segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Exatos 499 anos após a Reforma, papa visita luteranos na Suécia

A matéria é da Rádio Vaticano:

Suécia acolhe o Papa para os 500 anos da Reforma Luterana

Nesta segunda-feira dia 31 de outubro o Papa Francisco está na Suécia para assinalar a histórica Comemoração Conjunta Luterano-Católica nos 500 anos da Reforma que se celebram em 2017. O Santo Padre estará em Malmö e Lund.

A Reforma começou quando Martinho Lutero, monge agostiniano germânico e professor de teologia, pregou as suas 95 teses em 1517 contestando, em particular, a doutrina de que o perdão de Deus poderia ser adquirido pelo comércio das indulgências. O Papa Leão X pediu-lhe para se retratar, mas em 1520 perante a recusa de Lutero foi decretada a sua excomunhão da Igreja Romana.

A Suécia, que se separou da Igreja Católica no século XVI, tem uma forte herança luterana e uma minoria católica sendo, contudo, um dos países mais secularizados do mundo. Com 450.295 km2 onde abundam as florestas, sobretudo no norte, a Suécia é o terceiro maior país da União Europeia em termos de área e com uma população total de cerca de 9 milhões de habitantes. Este país assume o regime de uma monarquia constitucional cuja capital é Estocolmo e é país independente desde a Idade Média. Segundo a prestigiada revista “The Economist” é o quarto país do mundo em índice de democracia, logo a seguir, à Islândia, à Dinamarca e à Noruega.

Esta viagem marca o regresso de um Pontífice a este país escandinavo após a visita de S. João Paulo II há 27 anos tendo visitado a Suécia e celebrado missa para 16 mil pessoas no Globe Arena de Estocolmo, em 1989. S. João Paulo II também fez uma visita ao túmulo de Santa Brígida, primeira santa da Suécia.

De recordar que no passado mês de junho, no dia 5, uma delegação ecuménica da Suécia esteve no Vaticano para a canonização de Maria Isabel Hesselblad, fundadora da Ordem do Santíssimo Salvador de Santa Brígida que tinha sido beatificada por S. João Paulo II a 9 de abril do ano 2000.

Santa Maria Isabel Hesselblad, destacou-se pelo serviço aos mais pobres, em particular, durante a II Guerra Mundial em Roma, ajudando os judeus perseguidos a quem deu refúgio fazendo da sua casa religiosa um autêntico centro de ajuda e de distribuição de alimentos e roupas aos mais necessitados.

O Papa Francisco na Suécia celebra os 500 anos da Reforma mas também os 50 anos de diálogo entre luteranos e católicos, iniciado em 1967, como salientou na semana passada o Cardeal Kurt Koch, presidente do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos na apresentação desta Viagem Apostólica do Santo Padre.

De salientar que nesse mesmo encontro com os jornalistas estiveram presentes pela Federação Luterana Mundial o presidente, bispo Munib Younan e o secretário-geral o Rev. Martin Junge que sublinharam que graças ao diálogo e à confiança “o tempo está maduro para tentar passar do conflito à comunhão”.

Na Suécia por estes dias será dado mais um grande passo para procurar a unidade entre os cristãos.



sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Cristãos são os reis da sucata no Egito


Não, meus amigos, esta não é a mistura do Brasil com o Egito, mas que tem gente dando novo significado à expressão "ralar o tchan" por lá, isso tem...

A matéria é da BBC Brasil:

Minoria cristã se torna 'garimpeira do lixo' em busca de ascensão social no Egito

Caroline Davie

É o cheiro nauseante e adocicado que te atinge primeiro, vindo da mistura de papelão molhado e frutas podres. Ele se mistura aos gases de emissões de veículos e ao odor da areia quente enquanto seguimos viagem por uma autoestrada do Cairo. Estamos na Cidade do Lixo.

Para alguns egípcios, porém, esse é o cheiro do sucesso.

Nosso táxi trafega pelas ruas, seguindo uma caminhão que parece sofrer para transportar sua carga de caixas de papelão compactadas.

Imagens de Nossa Senhora, Jesus e de santos decoram as fachadas de lojas e varandas de apartamento. Resíduous de sacos plásticos, papel alumínio e jornais voam com o vento, misturados à poeira urbana.

Por trás das muralhas desse subúrbio do Cairo está uma comunidade de cristãos coptas, a religião de apenas 10% dos mais de 82 milhões de egípcios. Aqui, eles são conhecidos como os Zabaleen - um termo derrogatório para definir catadores de lixo.

Eles se estabeleceram em uma pedreira abandonada e, desde os anos 70, coletam o lixo no Cairo de graça, trazendo-o para casa para reciclar. A triagem é feita à mão - o plástico é separado do papelão, o tecido do material orgânico - antes de tudo ser vendido para o próximo estágio da "indústria do lixo" que sustenta a comunidade.

O material é pulverizado, derretifo e compactado até que só sobre material orgânico em decomposição, que serve de alimento para porcos mantidos em conjuntos habitacionais do local - e cujos grunhidos ecoam do alto dos prédios.

A Cidade do Lixo, por sinal, é um dos poucos lugares do Cairo em que se pode comer carne de porco na rua - o Egito é um país onde o islã é a religião oficial.

