Não costumo ser pessimista, mas tudo indica que o pior ainda está por vir.
É que a crescente (e trágica) polarização político-ideológica no Brasil prenuncia uma espécie de estado de horror sem fim.
Gerações futuras (se houver) poderão estudar com mais rigor metodológico e responder cientificamente a dúvida cruel: foram as redes sociais que provocaram esta situação ou se ela seria produzida de qualquer maneira, independentemente da força atômica da internet, para o bem e para o mal.
O fato é que o advento das tecnologias modernas de comunicação deu vez e voz a uma legião de ódios e preconceitos que agora podem destilar livremente seu veneno no fluxo incontrolável de verdades alternativas e mentiras aleatórias que singram os mares do desconforto coletivo de não saber em quem e no que acreditar.
Talvez o fato que nos roube mais a esperança de algo bom no horizonte seja a nossa incapacidade de dialogar e conviver com o diferente.
Parece que ninguém percebeu (ainda) que não temos outra opção se quisermos viver todos juntos no mesmo país.
Por isso, é particularmente triste ver que amigos não conseguem se ouvir, que a única resposta possível para uns é a exclusão de plano, com a pré-desqualificação dos outros para o debate, e que não existe mais um mínimo de empatia para tão somente sentar-se à mesa, incluir e discutir o bem comum.
No fundo, os afetos e discursos envenenados matam tanto o ovo como a galinha, e nada consegue nascer de novo.
No fundo, os afetos e discursos envenenados matam tanto o ovo como a galinha, e nada consegue nascer de novo.
Acorda, Brasil, ainda há tempo!