sábado, 31 de agosto de 2013

Não se faz mais maçã como antigamente

Artigo da Smithsonian Magazine, traduzido e adaptado pelo Gizmodo Brasil:

Por que as maçãs de hoje não são tão deliciosas como antigamente?

ASHLEY FEINBERG

A maçã Fuji foi, no passado, irrefutavelmente a maçã mais deliciosa que você poderia comer – qualquer um que diga o contrário está mentindo. Hoje em dia, no entanto, as maçãs Fuji não têm o mesmo sabor que costumavam ter, e talvez nunca mais alcancem a glória antiga novamente.

Ao comparar amostras de Fujis atuais com estudos similares dos anos 70, pesquisadores descobriram que a anteriormente gloriosa Fuji cresceram substancialmente mas com uma concentração menor de sabor. O provável culpado? Nossa boa e velha amiga mudança climática.

Os pesquisadores compararam as Fujis modernas com as Tsugarus com as suas antepassadas dos anos 70. Eles descobriram que a concentração de ácido málico – uma das partes mais importante do sabor da maçã – foi lentamente caindo nas últimas décadas juntamente com a firmeza das maçãs. Além disso, as maçãs de hoje são mais suscetíveis a doenças que fazem a fruta quebrar internamente assim que começa a amadurecer.

Em busca da causa da desgraça das maçãs, os pesquisadores observaram a tendência climática de longo prazo das duas áreas de cultivo de maçã no Japão, Nagano e Aomori. Nos últimos 40 anos, temperaturas nas duas regiões aumentaram cerca de 2 graus Celsius, e a elevação da temperatura é correlacionada com as maçãs florescendo cada vez mais cedo. Isso pode ser apenas uma coincidência, mas outros estudos conduzidos em câmaras controladas mostraram que temperaturas altas têm relação direta com a diminuição no sabor e textura.

Isso não é exatamente uma boa notícia para a indústria das maçãs, e é algo ainda pior para quem gosta de comida gostosa. Se temperaturas mais altas afetam uma fruta, é possível que em algum momento elas comecem a afetar outros alimentos. Como a mudança climática está cada vez mais irreversível, o que podemos fazer com isso?



sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Sobre besouros rola-bosta e gente feita de pó (das estrelas)


Interessante artigo do NYT traduzido e publicado na Folha de S. Paulo, com surpreendente destaque para o escaravelho rola-bosta (leia e entenderá):

Maioria dos átomos que compõem os humanos foi produzida em estrelas

DENNIS OVERBYE
DO "NEW YORK TIMES"

Em 1929, o astrônomo Harlow Shapley, da Universidade Harvard, afirmou: "Nós, seres orgânicos que nos descrevemos como humanos, somos feitos da mesma matéria que as estrelas". Foi uma observação surpreendente, considerando que, na época, ninguém nem sequer sabia o que fazia as estrelas brilharem.

Trinta anos ainda se passariam até Geoffrey e Margaret Burbidge, William Fowler e Fred Hoyle, em artigo que se tornaria clássico, demonstrarem que os átomos que nos compõem não apenas são os mesmos que os das estrelas: a maioria deles foi, na verdade, produzida em estrelas. Começando pelos primordiais hidrogênio e hélio, elementos mais densos como ferro, oxigênio, carbono e nitrogênio foram gerados numa série de reações termonucleares e então espalhados pelo espaço quando essas estrelas morreram e explodiram como supernovas, num frenesi termonuclear final.

Notícias divulgadas recentemente me lembraram disso. Uma delas envolvia escaravelhos, que, aparentemente, orientam-se pela luz da Via Láctea.

A outra foi o anúncio de que astrônomos identificaram a origem da existência do ouro no Universo em um cataclismo conhecido como explosão de raios gama.

Edo Berger, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, no Massachusetts, disse que a explosão pode ter criado uma quantidade de ouro equivalente à massa de 20 Luas da Terra.

As próprias estrelas de nêutrons são frutos de cataclismos: explosões de supernovas que podem espremer o espaço para fora de átomos e comprimir uma massa maior que o Sol numa bola de 32 quilômetros de diâmetro.

Berger sugeriu que, de fato, é possível que todo o ouro do universo tenha sido produzido por colisões entre estrelas de nêutrons. Isso nos traz de volta ao escaravelho, o humilde rola-bosta.

Esses seres, que vivem das fezes de animais maiores, têm um problema. A partir do momento em que um escaravelho encontrou esterco e rolou um pouco para formar uma bola, ele precisa tirar a bola do local, rolando-a em linha reta para longe da pilha de esterco, senão outros escaravelhos virão roubá-la.

Como os besouros fazem isso, mesmo em noites sem luar, têm sido um mistério.

Em janeiro, uma equipe de pesquisadores suecos e sul-africanos revelou que os escaravelhos coprófagos africanos podem usar a Via Láctea para se orientar.

Os pesquisadores descobriram que, quando eram colocados pequenos "chapéus" nos escaravelhos, impedindo-os de enxergar o céu, ou quando nuvens ocultavam as estrelas, os escaravelhos andavam a esmo.

Mas eles não se desviam do caminho em noites estreladas.

Seria difícil imaginar uma conexão entre o microscópico e o macroscópico e entre o espaço interno e o sideral mais bela que essa ou que tão bem induz um sentimento de humildade.

Os antigos egípcios consideravam os escaravelhos sagrados por sua capacidade de gerar vida a partir de dejetos.

O escaravelho era símbolo da renovação eterna e da vida que nasce da morte.

Os egípcios usavam representações de escaravelhos como amuletos.

Em um dos símbolos máximos de reciclagem, alguns desses amuletos eram feitos de ouro.



quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Diplomata pivô da fuga de senador boliviano diz que Deus "multiplicou gasolina"


O rocambolesco episódio da fuga (por via terrestre) do senador boliviano Roger Pinto teve como seu articulador o diplomata brasileiro Eduardo Saboia, que atuava como encarregado de negócios na embaixada do país em La Paz.

