed. Ultimato, 2005, p. 232)

sábado, 21 de agosto de 2010

Agora o Serra sobe...

Político dá cada pulo pra subir nas pesquisas, viu...



sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Transição planetária?

Vendo depoimentos como o do vídeo abaixo nos dá a certeza de que o (verdadeiro) evangelho precisa ser mais anunciado:

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Hitler na campanha alemã contra a AIDS

Vi no blog BLCKDMNDS que Hitler, Stalin e Saddam Hussein são, por assim dizer, as "estrelas" da nova campanha publicitária de prevenção contra a AIDS na Alemanha. O tema é pra lá de controverso e se há nele alguma similaridade com o nazismo, esta é justamente a discussão sobre os limites da propaganda. O conteúdo é de gosto duvidoso e apresenta um certo erotismo macabro que pode ofender os desavisados (devo alertar), e o comentário do BLCKDMNDS, em português de Portugal, é o seguinte:

“A AIDS é uma assassina em massa”. É esta a mensagem de uma campanha de prevenção do HIV na Alemanha. Apesar da causa nobre, o vídeo causou bastante polémica no país. Não pelo conteúdo sexual, mas pelo facto do protagonista ser o líder Nazi Adolf Hitler.

As autoridades de saúde alemãs desaprovaram a campanha, bem como o representante da comunidade judaica, Stephan Kramer. “Hitler vende. A terapia de choque é a forma popular de atrair as atenções. E de facto, conseguiram. Mas os danos colaterais existem. É um insulto para as vítimas da era Nazi, entre eles homossexuais e lésbicas que foram enviados aos milhares para os campos de concentração”. A campanha foi encomendada pela organização humanitária alemã “Regenbogen” a uma agência de publicidade em Hamburgo chamada Das Commitee. Os criativos explicam as razões da polémica opção: “Queriamos dar ao vírus uma cara e essa cara não pode ser bonita. E é por isso que escolhemos Adolf Hitler, Estaline e Saddam Hussein”.

Várias organizações que apoiam seropositivos sublinharam que a campanha poderá levar a que a opinião pública identifique quem sofre de sida com Hitler e os restantes ditadores, reforçando preconceitos já existentes.







domingo, 8 de agosto de 2010

Um pai contra a esquizofrenia

A Folha de S. Paulo de hoje publica uma matéria que conta a história verídica e triste de um pai que perdeu seu filho para a esquizofrenia. 

O relato comovente merece ser divulgado para que outros pais que tenham filhos nas mesmas condições percebam os sintomas e se informem sobre a melhor forma de agir em situações parecidas.

Além disso, a paternidade (e a maternidade) não é feita só de alegrias, pelo que o drama vivido pelo Dr. Mario Sergio Limberte não deixa de ser um tributo a tantos outros pais que enfrentam dificuldades semelhantes e exercem dignamente a sua missão, nem sempre amada ou reconhecida:

MINHA HISTÓRIA / MARIO SERGIO LIMBERTE, 69

UM PAI CONTRA A ESQUIZOFRENIA

"(...)Meu filho nunca me perdoou pela internação. Duas vezes me disse que estraguei a vida dele.(...) Um pai que tem um filho com essa doença não pode ter medo de ser odiado"

RESUMO

Há três anos, o dentista Mario Sergio Limberte perdeu seu caçula, vítima dos efeitos dos antipsicóticos. Por dez anos, o pai mergulhou na prática e na teoria da doença. Devorou a literatura médica, ouviu as vozes todas da esquizofrenia. E preservou o elo com o filho. No livro "Cadê Minha Sorte?" (Scortecci), ele mostra sua luta contra o transtorno do filho, e passa know-how. Hoje, briga para mudar o nome da doença-estigma.

(...)Depoimento a
HELOÍSA HELVÉCIA
EDITORA DE EQUILÍBRIO E SAÚDE

Nenhum pai imagina ter um filho com doença mental. Durante toda a vida do meu filho após o diagnóstico, estudei a esquizofrenia. Importava livros. Os livros médicos brasileiros são ótimos, mas escritos por pais, não achei.