Hoje, as ruas estão vazias, porque é domingo. A igreja, construída em uma caverna, realiza uma missa assistida por cerca de 4 mil pessoas - bem menos que os 20 mil que se aglomeram no local em datas mais significativas do calendário cristão.

As ruas também contam com o que parece uma espécie de camelódromo: sobre tapetes, há um festival de panelas, pratos, taças de champanhe e talheres de prata.

Mas não são bancas. O guia explica para a reportagem da BBC que nenhum dos itens está à venda.

"Esses são os presentes de casamento de uma noiva. Ela os deixa na rua para mostrar aos vizinhos o quão ricos são".

A Cidade do Lixo é um lugar de oportunidades.

Os Zabaleen estão entre os melhores recicladores do mundo, e o aumento da demanda mundial por materiais reciclados fez com que novas empresas surgissem no local.

A Cidade do Lixo abriga uma série de homens jovens em ternos de grife e relógios caros. Alguns desses jovem empreendedores têm diplomas, mas, na maioria dos casos, a combinação de educação básica e uma conta bancária já resolve.

Se a posse de terras é algo complicado em termos legais, os rumores são de que, na Cidade do Lixo, o metro quadrado sai pelo equivalente a R$ 3.600.

A BBC localiza o carro de Adel antes de o encontrar - um esportivo laranja em meio às ruas empoeiradas. Ele está apenas de passagem. Deixou Cidade do Lixo para morar em um condomínio de luxo do Cairo (áreas com nomes de cartão postal de cidades ocidentais, como Beverly Hills e Hyde Park), mas seu negócios ainda estão aqui.

Ao abrir a porta de seu armazém, ele aponta para uma espécie de roda de plástico verde, tão grande como uma pessoas. "Fui o primeiro a comprar essa máquina aqui. Ela transforma garrafas plásticas em espirais de encadernação. Agora, recebo lixo do Egito inteiro", explica.

Outra máquina produz um cubo perfeitamente prensado de metal, comoposto de latas de refrigerante compactadas.

Adel vende seus produtos reciclados ao redor do mundo. Sua filha está matriculada em uma escola particular de renome do Cairo e ele é sócio de um ilustre clube da cidade. Mas a vida não é muito segura: contratos internacionais de reciclagem dependem de estabilidade e consistência, atributos que hoje estão escassos no Egito.

Socialmente, a posição de Adel é precária. A comunidade se sente discriminada.

"Não tenho vergonha de ser Zabal, mas espero que minha filha encontre outra carreira".






quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Quando Abílio Diniz ia à missa em troca de gibi...

Entrevista no mínimo curiosa de Abílio Diniz concedida à coluna de Sonia Racy no Estadão:

Eu peço muito a Deus, mas só o que não consigo fazer sozinho’, diz Abilio Diniz

Religioso, o megaempresário Abilio Diniz lança novo livro e diz que cada um tem de traçar suas metas na vida e ir atrás delas. Como a dele hoje, de conseguir ‘longevidade com qualidade’

Conhecido pela determinação absoluta, o presidente do Conselho da BRF, acionista do Carrefour e comandante da Península – empresa de investimentos da família – volta com um segundo livro sobre sua história, 12 anos depois do primeiro e no mesmo ano em que completa 80 de vida. Abílio Diniz estava com a nova edição já pronta em 2014 mas suspendeu assim que soube que ela coincidiria com a publicação de outro escrito pela jornalista Cristiane Correa, também sobre sua vida.

Nas 175 páginas de Novos Caminhos, Novas Escolhas, a ser lançado na quarta-feira, na Livraria Saraiva do Pátio Higienópolis, o pai da Ana, João Paulo, Adriana, Pedro Paulo, Rafaela e Miguel relata, com ajuda do jornalista Sergio Malbergier, o caminho para conseguir o que se quer. “Muita coisa aconteceu nos últimos anos”, explica Diniz. O empresário mudou de rumo, saiu do Pão de Açúcar, casou-se e teve dois filhos.

“Eu me reinventei, e não só profissionalmente. Atribuo isso à minha fé em Deus.” . No fim do livro, o marido de Geyse reforça sua fé católica: dá receita de diferentes rezas para serem feitas durante 63 dias ininterruptamente. Olhando pra trás, o que faria ele hoje de diferente? “Quando tive o meu primeiro conflito com a família, se tivesse 70% da cabeça que tenho hoje, a história teria sido completamente outra.” Aqui vão os melhores trechos da conversa com a coluna.

Você planejou uma trajetória de vida e, no meio do caminho, as coisas mudaram. A briga com o Casino pelo Pão de Açúcar foi só financeira ou também emocional?

O objetivo, creio eu, não era financeiro. Mas tem o seguinte: o Abílio é um pacote, é um conjunto de coisas. O Abilio é um lutador, um winner, acho que sou um vencedor e que preciso sempre buscar desafios, procurando me superar.

Acredita que o ser humano controla o que ele quer ser?

Prego isso para os meus alunos. Uma das coisas de que falo no livro é: “Se eu posso, você também pode”. Quem olhar minha trajetória sabe que eu nasci filho de imigrante português, um padeiro. Nunca tive dinheiro, nasci num berço honrado mas sem nada. Se cheguei aonde cheguei, por que outros não podem chegar?

Então todo mundo tem possibilidade de vencer na vida?

