segunda-feira, 6 de julho de 2009

As crônicas de Marvin - 12

Ameaça

Ponto de vista alternativo, 7 de setembro de 2051, 23:00

- Vigiar a moça? – perguntou um dos homens encapuzados.
- Sim. Quero saber mais sobre o envolvimento dela com o rapaz... Não será necessária uma vigilância reforçada como no caso dele... Só descubram mais sobre ela... Se ela possuir um relacionamento forte com ele, poderemos usá-la para conseguir o que queremos dele... Agora ele deve estar desconfiado, será mais difícil segui-lo. Será muito mais difícil descobrir como ele faz aquilo...
Por um breve momento, todos ficaram em silêncio. O velho ditado que dizia “quem cala consente” caia muito bem para a ocasião. Moshe então mudou de assunto...
- Não podemos mais perder membros... Temos que interromper os planos daquele jovem, antes que seja tarde. Yekhezqe'l, você sabe o que fazer, não?
- Sim, Moshe. Está tudo dentro do cronograma.
- Pois bem, prossiga conforme o combinado.
- Você acha que vai funcionar, Moshe? – indagou uma das figuras.
- Bem, acredito que o rapaz não terá coragem de desfazer nada do que fizermos. Colocaria em risco o próprio plano dele. E pelas nossas informações, este seria o plano principal do rapaz, não é Eliyahu?
- Isto mesmo. – respondeu brevemente uma daquelas figuras.
- Pois bem, se anularmos o efeito causado por ele, teremos bastante tempo para planejar os próximos passos. Portanto, Yekhezqe'l, não falhe. Nosso sucesso depende de sua atuação.
- Pode deixar comigo, Moshe.
- Bem, senhores, acredito que por hoje seja só. Se mais alguma coisa surgir, convocaremos outra reunião. Vigiem o jovem e a moça até definirmos nossos planos para eles. Qualquer movimento suspeito, me avisem. Estão dispensados.
Então, lentamente aquelas figuras se afastaram, desaparecendo nas sombras. Mais uma vez a figura principal ficou para trás. Olhava para os céus, talvez pensando no futuro...

