terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Fator Trump acelera o relógio do fim do mundo


Parece que, neste caso, a ordem dos fatores altera significativamente o produto.

A informação curiosa é da BBC Brasil:

Para grupo de cientistas, mundo pode estar mais próximo do apocalipse

Um grupo de cientistas diz que o mundo se aproximou do apocalipse no último ano, diante de um cenário de segurança que vem se tornando obscuro e dos comentários do novo presidente americano, Donald Trump.

O Boletim dos Cientistas Atômicos (BPA, na sigla em inglês) moveu o ponteiro do relógio Doomsday, que simboliza quão próximos estamos de uma hecatombe, de três minutos para dois minutos e meio antes da meia-noite - quanto mais perto dela, mais iminente está o fim do mundo, na avaliação dos pesquisadores.

É o mais próximo que o relógio chegou da meia-noite desde 1953, quando o ponteiro foi movido para dois minutos por causa de testes de bomba de hidrogênio feitos pelos EUA e pela Rússia.

Em um relatório, o BPA disse que as declarações de Trump minimizando as mudanças climáticas, a expansão do arsenal nuclear dos EUA e o questionamento acerca das agências de inteligência contribuíram para o aumento do risco global.

A chefe da BPA, Rachel Bronson, pediu aos líderes mundiais que "acalmem mais do que alimentem as tensões que podem levar à guerra".

O que é o relógio Doomsday?

O ponteiro dos minutos no Relógio do Juízo Final é uma metáfora de quão vulnerável à catástrofe o mundo está.

O dispositivo simbólico foi criado pelo Boletim dos Cientistas Atômicos em 1947 - o BPA havia sido fundado na Universidade de Chicago em 1945 por um grupo de cientistas que ajudaram a desenvolver as primeiras armas atômicas.

Hoje, o coletivo inclui físicos e cientistas ambientais de todo o mundo, que decidem como ajustar o relógio após consultar também o Conselho de Patrocinadores do grupo - que inclui 15 prêmios Nobel.

Por que ele se moveu meio minuto para mais perto da meia-noite?

Nos últimos dois anos, o ponteiro do Relógio do Juízo Final permaneceu fixado em três minutos antes da meia-noite. Mas o BPA diz que o perigo de desastre global é ainda maior em 2017, e decidiu mover o marcador 30 segundos para a frente.

"Os comentários perturbadores sobre o uso e proliferação de armas nucleares feitos por Donald Trump, bem como a descrença no consenso científico sobre a mudança climática expressa por Trump, e por vários dos nomeados para o seu gabinete, afetaram a decisão da diretoria, assim como o surgimento de nacionalismo estridente em todo o mundo."

Outros fatores listados no relatório da BPA incluem dúvidas sobre o futuro do acordo nuclear do Irã, ameaças à segurança cibernética e o surgimento de notícias falsas.

A decisão da diretoria de mover o ponteiro em menos de um minuto - algo que nunca fez antes - é porque Trump só recentemente assumiu o cargo e muitas de suas nomeações ainda não estão atuando no governo.

Como a ameaça se compara aos anos anteriores?

Quando foi criado em 1947, os ponteiros do relógio estavam em sete minutos antes da meia-noite. Desde então, isso mudou 22 vezes, variando de dois minutos para a meia-noite em 1953 a 17 minutos para a meia-noite, em 1991.

O relógio foi ajustado pela última vez em 2015, quando foi transferido de cinco para três minutos antes da meia-noite, diante de perigos como as mudanças climáticas e a proliferação nuclear. Esse foi o mais próximo que ele chegou da meia-noite em mais de 20 anos.

A última vez em que esteve no patamar dos três minutos foi em 1984, quando as relações entre os EUA e a União Soviética atingiram seu ponto mais crítico.


Donald J. Trump: um país e um planeta que não se reconhecem mais...




segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

O batismo radical da Geórgia


Não é nada fácil ser batizado na Igreja Ortodoxa Georgiana. Os bebês que o digam (ou demonstrem com suas carinhas assustadas). 

Confira o curioso ritual no vídeo abaixo:




domingo, 29 de janeiro de 2017

Adeus, John Hurt!


John Hurt foi um monstro da história do cinema, um ator que valorizava cada filme para o qual era convocado.

Uma pena que ele tenha nos deixado no último dia 25 de janeiro, vítima de complicações de um câncer no pâncreas, aos 77 anos de idade.

Participou de grandes obras do cinema, desde um papel coadjuvante no clássico "O Homem Que Não Vendeu Sua Alma" ("A Man For All Seasons", 1966) até "A Lenda de Tarzan" ("The Legend of Tarzan", 2016), passando por "O Expresso da Meia-Noite" (1978), "O Homem Elefante" (1980), "Rob Roy" (1995), "V de Vingança" (2005), além do papel recorrente do Sr. Olivaras na série Harry Potter e tantas outras aparições igualmente brilhantes.

Entretanto, a cena que todos se lembrarão de John Hurt é aquela icônica e "estomacal" de "Alien, o Oitavo Passageiro" (1979), quando - no meio de uma refeição coletiva aparentemente inofensiva - o monstrinho alienígena explode o peito do seu personagem Kane, que involuntariamente se torna hospedeiro do mal que vai devastar a nave, a sua tripulação e assustar a plateia como poucos outros monstros na história das telonas fizeram.

Com o coração já cheio de saudades, fiquemos então com essa cena antológica, celebrando a vida e a obra deste artista insuperável e inesquecível:




sábado, 28 de janeiro de 2017

O brasileiro da Telexfree com 20 milhões de dólares escondidos no colchão

A enorme comunidade brasileira em Massachusetts foi surpreendida
com a apreensão pela polícia americana de 20 milhões de dólares
em espécie escondidos no colchão de um de seus integrantes. 