Calma. É o seguinte: você escolhe o que quer na vida. Eu escolhi. Um caminho de desafios, de inconformismo com certas situações, um caminho com ambição, uma ambição controlada. Cheio de metas, para que eu fosse buscá-las.

E que fazer quando se faz uma escolha e não se consegue seguir?

Se coisas incontroláveis acontecem… e isso acontece, aconteceu comigo, só que eu consegui superá-las. Mesmo o caso do meu sequestro, contado no primeiro livro – eu falo muito en passant no segundo – eu superei. Da minha forma, pela fé em Deus. Foi Ele que mexeu os pauzinhos lá em cima. A crise de 90 eu superei, a briga que me levou a sair do GPA eu superei. Eu podia ter me acomodado, ir fazer outra coisa. As pessoas têm que traçar metas na vida. Eu tinha tudo para não dar certo na vida.

Por quê?

Eu era um sujeito de poucos recursos. Vivi na Várzea do Glicério boa parte da infância, era gordinho e baixinho, um horror. E fui buscar a minha condição física. Toda a minha vida dedicada ao esporte começou por precisar aprender a lutar para não apanhar. Foi mérito só meu? Não. Acho que tive uma boa base, minha mãe me deu uma coisa sensacional que foi me apresentar para Deus, e aí eu segui por esse caminho.

Você foi sempre religioso?

De menino, eu ia à missa sozinho. Saía da rua Tutoia, subia a av. Brigadeiro e ia na igreja da Imaculada Conceição, sozinho. Por que um menino de sete anos e meio vai à missa sozinho? Não é normal, mas eu ia.

O que o atraía? A missa, a liturgia, o estar na igreja?

A proximidade com Deus. E toda vez que eu ia à missa eu ganhava um dinheirinho da minha mãe (rsrsrsr…) Aí , eu passava na banca e comprava um gibi. Quer dizer, eu também experimentava um prazer tremendo. Mas minha mãe me deu a religião, a proximidade com Deus, e meu pai as noções de honestidade e ética. E aí, o que veio? Foram as escolhas que fiz. Antes de começar com supermercados eu estava pronto para sair da FGV e ir estudar nos EUA. Estava com o application da Michigan State University, queria ser professor. Minha ambição naquele momento era estudar, ter conhecimento e subir na vida.

O que é a religião pra você?

Acho que todos os caminhos levam a Deus. Religião, pra mim, é espiritualidade e fé. Eu peço muito a Deus, mas só peço a parte que eu não consigo fazer. Faço a minha parte. Depois, digo que já a fiz e que agora estou pedindo isso. Como peço, hoje, que Deus me dê longevidade com qualidade. Eu me cuido, faço esporte, controlo a alimentação, o estresse. O que não posso controlar eu peço a Ele.

Você sempre apostou nessa opção pelo esporte. E quanto à alimentação?

Comecei pelo esporte, a alimentação veio depois. Eu acreditava, quando pequeno, que se me pendurasse em alguma coisa eu ia espichar. Então, na minha casa, na Tutoia, arrumei uma barra de ferro e outra de madeira e ia me exercitando, achava que aquilo me alongava. Evidentemente não tem nenhuma base científica pra isso, mas o fato é que, com 15 anos, eu já tinha a altura que tenho hoje. Quanto à alimentação, um cara esportista, como eu sempre fui, queima o que come em excesso. Depois vai diminuindo a atividade física, o metabolismo desacelera, hoje não consigo fazer coisas como antigamente.

Fala disso no novo livro?

O Novos Caminhos, Novas Escolhas não tem só minha mudança de vida, tem a dos meus hábitos. No primeiro, eu dizia que quanto mais esporte, melhor. No segundo, mudo o conceito: você vê qual é o seu momento, o que quer do esporte, vai e faz. Agora, se você quer o esporte para qualidade de vida, longevidade, não pode exagerar. Está comprovado que o chamado endurance não é a melhor receita. Maratona, exercícios de longa duração, isso não é o melhor para a saúde.

Sua saúde física e mental é incrível, claro que devido, em parte, ao seu DNA. Mas se alguém nasce com DNA ruim, o que pode fazer?

Não tem DNA ruim nem bom. A genética é importante, na vida da pessoa, uns 20%. O restante é você. O que você faz, o que come, o seu entorno… Você comenta sobre estresse, que é importante mapear e controlar pra sofrer menos…

Sim, o jeito de se controlar o estresse é não se estressando por coisas que não sejam importantes. Eu lhe proponho: pegue um caderno de 100 folhas e comece a escrever o que é importante. Vai escrever duas ou três linhas. Tem muito pouca coisa realmente importante na vida.

O que é importante na sua?

Nós mesmos. Nossa saúde, as pessoas que amamos.

Em outro trecho do livro há referências à morte. Você parte do princípio de que é imortal e não pensa mais nisso…

Acho que a gente deve pensar assim. Sem sair da realidade, mas a gente não deve se preocupar com a morte. Você tem de olhar pra frente e não ficar pensando.

No texto aparecem, também, menções ao valor da humildade.