Ponto de vista de Amanda, 8 de setembro de 2051, 10:00

Não havia nada melhor que um feriado prolongado para recompor as energias de uma pessoa. Parecia até que o céu ficava mais azul, os pássaros cantavam mais e os problemas... Ah, quais problemas?
Não era todos os dias que se podia dormir até mais tarde. E como eu estava aproveitando aquilo! Levantei preguiçosamente de minha cama e ainda usando meus pijamas, fui buscar alguma coisa para comer.
Não havia ninguém em pé ainda. Papai ficou até tarde bebendo para variar e mamãe provavelmente ficou esperando ele. Tadinha... eu que sou filha não consigo suportar isto às vezes, imagino como ela se sente... Ver o homem que ama se acabar mais e mais...
O homem que ama...
Lembrei-me dos motivos de minha felicidade naquela manhã, os mesmo motivos que me deixaram feliz toda aquela semana... Não era somente o feriado prolongado que me deixava assim, como uma pessoa estranha poderia dizer ao me ver...
Enquanto tomava o café, eu revisava os detalhes daquele dia, como um filme... Me lembro que não estava muito animada para uma festa. Não tinha com quem ir, com quem conversar... Mas eu quis pelo menos ter a oportunidade de vê-lo. Talvez conseguisse falar com ele? Não tinha muitas esperanças disto acontecer, por isto quando eu o vi conversando com a irmã Priscila, imaginei que tinha cometido um grande erro... Eu jamais imaginaria que ele ficaria o resto da noite comigo...
Estava mergulhada em meus pensamentos, quando me lembrei que deveria ir ao mercado para comprar algumas coisas que mamãe me pediu, para o almoço. Então resolvi agir, pois já estava tarde. Terminei meu café, me troquei e saí.
O mercado não era muito longe de casa. Para chegar lá, eu tinha que passar por uma pracinha, onde em dia de feriado, muitas crianças brincavam com os pais. Não havia uma vez que eu passasse por ali e não sorria ao ver aquelas crianças brincando e desta vez não foi diferente. O filho dos meus vizinhos era o mais engraçadinho, brincando com um carrinho na areia. Estava distraída vendo ele brincar, quando percebi que duas irmãs vinham em minha direção.
- Bom dia, irmãs! – disse eu sorrindo.
No entanto, elas sequer me olharam. Já estava me acostumando com esta atitude, mesmo assim eu quis acreditar que poderia arrancar um cumprimento delas. Eu estava realmente de bom humor naquele dia.
- Irmãs? Bom dia! – disse mais uma vez, mas agora me aproximando delas.
Foi então que elas, me olhando com aquela cara de desprezo, me responderam:
- Bom dia, irmã. – responderam, como se a resposta fosse algo muito prejudicial a elas.
- Ei, o que houve? Por quê vocês estão assim?
Elas se entreolharam, como se perguntassem “qual é a dela?”, então uma delas disse à outra:
- Irmã, eu não entendo o quê o irmão Marvin viu nela...
- Nem eu...
E continuaram a caminhar, me deixando sozinha ali. Aquele tipo de coisa doía tanto, que me deu vontade de chorar. Só não fiz isto pois estava naquela praça ainda. Em um instante, minha alegria foi derrubada... E aquela não era a primeira vez.
Assim que Marvin se tornou um destaque, as irmãs começaram a olhar para ele de maneira diferente. Ele havia se tornado um “bom partido”. Eu senti naquele Congresso mesmo que eu não poderia mais me aproximar dele e isto me entristeceu. Não esperava encontrar ele no ônibus na saída, talvez por isto ele tenha percebido minha tristeza... Uma tristeza não só por ficar difícil me comunicar com o novo profeta de Jeová, como dei a entender para ele... Agora, se eu me aproximasse dele, seria desprezada por estas irmãs. Eu seria uma rival.
Assim que ele me pediu para ajudá-lo, eu comecei a sentir este desprezo. Já não me convidavam muito para festas e eventos, ninguém conversava comigo direito... Depois disto, fui completamente isolada. A irmã Priscila também sofreu com isto, mas ela tinha muito mais amigas que eu, então ela não ficou tão sozinha. Talvez por isto a “estratégia” contra ela tenha sido totalmente diferente... As irmãs estavam usando o fato dela fazer um curso superior contra ela, dizendo que uma moça que se preocupa mais com as coisas do mundo do que com as de Jeová, não merecia ajudar os dois profetas... Para não dizer casar, que só não era dito, pois objetivos das irmãs com aquelas críticas ficariam claros demais...
Assim, ao mesmo tempo que nos ignoravam, também faziam de tudo para impressionar os dois irmãos. O irmão Estêvão parecia estar mais à vontade com elas. O Marvin era diferente. Eu sei que ele só tinha olhos para a irmã Priscila e isto no fundo dói um pouco... Mas por outro lado, eu ficava feliz pois por causa disto, ele parecia nem perceber o mico que as irmãs pagavam para chamar a atenção dele, como dançar quase na cara dele, olhando para ver se ele percebeu... Só faltava chamar ele com o dedinho indicador... Como dizia minha tia, “o tal homem é um bicho besta mesmo... Quando vê um rabo de saia...”
E agora, fui totalmente ignorada. As irmãs sequer falaram comigo. É como se elas falassem de uma outra pessoa... Como é que irmãs de fé podiam fazer isto? É difícil acreditar que algo assim acontecia...
Me sentei em algum dos bancos da praça, enquanto pensava sobre tudo aquilo... Nos absurdos, na humilhação... Como? Dei um tempo, então segui meu caminho... Mas estas coisas não saíam da minha cabeça, mesmo durante as compras no mercado... Quase esqueci o troco.
Quando saí do mercado, vi um carro parado do lado de fora. Nele estava uma pessoa que eu conhecia de algum lugar. Mas de onde? Não estava conseguindo me lembrar... Ah, sim. É um irmão, mas de outra congregação... O coitado morava longe, certamente estava procurando a casa de algum irmão e ficou perdido por aqui. Então resolvi conversar com ele, pois eu poderia ajudá-lo com algum problema.
Comecei a me dirigir ao carro. Isto ele percebeu. O estranho foi que ele deu a partida no carro e saiu depressa... É como se não quisesse falar comigo... Eu poderia até entender que as irmãs fizessem isto, mas um irmão de outra congregação? O que estava acontecendo?
O que estava acontecendo com os irmãos? Agora não estava entendendo mais nada. Cheguei em casa muito confusa, com vontade de chorar... Estava sozinha... Depois de uns 20 minutos, o telefone tocou. Eu sabia que não era para mim, ninguém nunca liga para mim mesmo. Quem atendeu foi minha mãe. E fiquei surpresa, ao ouvir minha mãe me chamando:
- Amanda, telefone para você!
- Já vou, mãe.
Enxuguei meu rosto, e fui atender.
- Alô?
- Alô, Amanda... Como vai?
Aquela voz... Eu a reconheceria de qualquer lugar...