Parece que o mundo das notícias gira numa velocidade muito superior àquela do planeta e fica difícil acompanhar o que está acontecendo.

Alguns anos atrás, mais ou menos de 2012 a 2014, era febre entre os evangélicos vender um serviço esquisito chamado Telexfree, mesmo quando eram alertados de que se tratava do famoso e antigo golpe da pirâmide financeira, mas a "esperteza" de alguns "irmãos ungidos" os impedia de reconhecer o dano que estavam causando a outros e a si próprios.

Aqui mesmo no blog tratamos do tema naquela época em artigos como:




Quase três anos se passaram desde todos esses "rolos", e a criação "gospel" brasileira Telexfree continua sendo notícia nas páginas policiais internacionais, conforme informa a BBC Brasil:

O estranho caso do brasileiro preso com US$ 20 milhões guardados em colchão nos EUA

Esconder o dinheiro no colchão é uma das mais antigas formas de guardar as economias.

Mas as autoridades do Estado americano de Massachusetts descobriram uma fortuna de milhões de dólares ocultada embaixo de um colchão por um brasileiro por motivos que são, digamos, muito mais ligados ao século 21.

A polícia acredita que o dinheiro tivesse ligado a um esquema de pirâmide financeira no valor de US$ 1 bilhão da empresa Telexfree, que afirmava oferecer serviços de telefonia pela internet no mundo todo.

Na pirâmide financeira, modelo comercial bastante utilizado para golpes, as pessoas geralmente são convencidas a investir e a trazer outras pessoas para o negócio, recebendo um percentual para cada participante atraído.

No total, foram apreendidos no colchão US$ 20 milhões (R$ 63,5 milhões). O dinheiro foi achado em um apartamento da cidade de Westborough, no último dia 4.

Os investigadores descobriram a quantia enquanto seguiam Cléber Rene Rizério Rocha, de 28 anos. Ele foi preso.

O esquema

Os promotores americanos afirmam que a Telexfree, já desativada, enganou quase um milhão de pessoas em todo o globo.

De acordo com as autoridades, a companhia obteve a maior parte de seu dinheiro a partir de pessoas que entravam no esquema com a promessa de receber pagamentos da empresa caso publicassem propaganda online do serviço de VoIP (telefonia via internet).

Esses investidores seriam compensados ainda ao atrair novos participantes, frequentemente familiares e amigos.

As investigações apontam que o pedido para que os promotores publicassem propaganda do serviço na web não fazia muita diferença para a Telexfree.

A companhia obtinha menos de 1% de sua renda a partir das vendas de seu serviço de telecomunicação - os outros 99% vinham do que os novos participantes pagavam para se inscrever no esquema.

Lavagem de dinheiro

O gabinete da Procuradoria Federal americana divulgou pelo Twitter uma foto do dinheiro encontrado no apartamento de Rocha.

Ele foi acusado de conspiração para lavagem de dinheiro. Na segunda-feira, a Justiça negou liberdade condicional ao brasileiro, argumentando risco de fuga.

Os promotores afirmam que Rocha fazia parte de uma organização que transferia milhões de dólares, supostamente associados à Telexfree, para o Brasil, lavando o dinheiro via Hong Kong.

Em maio de 2014, as autoridades americanas acusaram James M. Merrill e Carlos N. Wanzeler, administradores da Telexfree, de conspiração para cometer fraudes.

Merrill foi preso e se declarou culpado. Wanzeler, que nasceu no Brasil, está foragido - as autoridades acreditam que ele esteja escondido em solo brasileiro.

VoIP

"A Telexfree supostamente fazia um marketing agressivo de seus serviços de VoIP (telefonia pela internet) recrutando milhares de 'promotores' que publicavam propagandas do produto na internet", informou o Departamento de Justiça dos Estados Unidos em um comunicado em sua página na web.

"Esses acusados criaram um sistema que tomou centenas de milhões de dólares de trabalhadores ao redor do mundo."

Entre janeiro de 2012 e março de 2014, a Telexfree afirmou recrutar "promotores" ou "divulgadores" para vender seu serviço de VoIP.

"Cada promotor tinha que 'investir' na Telexfree. Depois eles eram compensados toda semana pela empresa, obedecendo a uma estrutura complexa, sempre e quando publicassem propagandas na web para o serviço", dizem as autoridades americanas.

A pirâmide financeira continuou funcionando até abril de 2014, quando a Telexfree entrou com um pedido de proteção contra falência, o que nos Estados Unidos significa pedir uma chance para reorganizar suas dívidas e tentar pagar os credores.

Em 2014, a promotora americana Carmen Ortiz disse que "a magnitude dessa suposta fraude é de tirar o fôlego".



sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Ex-prefeito pedófilo do AM é solto por indulto de Michel Temer




Nossos "parabéns" a todos os que apoiaram (mais) esta indecência, retrato perfeito e acabado da ignorância política da população brasileira.


A notícia é do Congresso em Foco:


Ex-prefeito acusado de pedofilia tem pena de 11 anos de prisão extinta

Acusado de chefiar uma rede que explorava sexualmente meninas de 9 a 15 anos, conforme mostrou série de reportagem do Fantástico em 2014, o ex-prefeito de Coari (AM)
Adail Pinheiro recebe indulto natalino, ganha liberdade e se livra de processo

EDSON SARDINHA

Condenado a 11 anos de prisão por exploração sexual de crianças e adolescentes, o ex-prefeito de Coari (AM) Adail Pinheiro recebeu indulto e teve sua pena extinta nessa quarta-feira (24). Com isso, o político acusado de chefiar uma rede que explorava sexualmente meninas de 9 a 15 anos, conforme mostrou série de reportagem do Fantástico em 2014, ganhará liberdade e se livrará das acusações.