Sim. É que muita gente diz: “Pô, esse Abilio, imagina se ele é humilde…” Se as pessoas imaginam que humildade é fazer voto de pobreza e usar roupa velha, não tem nada a ver comigo. Mas se imaginam que é você ter a consciência de que não sabe tudo, que tem de ter respeito pelas pessoas, buscar coisas novas, estar aberto para ouvir coisas que não tem vontade de ouvir, isso sim é humildade – e eu a pratico.

Quando vem o próximo livro?

Tem gente me provocando para fazer o terceiro, mais técnico, mais business, ou sobre esportes, mas não sei se vou fazer. Dá trabalho, muito trabalho.



terça-feira, 25 de outubro de 2016

Vaticano quer intermediar acordo de paz na Venezuela


A informação é da Agência Brasil:

Vaticano anuncia início de diálogo entre governo venezuelano e oposição

O governo do presidente Nicolás Maduro e a aliança opositora Mesa de Unidade Democrática comprometeram-se hoje (25) a iniciar um diálogo para superar a crise política, econômica e social na Venezuela, anunciou o enviado do Vaticano, Emil Paul Tsherrig.

Segundo ele, as duas partes assinaram um acordo para iniciar reuniões de diálogo a partir de 30 de outubro, na ilha venezuelana de Margarita (a nordeste de Caracas), "sendo importante que todos respeitem os acordos delas decorrentes".

Em declarações à imprensa, Tsherrig, que também é núncio apostólico na Argentina, acrescentou que, "para facilitar o trabalho entre o governo e a oposição, foi apresentada proposta dos mediadores, com os locais, temas, metodologia e o calendário de diálogo, baseado em reuniões exploratórias.

"De igual forma, acordaram (governo e oposição) trabalhar em conjunto, as condições para garantir a segurança e o desenvolvimento pacífico e democrático das manifestações públicas, previstas para os próximos dias", afirmou.

Por outro lado, o núncio apostólico insistiu na importância "de um clima de respeito, cordialidade e vontade política para fazer avançar o processo que tem os venezuelanos como objetivo essencial, o seu futuro, a melhoria das conjunturas econômicas, sociais, políticas e institucionais, fundamentais para a necessária convivência democrática que requer a sociedade".

"O objetivo do diálogo é a busca de acordos, a criação de um clima de confiança, a superação da discórdia e um mecanismo que garanta a convivência pacífica", destacou.

Emil Paul Tsherrig fez "um enfático apelo ao governo e à oposição para que cumpram todos os acordos alcançados" e convidou "todos os atores que participaram da fase exploratória e que reiteraram a vontade de dialogar, para que continuem a participar com igual compromisso".

O enviado do Vaticano, que desde sábado (22) está em Caracas, teve um encontro, no Hotel Grand Meliá, em que participou o deputado Elías Jaua, o presidente do Município Libertador, Jorge Rodríguez, e o ex-embaixador da Venezuela na Organização dos Estados Americanos, Roy Charderton, representando o governo do presidente Nicolás Maduro.

A oposição esteve representada pelo secretário-geral da Mesa de Unidade Democrática, Jesus Torrealba.



segunda-feira, 24 de outubro de 2016

STJ condena padre a pagar danos morais por impedir aborto que se consumou naturalmente

Este é um caso clássico de aborto permitido pela lei brasileira que merece ser divulgado e analisado para que alguém consiga responder a uma simples questão: - até que ponto uma pessoa leiga deve sofrer para satisfazer os dogmas religiosos de outros?

A notícia foi publicada pelo Superior Tribunal de Justiça:

Padre é condenado a pagar danos morais por impedir interrupção de gravidez

Em decisão unânime, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou um padre do interior de Goiás a pagar indenização de danos morais no valor de R$ 60 mil por haver impedido uma interrupção de gestação que tinha sido autorizada pela Justiça.

Em 2005, o padre Luiz Carlos Lodi da Cruz impetrou habeas corpus para impedir que uma mulher grávida levasse adiante, com auxílio médico, a interrupção da gravidez de feto diagnosticado com síndrome de Body Stalk – denominação dada a um conjunto de malformações que inviabilizam a vida fora do útero. No habeas corpus impetrado em favor do feto, o padre afirmou que os pais iriam praticar um homicídio.

Acompanhando o voto da relatora, ministra Nancy Andrighi, a Terceira Turma entendeu que o padre abusou do direito de ação e violou direitos da gestante e de seu marido, provocando-lhes sofrimento inútil.

Ao saber que o feto não sobreviveria ao parto, os pais, residentes na cidade de Morrinhos, a 128 quilômetros de Goiânia, haviam buscado – e conseguido – autorização judicial para interromper a gravidez.

Durante a internação hospitalar, a gestante, já tomando medicação para induzir o parto, foi surpreendida com a decisão do Tribunal de Justiça de Goiás, que atendeu ao pedido do padre e determinou a interrupção do procedimento.

A grávida, com dilatação já iniciada, voltou para casa. Nos oitos dias que se seguiram, assistida só pelo marido, ela agonizou até a hora do parto, quando retornou ao hospital. O feto morreu logo após o nascimento. O casal ajuizou uma ação por danos morais contra o padre, que preside a Associação Pró-Vida de Anápolis. Não obtendo sucesso na Justiça de Goiás, recorreu ao STJ.

Aterrorizante

Em seu voto, Nancy Andrighi classificou de “aterrorizante” a sequência de eventos sofridos pelo casal.