André foi um menino sadio, alegre. O caçula. Hoje, teria 33. O outro tem 35.
Teve uma infância feliz, posso dizer. Boa escola, viagens para a Disney...

Lá pelos 14 André ficou um pouquinho estranho. Não beijava mais a mãe. Quantos filhos não beijam a mãe, ainda mais na adolescência? Isso é o pior dessa doença. Vem vindo. Chega insidiosa, traiçoeira, confundindo.

MENINO BONITO

Mas André foi passando de ano. Quem sofre dessa doença não consegue concluir curso universitário. Há perdas cognitivas. Mas ele concluiu o de odontologia. E se recusou a ir na formatura.

Começou então o isolamento social. Era muito bonito, assediado pelas meninas. Passou a se fechar no quarto, não atendia mais telefone.

Pensamos que era droga. Aos 16, contou à mãe que ouviu vozes. Não demos importância. Hoje, sei que ouvia.

Depois que o perdi, abrindo as gavetas dele, descobri poemas e uma história gozada, que deu nome ao meu livro: "Cadê minha sorte?"

O André sempre trabalhou no teatro das escolas. Decidiu que queria ser o melhor ator em Hollywood.

Era já um delírio de grandiosidade, mas eu não percebia assim. Incentivei ele.

E ele foi, então, estudar teatro e cinema em Los Angeles. Mas quando viajou, seu isolamento já estava patente.

André ficou dos 19 aos 21 nos EUA. Fui visitá-lo.

À noite, vi que ele acordava muitas vezes, ia ao banheiro e ligava o chuveiro. Há um sintoma: o doente bebe muita água, compulsivamente. Eu me preocupei em não invadir. Não perguntei.

Voltei preocupado. Comprei um livro sobre esquizofrenia. Fiquei estarrecido.

Não contei para minha mulher. Entrei em depressão.

Eu tinha vontade de morrer por covardia, para sair da briga. O antidepressivo me ajudou. Pensei: se morro, quem cuida do meu filho?

Um dia, disse que não o sustentaria mais do que quatro meses lá. Ele veio.

Estava magro para burro.

No dia seguinte da sua chegada fomos almoçar num restaurante. Pegou um palito da mesa e disse: "Pai, quando eu sair daqui, os garçons vão disputar esse palito, só porque toquei nele". Delírio de grandeza. Também tinha delírios de perseguição, alucinações. Dava risadinhas, eram vozes debochando.

Uma noite, foi ao nosso quarto, começou a falar que tinha vindo salvar o mundo. Minha mulher, ingenuamente, interferia. Ele dizia: "Cala essa boca". Eu anotava tudo para levar ao médico. Excitado, André andava do quarto para a sala, falava da guerra do Iraque... Até que, exausto, dormiu numa poltrona. Deitamos no chão, ao lado dele.

Voltou dia 9 de novembro, no dia 14 já foi internado compulsoriamente.

Foi um dos piores dias da minha vida. Fiz uma armadilha para meu filho. Contratei ambulância, escolhi clínica.

Não é fácil internar um filho. O médico disse que ele corria risco de vida. Só então contei para minha mulher.

Ficamos escondidos. Vimos a ambulância chegar, ele sair com os enfermeiros. Aplicaram injeção, mas nem precisaria. Foi pacífico. Achou que era um sequestro.

Fui com meu carro atrás da ambulância. A médica da clínica fez perguntas para a gente. Falou: "Seu filho tem esquizofrenia, uma doença incurável". Ele tinha 22 anos. Sim, suspeitávamos, mas tudo tem um jeito para se falar.

Aquilo mudou nossa vida. Ficou tudo muito mais triste, mas eu sabia agora com o que estava lidando. Precisa ter esclarecimento para não achar que o seu filho é um vagabundo. Passei dia e noite lendo. Conheci bem as várias hipóteses, os remédios.