A decisão que o beneficiou foi tomada pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), com base em parecer favorável do Ministério Público estadual, que concluiu que Adail se encaixava nos requisitos do perdão presidencial, definido em decreto assinado no final de 2016 pelo presidente Michel Temer. O ex-prefeito cumpria pena em regime domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica.

O decreto presidencial prevê o indulto a condenados em crimes praticados sem grave ameaça ou violência à pessoa e quando a pena não for superior a 12 anos de prisão. O preso, no entanto, precisa ter cumprido um quarto da pena, se não for reincidente, ou um terço, se tiver reincidido em crime.

A sentença foi assinada pelo juiz da Vara de Execuções Penais (VEP), Luís Carlos Valois, que alega ter analisado apenas a conformidade do parecer do Ministério Público com o decreto presidencial do indulto.

“A pena aplicada e o período de pena cumprido, somados à ausência de infração disciplinar (requisito subjetivo disciplinado no art.9º do mesmo decreto) indicam que realmente o apenado preenche os requisitos do decreto, na forma do que já foi esclarecido nos autos, nesta decisão e no parecer do Ministério Público”, escreveu Valois na decisão em que determina a soltura do político.

Celular na cadeia

Adail foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Amazonas, em novembro de 2014, a 11 anos e 10 meses de prisão em regime fechado por exploração sexual de crianças e adolescentes. Ele já estava preso preventivamente à época em processo que apura outros casos de pedofilia. Em novembro do ano passado, passou a cumprir a pena em prisão domiciliar.

Embora a decisão que o livrou da pena ateste seu bom comportamento, em julho de 2016 uma revista na cela onde Adail estava preso com outros dois ex-prefeitos encontrou três aparelhos celulares, dois carregadores e R$ 100. O político já havia sido preso, em 2008, por suspeita de desviar R$ 40 milhões dos cofres públicos, na Operação Vorax, da Polícia Federal.

A família do ex-prefeito ainda exerce forte poder político em Coari, cidade de 77 mil habitantes localizada às margens do Rio Solimões. O filho dele, Adail Junior foi eleito prefeito no ano passado. A vice, Mayara Pinheiro, também é filha dele. Jeany Pinheiro, a vereadora mais votada, é irmã de Adail. Um sobrinho dele também é vereador, segundo o jornal A Crítica, de Manaus.

Uma série de reportagens do Fantástico mostrou, no início de 2013, depoimento de adolescentes e familiares, além de outras testemunhas, que apontavam Adail como chefe de uma quadrilha que explorava sexualmente meninas de 9 a 15 anos. “Eu tinha 9 anos. E a minha mãe cozinhava no barco. Eu ficava lá brincando, enquanto minha mãe estava trabalhando. Ele me estuprou dentro do barco mesmo, entendeu. Eu fiquei muito apavorada, com vergonha, nunca consegui colocar isso para fora. Hoje em dia, ele quer a minha filha”, contou uma vítima. “Ela tem 11 anos, então ele está destruindo a minha vida inteira, porque aconteceu comigo, aconteceu com o meu sangue e agora ele quer a minha filha. É monstruoso demais”, acrescentou.

Adail sempre negou as acusações.



quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Pedófilos americanos querem usar Bíblia em sua defesa no tribunal

Esten (o filho, à esquerda) e Timothy (o pai, à direita) sendo levados ao Tribunal.

O horror, ah, o horror... sempre encontra formas fantasmagóricas para se apresentar no mais alto grau de depravação.

Parece que, a cada dia que passa, aumenta o número de pessoas que acha que pode fazer o que quiser se invocar alguma suposta "unção" que lhe foi outorgada por uma autoridade divina.

Leia a matéria do ConJur abaixo se tiver estômago:

Americanos acusados de estupro querem usar só a Bíblia em suas defesas

Por João Ozório de Melo

Quando o julgamento de Timothy Ciboro e Esten Ciboro, pai e filho, começar nesta semana, a mesa da defesa terá apenas um livro: a Bíblia.

Na audiência preliminar na sexta-feira (20/1), o pai, acusado de estuprar a filha adotiva, e seu filho, acusado de estuprar a irmã adotiva, disseram à juíza Linda Jennings, de um tribunal de Toledo, Ohio, que querem usar a Bíblia em sua defesa (que eles mesmos irão fazer) porque esse é “o único livro que realmente importa”.

“Há uma grande quantidade de estratégias nas Escrituras. E eu uso essas estratégias para tudo o que faço na vida. É uma parte importante de tudo o que faço”, declarou o filho. Ele e o pai disseram à juíza que não têm fé na lei dos homens e nas pessoas que a praticam.

De acordo com a acusação, o pai, 53, e o filho, 28, estupraram a criança por três anos (de 2012 a 2015). No último ano, eles a mantinham amarrada no porão da casa. Mas um dia, com 13 anos de idade, ela conseguiu escapar, quando os dois passaram o dia fora. A polícia a encontrou na estrada, com uma mochila e duas sacolas, pedindo ajuda.

Os dois foram presos em maio deste ano. A polícia disse ao jornal The Blade, de Toledo, que eles a alimentavam com restos de comida e a obrigavam a urinar em um balde com amônia. O pai também é acusado de estuprar a irmã mais nova da menina.

Além de estupro, eles são acusados de sequestro e de colocar a vida de uma criança em perigo. Isso significa muitos anos de prisão, o que levou a juíza a insistir que fossem representados por um advogado. Eles recusaram a oferta.

“Profissionais construíram o Titanic. Amadores construíram a arca”, eles disseram. Por isso, eles preferiam confiar em sua fé do que em qualquer profissional, incluindo advogados.

Mesmo assim, a juíza nomeou um advogado para acompanhá-los no julgamento, caso tenham alguma dúvida.

