sexta-feira, 11 de setembro de 2009

"Tomando posse" com Lutero

O Gustavo traduziu diretamente do alemão o Catecismo Menor de Lutero, que pode ser lido clicando aqui. Obra do começo da Reforma Protestante e do século XVI, o Catecismo Menor apresenta de maneira resumida os principais pensamentos de Lutero sobre as questões e os dogmas básicos do cristianismo, mas nem por isso deixa de ser interessante a sua leitura, que demonstra como o pensamento reformado está a anos-luz de distância do que fazem e dizem os pseudo-pastores brasileiros, hoje muito mais preocupados em “tomar posse” de “bênçãos” materiais. Basta uma breve leitura do seu comentário aos 10 mandamentos para verificar que Lutero tinha uma visão muito mais simples, piedosa e responsável do que significa ser cristão. Repare a que tipo de “obter posse” ele dá importância:

O segundo (mandamento)

Não deves pronunciar de forma inútil o nome de teu Deus.

O que é isto? Resposta:

Nós devemos temer e amar a Deus, de forma que nós em Seu nome não amaldiçoemos, juremos, conjuremos magias, mintamos ou enganemos, mas que no mesmo, em todas as dificuldades, clamemos, peçamos, louvemos e agradeçamos.
.........
O sétimo (mandamento)

Não deves roubar.

O que é isto? Resposta:

Nós devemos temer e amar a Deus, de forma que não tomemos o dinheiro e os bens de nosso próximo nem obtenhamos posse através de falsos produtos ou negócios, mas ajudemos ele a melhorar e proteger seus bens e sustentos.
.........
O nono (mandamento)

Não deves cobiçar a casa de teu próximo.

O que é isto? Resposta:

Nós devemos temer e amar a Deus, de forma que não tentemos conseguir com astúcia a herança ou casa de nosso próximo nem obtenhamos posse através de aparência de justiça, mas sermos úteis e funcionais a ele para manter os mesmos.

É claro que a linguagem varia conforme o idioma, local e tempo, mas não deixa de ser curioso notar que “tomar posse” para Lutero tinha um sentido muito mais restritivo, de respeito e de contenção de conduta imprópria para com o próximo, do que propriamente obter alguma vantagem mediante uma suposta fé. Não havia – no seu uso da expressão – qualquer intenção reivindicativa para com Deus, pois tinha plena consciência do temor e da reverência devidos à soberania divina, algo que anda em desuso no meio (dito) evangélico do século XXI. Lamentavelmente.



Um comentário:

  1. Gostaria de fazer uma parceria entre os blogs, coloquei um link para seu blog no meu blog e gostaria que vc inclui-se o meu link no seu blog.

    O blog é:
    http://edfisica.site50.net/

    Obrigado

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