“Esse exaustivo trabalho de parto, com todas as dores que lhe são inerentes, dão o tom, em cores fortíssimas, do intenso dano moral suportado, tanto pela recorrente como pelo marido”, disse.

A ministra afirmou que o caso deve ser considerado à luz do entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 54, julgada em abril de 2012, quando se afastou a possiblidade de criminalização da interrupção de gestação de anencéfalos.

“É inegável que ambas as condições, anencefalia e síndrome de Body Stalk, redundam, segundo o conhecimento médico atual, na inviabilidade da vida extrauterina”, comparou a ministra.

Embora o julgamento da ADPF tenha sido posterior ao caso, a ministra assinalou que a orientação manifestada pelo STF não tem limites temporais, e já em 2005 era a mais consentânea com as normas constitucionais, inclusive pela reafirmação do caráter laico do Estado brasileiro e pelo reconhecimento da primazia da dignidade da gestante em relação aos direitos de feto sem viabilidade de vida extrauterina.

Ação temerária

A relatora avaliou ainda que o padre agiu “temerariamente” quando pediu a suspensão do procedimento médico de interrupção da gravidez, que já estava em curso, e impôs aos pais, “notadamente à mãe”, sofrimento inócuo, “pois como se viu, os prognósticos de inviabilidade de vida extrauterina se confirmaram”.

De acordo com a ministra, o padre “buscou a tutela estatal para defender suas particulares ideias sobre a interrupção da gestação” e, com sua atitude, “agrediu os direitos inatos da mãe e do pai”, que contavam com a garantia legal de interromper a gestação.

Andrighi refutou ainda a ideia de que a responsabilidade não seria do padre, que apenas requereu o habeas corpus, mas, sim, do Estado, pois foi a Justiça que efetivamente proibiu a interrupção da gestação.

Segundo ela, “a busca do Poder Judiciário por uma tutela de urgência traz, para aquele que a maneja, o ônus da responsabilidade pelos danos que porventura a concessão do pleito venha a produzir, mormente quando ocorre hipótese de abuso de direito”.

A turma condenou o padre ao pagamento de R$ 60 mil como compensação por danos morais, valor a ser acrescido de correção monetária e juros de mora a partir do dia em que a recorrente deixou o hospital.



domingo, 23 de outubro de 2016

Canadá aos poucos vai se fechando a estrangeiros


Um dos países mais lindos, receptivos e agradáveis do mundo aos poucos vai se rendendo à xenofobia e ao racismo, infelizmente.

A matéria é da BBC Brasil:

O silencioso e inquietante crescimento de grupos racistas e xenófobos no Canadá

Jessica Murphy

No início do mês, pacotes de panfletos da organização supremacista branca Ku Klux Klan foram parar nos degraus de dezenas de casas em duas cidades da Província canadense de British Columbia. O material era similar a papeis deixados em uma comunidade vizinha no verão.

Nas últimas semanas, pôsteres com mensagens contra muçulmanos e a religião monoteísta indiana sikh apareceram nos campi de duas universidades na Província de Alberta.

Esses incidentes contrastam com a imagem do Canadá como país aberto e multicultural, e que recentemente abriu as portas para cerca de 30 mil refugiados sírios.

A polícia investiga os casos, mas ainda não está claro quem está por trás das manifestações.

Para pesquisadores como James Ellis, da Rede Canadense para a Pesquisa sobre Terrorismo, Segurança e Sociedade, os eventos não surpreendem.

"Aqui no Canadá parece haver menos preocupação com o extremismo de direita do que com o de outros tipos", disse. "Há muitas indicações de ressurgência do extremismo de direita e do terrorismo no mundo ocidental e não há razões especiais pelas quais o Canadá não sentiria os mesmos efeitos."

Influência do vizinho

Para Ellis, a extrema direita no Canadá - definida informalmente por apreço à desigualdade social e étnica, crença no nacionalismo étnico e uma forma radical de atingir esses objetivos - se fortaleceu com a retórica anti-imigração que circula nos Estados Unidos.

Assim como em outros países, esse sentimento também é reforçado pela instabilidade social e econômica.

Há cerca de cem grupos de extrema direita ativos no Canadá nos últimos anos - de pequenas a grandes células até grupos mais organizados, embora sejam menos violentos do que os da Europa e EUA.

Apesar disso, Ellis destaca que há uma espécie de "polinização cruzada" das ideias desses grupos, e o Canadá tem sido fonte de muita bagagem ideológica.

"Há muitas situações nas quais o discurso de ódio e as músicas mais violentas se originaram aqui e influenciaram pessoas em toda parte", afirma.

Panfletos da Ku Klux Klan similares aos distribuídos em British Columbia também foram encontrados nos EUA - da Carolina do Norte até a Califórnia e a Pensilvânia.

De acordo com a entidade Southern Law Center, que monitora organizações extremistas e fica no Alabama (EUA), há um crescimento dos grupos radicais de direita nos Estados Unidos.

Entre 2014 e 2015, o número desses grupos cresceu 14%, e o número de células da KKK subiu de 72 em 2014 para 190 no ano passado.

De acordo com o pesquisador Ryan Scrivens, da Universidade de Fraser, em British Columbia, autoridades europeias e americanas têm conseguido monitorar esses grupos de forma mais efetiva do que no Canadá.