A juíza também permitiu a eles levar uma Bíblia para o tribunal do júri, mas advertiu-os que não poderão usá-la na inquirição de testemunhas. “É a opinião da corte que, embora a Bíblia seja muito importante, não é um livro jurídico que possa ser usado no tribunal do júri”, ela disse.

Os dois protestaram, porque era seu propósito confrontar as testemunhas “com a sagrada palavra de Deus”. “Acreditamos que o uso da Bíblia é fundamental para a nossa defesa”, afirmaram.

Igreja e Estado

Problemas da Justiça americana com religiosos, que afirmam nos tribunais não reconhecer outra lei que não a “Lei de Deus”, acontecem ocasionalmente. Normalmente se baseiam em legislações estaduais como a Lei da Restauração da Liberdade Religiosa — e não na Bíblia.

No estado de Indiana, uma mulher disse que bateu em seu filho com um cabide por causa de convicções religiosas. Ela foi condenada a um ano de prisão com suspensão condicional da pena.

Também em Indiana, um homem processado por sonegar imposto de renda se defendeu, no tribunal, com a mesma lei. Ele alegou que pagar imposto de renda ia contra suas convicções religiosas.

Há religiosos que buscam os tribunais para mover ações judiciais contra qualquer coisa que afronte suas crenças. O exemplo mais recente é o de empresas, de propriedades de religiosos, que foram à Justiça contra o Obamacare, o seguro-saúde dos pobres. Elas se recusam a cobrir, no seguro saúde que oferecem a seus empregados, quaisquer custos de relacionados a controle de natalidade.

Os religiosos também têm ido à Justiça para garantir o que acham que é um direito: fazer orações antes do início de assembleias públicas e sessões legislativas. Ou de manter uma cruz na frente de órgãos públicos.



quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Antes de sair, Obama deu título de "monumento nacional" a 3 igrejas

A Igreja Batista da 16th Street em Birmingham, Alabama: um símbolo de resistência e militância contra o racismo.

Pouco antes de deixar o poder, o hoje ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, emitiu vários decretos de fim do governo, sendo que um deles designou como "monumento nacional" três igrejas.

Os templos estão localizados em Birmingham, cidade mais populosa do Estado do Alabama, junto com outros locais de interesse do movimento pelos direitos civis que reformou o país nos anos 1960, formando o conjunto denominado Monumento Nacional dos Direitos Civis em Birmingham.

O templo mais significativo é o da 16th Street Baptist Church, onde 4 garotas afroamericanas morreram no dia 15 de setembro de 1963 em consequência de um ataque de membros da Ku Klux Klan (KKK), que detonaram mais de uma dúzia de bananas de dinamite.

As outras duas igrejas são a Bethel Baptist Church e a St. Paul United Methodist Church, todas elas marcos históricos da militância contra o racismo nos EUA.

Entre os locais alçados à condição de "monumento nacional", está também o histórico A. G. Gaston Motel, que serviu de quartel-general da campanha pelos direitos civis liderada pelo Rev. Martin Luther King Jr. e outras figuras proeminentes na época.

O Serviço Nacional de Parques dos Estados Unidos será o responsável pela administração dos novos monumentos nacionais, devendo preparar e programar a sua visitação em consonância com a preservação histórica.

A fonte da informação é a PBS.

As 4 vítimas inocentes do bombardeio da 16th Street Baptist Church em 1963 pela KKK
Nunca é nem será demais relembrá-las...



terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Nossa Senhora Aparecida vira enredo de escola de samba em SP


Sem peladões e com a bênção das autoridades eclesiásticas da capital paulista, a santa servirá até como inspiração para a indumentária da ala das baianas da Unidos de Vila Maria, segundo noticia o Estadão:

Com aval da Igreja, Nossa Senhora vira samba-enredo da Vila Maria

Carnavalesco da escola da zona norte promete desfile comportado e sem exibição de nudismo, conforme pedido feito por bispos

José Maria Mayrink

SÃO PAULO - A imagem de Nossa Senhora Aparecida vai desfilar no sambódromo de São Paulo no samba-enredo da escola Unidos de Vila Maria com a bênção da Igreja Católica. Será um desfile bem comportado, sem a exibição de cenas de nudismo nem insinuações eróticas, como pediram bispos e padres, prontamente atendidos pelos carnavalescos.

A ala das baianas mostrará mulheres com fantasias da Padroeira do Brasil, uma Nossa Senhora Aparecida estilizada, atendendo a outro compromisso, o de não apresentar o fac-símile da santa pescada nas águas do Rio Paraíba. Não haverá também alusões a sincretismo religioso, como estatuetas de Iemanjá ou outros ícones de crenças da devoção popular.

Nada de censura, só o cuidado de evitar imprecisões no texto ou caricaturas na passarela que pudessem criar constrangimentos e irritações. Alguma coisa, por exemplo, que lembrasse o incidente do carnaval de 1989 no Rio, quando o cardeal Eugênio Sales proibiu o Cristo Redentor na avenida e o carnavalesco Joãosinho Trinta deu a volta por cima, cobrindo a estátua com um pano preto, em inconformado sinal de protesto.

“Nossa intenção era evitar qualquer choque com os católicos”, disse Marcelo Müller, diretor da Vila Maria responsável pelo levantamento histórico dos 300 anos de Nossa Senhora Aparecida, da pesca da imagem negra às comemorações neste ano do terceiro centenário.

“Fizemos o que o papa Francisco está pedindo, estamos evangelizando”, afirmou Sidnei França, o carnavalesco que, com base nos arquivos do Santuário de Aparecida, projetou os carros alegóricos e as fantasias, vendidas a R$ 400 e a R$ 450, para cerca de 3,5 mil figurantes. Artesãos, costureiras e escultores, 300 na quadra da escola no Jardim Novo Mundo e 50 no galpão da Fábrica do Samba, na Barra Funda, trabalham na confecção das alegorias. Algumas costureiras da quadra e os escultores comandados pelo diretor artístico Dalmo de Moraes, na Barra Funda, vieram de Parintins, no Amazonas.