8 de setembro de 2051, 10:00

Mais uma vez estavam lá fora. Durante toda a semana eu estive sendo observado.
Eram três carros diferentes, segundo pude notar. E nenhum deles mora na mesma região. Porém, era sempre regiões distantes de onde eu moro, provavelmente para que eu não reconheça ninguém. Muito esperto.
Isto eliminaria a hipótese de que um ancião estivesse me monitorando. Talvez um trabalho em equipe, ou então um trabalho do Estêvão. Preferia nem pensar nisto.
Eu poderia perguntar a Estêvão se ele está me vigiando. Mas eu tinha certeza que ele me negaria, mesmo que estivesse mesmo vigiando. Não tenho meios de persuadi-lo a me responder.
Já tentei me aproximar dos carros, mas eles sempre fugiam. Apesar de ter buscado as informações deles pelo site do DETRAN, não adiantaria nada chegar na residência deles e intimá-los a me responder. Simplesmente me negariam tudo, como fizeram os dois rapazes na festa. Eu precisava pegá-los em flagrante...
Na rua, além deles, havia apenas um garoto brincando com uma espécie de carrinho de controle remoto. Bom, pelo menos era isto o que o homem que me vigiava estava imaginando. Mal sabia ele que eu havia pedido para o garoto brincar com um carrinho que por fora parecia com um de meus projetos.
Assim, enquanto um dos carrinhos de controle remoto aparecia na rua, bem no campo de visão daquele homem, outro se aproximava cada vez mais do veículo. Não foi muito difícil colocar o carrinho em baixo do carro.
Os carros mais novos no ano de 2051 já vinham todos com o barramento CAN, que integrava todo o sistema do veículo. Para minha sorte, um dos três veículos era relativamente novo. Aproveitei que o turno deste carro era hoje, dia de feriado, para conseguir algumas respostas.
O desenvolvimento da robótica nos últimos anos também foi espetacular. Há 50 anos atrás eu não poderia construir um braço mecânico tão preciso. Com uma câmera na ponta, e com a capacidade de se expandir, guiei o braço até encontrar o ponto certo. Tinha que ser rápido, nunca poderia prever quando aquele homem decidiria partir. Mas mesmo com toda a complexidade da operação, eu obtive sucesso. Agora tinha acesso a todo o sistema do carro.
No carro, o observador despreocupado olhava para a minha casa. Às vezes prestava atenção na brincadeira do garoto. Ele sempre quis um daqueles quando pequeno. Levou um susto, quando o rádio do carro dele ligou, sintonizado na rádio Terra, que por coincidência (bem, eu esperei a música chegar neste ponto) tocava:

A coisa tá feia, a coisa tá preta
Quem não for filho de Deus tá na unha do Capeta...


Ele se assustou enormemente. E quem não se assustaria? Não entendendo nada, ele desligou o rádio. Em vão, já que este ligaria novamente...

Se o picasso fosse vivo ia pintar tabuleta
Bezerrada de gravata vê se cuida e não se meta
quem mamava no governo agora secou a teta


Mais uma vez sem entender, ele desligou o rádio. Olhava desconfiado para aquilo, pensando o que poderia estar acontecendo... Outra rádio tinha uma música muito legal! Compartilhemos...

"Cheguei, hein ! Estou no Paraíso!
Que abundância meu irmão!"

Conheci uma menina que veio do sul
Pra dançar o tchan e a dança do tchu tchu
Deu em cima, deu em baixo,
na dança do tchaco
E na garrafinha deu uma raladinha
Agora o Gera Samba mostra pra vocês
A dança do bumbum que pegou de uma vez