"Pensamos que somos esse país perfeito e multicultural, mas não somos. Não vemos as mesmas insurgências aqui porque nossa população é menor, mas eles estão aqui de toda forma", disse Scrivens, que estuda grupos extremistas de direita.

Scrivens e seu grupo de pesquisadores identificaram casos de violência extremista espalhados pelo país e registraram centenas de incidentes entre 1980 e 2015, documentando assédios verbais e físicos, além de atos de vandalismo relacionados a esses grupos.

As atividades estão agrupadas em torno de Quebec, ao oeste de Ontário, em Alberta e no centro de British Columbia.

O monitoramento da violência ligada ao extremismo mostra que os alvos mais comuns são muçulmanos, judeus, minorias mais visíveis e a população aborígene.




Brincando com fogo

Um ex-extremista radical e violento afirma, no entanto, que está mais preocupado com o rumo que a maioria do país está tomando do que com as células extremistas.

O canadense Anthony McAleer era organizador e recrutador no Canadá para o grupo neonazista Resistência Ariana Branca.

Agora ele trabalha para uma organização norte-americana sem fins lucrativos chamada Life After Hate (Vida após o Ódio, em tradução livre), fundada por ex-membros de movimentos radicais de direita e dedicada a combater a ideologia da extrema direita.

Para ele, é preciso se preocupar com a retórica do candidato do Partido Republicano à Presidência dos EUA, Donald Trump - que chegou a sugerir o banimento de muçulmanos do país. "Ele está mexendo com o centro dos EUA, e quando ele empurra esse centro certamente atinge os extremos."

Ele alerta ainda que, apesar de o Canadá não ser afetado pela desigualdade como outras nações e ter sido capaz de integrar refugiados e imigrantes, há uma pressão que pode mudar a cultura do país.

Essas pressões vão desde a retórica de outras regiões que chega via noticiário até grupos anti-islâmicos como o Pegida - um acrônimo para Europeus Patriotas contra a Islamização do Ocidente, que se estabeleceu no Canadá.

As propostas de Kellie Leitch, que concorre pela liderança do Partido Conservador no Canadá, incluem revista a imigrantes baseada apenas em "valores canadenses". As medidas foram criticadas por espalharem medo, mas pesquisas de opinião mostram que têm apoio da maioria da população do país.

Além disso, há focos de estagnação econômica nas regiões produtoras de petróleo.

Para McAleer, são esses "influenciadores" que preocupam mais do que os extremistas que operam no país.

"É preciso olhar para os dois com atenção. Um é certamente uma ameaça ao cumprimento da lei. O outro é uma ameaça ao tecido social."

Nós te amamos, Canadá!
Volta pra nós, vai....




sábado, 22 de outubro de 2016

Com voto do Brasil, UNESCO desagrada Israel quanto a Jerusalém


Parece que a onda gospel não chegou no Itamarati de José Serra. A informação é do Estadão:

Unesco ignora queixa e adota texto sobre Muro das Lamentações

Resolução proposta por países árabes renega vínculo religioso entre sítio histórico e judeus; Brasil votou a favor

PARIS - Apesar da indignação israelense, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) aprovou formalmente nesta terça-feira, 18, a resolução sobre a Cidade Velha de Jerusalém que, segundo Israel, nega o vínculo milenar entre os judeus e o local. O documento causou polêmica em Israel por usar nomes árabes para se referir a locais sagrados, incluindo o Muro das Lamentações.

O texto foi apresentado por países árabes em nome da “proteção do patrimônio cultural palestino”. A resolução foi aprovada por 24 dos 58 membros do Conselho Executivo da organização, entre eles o Brasil, na quinta-feira, em uma apreciação inicial. Seis países votaram contra – Alemanha, Estônia, EUA, Lituânia, Holanda e Grã-Bretanha – e 28 se abstiveram. Hoje, ela foi adotada formalmente pela entidade. O texto foi proposto por Argélia, Egito, Líbano, Marrocos, Omã, Catar e Sudão.

A adoção provocou irritação em Israel e seu governo anunciou imediatamente a suspensão de sua cooperação com a Unesco em sinal de protesto. Hoje, nenhum dos Estados-membros do Conselho, reunidos em assembleia plenária, pediu a reabertura do debate e, dessa forma, o texto foi confirmado sem a necessidade de uma nova votação.

A resolução, intitulada Palestina Ocupada, critica Israel por restringir o acesso de muçulmanos a um local sagrado na Cidade Velha de Jerusalém e se refere à área somente por seu nome muçulmano. Na interpretação das autoridades e da imprensa israelense, o texto nega a importância do local para a religião judaica ao se referir ao muro e localidades adjacentes, como a Mesquita de Al-Aqsa, pela nomenclatura pela qual é conhecida no mundo muçulmano.

O texto reafirma a importância da Cidade Velha para as três religiões monoteístas – o judaísmo, o cristianismo e o islamismo –, mas teria tomado partido “anti-Israel” ao ignorar os laços dos judeus com o sítio.

A Cidade Velha está dentro dos limites de Jerusalém Oriental, parte palestina da cidade ocupada desde 1967 por Israel, e anexada posteriormente.

