sábado, 22 de janeiro de 2011

Jesus odeia Obama?

Seria tudo apenas (mais) uma piada de mau gosto que só o estranho extremismo político norteamericano é capaz de proporcionar, mas a repercussão da rejeição da Fox Sports de um anúncio televisivo patrocinado pelo site "Jesus Hates Obama" ("Jesus odeia Obama") deu ainda mais publicidade a outra loucura religiosa dos EUA, no mesmo (baixo) nível do "God Hates Fags" ("Deus Odeia os Bichas") do Fred Phelps. Se já não bastasse a tentativa de assassinato da deputada Gabrielle Giffords em Tucson (Arizona) alguns dias atrás (com vários mortos de "efeito colateral"), agora o site Jesus Hates Obama queria veicular um anúncio de 30 segundos (veja abaixo) no próximo dia 6 de fevereiro, durante o famoso SuperBowl, a decisão do futebol americano, o evento de maior audiência na TV do país, e com os intervalos comerciais mais caros . A cadeia de TV Fox - que detém os direitos de transmissão - se negou a retransmitir o anúncio e aí está formada a pequena confusão, segundo informa o blog Belief da CNN. Como a Fox é a ponta-de-lança do império de comunicação erigido pelo magnata (de origem australiana) Rupert Murdoch, que tem entre suas subsidiárias, além da Fox Sports, a Fox News, porta-voz do neoconservadorismo religioso nos EUA, parece tudo assim meio combinado, digamos. Afinal, pouca gente sabia que este site (que tem o ódio como mote) existia, já que vive de vender quinquilharias como camisetas, copos e bonés. Agora o mundo inteiro sabe.

O proprietário do site, Richard Belfry, se defende dizendo que realmente não acredita que Jesus odeie Obama, mas acredita na liberdade de expressão e de poder ironizar o governo do presidente norteamericano quando não concorda com suas políticas. Omite o fato de que está ganhando muito dinheiro com isso (diz que já vendeu 70.000 camisetas, como a que ilustra este texto, que diz "Jesus Loves You But Hates Obama" - "Jesus te ama mas odeia Obama"), e a partir de toda essa publicidade gratuita, certamente ganhará mais. Ele acredita no lucro também. A Fox não deu explicações sobre as razões da rejeição do anúncio, mas provavelmente não ficou nem um pouco triste com a repercussão do "incidente". Como costuma acontecer nessas ocasiões, a religião apenas desempenha um papel auxiliar na perseguição de objetivos políticos às vezes não tão claros. O mandamento de "não levar o nome de Deus em vão" é o primeiro a ser esquecido. É muito perigoso misturar duas instâncias explosivas da sociedade como política e religião, e infelizmente o Brasil parece que está seguindo pelo mesmo caminho. Ainda dá tempo de pensar melhor...


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