Entrevistado pela Folha de S. Paulo, Saboia disse que a principal motivação para a aventura diplomática foi o "estágio perigoso de depressão" em que o senador Pinto estava, com possibilidade real de suicídio depois de 15 meses refugiado na representação brasileira na capital boliviana, período em que lhe foi negado o salvo conduto para sair do país andino, apesar do asilo político que o Brasil lhe havia concedido.

Alegando estar comovido com a situação do refugiado, acusado de vários crimes pelo governo boliviano e que estava já há 452 dias sem tomar sol, Eduardo Saboia justificou sua decisão dizendo que "fiz uma opção por um perseguido político, como a presidente Dilma fez em sua história".

Só que o imbroglio diplomático andino terminou derrubando o chanceler Antonio Patriota, que havia sido o responsável pela indicação de Saboia para o cargo que ocupava na embaixada brasileira em La Paz.

Com o Ministério das Relações Exteriores em polvorosa desde a fuga de carro do senador Pinto em trajeto de carro que levou 22 horas de La Paz a Corumbá (MS), o católico praticante Eduardo Saboia se defende dizendo que "ouviu a voz de Deus" para levar a cabo a arriscada empreitada.

Segundo alega, depois de 1.600 km de altitude, névoa, gelo e frio, sem comida suficiente, com o senador passando mal, o combustível estava no limite.

Antes do tanque zerar de vez, Saboia não teve dúvidas e apelou à reza: "peguei a Bíblia, abri nos Salmos e li. Foi o milagre da multiplicação da gasolina".

Não é difícil concluir que alguma coisa está errada quando um diplomata joga a responsabilidade em Deus para sumir com um refugiado e precisa rezar para multiplicar gasolina.

Logo, logo, vão contratar alguma sessão de descarrego para benzer os nossos valorosos diplomatas. Ou fazê-los ver repetidas sessões do filme "Thelma & Louise" para doutriná-los  na triste conclusão de que fugas cinematográficas de carro costumam não terminar bem.

Algo me diz que - tão cedo - nem com reza braba o Itamaraty voltará a ser considerado um lugar sério.



quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Discurso histórico de Martin Luther King Jr. completa 50 anos hoje

Exatos 50 anos atrás, no dia 28 de agosto de 1963, o pastor batista Martin Luther King Jr. proferiu aquele que é considerado um dos melhores discursos da história, que foi elevado ao Olimpo da retórica com o título "I have a dream" ("Eu tenho um sonho").

Nascido em 15 de janeiro de 1929 na cidade de Atlanta (Georgia), Estados Unidos, Martin Luther King Jr. tinha 25 anos de idade quando foi ordenado pastor da Igreja Batista da Avenida Dexter em Montgomery (Alabama), em 1954.

Inspirado pelos ideais de não-violência pregados por Mahatma Gandhi, King visitou a Índia em 1959, e na última noite em que passou por lá, afirmou num discurso radiofônico que "desde que cheguei aqui, eu estou convencido mais do que nunca que o método de resistência não violenta é a arma mais potente à disposição das pessoas oprimidas na sua luta por justiça e dignidade humana".

Em 1957, juntamente com Ralph Abernathy, Fred Shuttlesworth e Joseph Lowery, Martin Luther King Jr. já havia fundado a Southern Christian Leadership Conference ("Conferência da Liderança Cristã do Sul), que foi a organização que mobilizou as igrejas evangélicas frequentadas por afroamericanos na luta pelos direitos civis da minoria negra que era discriminada no Sul dos EUA pelas leis segregacionistas.

A Marcha sobre Washington, em agosto de 1963, talvez tenha sido o momento mais emblemático de todas as manifestações pelo fim da segregação, e foi lá que Martin Luther King Jr. brindou o mundo com um dos mais belos discursos que o ser humano pôde ouvir.

Apesar do sucesso do movimento, passando pela Lei dos Direitos Civis de 1964 e culminando na eleição de um negro para a Casa Branca em 2008, ainda resta muito por fazer para se conseguir tudo aquilo que Martin imaginou como sendo igualdade de oportunidades e de tratamento no país presidido por Barack Obama.

Ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1964, Martin Luther King Jr. viveu o suficiente para ver boa parte dos seus pleitos serem conquistados e atendidos um a um, quando, aos 39 anos de idade, foi assassinado no Lorraine Motel em Memphis (Tenneessee), alvejado com um tiro desferido pelo infame James Earl Ray no fatídico dia 4 de abril de 1968.

Na noite anterior, 3 de abril de 1968, o reverendo fez seu último discurso, igualmente épico e surpreendentemente profético, em que termina dizendo que não temia o que o homem podia lhe fazer, já tinha chegado à Terra Prometida e que "meus olhos viram a glória do Senhor".

Aquele último discurso, que passou para a história com o título de "I've Been to the Mountaintop" ("Eu Estive no Topo da Montanha"), encerrava a brilhante oratória de uma excepcional vida que terminaria horas depois:


A matéria abaixo, com a íntegra do seu discurso épico que completa 50 anos hoje, foi publicada na Folha de S. Paulo de 25 de junho de 2013:



Só ficaremos satisfeitos quando a justiça rolar como água, diz Luther King

Em 28 de agosto de 1963, o ativista político americano Martin Luther King Jr., pastor e líder do movimento dos direitos civis dos negros, proferiu o discurso "Eu Tenho um Sonho" durante a marcha de Washington, uma manifestação pelo fim da segregação racial que reuniu milhares de pessoas.

Morto quase cinco anos depois por um tiro de rifle, quando estava na varanda de um hotel no Tennessee --Estado com políticas de segregação racial--, King se tornou ícone dos pacifistas ao redor do mundo, e suas palavras viraram referência nas mais diversas causas.

Veja e leia a íntegra do discurso:

Os comentários são de Carlos Eduardo Lins da Silva e a tradução, de Clara Allain.





'EU TENHO UM SONHO'

MARTIN LUTHER KING JR.