“Trabalho aqui e no Caprichoso, no Festival de Parintins”, disse Rachel Amaral, bordadeira católica, com militância na Renovação Carismática e em grupos de oração. A costureira Anália Terezinha Gomes arremata fantasias e coordena a ala infantil, de cem crianças, que este ano vão desfilar em cima de um carro alegórico. Ao lado de Marcelo Müller, que já foi presidente da Vila Maria, o vice-presidente Válter Belo, de 57 anos (43 deles na escola), supervisiona os preparativos finais nas oficinas. Amostras de fantasias em exposição reproduzem a moda do século 18, com vestidos longos, batinas e uniformes para quem quiser desfilar.

Missionários. Uma das alas presta homenagem aos missionários redentoristas, cujas fantasias incluem túnicas, mitras e báculos, que são usados por bispos. Os padres de Aparecida serão convidados para o desfile e, segundo o reitor do Santuário, padre João Batista de Almeida, devem aceitar o convite. “Tudo foi feito em sintonia com a Arquidiocese de São Paulo e o Santuário Nacional”, informa o reitor, responsável pelo dossiê de dados fornecidos à diretoria da escola de samba. O padre acredita que, se for convidado, o novo arcebispo de Aparecida, d. Orlando Brandes, não se recusaria a ver o desfile no sambódromo.

“A letra do samba-enredo é uma oração”, disse padre João Batista. Em sua avaliação, a parceria da Unidos de Vila Maria com a Igreja Católica está no caminho certo, “pois se faz um carnaval fiel ao que é histórico”. É esta a opinião de padre Tarcísio Mesquita, coordenador do Vicariato da Pastoral da Arquidiocese de São Paulo. Os carnavalescos atenderam às sugestões dos padres, a começar pela substituição da palavra “adorar” por “venerar”. Foi uma alteração importante, observa padre Tarcísio, “porque veneramos, mas não adoramos Nossa Senhora, já que adoração é só para Deus”.

O jornalista Rafael Alberto dos Santos, secretário do Vicariato de Comunicação, revelou que o cardeal-arcebispo d. Odilo Scherer desde o início, há dois anos, concordou com a homenagem. Rafael, padre Tarcísio e o reitor João Batista assistiram a vários ensaios e conferiram as fantasias.

Cinco carros alegóricos lembrarão a história de Nossa Senhora Aparecida e a devoção do povo brasileiro. Um deles levará à passarela uma maquete da Basílica-Santuário. Uma réplica da coroa doada à Padroeira do Brasil pela Princesa Isabel será um dos destaques. Cada região do Brasil será representada por uma escultura: um operário no Sudeste, um cangaceiro no Nordeste, um gaúcho no Sul, um índio no Norte e um político no Centro-Oeste.

A atriz Isabel Fillardis (ex-TV Globo) e a apresentadora Claudete Troiano (TV Aparecida) desfilarão como devotas. A madrinha da Unidos de Vila Maria, a terceira escola a entrar no sambódromo no dia 24, será a modelo Dani Bolina. “Dani não vai exagerar, não vai se expor”, previne o diretor Marcelo Müller. Até os índios vão usar fantasias colantes da cor da pele. As roupas serão discretas, sem modulação do corpo feminino, diz Rafael Alberto. Os representantes da Igreja acreditam que o samba da Vila Maria vai ajudar a derrubar preconceitos com o clero trabalhando junto com carnavalescos, em vez de só criticar.

Rei. A canção Nossa Senhora, de Roberto Carlos, será cantada pela Unidos de Vila Maria quando o carro abre-alas entrar no Anhembi. O compositor cedeu os direitos autorais para os ensaios, abertura do desfile e gravação do CD da escola. “Nós convidamos Roberto Carlos para desfilar no último carro, o da Basílica de Aparecida, mas ele ainda não confirmou a participação”, disse o carnavalesco Sidnei França.

Bandeirantes e tropeiros, os pioneiros que levaram o culto de Aparecida a todos os cantos do Brasil, acompanharão, do alto do carro alegórico, a canção que Roberto compôs em parceria com Erasmo Carlos. O texto do refrão é uma oração: “Nossa Senhora, me dê a mão, cuida do meu coração, da minha vida, do meu destino, do meu caminho, cuida de mim”. A escola convidou também o cantor Daniel para participar do desfile.



O samba-enredo "ungido" sendo apresentado na quadra da escola de samba:




segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Bernardinho diz que "pacto com Deus" o levou a deixar a seleção de vôlei


A matéria foi publicada no blog Esporte Fera do Estadão em 14/01/17:

Bernardinho diz que 'pacto com homem lá de cima' o 'forçou' a deixar a seleção

Treinador comandou o time masculino de vôlei do Brasil por 16 anos e foi bicampeão olímpico

Poucos dias após oficializar a sua saída da seleção brasileira masculina de vôlei, a vida seguiu para Bernardinho. O treinador, que dirige o Rio de Janeiro na Superliga Feminina, comentou sobre sua saída da seleção pela primeira vez e revelou que uma promessa que fez antes de ser campeão olímpico pela segunda vez na carreira foi fundamental para ele deixar o cargo.

"Em certo momento da Olimpíada, fiz um pacto. Não sou muito religioso, mas pedi para me ajudar um pouco a sair de uma situação e falei que, se fizesse isso, prometia que iria embora. Então você não pode fazer uma promessa com o homem lá de cima e não cumprir. Estava na hora de cumprir. Eu deveria ter saído logo depois para evitar tudo isso (carinho da torcida). Eu fico constrangido, mas ao mesmo tempo muito grato por tudo isso", disse o treinador, logo após a vitória por 3 sets a 0 de sua equipe para cima do Valinhos.

