terça-feira, 12 de setembro de 2017

O inusitado cemitério bizantino na Chapada Diamantina


O Brasil tem suas belezas e seus mistérios, como o que você pode ver no sertão da Bahia.

A matéria é do Globo Repórter, com vídeo na página indicada, exibido em abril de 2015:

Epidemia na Chapada Diamantina faz cemitério ser erguido em montanha

Globo Repórter visita cemitério bizantino criado nos tempos de garimpo após epidemia de cólera em Mucugê, quando decreto proibiu enterros nas igrejas.

Nos bons tempos dos garimpos, dinheiro sobrava no bolso dos barões do diamante e sobrava tanto que eles deixaram registros para as futuras gerações da vida abastada que levaram na Chapada. Alguns contrataram arquitetos do exterior para projetar seus túmulos no cemitério.

Globo Repórter: A história deste cemitério começa com uma epidemia. Como é que foi esta história?

Nélia Paixão, arquiteta: Por volta de 1855, houve uma epidemia de cólera em Mucugê! E morreram muitas pessoas. Por causa de um decreto, o Brasil era um império não poderia mais enterrar pessoas nas igrejas, como era comum e aí eles escolheram um espaço para construir este cemitério.

Embaixo da montanha e de frente para a cidade. Com a proibição do sepultamento nas igrejas, os túmulos foram erguidos com muito capricho, como pequenas imitações dos templos católicos. Ao logo dos anos o cemitério foi preservado como uma obra de arte das mais importantes. É um dos patrimônios histórico da Chapada. Atração turística de Mucugê.

Globo Repórter: Aqui ninguém foi enterrado a sete palmos?

Nélia Paixão: Não, não, pode, é rocha. Rocha sobre rocha. Não tem como.

Labirinto embaixo da terra leva equipe do Globo Repórter até um belo cartão postal

Está na natureza o patrimônio mais valioso da Chapada. Descemos um despenhadeiro cercado de rochas. Fomos conhecer um misterioso labirinto embaixo da terra. Na escuridão é parecido ter cuidado para não cair do precipício. A caverna é pequena – das menores da Chapada. Em compensação tem um poço que chega a ser chocante de tão bonito que é.

O poço tem o encantamento de uma caverna inundada, mas durante cinco meses do ano, o sol produz na água o cenário de um belo cartão postal.

“Ver este azul, saber que não é da água e que quando a incidência da luz chega aqui. Deixa a gente pequeno! Deixa a gente emocionado”, diz a psicóloga Carolina Couto.

O povo da região costuma dizer que esse é o Caribe da Chapada, claro que é uma brincadeira, mas pelo menos, na cor e na transparência da água, parece o caribe mesmo.

Miguel, que é guia, também é um dos responsáveis por cuidar da caverna. Aos turistas ele explica como ocorre o fenômeno e avisa: ninguém onde entrar no poço. É só para a alegria dos olhos a paisagem encantada.

Vinte quilômetros adiante, em outra caverna, o banho é permitido: o poço azul. O povo da região costuma dizer que ele é o Caribe da Chapada.

“Nós somos do Recife é a minha trigésima terceira vez que estou aqui. É como se fosse a primeira vez”, conta o professor Denis Andrade.

Há milhares de anos, quando a Chapada era o paraíso da fauna pré-histórica, o poço azul muitas vezes foi uma fonte para os animais que buscavam água para matar a sede. Em 2005, 45 esqueletos de animais pré-históricos foram retirados daquelas águas por uma equipe de paleontólogos e mergulhadores, o maior deles estava a 21 metros de profundidade, era o esqueleto de uma preguiça gigante.

Quantas histórias guardadas. Quantos segredos escondidos. Da energia ainda há muito o que se descobrir e sentir. Da beleza, admiração. Um pedaço do Brasil difícil de esquecer.



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