Estou feliz em me unir a vocês hoje naquela que ficará para a história como a maior manifestação pela liberdade na história de nossa nação.

Cem anos atrás um grande americano, em cuja sombra simbólica nos encontramos hoje, assinou a proclamação da emancipação [dos escravos]. Este decreto momentoso chegou como grande farol de esperança para milhões de escravos negros queimados nas chamas da injustiça abrasadora. Chegou como o raiar de um dia de alegria, pondo fim à longa noite de cativeiro.
COMENTÁRIO King discursou no Memorial de Lincoln, em Washington, aos pés da estátua de 30 metros de altura em que o presidente aparece sentado; a proclamação de emancipação, a que King se refere, foi um decreto que Lincoln editou em 22 de setembro de 1862, entrou em vigor em 1 de janeiro do ano seguinte e tornou livres todos os escravos do país, mas que não acabou com a escravidão, o que só ocorreu após a ratificação da 13ª emenda à Constituição, em 1865; as diferenças entre a emancipação dos escravos e efetiva abolição da escravatura são temas centrais do filme "Lincoln", de Steven Spielberg.
Mas, cem anos mais tarde, o negro ainda não está livre. Cem anos mais tarde, a vida do negro ainda é duramente tolhida pelas algemas da segregação e os grilhões da discriminação. Cem anos mais tarde, o negro habita uma ilha solitária de pobreza, em meio ao vasto oceano de prosperidade material. Cem anos mais tarde, o negro continua a mofar nos cantos da sociedade americana, como exilado em sua própria terra. Então viemos aqui hoje para dramatizar uma situação hedionda.

Em certo sentido, viemos à capital de nossa nação para sacar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república redigiram as magníficas palavras da Constituição e da Declaração de Independência, assinaram uma nota promissória de que todo americano seria herdeiro. Essa nota era a promessa de que todos os homens, negros ou brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à busca pela felicidade.

É evidente hoje que a América não pagou esta nota promissória no que diz respeito a seus cidadãos de cor. Em lugar de honrar essa obrigação sagrada, a América deu ao povo negro um cheque que voltou marcado "sem fundos".

Mas nós nos recusamos a acreditar que o Banco da Justiça esteja falido. Nos recusamos a acreditar que não haja fundos suficientes nos grandes depósitos de oportunidade desta nação. Por isso voltamos aqui para cobrar este cheque --um cheque que nos garantirá, a pedido, as riquezas da liberdade e a segurança da justiça.

Também viemos para este lugar santificado para lembrar à América da urgência ferrenha do agora. Não é hora de dar-se ao luxo de esfriar os ânimos ou tomar a droga tranquilizante do gradualismo. Agora é a hora de fazermos promessas reais de democracia. Agora é a hora de sairmos do vale escuro e desolado da segregação para o caminho ensolarado da justiça racial. É hora de arrancar nossa nação da areia movediça da injustiça racial e levá-la para a rocha sólida da fraternidade. Agora é a hora de fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus.

Seria fatal para a nação passar por cima da urgência do momento e subestimar a determinação do negro.

Este verão sufocante da insatisfação legítima do negro não passará enquanto não chegar um outono revigorante de liberdade e igualdade.

1963 não é um fim, mas um começo.
COMENTÁRIO No verão de 1963, antes da Marcha sobre Washington, o presidente Kennedy enviou tropas da Guarda Nacional para garantir a matrículas de dois estudantes negros na Universidade de Alabama; Medgar Eves, dirigente da Associação Nacional para o Desenvolvimento das Pessoas de Cor, foi assassinado em Mississipi; diversos confrontos violentos entre manifestantes em favor dos direitos civis e policiais ocorreram em cidades do sul dos EUA.
Os que esperam que o negro precisasse apenas extravasar e agora ficará contente terão um despertar rude se a nação voltar à normalidade de sempre. Não haverá descanso nem tranquilidade na América até que o negro receba seus direitos de cidadania. Os turbilhões da revolta continuarão a abalar as fundações de nossa nação até raiar o dia iluminado da justiça.

Mas há algo que preciso dizer a meu povo posicionado no morno liminar que conduz ao palácio da justiça. No processo de conquistar nosso lugar de direito, não devemos ser culpados de atos errados. Não tentemos saciar nossa sede de liberdade bebendo do cálice da amargura e do ódio.

Temos de conduzir nossa luta para sempre no alto plano da dignidade e da disciplina. Não devemos deixar nosso protesto criativo degenerar em violência física. Precisamos nos erguer sempre e mais uma vez à altura majestosa de combater a força física com a força da alma.

A nova e maravilhosa militância que tomou conta da comunidade negra não deve nos levar a suspeitar de todas as pessoas brancas, pois muitos de nossos irmãos, conforme evidenciado por sua presença aqui hoje, acabaram por entender que seu destino está vinculado ao nosso destino e que a liberdade deles está vinculada indissociavelmente à nossa liberdade.

Não podemos caminhar sozinhos.
COMENTÁRIO Essa é uma referência implícita à clara divergência que havia entre King. e o outro grande líder negro da época, o muçulmano Al Hajj Malik Al-Shabazz, conhecido como Malcolm X, que tinha entre seus lemas "por qualquer meio necessário" para dar liberdade aos negros; Malcolm X via com desconfiança tanto a Marcha sobre Washington quanto a proposta de integração entre negros e bancos defendida por King; admitia o uso de violência para responder à violência dos brancos, inclusive a criação de um exército negro; achava que a prioridade dos negros deveria ser ajudarem-se entre si. Malcolm X foi assassinado em 1965.
E, enquanto caminhamos, precisamos fazer a promessa de que caminharemos para frente. Não podemos retroceder. Há quem esteja perguntando aos devotos dos direitos civis 'quando vocês ficarão satisfeitos?'. Jamais estaremos satisfeitos enquanto o negro for vítima dos desprezíveis horrores da brutalidade policial.