Visivelmente emocionado, Bernardinho também resolveu virar a página de todas as polêmicas que entrou enquanto estava à frente da seleção e fez um agradecimento especial ao ponteiro Murilo, que foi cortado do grupo que disputou a Olimpíada no Rio de Janeiro e, após o anúncio da saída do treinador, fez diversos elogios no Twitter e mostrou a sua gratidão. "Agradeço a cada pessoa que convivi nesse período, peço desculpas a quem fiz sofrer, aqueles que cortei, mas no fundo todos sabem que tentei fazer o melhor. Recebi mensagens muito gratificantes, como a do Murilo, que foi cortado agora, e para mim isso é o mais importante. Agora tenho a oportunidade de responder a ele em cadeia nacional, e agradeço tudo o que ele fez e a grandeza que teve por ter me agradecido", completou.



domingo, 22 de janeiro de 2017

Rainha Sílvia da Suécia diz que há fantasmas no seu castelo

Parece que as origens tupiniquins da Rainha Sílvia (sua mãe era brasileira) estão falando mais alto na sua terceira idade.

Que ninguém se assuste se aparecer um saci-pererê em Estocolmo...

A informação foi publicada no Estadão em 03/01/17:

Rainha Sílvia, da Suécia, diz que há ‘fantasmas’ no palácio real

'É muito emocionante, mas dá medo', disse ela a um documentário que será exibido na quinta-feira, 5, na televisão estatal

A rainha Sílvia da Suécia afirmou que o palácio real onde reside é “encantado”. “É muito emocionante, mas dá medo”, disse ela a um documentário que será exibido na quinta-feira, 5, na televisão estatal.

“Há fantasmas amiguinhos. Todos são muito amáveis, mas, às vezes, você não se sente totalmente sozinho”, comentou a soberana de 73 anos.

O Palácio de Drottningholm, classificado pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade, foi construído no século 17, na Ilha Lovon, em Estocolmo. É a residência oficial do rei Carl Gustaf e da rainha Sílvia.

Nascida na Alemanha e criada no Brasil, Sílvia é uma rainha discreta e respeitada por sus obras de caridade e seriedade.

A princesa Cristina, irmã do rei, reitera as afirmações da monarca. “Todas as casas velhas encerram histórias. Elas foram habitadas por pessoas durante séculos”, disse. / AFP



sábado, 21 de janeiro de 2017

Temer nomeia pastor batista para presidência da FUNAI


A informação é do portal Amazônia Real:

Governo Temer nomeia pastor a presidente da Funai e inclui um general do Exército na equipe, ambos do PSC

Elaíze Farias
12/01/2017 20:56

A indicação do pastor Antônio Toninho Costa (de blusa branca) ocorre em meio a exigência do governo para acelerar obras do PAC paralisadas por causa de demarcação de terras (Foto: Reprodução Youtube)

O Ministério da Justiça anunciou nesta quinta-feira (12) a nomeação do dentista, assessor parlamentar e pastor evangélico Antônio Fernandes Toninho Costa para presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), cargo que estava sendo ocupado interinamente há sete meses após a exoneração do ex-senador João Pedro Gonçalves (PT). O nome do pastor Antônio, como é conhecido na Primeira Igreja Batista no Guará, em Luziânia, em Goiás, é uma indicação do Partido Social Cristão (PSC).

Em um rápido contato com agência Amazônia Real, o pastor Antônio Toninho Costa disse que tinha “25 anos de militância nas políticas indígenas” e destacou ser especialista em Saúde Indigenista. Disse ainda que daria entrevista após a publicação de sua nomeação no Diário Oficial da União (DOU).

O Ministério da Justiça disse que a nomeação de Antônio Toninho Costa, que já atuou na questão indígena pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, será publicada nesta sexta-feira (13) no DOU. Atualmente, ele trabalhava como assessor parlamentar do PSC na Câmara dos Deputados.

O nome de Antônio Toninho Costa foi anunciado pelo Ministério da Justiça menos de 24 horas após o presidente da República Michel Temer exigir do ministro Alexandre de Moraes que resolvesse a questão da Funai durante a reunião que discutiu a retomada do crescimento econômico nesta quarta-feira (11), em Brasília. Na reunião, Temer foi comunicado que haviam obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) inacabadas ou paralisadas por causa da demarcação de terras indígenas. Segundo a Globonews, nesta ocasião, Temer foi avisado que a Funai não tinha um presidente efetivo.

Tudo indica que o governo do presidente Temer escolheu o nome do pastor Antônio Toninho Costa por ser, aparentemente, mais técnico, já que a intenção sempre foi colocar um general do Exército na presidência da Funai, como queria o PSC. Ainda assim, um militar foi nomeado para um outro cargo da Funai. O Diário Oficial desta quinta-feira (12) publicou a nomeação pelo ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Eliseu Padilha, do general do Exército Franklimberg Rodrigues de Freitas para o cargo de Diretor de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai.

O general Franklimberg, que é assessor do Comando Militar da Amazônia, em Manaus, foi indicado, em agosto passado, para ser presidente da fundação pelo PSC, partido presidido pelo Pastor Everaldo Nascimento, que defende as bancadas ruralista e evangélica.

Desde a entrada de Temer no Planalto, o PSC lidera um movimento com indicações de militares para a Funai. Antes, o partido indicou o general Sebastião Roberto Peternelli, mas o governo acabou desistindo depois da reação do Movimento Nacional Indígena e de organizações que defendem os direitos indígenas e os direitos humanos. Lideranças indígenas também rejeitaram o nome do general Franklimberg.

