Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve), as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve um dia,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se a cada dia,
Outra mudança faz de maior espanto,
Que não se muda já como soía.
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve), as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve um dia,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se a cada dia,
Outra mudança faz de maior espanto,
Que não se muda já como soía.
Luís de Camões, soneto 45