A ONU considera ilegal esta anexação de Jerusalém Oriental, que abriga a Cidade Velha e suas muralhas, local inscrito na lista de patrimônio mundial da Unesco. Na Cidade Velha está localizada a Esplanada das Mesquitas, terceiro lugar mais sagrado do Islã, mas também o local mais sagrado para os judeus, que o chamam de Monte do Templo, e onde fica o Muro das Lamentações. Em virtude de uma herança histórica, a Jordânia administra a Esplanada, mas Israel controla seus acessos.



sexta-feira, 21 de outubro de 2016

TV russa diz que 3ª Guerra Mundial já começou


Apocalípticos de plantão, divulgai as vossas teorias da conspiração, o Armagedom está próximo... a matéria é do Estadão:

Para TV russa, 3.ª Guerra já começou

O cenário de um novo conflito mundial é remoto, mas quem ligar a televisão na Rússia vai se surpreender ao saber que, na verdade, ele já começou

O cenário de uma 3.ª Guerra é remoto, mas quem ligar a televisão na Rússia vai se surpreender ao saber que, na verdade, ela já começou. Na principal emissora pública do país, o apresentador do programa estrela do domingo à noite anunciou que as baterias antiaéreas russas na Síria vão “derrubar” aviões americanos.

O canal de notícias 24 horas Rossia 24 exibiu uma reportagem sobre a preparação de abrigos antinucleares em Moscou.

Em São Petersburgo, o canal digital Fontanka diz saber que o governador quer racionar o pão diante de uma futura guerra, embora as autoridades garantam que a única coisa que estão tentando fazer é estabilizar o preço da farinha.

Na rádio, debate-se sobre exercícios de “Defesa Civil”, os quais, segundo o Ministério de Situações de Emergência, mobilizam 40 milhões de russos durante uma semana. O objetivo: retiradas de edifícios e simulações de incêndio.

Se o visitante preferir passear pelas ruas de Moscou a ver televisão, é muito provável que esbarre em um dos imensos grafites “patrióticos” dos artistas pró-Putin da organização “Set”, que tomam os prédios. Em um deles, vê-se, por exemplo, um urso – símbolo da Rússia – distribuir coletes à prova de balas a pombas das paz.

Esse enaltecimento da iminência de uma “3.ª Guerra” ganhou cada vez mais espaço com a ruptura, em 3 de outubro, das negociações entre Washington e Moscou sobre a guerra síria, após o fracasso de um cessar-fogo negociado em setembro entre as duas potências em Genebra.

Uma ruptura com consequências. As bombas russas e sírias transformaram Aleppo em um “inferno na Terra”, segundo a ONU, avivando as críticas dos países ocidentais.

No terreno, o Exército russo mobilizou em sua base naval do porto sírio de Tartus baterias antiaéreas S-300, artefatos capazes de destruir caça-bombardeiros. Uma demonstração de força que não é dirigida aos extremistas, nem aos rebeldes sírios, mas à Marinha e aos aviões americanos.

Confrontação. Em Moscou, onde os jornalistas russos e ocidentais dormem e acordam com os comunicados do Ministério da Defesa, os veículos de comunicação plasmam e amplificam o clima de confrontação. O porta-voz do Exército russo, general Igor Konachenkov, lança advertências à Casa Branca, ao Pentágono e ao Departamento de Estado dos EUA.

“Lembro aos estrategistas americanos que os mísseis antiaéreos S-300 e S-400 que garantem a cobertura aérea das bases russas de Hmeimim e de Tartus têm um raio de ação que pode surpreender qualquer aeronave não identificada”, advertiu o general Konachenkov, em 6 de outubro, em uma ameaça velada aos Estados Unidos.

Na emissora pública Rossia 1, o apresentador Dimitri Kisilev, que também é chefe da agência de notícias Ria Novosti, resume a declaração do general Igor Konashenkov para “pessoas comuns, como eu e você”: “derrubaremos” os aviões americanos.

Em seguida, ele revela o “plano B” dos Estados Unidos na Síria. “O plano B é, em linhas gerais, que os Estados Unidos recorram diretamente à força contra as forças sírias do presidente Bashar Assad e contra a aviação russa”, relata. “Deve-se temer provocações? Foi assim que os Estados Unidos entraram em guerra no Vietnã”, conclui Kisilev, advertindo os ocidentais de que os mísseis estacionados em Kaliningrado, território russo próximo à Polônia, podem carregar ogivas nucleares.

“A Rússia atual está mais do que preparada, sobretudo psicologicamente, para a nova espiral de confrontação com o Ocidente”, resume o cientista político Gueorgui Bovt, em uma tribuna no veículo digital Gazeta.ru. Bovt avalia os cenários possíveis, levando-se em conta as dificuldades econômicas da Rússia.

No primeiro deles, otimista, as duas potências “chegam a um acordo sobre novas condições de coexistência, como uma espécie de Ialta-2”, referindo-se à distribuição das zonas de influência entre os Estados Unidos e a então União Soviética, após a 2.ª Guerra. O outro é catastrófico. A Rússia reagirá, partindo da máxima “se não se pode evitar o confronto, deve-se ser o primeiro a bater”.

Em recente entrevista à Ria Novosti, o último presidente soviético, Mikhail Gorbachev, alertou que o mundo flerta “perigosamente com a zona vermelha”. Há 30 anos, Gorbachev e o então presidente dos EUA, Ronald Reagan, promoviam o princípio do fim da Guerra Fria.

