quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Políticos e eleitores preferem fazer a dança da chuva em SP


Secas são contingências do clima, cíclicas e esperadas, apesar dos dissabores que causam. 

Politicamente, pertencem mais ao terreno da (boa) administração do que ao da meteorologia.

Basta lembrar os "coronéis da seca" que se perpetuaram no Nordeste ao longo dos séculos.

Quando esses fenômenos naturais se aliam (e se retroalimentam) com a substituição de matas nativas por infinitos canaviais, o resultado - no médio e longo prazo - é a desertificação. 

Não só de terras, mas sobretudo de homens e ideias, como já advertíamos 4 anos atrás, no artigo "A síndrome do turista paulista".

Nada mudou...

Talvez nem os tucanos sobreviverão ao semiárido paulista que se avizinha.

Os "coronéis da seca", esses velhos carcarás, já estão devidamente instalados no seu novo ambiente, mais ao Sul do país.

Parece que o "choque de gestão" de 20 anos (indo para 24) - do PSDB no Estado de São Paulo - eletrocutou a água do seu território e levou junto o senso crítico dos seus eleitores.

Ah! Os dividendos de mais de R$ 537 milhões que a Sabesp distribuiu aos seus acionistas foram pagos religiosamente em março de 2014, caso você seja um dos poucos felizardos nessa vertente paulista da literatura de cordel. 

12.230.807 de vidas secas eleitores paulistas foram às urnas no 1º turno de 2014 para não só sufragar como conceder mais 4 anos a essa brilhante gestão, que certamente vai lhes ensinar a bater tambor na encruzilhada pra trazer a chuva de volta, já que o bom senso mandou avisar que não retorna mais a essas tórridas terras tucanas.

Sim! Por ação, votação ou omissão, você também é responsável!

Deixe São Pedro em paz...

 A penosa e escaldante informação vem do Estadão:

Vereadores e diretor da Sabesp rezam por água em Franca

Rene Moreira

Na cidade do interior de São Paulo, a companhia passou a divulgar listas diárias com dezenas de bairros prejudicados

FRANCA - Em Franca (SP), a falta de água levou a uma situação impensada. Na região, rica em recursos hídricos, a seca reduziu em 45% a vazão do Rio Canoas - o principal manancial da cidade - e em 65% a do Córrego Pouso Alegre, o outro que completa o abastecimento. Ao visitar o Canoas e saber que os cortes de água começariam nesta quarta-feira, 15, o vereador e pastor Otávio Pinheiro (PTB), pediu para rezar solicitando a ajuda divina por chuva.

Acompanhado de outros 12 vereadores e do diretor da Sabesp, Rui Engracia, com uma Bíblia nas mãos ele orou na estação de captação. "Fiquei muito assustado quando vi aquela situação, com o rio baixo e cheio de terra", justificou. "A gente já estava rezando nos templos, mas agora resolvemos pedir a ajuda de Deus daqui mesmo. Não tem como não se desesperar".

Na cidade, a Sabesp não assumiu oficialmente o racionamento, mas divulgou uma lista com dezenas de bairros que estão com corte de água. O diretor da companhia também já informou que a quantidade captada hoje é insuficiente para abastecer toda a cidade e, por isso, 27 caminhões-pipa têm buscado água o dia todo em represas da região para completar os reservatórios. Ele reclama que na cidade o consumo médio diário é de 170 litros de água por dia por habitante, enquanto que a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que 110 litros seriam suficientes.


Agora vai!






Matéria divulgada no IHU aponta para a mesma linha de raciocínio:

'Única alternativa para a falta d´água em SP é rezar', diz engenheiro

O professor da Unicamp Antônio Carlos Zuffo, especialista em recursos hídricos, alerta que a engenharia já esgotou sua capacidade de solucionar a crise de abastecimento de água que atinge o estado de São Paulo, e que só resta aos paulistas apelar para a espiritualidade. "Se não ocorrer chuva, a solução que nós temos no curtíssimo prazo é voltar a fazer novena e procissão pedindo chuva porque a engenharia não dispõe mais de meios.”

A reportagem foi publicada pela Rede Brasil Atual, 10-10-2014.

O nível do reservatório Cantareira, que abastece grande parte da capital, bateu novo recorde negativo na quinta-feira (8), e chegou a 5,3% de sua capacidade total.

Zufo, ouvido pela TVT, aponta que o estoque de água do Cantareira é alarmante, e que, pelos seus cálculos, o reservatório do chamado volume morto vai secar por volta dos dias 13 ou 14 de novembro. Ainda segundo o professor, as obras anunciadas pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) como forma de solucionar o problematrarão soluções efetivas apenas daqui a quatro ou cinco anos.

De acordo com o MPE, a Sabesp já conhecia o risco da estiagem que afeta o abastecimento desde 2012, pois, em relatório à bolsa de Nova York, reconhece o risco de uma estiagem como a atual.

Sobre os riscos para a saúde da população, Antônio Carlos Zuffo acredita que “se diminuir a disponibilidade hídrica para a população, é claro que vai haver aumento de problemas de saúde, principalmente doenças gastrointestinais”.

Além da própria falta de água para consumo humano, a crise no abastecimento, criada a partir da falta de planejamento do governo estadual, poderá causar graves problemas em outros setores.

Cenários

Segundo Zuffo, as consequências do desabastecimento devem atingir também a atividade econômica em curto prazo. "Primeiro, com a paralisação da produção industrial, seguida por desabastecimento de produtos nas prateleiras e demissões nas fábricas, causando portanto um problema social. E com o desemprego vem a violência, que nós já conhecemos", prevê o professor.

Ele finaliza lembrando que faltou ao governo do estado atentar para os muitos sinais de que a atual crise já havia sido prevista, inclusive pela própria Sabesp, que em 2012 alertou a seus acionistas, em Nova York, que a situação caminhava para a escassez de recursos.

“A renovação da outorga de captação de água do sistema Cantareira, em 2004 – a resolução conjunta entre a Agência Nacional de Águas e o Departamento de Águas e Energia Elétrica, órgão estadual – previa uma curva de aversão ao risco, que permitiria controlar a quantidade de água a ser retirada do sistema. Se esse alerta de risco tivesse sido obedecido nós não estaríamos nesta situação hoje”, conclui.



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