Esta é a questão que levanta a revista Galileu:
Por que o terrorismo atrai tantos profissionais da área de exatas?
O número de extremistas violentos com diplomas em áreas ligadas a matemática e tecnologia é “desproporcional”, segundo análise britânica
No dia 26 de junho de 2015 um homem abriu fogo em uma praia da Tunísia e matou 38 pessoas. O ataque, reivindicado pelo Estado Islâmico, chocou a todos, mas um detalhe aparentemente inofensivo do atentado mostra uma tendência no mínimo improvável: Seifeddine Rezgui, o terrorista responsável pelo massacre, era um engenheiro elétrico. Pesquisas mostram que existem muitos terroristas com ensino superior e que a maior parte se formou em ciências exatas.
A grande maioria dos terroristas jihadistas com ensino superior se formaram em cursos de engenharia, ciência ou medicina – quase não há registros de pessoas graduadas em Humanas ou em áreas mais ligadas às artes.
De acordo com uma pesquisa de 2007 feita pelo British Council, “um grande número de extremistas violentos é graduado. Um número desproporcional deles possui diploma em engenharia e outras áreas técnicas”. Cerca de 48,5% dos terroristas jihadistas do norte da África e Oriente Médio tinham algum tipo de ensino superior na época. Desse total, 44% eram engenheiros formados, número que sobe para 59% quando o recorte são os ocidentais recrutados. De 18 britânicos envolvidos em ataques terroristas, um havia estudado ciências humanas e os outros 17 se dividiam entre tecnologia da informação, farmácia e matemática.
Especialistas garantem que há uma explicação bem objetiva pra isso: falando em termos gerais, o raciocínio puramente matemático tende a seguir uma padrão estabelecido entre certo e errado. Estudantes dessa área podem ser muito inteligentes, mas não cultivam um pensamento crítico e nem questionam a autoridade: o perfil ideal para quem está recrutando jovens para a guerra.
Essa tendência revela algo que vai além das possíveis motivações que movem o terrorismo. Ela mostra uma falha no sistema educacional de todo o planeta, que muitas vezes ignora o poder da interpretação e da discussão nas aulas. Se cerca de 70% dos estudantes do Oriente Médio estão matriculados em cursos de ciências sociais, uma das primeiras medidas tomadas pelo Estado Islâmico ao dominar um território é eliminar os cursos de arqueologia, artes, direito filosofia e ciência política.