Ele não deixou chegar ao refrão, que era o momento mais edificante da música. É uma pena. Bem, eu já o preparei psicologicamente. É hora do show.
De uma vez, todas as travas do veículo foram acionadas, enquanto os vidros subiam. O homem até tentou destravar o carro, mas a funcionalidade já havia sido desligada. Estava preso lá dentro. Imediatamente o veículo começou a jogar água no parabrisas, depois os limpadores começaram a limpá-lo.
Ele então deu umas pancadas no painel... Claro, se seu limpador de parabrisas ligar sozinho é problema de mau contato... O carro revidou a violência, ligando o ventilador na cara dele, com potência máxima. Desesperadamente o rapaz tentava mudar a direção do vento.
Como nada dava certo, ele deu a partida no carro. Foi inútil, a primeira coisa que eu fiz foi desligar a ignição. Então liguei o rádio, que na hora tocava alguma coisa como “Ado, ado, ado, cada um no seu quadrado”, em volume máximo. Quando o pisca-alerta ligou, já havia um punhado de gente olhando. Esperei um pouco mais de gente ficar olhando, para depois disparar a buzina. A esta altura do campeonato, todo mundo já o tinha como louco.
A sorte daquele rapaz é que não é muita gente que conhece o código Morse hoje em dia. Pois qualquer um que o conhecesse saberia que os sinais de luz alta que o carro fazia convidava as mulheres para programas e outras coisas indecorosas que não me atrevo a repetir por aqui.
Então de repente, tudo parou. Ele continuou trancado lá dentro, mas as coisas estranhas não estavam mais acontecendo. Então, liguei meu transmissor FM. Ele tinha potência necessária para transmitir para o carro. Sintonizei o rádio do carro para a frequência que estava usando e comecei a transmissão:
- Eu sei que vocês estão me observando, rapaz... E eu acho que agora você sabe o quê acontece com aqueles que me desafiam... Ou você acha que sou uma pessoa comum? Portanto, ou você me conta agora por quê está fazendo isto e quem te mandou, ou você sofrerá consequências mais sérias do que uma simples pane no seu veículo... Quando estiver disposto, bata três vezes no vidro de seu carro.
Imediatamente ele bateu umas dez vezes. Parece que ele vai cooperar. Desci um pouco o vidro do carro e fui até ele.
- Muito bem, rapaz. Me conte o que sabe...
- Irmão, sinto muito, eu não queria...
- Olha, se você me disser o que está havendo, eu te perdoo... Então me conte logo...
- Irmão, eu não sei de muita coisa não. Os anciãos nunca deixaram nós sabermos os motivos. Sempre que perguntamos, eles dizem que é sigiloso.
- Então, vocês se reportam aos anciãos?
- Sim, irmão.
- E fazem isto por celular?
- Não, usamos o celular apenas para nos comunicar durante nossa observação. Não é bom que uma pessoa apenas vá atrás de você, você descobriria mais fácil.
- Bem, acabei descobrindo... E vocês ligam para quem?
- Geralmente para nossos anciãos. Eles dão um jeito de atualizar as informações entre si.
- Humm, interessante. E eles, estão agindo em conjunto?
- Irmão, me parece que eles receberam a ordem de outra pessoa, mas eles nunca dizem quem é.
- Hummm... E por quê raios vocês aceitaram seguir ordens de forma tão cega assim?
- Bem, irmão, eles prometeram nos dispensar de muitas horas de pregação...
- Como é que é?
- Isto mesmo. Todo mundo que está ajudando a te observar está dispensado do serviço de campo.
- Deixe-me ver se entendi... Vocês estão fazendo barganha com o serviço de campo? Pensei que vocês se preocupassem com as pessoas que não conhecem a Verdade...
O rapaz baixou a cabeça, em sinal de vergonha. Mas geralmente a última coisa que eles se preocupam é sobre as pessoas. Tudo que eles mais querem é completar suas horas. Não os culpo. A própria Torre transformou a pregação em uma espécie de trabalho não-assalariado com carga horária.
- Muito bem, rapaz, você vai me escutar com muita atenção e vai fazer exatamente o que eu te disser. Você primeiro não vai comentar nada do que aconteceu aqui hoje com ninguém, entendeu?
- Entendi, irmão.
- Deixe que eles me vigiem. Se você quiser me vigiar também, não tem problema. Mas não diga nada a ninguém. Continue entregando seus relatórios. Se por acaso você contar o que aconteceu por aqui hoje para alguém, pode ter certeza que seu futuro estará em sério perigo.