Jamais estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados da fadiga de viagem, não puderem hospedar-se nos hotéis de beira de estrada e nos hotéis das cidades. Não estaremos satisfeitos enquanto a mobilidade básica do negro for apenas de um gueto menor para um maior. Jamais estaremos satisfeitos enquanto nossas crianças tiverem suas individualidades e dignidades roubadas por cartazes que dizem 'exclusivo para brancos'.

Jamais estaremos satisfeitos enquanto um negro no Mississippi não puder votar e um negro em Nova York acreditar que não tem nada em que votar.

Não, não estamos satisfeitos e só ficaremos satisfeitos quando a justiça rolar como água e a retidão correr como um rio poderoso.
COMENTÁRIO Referência à Bíblia (Livro de Amós, capítulo 5:24): "O que eu quero ver é antes a justiça correndo como o poderoso caudal de um rio - como uma torrente abundante de boas obras."
Sei que alguns de vocês aqui estão, vindos de grandes provações e atribulações. Alguns vieram diretamente de celas estreitas. Alguns vieram de áreas onde sua busca pela liberdade os deixou feridos pelas tempestades da perseguição e marcados pelos ventos da brutalidade policial. Vocês têm sido os veteranos do sofrimento criativo. Continuem a trabalhar com a fé de que o sofrimento imerecido é redentor.

Voltem ao Mississippi, voltem ao Alabama, voltem à Carolina do Sul, voltem a Geórgia, voltem a Louisiana, voltem aos guetos e favelas de nossas cidades do norte, cientes de que de alguma maneira a situação pode ser mudada e o será. Não nos deixemos atolar no vale do desespero.
COMENTÁRIO Estes quatro Estados eram os mais radicais em termos de segregação no país naquela época: em Mississippi, 86% das famílias negras (que constituíam quase a metade da população do Estado) viviam abaixo da linha da pobreza e só 5% dos negros tinham direito de voto; em Alabama, o governador George Wallace desafiou o presidente Kennedy e tentou impedir pessoalmente a entrada de dois estudantes negros para se matricularem na Universidade de Alabama; em Albany, Georgia, de dezembro de 1961 a agosto de 1962, King liderou uma série de protestos; em Louisiana, uma lei obrigava que todo sangue a ser usado em transfusões no Estado estivesse em frascos rotulados para indicar a raça do doador, e outra punia com cinco anos de prisão homem e mulher de raças diferentes que vivessem maritalmente juntos.
Digo a vocês hoje, meus amigos, que, apesar das dificuldades de hoje e de amanhã, ainda tenho um sonho.

É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.

Tenho um sonho de que um dia esta nação se erguerá e corresponderá em realidade o verdadeiro significado de seu credo: 'Consideramos essas verdades manifestas: que todos os homens são criados iguais'.
COMENTÁRIO Citação do início do segundo parágrafo da Declaração de Independência dos EUA, de 1776; a mesma frase foi usada pelo presidente Barack Obama em seu segundo discurso de posse, em 20 de janeiro de 2013.
Tenho um sonho de que um dia, nas colinas vermelhas da Geórgia, os filhos de ex-escravos e os filhos de ex-donos de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da irmandade.

Tenho um sonho de que um dia até o Estado do Mississippi, um Estado desértico que sufoca no calor da injustiça e da opressão, será transformado em um oásis de liberdade e de justiça.

Tenho um sonho de que meus quatro filhos viverão um dia em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo teor de seu caráter.
COMENTÁRIO Yolanda, a filha mais velha, atriz e produtora teatral, morreu de ataque cardíaco em 2007, aos 51 anos; os três filhos sobreviventes, Martin Luther King 3º, 56, advogado, Bernice King 52, ministra da Igreja Batista, e Dexter King, 50, presidente do King Center, enfrentaram-se judicialmente durante anos pelos direitos do espólio do pai e da mãe, Coretta Scott que morreu em 2006.
Tenho um sonho hoje.

Tenho um sonho de que um dia o Estado do Alabama, cujo governador hoje tem os lábios pingando palavras de rejeição e anulação, será transformado numa situação em que meninos negros e meninas negras poderão dar as mãos a meninos brancos e meninas brancas e caminharem juntos, como irmãs e irmãos. 
COMENTÁRIO Estudo acadêmico divulgado em abril de 2013 com base no Censo de 2010 dos EUA mostra que Birmingham, Alabama, é uma das 20 cidades com maior índice de segregação racial domiciliar.Tenho um sonho hoje.
Tenho um sonho de que um dia cada vale será elevado, cada colina e montanha será nivelada, os lugares acidentados serão aplainados, os lugares tortos serão endireitados, a glória do Senhor será revelada e todos os seres a enxergarão juntos.
COMENTÁRIO Trecho inspirado pela Bíblia (livro de Isaías 40:4): "Todo o vale será exaltado, e todo o monte e todo o outeiro será abatido; e o que é torcido se endireitará, e o que é áspero se aplainará".
Essa é nossa esperança. Essa é a fé com a qual retorno ao Sul. Com esta fé poderemos talhar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé poderemos transformar os acordes dissonantes de nossa nação numa bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé podemos trabalhar juntos, orar juntos, lutar juntos, ir à cadeia juntos, defender a liberdade juntos, conscientes de que seremos livres um dia.

Esse será o dia em que todos os filhos de Deus poderão cantar com novo significado: "Meu país, é de ti, doce terra da liberdade, é de ti que canto. Terra em que morreram meus pais, terra do orgulho do peregrino, que a liberdade ressoe de cada encosta de montanha".
COMENTÁRIO Versos iniciais do hino patriótico "América", cuja letra foi escrita pelo reverendo Samuel Francis Smith em 1831 com base na melodia do Hino da Inglaterra, e que durante parte do século 19 foi informalmente usado como Hino Nacional americano.
E, se quisermos que a América seja uma grande nação, isso precisa se tornar realidade.

Então que a liberdade ressoe dos prodigiosos picos de New Hampshire.

Que a liberdade ecoe das majestosas montanhas de Nova York!

