sexta-feira, 21 de julho de 2017

Professor de Direito de RR aplica prova com resultado religioso


A informação é do G1 Roraima:

Juiz aplica caça-palavras como prova a alunos de Direito em RR e resposta certa é: 'Deus é fiel sempre'

'Foi uma perda de conhecimento', diz estudante. Professor afirma que exame não foi avaliação e que deu nota baseada em frequência dos alunos.

Emily Costa

O juiz federal Hélder Girão Barreto surpreendeu alunos de uma faculdade privada de Boa Vista ao aplicar um caça-palavras como prova da disciplina de Direito Constitucional. No exame, ele pediu que alunos encontrassem a resposta certa do teste, que foi a frase “Deus é fiel sempre”.

A prova foi aplicada para alunos do 3º semestre de Direito da Faculdade Cathedral na tarde do dia 9 deste mês mas acabou não valendo como nota. Mesmo assim, a avaliação aplicada na disciplina de Direito Constitucional II, gerou críticas por parte dos universitários.

O exame não tinha uma pergunta específica. Abaixo do caça-palavras havia apenas a orientação 'encontre a resposta certa e escreva abaixo'.

“No final, o que valeu os quatro 'pontos' dessa prova foi a presença no dia do exame e em todas as outras aulas do professor”, explicou uma estudante que fez a prova. Ela não quis ter o nome divulgado. Outro aluno emendou: "Acho que essa, apesar da nota não ter contado, a prova causou uma perda de conhecimento, porque não mediu o que aprendemos ao longo do bimestre".

Procurado pelo G1, o juiz afirmou por telefone que a avaliação foi uma ‘pegadinha’. Ele negou ter dado nota aos estudantes com base na prova.

"Meus alunos foram avaliados de várias formas, e essa não foi uma avaliação, essa na realidade foi uma pegadinha, uma pegadinha que fiz com eles. A avaliação foi feita pela presença, pela frequência nas aulas", declarou o magistrado, reafirmando que aplicou o caça-palavras e a resposta certa foi 'Deus é fiel sempre'. "Quem tem Deus como direção da sua vida sabe que ele é fiel sempre".

O juiz também disse que é de total competência do professor a escolha de como avaliar os estudantes. Ele pontuou que as críticas ao exame foram feitas por alunos que faltaram às aulas e que se consideraram prejudicados pela avaliação baseada na frequência.

“O professor avalia os alunos da forma como acha conveniente [...] Eu não participo de uma coisa chamada pacto de mediocridade, que é quando uma instituição faz de conta que paga bem, o professor faz de conta que dá aula e os alunos fazem de conta que aprendem. Nas minhas aulas eu passo todas as matérias, com critério, conteúdo e cobrança de frequência", declarou.

Em nota, a assessoria da Faculdade Cathedral informou que os professores têm autonomia para elaborar exames a partir do conteúdo didático dado aos acadêmicos. A instituição confirmou que o teste não valeu como nota. (veja nota na íntegra ao fim da reportagem).

De acordo com a estudante que fez o exame, antes de aplicar a prova, o professor entrou sorrindo na sala e disse que passaria uma avaliação diferente. “Ele disse que o exame não seria consultado, e, depois de distribuir as folhas com o caça-palavras para a turma, nos avisou que deveríamos entregar o exame à líder da classe, e foi embora”, conta a estudante.

Ao perceberem que a resposta certa era 'Deus é fiel sempre", os alunos se surpreenderam. "Ele é um professor rígido, que cobra mesmo. Por isso quando encontrei a frase fiquei até surpreso como todo mundo, pois ninguém esperava isso", avaliou outro estudante que também não quis ter a identidade divulgada.

Veja a íntegra da resposta da faculdade:


A Faculdade Cathedral esclarece que conta com três sistemas de avaliação próprio, como sistemática, continuada e bimestral, em que o professor aplica a prova de acordo com o conteúdo ministrado em sala de aula. 


Dentro da avaliação continuada, o professor pode usar critérios que considerar pertinentes para estimular a criatividade e o raciocínio do aluno. Ressaltamos que o professor tem autonomia para elaborar os exames a partir do conteúdo didático dados aos acadêmicos. A sala de aula é um espaço democrático no caso em questão, o teste aplicado não foi para atestar nota e sim, frequência.




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