domingo, 23 de janeiro de 2011

O advogado e o menino malabarista

No último mês de dezembro eu passei pela Av. Antonio Joaquim Moura de Andrade, em São Paulo, que se conecta à Avenida Juscelino Kubitschek através do túnel Tribunal de Justiça, local em que o trânsito se afunila e flui devagar, e, numa dessas cenas inusitadas que a cidade grande (e injusta) nos proporciona, vi - com um sol escaldante contrário querendo me cegar - uma menina pequena, de uns 5, 6 anos de idade, agachada escovando os dentes sobre um balde com água. Cena tocante, deveras, já que seu vulto eu mal divisava. Na outra oportunidade, ela continuava ali com alguns adultos, não sei se parentes dela ou exploradores. Aparentemente, a menina estava bem, apesar da situação de altíssimo risco. É muito duro ver quantas crianças têm sua infância roubada neste país, expostas a todo tipo de violência e perigos inomináveis. Hoje leio na Folha de S. Paulo a notícia abaixo, em que um incidente grotesco ocorrido ali mesmo, na JK, mostra o quanto a nossa sociedade está sujeita a todo tipo de fraturas psicológicas e sociais. Metástase de miséria, enfim:


Advogado agride menino malabarista com garrafa em SP


Garoto de 14 anos fazia acrobacias na carreta do carro do agressor, que diz ter revidado ataque

Um garoto de 14 anos que fazia malabarismo na avenida Juscelino Kubitschek, na Vila Olímpia (sul de SP), foi agredido por um motorista que lhe atirou uma garrafa de vidro no pescoço.

Era por volta das 19h de anteontem, quando um advogado em um Jetta parou no semáforo no cruzamento com a rua Professor Atílio Innocenti e o jovem subiu na carreta que estava engatada na parte traseira de seu carro.

Irritado, o advogado desceu do veículo iniciou uma discussão e atirou uma garrafa de vidro no rapaz. O nome do agressor, que está preso, não foi divulgado pela Secretaria da Segurança Pública.

O garoto teve um corte no pescoço e foi levado por socorristas do Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) para o Hospital das Clínicas. Ele recebeu alta médica ainda na noite de anteontem e levou seis pontos no ferimento.

De acordo com policiais militares que atuaram na ocorrência, os dois discutiram por cerca de cinco minutos antes da agressão física.

A versão do jovem foi confirmada por duas testemunhas que o acompanharam ao 15º DP, onde o caso foi registrado. O advogado, que foi indiciado sob a suspeita de lesão corporal, relatou à polícia que o jovem atirou uma bolinha na direção dele e que, por disso, ele revidou.

Morador do bairro Capão Redondo (zona sul), o jovem afirmou aos policiais que ele estava aproveitando suas férias para tentar ganhar dinheiro fazendo malabarismo com bolas de tênis nos cruzamentos da Vila Olímpia, onde há uma concentração de bares e restaurantes.


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