Na Funai, o general Franklimberg vai ocupar o cargo no lugar de Antônio Nobre Mendes, funcionário de carreira e que foi exonerado pelo ministro Eliseu Padilha da Diretoria Promoção ao Desenvolvimento Sustentável. Entre os meses e junho a setembro, Nobre ocupou interinamente a presidência da fundação. Ele foi afastado da presidência, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, após repudiar, em nota oficial da Funai, a organização dos Jogos Paraolímpicos Rio 2016 por promover ofensas aos povos indígenas do Brasil. No lugar de Nobre, assumiu a Funai o interino Agostinho do Nascimento Netto, assessor especial do Ministério da Justiça.

Em declaração à reportagem da Amazônia Real, o general Franklimberg Ribeiro de Freitas disse que vai viajar para Brasília (ele não disse a data) para saber os procedimentos de sua posse no cargo.

A mudança no comando da Funai acontece em meio aos protestos que ocorrem desde o ano passado contra propostas do governo do presidente Michel Temer de alterar o processo de demarcação de terras indígenas e reestruturar a fundação. Na reestruturação, o governo prevê, conforme apurou a reportagem, um novo arranjo na fundação, que inclui uma eventual transferência do Departamento de Proteção Territorial, responsável pelo sistema de demarcação das terras indígenas, para a Casa Civil, hoje chefiada pelo ministro Eliseu Padilha.

Conforme o Ministério da Justiça, Antônio Fernandes Toninho Costa é graduado em Odontologia pela Universidade Federal de Alfenas (1995), com especialização em Saúde Indígena pela Universidade Federal de São Paulo (2010). Entre os anos de 2010 e 2012, foi coordenador-geral de Monitoramento e Avaliação da Saúde Indígena na Secretaria Especial de Saúde Indígena.

Desde maio de 2016, Antônio Toninho Costa era assessor parlamentar pelo PSC na Câmara dos Deputados, trabalhando como assistente técnico da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, presidida pelo deputado Victório Galli (PSC/MT). Também foi assessor técnico na Comissão de Legislação Participativa da Câmara (2015) e na Comissão dos Direitos Humanos e Minorias da Câmara (2014).

Costa atuou como Consultor da Organização Pan-americana para Saúde Indígena (2009) e do Departamento de Saúde Indígena da ONU para a Educação, Ciência e Cultura (2002/2005). Entre 2005 e 2009, trabalhou na ONG Missão Evangélica Caiuá, na saúde indígena.

Conforme apurou a agência Amazônia Real, como pastor evangélico, Antônio Toninho Costa é dirigente da Primeira Igreja Batista no Guará em Jardim Bandeirante, no município de Luziânia, em Goiás, fundada em 2006. A igreja é uma congregação da PIBGuará, que foi fundada em 1963, em Brasília. Hoje tem membros nos municípios de Benjamin Constante, no Amazonas, e em Islândia, no Peru. A PIB trabalha com a Junta de Missões Mundiais da Convenção Batista Brasileira, criada em 1907.

Repercussão entre indígenas

A nomeação do pastor Antônio Toninho Costa surpreendeu o Movimento Indígena Nacional. Estava sendo cotado para assumir o cargo de presidente da Funai o indígena Sebastião Manchineri, filiado ao DEM do Acre. Foi indicado também Noel Villas-Bôas, advogado do PSDB de São Paulo, filho do sertanista Orlando Villas-Bôas.

Nos últimos meses, Sebastião Manchineri recebeu apoio de várias organizações indígenas do país, que divulgaram notas em favor de sua nomeação, entre elas a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). Em grupos de Whatsapp, lideranças se mostraram céticas em relação à nova gestão da Funai e já falam em intensificar as mobilizações.

Procurado pela reportagem, Sebastião Manchineri se mostrou frustrado com a decisão do governo de Michel Temer, apesar de todas as articulações que vinha realizando em Brasília e do apoio das lideranças indígenas, mas disse que não desistiu.

“Se vão nomear (Antônio Toninho Costa), não vamos desistir de tirar o que é nosso. Assim como eles acham que têm direito de impor, para nos intimidar, evangelizar, diminuir, oprimir, nós temos o direito à liberdade e a dignidade de defender a nossa autenticidade, princípios, valores e continuidade. Se é um jogo, vamos jogar. Se é para ser feito assim, vamos fazer”, disse Sabá.

Manchineri afirmou que nasceu com a missão de “lutar e buscar e defender aquilo que seja humano e digno” e que não vai apoiar “a exploração em detrimento da vontade e do interesse dos exploradores e das pessoas que vivem da miséria dos outros”.

Em entrevista à Amazônia Real, Nara Baré, vice-coordenadora da Coiab, afirmou que a decisão do governo confirma o retrocesso denunciado pelos indígenas nos últimos meses. Para ela, a governo Temer está tentando usar a Funai como manobra contra os próprios indígenas.

“Não vamos permitir que nosso próprio órgão indigenista, que existe para proteger e promover nossos direitos, venha contra nós”, disse Nara Baré.

Marcos Apurinã, representante dos povos indígenas de Rondônia no Conselho Nacional de Política Indigenista (CNPI), comentou a nomeação de Franklimberg Rodrigues de Freitas no cargo de diretor de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável.

“Conversamos com ele anteriormente e me pareceu despreparado. Ele nos disse que só assumiria um cargo na Funai se fosse como presidente. É estranho que agora ele tenha aceitado uma diretoria. O que me parece é que ele assumiu para complicar a vida dos povos indígenas”, disse Apurinã.

Segundo a liderança, no cargo de Diretor de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável, Franklimberg Ribeiro de Freitas terá poder de autorizar licenciamentos sobre grandes obras, como hidrelétricas e rodovias. Para Apurinã, somente alguém comprometido com os povos indígenas, como o caso de Sebastião Manchineri, poderia barrar qualquer decisão contrária ao direito dos indígenas.

