quarta-feira, 12 de julho de 2017

Jogador do Bahia enfrenta preconceito ao se declarar adepto do candomblé


Segunda-feira passada, comentamos aqui sobre a iniciativa do novo técnico do Santos F. C., Levir Culpi, em barrar as manifestações religiosas dentro de campo, que - a seu ver - estavam prejudicando o bom desempenho do time.

Agora é a vez de Feijão, volante do E. C. Bahia de Salvador (BA), ser perseguido nas redes sociais por não esconder sua condição de seguidor do candomblé.

A matéria é da ESPN Brasil:

Adepto do candomblé, volante do Bahia sofre preconceito e rebate: 'Tenho muito orgulho e espero que respeitem'

Marcus Alves

Um dos xodós da torcida, o volante Feijão, do Bahia, sofreu preconceito por causa de sua religião.

Adepto do candomblé, o prata da casa de 23 anos foi criticado nas redes sociais após publicar foto recente e fazer referência ao orixá Ogum. Uma das principais lideranças dentro do vestiário tricolor, ele retrucou ao ser chamado de “macumbeiro” por um usuário e pediu respeito. Os crimes resultantes de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional preveem reclusão de um a três anos e multa.

A princípio, o atleta não pretende levar o caso adiante.

Procurado pelo ESPN.com.br, ele se manifestou sobre o assunto.

“O cara confundiu as coisas, confundem muito religião com futebol. Nada contra nenhuma religião. Respeito todas as religiões. Espero que respeitem a minha. Sou candomblé, tenho muito orgulho. Tem várias outras pessoas também do candomblé. Agora, espero que tenha coragem de chegar e falar na minha frente. Falar em rede social é muito fácil”, afirmou, através da assessoria de imprensa do clube.

“Querem fazer tumulto, principalmente, comigo, que sou prata da casa, um dos líderes do grupo. Reagi normalmente. Vida que segue. É tranquilidade”, completou.

Entre as religiões, o candomblé e umbanda - colocadas na mesma categoria em censo realizado pelo IBGE em 2010 - estão na quarta posição entre as mais populares da Bahia, atrás da católica, da evangélica e da espírita.

O Rio Grande do Sul é o Estado que reúne o maior número de seguidores da religião brasileira de matriz africana.

“Que diabo de Ogum, por isso que não vai pra frente”, escreveu o suposto torcedor para Feijão, em sua conta no Instagram.

“Ô (sic) seu macumbeiro não venha pra cá tirar sua onda não que eu não como regue (sic) de você sua carniça. Saia do Bahia miséria (sic)”, prosseguiu, após réplica inicial do volante.

“Sou macumbeiro não tenho vergonha não pai quem é você para min (sic) manda embora do bahia também não tenho medo de você não pai vamos si (sic) bater em salvador um dia!”, respondeu o jogador do Bahia.

Em pesquisa realizada pelo jornal Correio* em 2015, nenhum jogador da dupla Ba-Vi se declarou adepto do candomblé na ocasião.

O resultado provocou estranheza porque, especialmente nos anos 80, os dois estiveram representados por Lourinho, torcedor símbolo do Bahia famoso por fazer despachos que teriam ‘amarrado’ adversários na campanha do título de 1988, e Carcaça, massagista do Vitória.

O Bahia volta a campo contra o Fluminense, no próximo domingo, às 16h (de Brasília), na Arena Fonte Nova, em Salvador.



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