Ficamos quatro dias sem poder vê-lo. Ele mandou um bilhetinho pedindo desculpa pela noite do surto. Pensou que foi internado como uma punição, como um castigo.

Depois, quando permitiram visita, meu filho, grogue, disse: "Pai, você não podia fazer isso comigo. Acabou com minha vida".

Passaram-se dez anos assim: toma medicamento, melhora, piora.

André nunca me perdoou pela internação. Duas vezes me disse que estraguei a vida dele. Um pai que tem um filho com essa doença não pode ter medo de ser odiado. Mesmo assim, tenho culpa.

EFEITOS COLATERAIS

A medicação antipsicótica funciona só nos sintomas positivos (delírios e alucinações). Na parte cognitiva, não. Naquilo que incapacita, nada. Estamos longe do remédio ideal.

Os efeitos colaterais são horríveis. O doente passa a lutar contra a doença e contra os efeitos da medicação, que vão de constipação intestinal a impotência sexual.

Os médicos não dão importância a essas comorbidades. Como a doença é a pior coisa que existe, psiquiatras focam nela, não no doente.

O psiquiatra não toma a pressão, não pede exames, quando é sabido que cardiopatias são a segunda causa de morte dos doentes. A primeira é suicídio.

Fala-se muito nos livros médicos que os remédios dão condições de se ter uma vida razoavelmente boa.

Mentira. A maioria dos doentes não se casa, é solitária. André tinha namoradas no começo. Depois, não saía mais com meninas. Perguntei para o médico sobre a parte sexual, pedindo para ele ser ético, dizer só o que eu precisasse saber para ajudar.

E o médico me disse que meu filho tinha retardamento do orgasmo, mas isso não era nada. Se o André falasse sobre isso mais uma vez, poderia receitar Viagra. Falou como se fosse uma gripe.

Outro efeito é a obesidade.

O NOME DA DOENÇA

Não contei ao André o nome da doença. Segundo alguns autores, se o doente sabe, fica melhor para enfrentar. Outros dizem que essa informação leva mais rápido ao suicídio, se o doente é culto e tem noção das limitações.

O médico explicou o distúrbio químico no cérebro dele, o excesso de dopamina. O problema é o nome da doença. Se falo que meu filho tem esquizofrenia, a tradução é "louco". Não é só semântica. Precisa mudar.

Ninguém na família ficou sabendo da doença do André, muitos amigos também ficaram sabendo só no velório. Por que escondi?

Porque se contasse todo mundo ia se afastar, o isolamento seria ainda pior.
Na fase em que ainda não tinha palpitações por causa do remédio, o André até foi em baladas, se divertiu.

Aos poucos, veio o sintoma da pobreza de palavras. Falava pouco. Depois, catatonia. Ficava na poltrona, em posição fetal, imóvel.

Ele tinha alucinações visuais. Cismava com cores. Uma vez disse que estava vendo tudo cor-de-rosa. Sinal de que a dose não era mais suficiente.

Aí aumenta a dose, e o que acontece? Depressão e culpa. "Pai, eu não venço na vida, faço os testes e não me aceitam", ele me dizia. Eu falava que vida de artista era difícil mesmo, precisava paciência.

Meu filho passou várias fases de depressão e melhora.

DIA SOLITÁRIO

O dia da sua morte foi um domingo como outros. Dias antes, se queixou de taquicardia, mas tinha muitas palpitações sempre.

Almocei com ele no clube, deixei em casa e fui visitar minha mãe. Domingo é um dia solitário para todo mundo. Para ele, mais. Depois, sempre pegava ele para tomar cafezinho no shopping.

Eu que o encontrei. Achei que dormia. Sacudi, gritei. Estranho ter nas mãos seu filho morto. Que sensação.

Muitos doentes morrem do coração. Muitos se suicidam. Vivem menos que a maioria.