“Colocaram uma pessoa que pode prejudicar nossos direitos, nosso acesso aos recursos e a nossa sustentabilidade. Está entrando para complicar a Funai nesse setor, para que pessoas de fora, não indígenas, tenham acesso aos recursos das terras indígenas. Pode prejudicar a situação das comunidades. Não queremos nem paternalismo, nem ditadura. Queremos acesso à sustentabilidade”, disse Apurinã.

Promessa de manifestações

Nara Baré disse que o movimento indígena não está quieto e vai responder e reagir a qualquer tentativa de ataque aos seus direitos.

“Ano passado fizemos mobilizações. O Ocupa Funai. O Ocupa Sesai. Vamos lutar sempre. A gente não está para brincadeira. Se conversando não está resolvendo, vamos partir para ações mais concretas. Estamos sempre de prontidão. Quando menos esperarem, a gente ataca, vamos partir para a guerra. O governo não sabe do que somos capazes. Deixo minha casa, enfrento aqueles ‘Robocops’ de Brasília, levo bala de borracha. É pelas futuras gerações que faço isso, pelos meus filhos e minha terra”, disse Nara Baré, indígena da região do Alto Rio Negro (AM).

Para Nara Baré, Sebastião Manchineri não foi escolhido porque ele não “baixaria a cabeça” aos interesses anti-indígenas. “Eles [governo] não querem uma Funai fortalecida, mas uma Funai marionete dos interesses contrários aos nossos”.

(Colaborou Alberto César Araújo, da Amazônia Real)



sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Repressão policial prejudica ação religiosa na Cracolândia


A informação é da Agência Brasil:

Operação policial na Cracolândia deixa marcas; usuários reclamam de truculência

Daniel Mello

As marcas da operação policial realizada na noite de ontem (17) na Cracolândia, na Luz, região central da capital paulista, ainda eram visíveis hoje (18). Pelo chão, havia restos das bombas de gás usadas no confronto entre policiais militares e usuários de drogas que vivem na região e algumas pessoas tinham no corpo hematomas e cortes.

Na noite dessa terça-feira, usuários de crack estavam na Alameda Dino Bueno e na Rua Helvétia, quando, por volta das 20h, a Polícia Militar bloqueou os acessos à região com homens armados com escopetas e começou a dispersar o grupo.

A Polícia Militar é vinculada ao governo estadual. Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo, tudo começou após policiais militares intervirem em uma briga entre frequentadores da região e pessoas que participavam de um culto religioso. “No local, eles [policiais] foram hostilizados com pedras, paus e garrafas por um grupo de pessoas que também depredou uma base da PM e uma viatura da GCM [Guarda Civil Metropolitana], além de danificarem lojas e um coletivo”, informou o órgão em comunicado.

Durante a ação, oito pessoas foram presas e encaminhadas ao 2º Distrito Policial, do Bom Retiro, sob a acusação de furto qualificado. De acordo com a secretaria, um policial ficou ferido ao ser atingido no rosto por um coquetel molotov.

A prefeitura de São Paulo informou que não teve nenhuma relação com a ação de ontem na Cracolândia e que todos os serviços de atendimento aos usuários e população de rua funcionam normalmente.

Truculência

A versão da PM é contestada pelo ativista do coletivo A Craco Resiste, Raphael Escobar. Segundo ele, que passou pelo local antes do incidente, não houve problemas entre os participantes do culto e os usuários de drogas. “Eles [usuários] gostam da igreja, porque eles ajudam, dão comida”, ressaltou.

Escobar atribui o início da confusão a provocações dos policiais contra os frequentares do “fluxo”- aglomeração de pessoas que fumam crack. “A polícia faz isso, eles atiçam: batem, dão lanternada [batem com a lanterna] na cara”, criticou.

Segundo o ativista, integrantes do coletivo socorreram um rapaz debilitado que ficou ferido durante a ação. “Um rapaz muito ferido, ele tinha uma sonda. Levaram ele para o médico. Ele já teve alta e a gente conseguiu levar para um albergue”, contou. Escobar disse ainda que o garçom de um bar da região foi preso de forma arbitrária, acusado de ter participado de saques a lojas. “Quando a gente chegou no DP, eles estavam afirmando que só tinha moradores de rua ali, mentira, porque o garoto [garçom] eu conheço do bar, vejo sempre quando vou almoçar”, relatou.

O usuário Juliano* reclamou da truculência da ação. “Eu tirei a minha mulher e meu cachorro para não ser oprimido. Tomei uma borrachada do nada, só porque eu vim pegar o meu cachorro. Pensam que somos maus elementos, ladrão, assassino. Nós não somos isso.”

Desarticulação

Para o professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Dartiu Xavier, esse tipo de ação policial compromete o atendimento aos usuários de drogas. “Você estabelece uma relação com esse usuário de drogas na rua no sentido de melhorar a vida dele, na hora em que você entra com uma ação agressiva você perde toda a confiança dele. Ele entende todo mundo como Estado, seja quem presta assistência, seja quem agride”, disse o psiquiatra à Agência Brasil. Xavier é coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Unifesp.

Além de trazer problemas para o atendimento, o professor afirma que as operações policiais são ineficazes contra o tráfico de drogas. “Os traficantes não são presos. Eles não estão ali. Quem está ali preso como se fosse traficante é usuário.”

Xavier defende a abordagem de redução de danos e diz que as iniciativas com enfoque em diminuir os problemas causados pelo uso e abuso de drogas são o futuro, em contraposição às políticas que tentam extinguir a circulação e uso das substâncias. “A gente tem 50 anos de proibicionismo no mundo e não tem nenhum efeito positivo”, avalia.

*Nome fictício



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