Que a liberdade ecoe dos elevados Alleghenies da Pensilvânia!

Que a liberdade ecoe das nevadas Rochosas do Colorado!

Que a liberdade ecoe das suaves encostas da Califórnia!

Mas não só isso --que a liberdade ecoe da Montanha de Pedra da Geórgia!

Que a liberdade ecoe da Montanha Sentinela do Tennessee!

Que a liberdade ecoe de cada monte e montículo do Mississippi. De cada encosta de montanha, que a liberdade ecoe.

E quando isso acontecer, quando deixarmos a liberdade ecoar, quando a deixarmos ressoar em cada vila e vilarejo, em cada Estado e cada cidade, poderemos trazer para mais perto o dia que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestante e católicos, poderão se dar as mãos e cantar, nas palavras da velha canção negra, "livres, enfim! Livres, enfim! Louvado seja Deus Todo-Poderoso. Estamos livres, enfim!"
COMENTÁRIO Citação da canção "Free At Last" um "spiritual" do século 19 que aparece na compilação "American Negro Songs and Spirituals", feita por John Wesley Work Jr em 1910, que teve uma gravação célebre, feita em 1963, na interpretação de Sam Cooke e The Soul Stirrers.


terça-feira, 27 de agosto de 2013

Como usar Hitler numa propaganda

Uma rápida passada d'olhos na TV aberta mostra que os profissionais de marketing costumam testar os limites da publicidade quase que diariamente.

Esforçam-se inclusive para que eventuais exageros sejam inicialmente julgados pelos seus pares, como ocorre no Brasil com o CONAR - Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária.

Alunos da Academia de Cinema de Ludwigsburg, na Alemanha, resolveram fazer uma espécie de propaganda (não autorizada) do sistema de prevenção de colisão dos automóveis da montadora Mercedes-Benz, partindo da premissa: "Já que o sistema funciona bem, o que teria acontecido se ele tivesse sido desenvolvido muito tempo atrás?"

Para tanto, imaginaram Hitler ainda criança na sua cidade natal Braunau am Inn (Áustria), com os moradores encantados com um Mercedes-Benz do século XXI passeando pelo vilarejo e a sua mãe gritando "Adolf!".

O vídeo chegou ao conhecimento da montadora, que o considerou "inapropriado", mas talvez pelas milhões de visualizações até agora, não forçou os estudantes a retirá-lo do ar, pelo menos por enquanto.

O resultado surpreendente, com o alerta "Detecte o problema antes que ele apareça" e o menino Hitler em posição de suástica no final, você vê no vídeo abaixo:





Maria e o jejum na tradição ortodoxa


Amanhã, dia 28 de agosto, é o dia da "Dormição da Deípara" na tradição ortodoxa oriental. "Deípara" é uma palavra de origem latina que significa "aquela que deu à luz a Deus", atribuída como epíteto a Maria no sentido de "Mãe de Deus", ou "Theotokos", como já tivemos oportunidade de comentar nesse artigo de novembro de 2008.

Para os ortodoxos, Maria passou pela morte natural, à qual eles chamam de "dormição" porque, segundo a sua tradição ensina, a sua alma teria sido imediatamente recebida por Cristo no paraíso, enquanto o seu corpo teria sido ressuscitado ao terceiro dia e imediatamente elevado aos céus para se juntar ao seu espírito.

Os católicos romanos também têm essa crença, transformada no dogma da Assunção de Maria pelo papa Pio XII em 1950, declarando que ela teria subido de corpo e alma ao céu, mas não fica claro (propositalmente, ao que tudo indica) se a mãe de Jesus teria ou não passado pela morte natural.

Repare também na sutil diferença terminológica. Como relatam brevemente os evangelhos (Marcos 16:19; Lucas 24:50-53) e o livro de Atos dos Apóstolos (1:9-11), Jesus "ascendeu" ao céu ("Ascensão", portanto) enquanto Maria foi "assumida" no céu ("Assunção").

A festa católica da Assunção de Maria também se dá em agosto, no dia 15, enquanto os ortodoxos a celebram no dia 28. A diferença entre as datas se dá porque os primeiros seguem o calendário gregoriano para suas festas religiosas, enquanto os últimos adotam o calendário juliano.

Feitos esses breves comentários sobre como as duas tradições abordam a morte e o, digamos, "traslado" de Maria, é interessante ver como os ortodoxos celebram a data festiva com jejum, e o que eles pensam a respeito da abstenção de alimentos.

O artigo abaixo é de autoria do Diácono Marcelo Paiva, do excelente blog ortodoxo "O Cetro Real", ao qual agradecemos a especial gentileza de ter-nos autorizado sua reprodução aqui:



Esforço Ascético : O Jejum da Dormição da Deípara.

Queridos irmãos, prezados amigos,

Nesta Quarta Feira (14 de Agosto), os filhos das jurisdições da Santa Igreja Ortodoxa que guardam o calendário juliano durante todo o ano, dão inicio ao período de jejuns e abstinências, em razão da preparação espiritual para a Festa da Dormição da Deípara, que se dará no dia 28 de Agosto.

O "Jejum da Dormição", mantido por duas semanas, tem as mesmas características do Jejum da Grande Quaresma : Abstenção de alimentos de origem animal, bebidas alcoólicas, e para os casados, das relações maritais.

Vinho e Azeite são permitidos aos Sábados e Domingos.

Em meio ao Jejum, será celebrada a Grande Festa da Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo (dia 19 de Agosto). Neste dia, em razão da Grande Festa, se permite consumir peixe.

