quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Quão calvinista foi Lutero?


Um artigo muito interessante de James R. Swan sobre em que pontos básicos da teologia reformada, em especial a doutrina da predestinação, concordam ou discordam os grandes reformadores João Calvino e Martinho Lutero, traduzido pelo Gustavo (co-editor deste blog) e publicado no portal e-cristianismo. Abaixo, a introdução, e depois o link para quem quiser ler o artigo na íntegra:

I - INTRODUÇÃO


Parece não haver nada mais enfurecedor para um luterano que sugerir que Lutero era fundamentalmente um calvinista em sua visão da soberania e predestinação. O diretor executivo da Concordia Publishing House, Reverendo Paul McCain declara, “Sempre que a questão do porquê alguns são salvos e não outros surge, é normal que calvinistas que defendem que Deus predestinou alguns para o inferno, e outros para o céu, puxem Martinho Lutero em seus argumentos e clamem que eles estão na verdade sendo fiéis ao que Martinho Lutero ensinou. Que isto fique claro: Martinho Lutero não ensinou a predestinação dupla”.

McCain poderia ter vários autores reformados em mente. Em seu livro Escolhidos por Deus, R.C. Sproul conta sua antiga resistência intelectual à doutrina da predestinação. “Minha luta com a predestinação começou cedo em minha vida cristã. Eu conhecia um professor de filosofia no colégio que era um calvinista convicto. Ele declarou a tal visão 'reformada' da predestinação. Eu não gostei. Não gostei tanto. Eu lutei contra ela com unhas e dentes através do colegial”. Parte do argumento de Sproul para eventualmente abraçar a visão reformada inclui uma lista comparando aqueles que mantiveram um tipo parecido de predestinação reformada contra aqueles que não mantiveram. Agostinho, Aquino, Lutero, Calvino e Edwards são colocados contra Pelágio, Armínio, Melanchthon, Wesley e Finney. Sproul aponta que tal comparação não prova a veracidade de uma visão sobre a outra, mas “nós devemos levar a sério o fato de que tais homens letrados concordaram sobre este tema difícil”. Sproul declara,
É importante para nós vermos que a doutrina reformada da predestinação não foi inventada por João Calvino. Não há nada na visão da predestinação de Calvino que não havia sido antes pronunciada por Lutero e Agostinho. Depois, o luteranismo não seguiu Lutero nesta questão mas Melanchthon, que alterou suas visões depois da morte de Lutero. É também digno de nota que em seu famoso tratado sobre teologia, As Institutas da Religião Cristã, João Calvino escreveu pouco sobre o tema. Lutero escreveu mais sobre predestinação que Calvino.
Lutero escreveu mais sobre predestinação que Calvino? Melanchthon alterou a visão luterana da predestinação para os luteranos subsequentes? Tais declarações poderiam facilmente levar a equívocos sobre os pontos de vista de Lutero e Calvino da predestinação, assim como os pontos de vista de Lutero e os chamados cinco pontos do calvinismo. Alguns no campo reformado têm feito precisamente isto. Lorraine no seu A Doutrina Reformada da Predestinação declara que Lutero “entrou na doutrina de coração tão quanto o próprio Calvino” e “Ele até mesmo a declarou mais entusiasmadamente e procedeu a níveis mais duros em defendê-la do que Calvino jamais fez”. O popular livro de introdução ao calvinismo de Duane Edward Spencer coloca Lutero entre aqueles “teólogos partidários” que mantiveram “as preciosas doutrinas da graça conhecidas como calvinismo”. A introdução ao calvinismo de Edwin Palmer se refere a Lutero como um “bom calvinista”. O resumo clássico do calvinismo de Steele e Thomas inclui Lutero como um campeão listado no “modelo exemplar de calvinistas”8.

Este artigo irá examinar os pontos de vista de Lutero comparados às doutrinas reformadas da predestinação, dando atenção aos slogans calvinistas da depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, vocação eficaz e perseverança. Enquanto a teologia de Lutero pode ser teologia da Reforma, ela não é teologia reformada. Se alguém falha em levar em conta as pressuposições de Lutero assim como suas declarações explícitas sobre a predestinação, expiação, perseverança, etc., erros grosseiros contra sua teologia ocorrerão. Enquanto há similaridades entre as visões de Lutero e a visão reformada, diferenças importantes ainda separam os dois lados. Quando o reformado acidentalmente apela para Lutero como um de seus próprios, ele faz assim às custas da precisão histórica.

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