Não escrevi o livro por revolta. Não estou ligado a nada. Quis contar a história, talvez ajude outros pais.

Meu primeiro pai






MEU PRIMEIRO PAI

(Kathleen Norris, em “O Caminho do Claustro”, Ed. Nova Era, 1999,
págs. 65 a 69 e 73)

“A capacidade negativa...
(é ser) capaz de estar no meio de
incertezas, mistérios, dúvidas, e
não teimar em recorrer
à realidade ou à razão.”

(John Keats, poeta inglês, 1785-1821)


Uma coisa estranha acontece quando eu entro, como artista convidada, numa turma de primeiro grau, na qualidade de artista em visita, para ler poesia e estimular as crianças a escreverem. É algo menos relacionado a mim, como indivíduo, do que ao poder da poesia, podendo ser, também, um efeito colateral do simples fato de que conheço muito pouco as crianças. Vou ao seu encontro como um quadro-negro esperando o giz. Descobri que, invariavelmente, não importa se a escola é pobre ou rica, no campo, na periferia ou na cidade, os garotos que o professor classifica como “bons alunos” serão capazes de escrever poemas e contos aceitáveis mas sem nada de extraordinário. Os poemas notáveis vêm do lado torto, isto é, dos maus alunos, aqueles que os professores costumam criticar por não participarem das atividades da turma.

Um dia, quando estava com alunos de quinta série de uma escola num bairro operário na Dakota do Norte, olhei de relance para a folha de um menino e vi as palavras “Meu Primeiro Pai”. Percebi que algo muito pessoal e profundo devia estar acontecendo. Não me lembro mais do que pedira que escrevessem, mas sei que não era nada tão invasivo como “faça um poema sobre alguém da sua família”. Era mais provável que tivesse sido um exercício livre, utilizando metáforas. Apesar da possibilidade de escrever sobre qualquer coisa, este menino escolhera falar sobre seu “primeiro pai”, e, embora sem interferir, conversei várias vezes com ele. Sua reação foi de surpresa e satisfação, quando mostrei que suas comparações eram tão boas que o tinham colocado, de imediato, em profundo contato com a metáfora. Ele escrevera sobre o pai:


“Eu me lembro dele,
como Deus em meu coração, eu me lembro dele no meu coração
como as nuvens lá em cima,
e sorvete de morango e bananas
quando eu era pequeno.
Mas, do que eu me lembro mais
é do seu amor,
grande como o Texas,
quando eu nasci.”


O menino me disse, cheio de orgulho, que nascera no Texas, mas nada falou a seu respeito. Sua professora, igualmente surpresa, foi quem me deu mais detalhes. Ela me contou coisas que não me surpreenderam, em função da minha experiência como artista convidada:

- Ele não é um bom aluno, e embora se esforce, nunca fez nada assim antes.

Em compensação, também me disse que o menino jamais vira o pai; o sujeito sumira da cidade no dia de seu nascimento.

Por incrível que pareça, foi gratificante para mim saber disso. Bastara a presença de um poeta em sala, dando aulas sobre comparações e metáforas (oficialmente, para justificar a minha presença em termos reconhecidos pelo sistema educacional, era isso que eu “ensinava”), para permitir a este menino contar aos adultos em sua vida – sua professora, sua mãe, seu padrasto – algo que eles precisavam saber, que um “primeiro pai” é figura de realce em sua emoção. Como Deus em seu coração, diz ele em seu poema, revelando o íntimo de sua alma.

...