Vamos ver o que os Santos dizem a respeito do jejum :

São Serafim de Sarvov - "O jejum não consiste apenas em reduzir o número de refeições, mas também de comer pouco quando realizar estas. E se você faz apenas uma refeição, que se coma pouco nesta também. Insensato é o jejum em que o fiel conta as horas para poder comer a sua refeição, e quando a realiza a consome com voracidade, consumindo assim o corpo e a mente , de forma insaciável. Na medida em que a forma do corpo, em razão do jejum, vai se tornando mais fina e leve, assim também a vida espiritual vai alcançando a perfeição, se revelando de maneira maravilhosa. Então a alma age como se livre do corpo, pois os sentimentos carnais vão sendo desligados, e o espírito assim se libera do mundo, sobre ao céu e mergulha na contemplação da realidade espiritual. Então, durante todos os dias devemos recorrer apenas a quantidade de alimento necessário para manter o corpo são, para que ele seja um amigo e auxiliar da sua alma, na realização das virtudes. Caso contrário, com o corpo fraco, a alma também pode fraquejar."

São Hierarca Basílio, o Grande : "Há tanto um jejum físico quanto um jejum espiritual.

No jejum físico, o corpo se abstém de comida e bebida. No jejum espiritual, o jejuador se abstém das más intenções, palavras e ações.

Aquele que verdadeiramente jejua se abstém da raiva, ódio, malícia e vingança.

Aquele que verdadeiramente jejua se abstém da conversa fiada e inútil, da retórica vazia, da maledicência, da condenação, da bajulação, da mentira e de todo o tipo de conversa rancorosa. Em uma palavra, um verdadeiro jejuador é aquele que se afasta de todo o mal.

Tanto quanto você subtrai do corpo será o quanto você vai contribuir para o fortalecimento da alma. Pelo jejum é possível tanto nos precaver sobre os males futuros quanto desfrutar das coisas boas que virão. Sofremos doenças por causa do pecado; e receberemos a cura através do arrependimento, que não será frutífero sem a prática do jejum.

O verdadeiro jejum consiste em rejeitar o mal, no controle da língua, na supressão do ódio , no banimento da própria luxúria e das palavras más, da mentira e da traição dos votos afirmados."

Santo Hierarca João Crisóstomo : "Você jejua? Agora também alimente os famintos, de de beber aos sedentos, visite os doentes, não se esqueça dos presidiários, tenha piedade dos torturados, console os que sofrem e choram, seja misericordioso, bondoso, humilde, calmo, paciente, simpático, tolerante, reverente, verdadeiro e piedoso para que Deus possa então aceitar o seu jejum e possa conceder-lhe abundantemente os frutos do arrependimento.

O jejum do corpo é o alimento para a alma.

É necessário, acima de tudo para aquele que está em jejum conter a raiva, para assim acostumar-se com a mansidão e a condescendência, para ter um coração contrito, para repelir os pensamentos e desejos impuros, para examinar sua consciência, para colocar sua mente à prova e ao verificar o que afinal tem sido feito de bom por nós nesta semana e na semana que passou, e para que aquelas deficiências que tenhamos verificado em nós mesmos, possa ser corrigida na semana atual. Este é o verdadeiro jejum.

O ponto aqui não é apenas que devemos ir à igreja todos os dias possíveis, e que devemos sempre ler e ouvir sobre os ensinamentos espirituais ou que devemos nos abster destes ou aqueles alimentos durante toda a quaresma.Não!

Se nós, continuamente vamos a Igreja e ouvimos e lemos as palavras de ensino e espiritual, mas não adquirimos nada de positivo e nada de bom frutifica deste tempo de jejum, ao contrário de nos beneficiar, tudo isso nos conduz a própria condenação, pois apesar de toda a preocupação dos padres e da Igreja em nosso favor, nós insistimos em continuar a viver a mesma vida que antes vivíamos.

Não diga então para mim que você jejuou por muitos dias, que não comeu isso ou aquilo, que não bebeu vinho... Mas ao contrário, me diga se tu tens deixado de ser um homem irritadiço para ser um homem suave, se tens deixado de ser um homem cruel para se tornar benevolente, se tens deixado de ser um homem dominado de raiva, tudo isso em razão do jejum.

Pois se o ódio e a avareza estão dentro de ti, qual é o benefício que você retira do jejum ?

O jejum por si só não o levará para o céu, se ele não der fruto.

O jejum é maravilhoso porque atropela os nossos pecados como se estes fossem uma erva daninha, ao mesmo tempo que cultiva e eleva a verdade como uma flor."

São João de Kronstadt :

"Todo aquele que rejeita os jejuns, priva a si mesmo de se armar contra a sua própria carne, e de tal descuido favorece a ação do diabo, que assim passa a ter poder sobre nós, especialmente em razão da nossa intemperança.

Então nos dizem : Não importa se você come isso e deixa de comer aquilo durante as Quaresmas, e também não há nada de errado se você durante o Jejum usa roupas caras, vai ao teatro, a festas, compre móveis refinados, aposte em corridas de cavalo, e continue a desejar acumular e acumular coisas..." É o que nos dizem.

Contudo, o que é afinal que se transforma o nosso coração quando estamos longe de Deus, quando estamos longe da Fonte da Vida?

Afinal como é que perdemos a vida eterna ? Não é justamente por causa da gula, das roupas caras (como aquelas que o homem rico da Parábola do Evangelho), dos teatros e de todas as outras diversões que colocamos acima de Deus?

O que torna endurecidos os nossos corações para com os pobres, até mesmo para com os nossos parentes ? Não é justamente essa nossa paixão por satisfazer os nossos luxos?

É possível servir a Deus e às riquezas ao mesmo tempo ? É possível ser amigo do mundo e um amigo de Deus ao mesmo tempo ? É possível servir conjuntamente a Cristo e Belial?

Não, isso não é possível.

Por que Adão e Eva perderam paraíso ? Por que eles caíram em pecado e obtiveram a morte? Qual foi o mal que eles escolheram ? Vamos considerar atentamente tal questão, e veremos o que o não se preocupar com a salvação de nossa alma custa, quanto custou ao Filho de Deus.

Por que nós insistimos em viver uma vida composta de pecado sobre pecado, em uma queda sem fim, sempre em oposição a Deus, em uma vida de puro cultivo da vaidade?Não é justamente em razão de nossa paixão pelas coisas terrenas e, especialmente, para os prazeres terrenos? O que faz nossos corações se tornarem tão embrutecidos?

