Considerando que o deputado evangélico Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados e amigo do Malafaia, é uma espécie de primeiro-ministro do Brasil, dado o poder que amealhou, é de se estranhar que, mesmo na sua ausência, alguém da mesa diretora da Casa destrave o andamento de um projeto - no mínimo - questionável.
Parece aquela velha história: desde que excluam o número 24 do jogo (veja quem é na ilustração acima) e o premiado pague o dízimo, o "pastor" não vê nenhum mal na jogatina, né não?
A informação é do Brasil Post:
Cunha desengaveta projeto que legaliza o jogo do bicho
A Câmara dos Deputados desengavetou um projeto de Lei de 1991, que legaliza o jogo do bicho no Brasil. A medida foi autorizada pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em um ato da mesa, assinado pelo 1º vice-presidente, Waldir Maranhão (PP-MA), que está no exercício da presidência. Cunha está fora do País, em missão oficial.
O ato, lido pelo deputado Vitor Valim (PMDB-CE), na sessão desta terça-feira (2), cria uma comissão especial para analisar a proposta e os projetos apensados - entre outros, há textos que legalizam bingos e cassinos em resorts. O colegiado será composto por 27 integrantes titulares e igual número de suplentes.
A tramitação do projeto, apresentado há 24 anos, foi interrompida de 1995 a 2008. Em 2009, a proposta recebeu mais um texto apensado. E, em fevereiro deste ano, foi encaminhado para a coordenação de comissões permanentes.
Na época em que foi apresentado, o autor do projeto, ex-deputado Renato Vianna (PMDB-SC), argumentou, na justificativa, que a prática persiste graças à simpatia da sociedade.
“Somente por essa realidade inquestionável, que o jogo do bicho deve ser descriminalizado, a fim de que se possa ser regulamentado e canalizados os seus benefícios para obras de interesse social, a exemplo dos demais jogos de azar.”
Ainda de acordo com ele, "a prática do jogo não ofende, não expõe a perigo de lesão ou lesa bens jurídicos fundamentais da sociedade ou do Estado, não sendo relevante, na atualidade, que o mantenha, demagogicamente, na clandestinidade”.
Um dos textos que será analisado em conjunto é do deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), que cria uma loteria municipal do "jogo do bicho”. Ao FatoOnline, o deputado disse estar convicto de que o jogo do bicho deve ser legalizado e controlado pelos governos municipais, facultando a estes, contudo, deixar que seja explorado, sob a forma de concessão, por particulares.
Atualmente, a prática não é crime, mas uma contravenção, com pena de 3 meses a 1 ano de prisão. Uma lei, sancionada em 2012, pela presidente Dilma Rousseff, entretanto, enquadra a lavagem de dinheiro proveniente do jogo do bicho ou de exploração de máquinas de caça níqueis, em crime, com pena de até 10 anos de reclusão.