Na quarta-feira (12), surgiu o primeiro sinal de distensão, depois de dias de acusações verbais. Moscou anunciou uma reunião internacional sobre a Síria para sábado (15) em Lausanne. Visto como uma última chance de diálogo, o encontro colocará frente a frente, mais uma vez, o secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.



quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Eduardo Cunha teria usado site Jesus.com para receber propinas

Considerando o tamanho da queda de Cunha, talvez o meio de transporte
mais apropriado para ele neste momento fosse um submarino.

A informação (vergonhosa, se verdadeira) sobre Eduardo Cunha, aquele sujeito inquestionável que até outro dia era ídolo evangélico de certos expoentes e portais gospel, é do Estadão:

Procuradoria mira propinas de herdeiro da Gol para Jesus.com, de Eduardo Cunha

Ministério Público Federal abriu nova frente de investigação contra o peemedebista por suspeita de que ele teria beneficiado as empresas do ramo de transportes do grupo

Ao pedir a prisão do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba apontou que empresas ligadas ao empresário Henrique Constantino, um dos herdeiros do criador da Gol Linhas Aéreas, teriam pago propinas ao deputado cassado por meio de transferências à Jesus.com – de Cunha e Cláudia Cruz, sua mulher –, e à GDAV, de Danielle Dytz Cunha e Felipe Dytz Cunha, filhos do peemedebista.

Ao todo, foram identificados pela Lava Jato com apoio da Receita Federal aportes para a Jesus.com que somam R$ 3,5 milhões entre julho e setembro de 2012 e em maio de 2015; e também R$ 1 milhão para a GDAV.

A Jesus.com é a antiga C3 Atividades de Internet e Rádio. Em nome da Jesus.com, Cunha mantinha veículos de luxo e outros bens. A GDAV, segundo os registros da Receita, atua na exploração de portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação na internet.

A Procuradoria da República em Curitiba já abriu uma investigação para apurar as suspeitas de que as empresas de transporte de Constantino teriam pago valores ilícitos para se beneficiar de medidas de Cunha na Câmara. “Praticamente todos os depósitos identificáveis na Jesus.com e na GDAV indicam uma só origem: o grupo econômico Constantino que comanda a empresa Gol Linhas Aéreas e diversas empresas de ônibus”, afirmam os procuradores no pedido de prisão de Cunha.

Eles ressaltam ainda que “não há indício de que as empresas Jesus.com e GDAV tenham prestado algum serviço efetivo de publicidade compatível com os valores depositados”. Todos os repasses para a Jesus.com foram feitos por empresas de transportes ligadas a Constantino e pela empresa Almap Publicidade e Comunicação, que informou ao MPF ter pago R$ 1,4 milhão à empresa do peemedebista a pedido da Gol Linhas Aéreas.

A mesma Almap foi a principal fonte de recursos da GDAV em 2013, tendo pago R$ 1 milhão para a companhia dos filhos do peemedebista naquele ano. Neste caso, a companhia também informou ao MPF que os pagamentos, em cinco parcelas de R$ 200 mil, foram feitos a pedido da Gol Linhas Aéreas.

Uma das suspeitas da Lava Jato de beneficiamento às empresas de Constantino, que atualmente é acionista do Grupo Comporte – braço do grupo econômico que atua no ramo de transportes rodoviários –, é a criação de uma Comissão Especial na Câmara, em 30 de março de 2015, quando o peemedebista presidia a Casa. O colegiado foi criado para analisar a isenção da Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico (Cide), tributo incidente sobre combustíveis, para as empresas de transporte coletivo urbano municipal e transporte coletivo urbano alternativo.

Não é a primeira vez que o nome de Henrique Constantino aparece na Lava Jato. Em julho, a residência do executivo foi alvo de buscas na Operação Sépsis, deflagrada por ordem do Supremo Tribunal Federal. Naquele mesmo mês, a Gol anunciou a saída de Henrique Constantino do Conselho de Administração da empresa.

COM A PALAVRA, A ASSESSORIA DO GRUPO COMPORTE:
“Sobre os supostos repasses às empresas Jesus.com, as empresas do Grupo Comporte seguem colaborando com as autoridades para o total esclarecimento dos fatos.”
COM A PALAVRA, A GOL:
“A GOL informa que recebeu solicitação da Receita Federal para prestar esclarecimentos sobre alguns investimentos publicitários realizados pela companhia. Desde o recebimento dessa solicitação, a GOL iniciou uma investigação interna e contratou uma auditoria independente externa para plena apuração dos fatos. A GOL está colaborando com as autoridades.”
COM A PALAVRA, A AlmapBBDO
“Citada na imprensa como responsável pelo repasse de verbas da Gol Linhas Aéreas para duas empresas do Sr. Eduardo Cunha, a AlmapBBDO esclarece que as empresas citadas na matéria do jornal são websites para os quais nosso cliente Gol Linhas Aéreas requisitou veiculação de banners de comunicação que foi efetivada entre 2012 e 2013. Os serviços foram todos realizados com sua devida comprovação de veiculação.
A AlmapBBDO sempre se pautou e sempre se pautará por rígidos princípios éticos e morais.”


Enquanto isso, no reino da demagogia...




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