Não por que justamente nos tornamos carne e não espírito, pervertendo a nossa natureza moral?Não é por causa de uma paixão desenfreada por comida, bebida e outros confortos terrenos? Como depois disso se pode dizer que não importa o que se come ou que não se come durante a Quaresma? O fato de pensarmos assim é apenas por orgulho , por um pensamento ocioso, por desobediência, em uma recusa consciente em se submeter a Deus, por buscarmos nos separar Dele."

Santo Hierarca Inácio Brianchaninov :

"A maior das virtudes é a oração, mas a sua base é o jejum. A razão disso é que o jejum tem um efeito sobre os espíritos malignos, que buscam exercer uma poderosa influencia sobre o nosso próprio espírito, através das fraquezas do nosso corpo. Um corpo subjugado pelo jejum traz a liberdade ao espírito humano, lhe concedendo força, sobriedade, pureza e um agudo discernimento."

Santo e Venerável Efreim, o Sírio:

"Se tu, ó homem, não desejar perdoar a todos que pecaram contra ti, então não te incomodes em fazer jejum. Se tu não deseja perdoar a dívida de teu irmão, com quem você se zangou por algum motivo, então você jejuará em vão, pois Deus não vai aceitar o seu jejum.O jejum não te ajudar até que tu se esforce no amor e na esperança da fé. Quem jejua e se torna irritado, abrigando qualquer tipo de inimizade em seu coração, tal pessoa odeia a Deus e a salvação está longe dela."

São Tikhon de Zadonsk:

"Um jejum excelente é aquele que nos ajuda a nos moderarmos de toda impureza, que impõe a abstinência de nossa língua e que impede a conversa fiada, linguagem chula, a calúnia, a condenação, bajulação e toda sorte de palavra malévola, que nos ajuda a evitar a raiva, o ódio, a maldade e a vingança, que nos afasta de todo o mal.

Que a tua mente então faça jejum, se abstendo de pensamentos vãos; que a tua memória jejue, de modo que você se lembre do mal que você mesmo fez. Que a sua vontade jejue, coibindo os desejos perversos. Que teus olhos jejuem para que você não possa fitar a vaidade. Que os teus ouvidos jejuem para que você não ouça canções vis ou sussurros de calúnia contra o seu próximo. Que a tua língua jejue, evitando toda a calúnia, condenação, blasfêmia, falsidade, engano, linguagem chula e toda a palavra ociosa e podre rápida de lembrar o mal. Que as tuas mãos jejuem , deixando de matar, de roubar. Que as tuas pernas jejuem, o desviando do mal caminho, se mantendo firmes na trilha da salvação.

Santo Atanásio, o Grande :

"Vês o que o jejum faz: ele cura doenças, expulsa demônios, remove maus pensamentos, faz com que o coração se torne puro. Caso alguém tenha sido tomado por um espírito impuro, que ele tal mal não se combate sem que faça oração e jejum, e isso sabemos de acordo com a palavra do Senhor (Mateus 17:21)".

Que Deus nos permita viver com piedade e verdadeiro fervor espiritual esses dias de esforço ascético.



segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Arqueólogos pensam ter encontrado a tumba de Alexandre, o Grande

Alexandre, o Grande, é um dos vultos históricos mais importantes da história da humanidade, que viveu entre 356 e 323 a. C., 32 anos de uma curta vida repleta de realizações gigantescas.

Filho do rei Felipe II da Macedônia e educado por ninguém menos que o grande filósofo Aristóteles, sucedeu o pai e reinou entre 336 e 323 a. C. com o nome de Alexandre III, período em que transformou o mundo então conhecido com as suas impressionantes conquistas militares que atropelaram a Babilônia e levaram o império macedônico até o Himalaia, já no subcontinente indiano.

Coube a Alexandre, por exemplo, helenizar vastos territórios que passaram a ter o grego como língua franca, o que permitiu que o mundo em que Jesus e os apóstolos viveram falasse e escrevesse na mesma língua, facilitando a propagação do evangelho como o recebemos pelo Novo Testamento.

De certa forma, até o idioma que falamos, com suas raízes greco-latinas, poderia não ser o mesmo se Alexandre não tivesse levado às últimas consequências sua sede de expansão territorial.

Poucos seres humanos, portanto, deixaram um legado tão importante que perdura até os dias de hoje.

Após sua breve e significativa vida, um dos mistérios sobre Alexandre que persistem até hoje é o local onde ele foi sepultado.

A julgar pelos relatos da época, supõe-se que o grande guerreiro tenha sido vitimado por uma febre tifoide (ou malária) na Babilônia, no dia 10 de junho de 323 a. C.

Os generais de Alexandre dividiram entre si o império que Alexandre havia conquistado, o seu corpo foi embalsamado e alojado num valiosíssimo sarcófago de ouro, e a partir daí pouco se sabe sobre o seu destino final.

Alguns supõem que o corpo teria sido enterrado no cemitério da família real em Aigai (atual Vergina), na Grécia. Outros dizem que ele passou por Mênfis, no Egito, antes de ir para Alexandria.

Ali teria ficado durante toda a dinastia ptolomaica e o corpo (ou dublê de corpo) teria sido frequentemente visitado pelos imperadores romanos que faziam visitas rituais à tumba do grande líder do passado.

Nos séculos III e IV depois de Cristo, a tumba teria sido gradualmente destruída, sendo que um tsunami devastador em 21 de julho de 365 deixou Alexandria arrasada.

Atribui-se também a uma revolta cristã do ano de 391 a destruição do que havia restado do mausoléu, e a partir daí se perderam totalmente os rastros, ainda que fictícios, dos restos mortais de Alexandre.

Só que agora, dezesseis séculos e centenas de especulações depois, arqueólogos gregos ameaçam derrubar por terra todas as versões ancestrais sobre o local do sepultamento do grande imperador.

A antiga cidade de Anfípolis, a 575 km ao norte de Atenas, seria a grande candidata a ter tamanha honra, segundo divulgou o jornal britânico Daily Mail em 23 de agosto de 2013.

Acaba de ser descoberta na região uma impressionante muralha revestida de mármore, cuja datação remete ao período da morte de Alexandre.

Com impressionantes 500 metros de comprimento e 3 metros de altura, os arqueólogos suspeitam que ela contenha alguma sepultura real, a julgar por sua suntuosidade.




O arqueólogo Aikaterini Peristeri está esperançoso de encontrar algum personagem importante enterrado por ali, mas o Ministério da Cultura da Grécia tenta acalmar o furor causado pela revelação, alertando que ainda é muito cedo para se associar o achado à tumba perdida de Alexandre.

Como todo início de descoberta arqueológica, todo cuidado é pouco. Seria espetacular saber que foi finalmente encontrado o local onde o grande imperador está sepultado, com o seu corpo minimamente preservado, mas por enquanto a situação toda parece se aventurar no terreno da fantasia.

Deleitemo-nos com esse ínfimo fio de esperança, portanto.



Alckmin investe em turismo religioso no interior de SP






Como divulgamos aqui ontem, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, cumpriu o prometido e apareceu na festa religiosa do "Menino da Tábua" em Maracaí (SP).

A notícia é do portal Assiscity:

"
Governador Alckmin participa da 36ª edição da festa do Menino da Tábua

Governador disse que a cidade deve se tornar uma estância turístico-religiosa com restauração do cemitério

O governador Geraldo Alckmin participou neste domingo da 36a festa do Menino da Tábua, realizada no município de Maracaí. A festa, realizada anualmente, é uma homenagem a Antônio Marcelino, cuja doença de nascença impedia seu desenvolvimento físico.

Acredita-se que o menino tenha realizado milagres ainda em vida, o que faz com que a capela construída para ele dentro do cemitério do município receba milhares de visitantes todos os anos. Nesta edição, o evento deve levar 40 mil pessoas à cidade.

Alckmin afirmou que vai celebrar convênios com o município para melhorar a infraestrutura da cidade e melhorar a receptividade dos romeiros. "Nós vamos fazer convênios com o município para restaurar o cemitério onde está a capela do Menino da Tábua. Arrumar os sanitários, para melhor recebimento e hospitalidade, o sistema viário da cidade e os asfaltos", garantiu.

O governador disse ainda que a cidade deve se tornar um município turístico-religioso. "Eu sou médico. Onde termina a ciência começa a fé. O Menino da Tábua vai ser um forte intercessor para ajudar todos nós a caminhar superando nossos sacrifícios". Ainda em Maracaí, Alckmin disse que vai liberar verba para a Santa Casa do município.



domingo, 25 de agosto de 2013

Buraco da corrupção no Metrô-SP aumenta e Alckmin vai ao cemitério rezar para o Menino da Tábua

Enquanto ferve o escândalo da corrupção no Metrô de São Paulo com a denúncia da revista Istoé desta semana de que existe uma conta tucana secreta na Suíça, o governador do Estado, Geraldo Alckmin, prefere ir ao cemitério de Maracaí (SP), cidade de cerca de 13.500 habitantes a 473km da capital, rezar para o "Menino da Tábua".

Para quem nunca ouviu falar dele, o "Menino da Tábua" é uma manifestação religiosa na linha dos "santos" não oficialmente canonizados pela igreja católica, fenômeno muito comum em várias localidades do interior do país, a quem a devoção popular atribui os mais variados milagres.

A matéria abaixo, do Assiscity, além de contar um pouco da história do "Menino da Tábua", diz que Alckmin visitará Maracaí hoje, 25 de agosto de 2013, para prestar homenagem ao "santo". 

Resta saber que milagre ele irá pedir por lá...

Governador e 40 mil turistas religiosos deverão visitar túmulo do "Menino da Tábua", domingo

O fim de semana em Maracaí será marcado pela maior festa religiosa da cidade, que anualmente recebe caravanas de todo o País para visitar a capela no Cemitério Municipal dedicada a Antônio Marcelino, mais conhecido como o "Menino da Tábua", a quem se atribui milagres. As homenagens são feitas sempre no último domingo do mês de agosto, mas desde sexta-feira já começaram a chegar devotos à cidade.

O maior movimento de turistas é esperado para o domingo, 25 de agosto, inclusive com a presença do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que é esperado em Maracaí a partir das 10h para participar da Festa de Aniversário do Menino da Tábua. Os arredores do cemitério local são tomados por cerca de 170 barracas que vendem gêneros alimentícios, bebidas e artigos religiosos.

Além do governador Geraldo Alckmin, que antes passará por Borá e depois de Maracaí segue para Tarumã, são esperados secretários de governo, com o Silvio Torres, da Habitação, deputados Mauro Bragato (PSDB) e Vicentinho (PT), além de comitivas de prefeitos da região.

O Departamento de Comunicação Social da Prefeitura de Maracaí informou que são esperados entre 30 e 40 mil turistas. Para tentar conter tumultos comuns nos dias de romarias seja na cidade ou nas vias de acesso, a segurança será reforçada pela Polícia Militar, Polícia Rodoviária, Tiro de Guerra de Assis, Corpo de Bombeiros, Brigadistas e pela Cart – Concessionária Raposo Tavares.

QUEM FOI ANTÔNIO MARCELINO, O MENINO DA TÁBUA

Antonio Marcelino nasceu no início do século XX, filho de pais humildes, trabalhadores e moradores da zona rural do município de Cândido Mota, depois Maracaí. Ficou conhecido pela sua vida como "O menino da Tábua" devido a uma deficiência física, pois viveu toda a sua vida em cima de uma tábua, alimentando-se apenas de leite e água. Com o decorrer do tempo, seus familiares notavam que sua cabeça desenvolvia-se normalmente, enquanto seu corpo mantinha o formato físico de uma criança. Ainda em vida acredita-se que realizou vários milagres.



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