Ele arregalou os olhos, demonstrando que entendeu bem o que eu dizia.
- Bem, eu vou então entrar em casa, e depois de dez minutos, seu carro estará normal. Quero que saia daqui quando isto acontecer. E lembre-se, não diga nada a ninguém.
- E... Está certo, irmão.
Então, me virei, e caminhei lentamente para a minha casa. Enquanto isto, o pequeno robô se desconectava da rede de dados do veículo, recolhendo o pequeno braço mecânico. Quando entrei em casa, já estava manobrando o carrinho para que ele saísse debaixo do carro. Como orientei ao garoto, ele foi até onde o carrinho estava e o pegou (o outro carrinho estava bem escondido). Exatamente em dez minutos, o rapaz ligou o carro e partiu em alta velocidade. Não demorou muito para que o garoto aparecesse em casa para entregar o meu equipamento.
Era óbvio que os anciãos estavam envolvidos. Porém, eu não imaginava que eles conseguissem guardar o segredo tão bem assim... Eu teria mesmo que visitá-los. E para isto, não deveria levantar suspeitas. Seria prudente fazer uma visita ao ancião daquele rapaz, acompanhado por alguém não tão suspeito...
Primeiro, decidi ligar para ele, avisando da visita. Não foi difícil conseguir o telefone daquele ancião.
- Olá, aqui é o Marvin. Como vai, irmão Rogério?
- Olá, irmão Marvin! Estou bem, e você?
- Estou bem também. Irmão, primeiramente gostaria de agradecer pela festa do último fim de semana.
- Ah, não foi nada. Vocês merecem.
- Hehehehe, nem tanto. Bem, em segundo lugar, eu gostaria de te avisar que eu farei uma visita até sua Congregação, com uma das irmãs que me ajudam por aqui. Gostaria de conversar com você, enquanto deixo ela e sua esposa conversando sobre a Congregação e seus problemas. Estou estendendo o que já faço por aqui, para ajudar todos os irmãos que eu puder.
- Ah, que bom saber disto, irmão. Pode deixar que vou avisar minha esposa sobre sua visita.
Pronto, minha reunião estava preparada. Agora eu tinha que avisar a pessoa que me acompanharia.
Priscila? Foi o primeiro nome que pensei, é claro... E foi esquisito isto, pois embora tenha pensado nela primeiro, eu não me senti empolgado de encontrá-la... É como se aquela magia de vê-la tivesse deixado de existir...
Descobri recentemente que gostava de conversar mais com outra pessoa... Sim, me descobri sorrindo ao mentalizar seu nome... Não havia melhor companhia para mim do que ela. Por isto, peguei meu telefone e liguei para ela. Quem atendeu foi a mãe dela.
- Olá, é da casa da Amanda?
- Sim, é sim. Vou chamá-la.
Em poucos minutos uma voz trêmula me atendeu no telefone:
- Alô?
- Alô, Amanda... Como vai?
- M... Marvin??
- Sim, sou eu... Que voz é esta, aconteceu alguma coisa?
- Ah... não aconteceu nada não... Mas a que devo a honra de sua ligação?
A voz dela parecia melhor...
- Bem, eu programei uma visita à Congregação do Alto da Glória e gostaria que você me acompanhasse. Você pode?
- Te acompanhar? Hum, claro que sim! Que horas seria?
- Sairemos às 13:00... Eu te encontro em sua casa, está bem?
- Está bem!
- Muito bom. Então até mais.
- Até mais.

8 de setembro de 2051, 13:00

Desta vez foi mais fácil sair de casa... Despois de despachar o meu vigia, poderia andar tranquilamente pela rua.
A casa de Amanda ficava um pouco longe... Tinha que andar um bocado. Mas até que eu gostava de caminhar. Ao chegar perto da casa dela, tive um susto... Havia um carro parado na porta dela. Um dos carros que eu já havia visto. Estariam vigiando ela também? Mas por quê?
Disfarcei um pouco, entrando rapidamente na casa dela. Ela já estava me esperando na porta.
- Olá, Marvin!
- Oi, Amanda. Está melhor?
- Melhor? Como assim?
- Me parecia triste ao telefone... Pensei que tivesse acontecido alguma coisa na sua casa e você não quisesse falar ao telefone...
- Ah, não... Não aconteceu nada... Às vezes eu fico assim mesmo... Não se preocupe...
- Hum, tudo bem então... Bem, vamos que a jornada é longa, hehehe...
Ela sorriu.
- Está certo. Vamos lá.Então fomos caminhando em direção ao ponto de ônibus, enquanto éramos observados...

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