quarta-feira, 7 de abril de 2010

Umbandistas creem mais na Criação bíblica do que pentecostais

Outro dia a Folha de S. Paulo publicou um artigo que eu postei aqui no blog, falando da pesquisa que mostra como os brasileiros conciliam a crença na Criação com a evolução de Darwin. No último dia 5 de abril, o instituto Datafolha publicou um artigo um pouco mais detalhado, que mostra como 33% dos umbandistas e 30% dos pentecostais creem firmemente na hipótese da Terra Jovem, ou seja, na descrição literal do Gênesis com a criação perfeita e acabada de tudo o que há no planeta em algum momento cerca de 10.000 anos atrás. Outro dado interessante dessa estratificação da pesquisa é que 33% dos que se dizem ateus creem que Deus guiou o processo de evolução das espécies, algo parecido com a hipótese do design inteligente, defendida principalmente pelos adventistas. São dados no mínimo curiosos, portanto, e pelo cruzamento deles fica difícil afirmar que houve algum erro grave de metodologia na pesquisa, porque todos os setores e grupos teriam algo que reclamar. Errar em um dado é algo até compreensível, mesmo para um instituto respeitado como o Datafolha, mas errar em todos é algo impensável. De um lado, 33% dos ateus crendo no design inteligente é uma porcentagem alta demais, surpreendente mesmo. Do outro lado, mais umbandistas crêem no fundamentalismo bíblico do que pentecostais, o que revela, no mínimo, um sério problema de formação e discipulado das igrejas evangélicas que seguem esta linha. Com a palavra, portanto, as comunidades ateístas e pentecostais.

Leia o artigo do Datafolha:

59% acreditam na evolução entre as espécies, sob o comando de Deus

Questionados sobre a concordância com algumas frases relacionadas à questão criacionista – teorias sobre a origem e o desenvolvimento da espécie humana-, a maioria dos brasileiros de 16 anos ou mais (59%) acredita que “Os seres humanos se desenvolveram ao longo de milhões de anos a partir de formas menos evoluídas de vida, mas com Deus guiando esse processo de evolução”. É o que revela pesquisa Datafolha realizada nos dias 25 e 26 de março de 2010, com 4.158 pessoas. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Uma parcela menor (25%) acredita, porém, que “Deus criou os seres humanos de uma só vez praticamente do jeito que são hoje, em algum momento nos últimos dez mil anos”, opinião diferente de outros 8%, que acreditam que “Os seres humanos se desenvolveram ao longo de milhões de anos a partir de formas menos evoluídas de vida, mas sem a participação de Deus nesse processo”.

Os espíritas são os que mais acreditam em um processo de evolução do homem a partir de outras formas de vida sob o comando de Deus (74% do segmento), parcela que é de 60% tanto entre os católicos quanto entre os evangélicos pentecostais e não-pentecostais.
Destaca-se a parcela de umbandistas (33%) e de evangélicos pentecostais (30%) que acreditam que “Deus criou os seres humanos de uma só vez praticamente do jeito que são hoje, em algum momento nos últimos dez mil anos”. Esses resultados estão acima da média da população.

Entre os ateus, apenas uma pequena parcela acredita que Deus guiou o processo de evolução das espécies (33%). A maioria (56%), crê que Deus não interferiu no desenvolvimento dos seres humanos.

Já nos diferentes segmentos, observa-se que, quanto maior a renda e a escolaridade, mais pessoas acreditam na interferência divina no desenvolvimento dos seres humanos.

O inverso acontece nas diferentes quebras de idade. Em comparação com os mais velhos, os jovens de 16-24 anos acreditam mais que Deus guiou o processo de evolução das espécies.

Os índices também variam nas diferentes regiões do Brasil. Enquanto do Sul apenas 51% dos entrevistados concordaram com a frase “Os seres humanos se desenvolveram ao longo de milhões de anos a partir de formas menos evoluídas de vida, mas com Deus guiando esse processo de evolução”, esse percentual sobre para 63% no Nordeste e para 66% no Norte/Centro Oeste.

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