Todavia, são os outros alunos, os maus alunos, os marginalizados, geralmente dotados de uma forma de inteligência que não costuma ser apreciada na escola, os que me escutam com mais atenção. São estes meninos, para os quais o abandono e a frustração são a norma na escola e, de uma maneira geral, na vida – quem sabe, na noite anterior o namorado da mãe, bêbado, não cometeu algum abuso contra ele -, que se sentem na poesia como os patos na água. Às vezes, como aconteceu com aquele aluno da quinta série, eles descobrem que adotar uma voz poética pode dar ensejo a uma revelação. É como se, pela primeira vez na vida, estivessem livres para falar com suas próprias vozes. É sempre um prêmio – para o professor, para a turma e para mim – quando uma criança nos leva ao íntimo da poesia. Aquele garoto falou diretamente à nossa própria solidão e exílio e fez recordar que o nosso mundo cotidiano é mais misterioso do que imaginamos: quem iria imaginar que um menino comum, numa turma comum na Dakota do Norte, carregava consigo, o tempo todo, um amor e uma perda tão grandes quanto o estado do Texas?

...

O menino que escreveu sobre seu pai ausente tinha uma história a contar. Seu coração estava exilado, e a natureza catalisadora da poesia o ajudou a voltar para casa. E o catalisador da fé? Alimentando-se tanto da razão quanto de nossa habilidade para a capacidade negativa, a fé pode ajudar-nos a ver que nossas experiências mais valiosas são sempre aquelas que deixam em nós, como disse o escultor e crítico Edward Robinson, “um lembrete inconsciente... 2 mais 2 são iguais a 5”, experiências que nos obrigam a ter em mente que nosso relacionamento com os outros e com o mundo são mais misteriosos do que aceitamos admitir. No Universo feito por Deus, o mundo real a que chamamos lar, o amor é maior do que o Texas, e maior até do que a morte, e 2 mais 2 podem ser iguais a 0, a 11, ou mesmo a 4.

sábado, 7 de agosto de 2010

Quebra-cabeça

Imagine se a sua cabeça fosse um cubo-mágico...


segunda-feira, 2 de agosto de 2010

ADHONEP, Morris Cerullo e ecumenismo

Já é tarde, a hora já passou, o leite foi derramado, mas não custa nada lembrar que uma das entidades que apresentou Morris Cerullo ao Brasil, como o próprio Malafaia faz questão de dizer, foi a ADHONEP - Associação de Homens de Negócio do Evangelho Pleno. 

Na sua megastore, por exemplo, está à venda o DVD da "preleção" de Cerullo no congresso de 2003, com a seguinte descrição:

A credibilidade do Dr. Morris Cerullo para o ensino espiritual é em si mesma notável. Trata-se de um momento único na história das Convenções. Prepare-se para mergulhar nas Escrituras e receba poder para viver na dimensão vitoriosa da provisão total e do suprimento contínuo em todas as áreas – as Convenções da Adhonep estão entre os maiores eventos do Brasil. E a partir de agora, as sensacionais imagens e os detalhes desses momentos históricos chegam até você através desta edição especial. Um projeto espetacular, com ministrações inesquecíveis, preparado com exclusividade para todos aqueles que apreciam os eventos e as grandes programações da Associação de Homens de Negócio.

É no mínimo curioso que entidades até certo ponto amorfas como a ADHONEP consigam reunir tanta gente das mais variadas denominações evangélicas com o fim de juntar homens de negócios numa espécie de Rotary Club espiritual para trocar cartões, ao mesmo tempo em que promove uma série de heresias e desvios doutrinários que terminam sendo absorvidos indiscriminadamente por muitos líderes, que os implantam nas suas igrejas. 

Mais interessante ainda é ver que a maioria dessas igrejas declara uma aversão a qualquer diálogo ecumênico, quando - na prática - adota o ecumenismo mais desenfreado com todas as influências místicas e pagãs sem qualquer filtro bíblico. 

Acho legítimo que pessoas com afinidades religiosas se reúnam para promover o bem comum sem esquecer da coletividade que professa outra fé (ou mesmo a ausência dela), mas no fundo, instituições como a ADHONEP estão sendo usadas para propagar os ensinos místicos de figuras exóticas como Morris Cerullo, alguém que, para eles, têm uma "notável credibilidade". 

Bons tempos aqueles em que os crentes devotavam sua credibilidade apenas a Deus...

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails